quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sociedade Forteana - Uma nova Estrutura de Campanha para Rastro de Cthulhu


A Sociedade Forteana

Fundada em 1931, um ano antes da morte de Charles Fort, a Sociedade dos Amigos de Fort ou Sociedade Forteana é uma espécie de clube ou confraria que reúne interessados, entusiastas ou curiosos atraídos pela "doutrina" de seu benemérito. Estas pessoas em sua grande maioria não são investigadores profissionais, estão mais para indivíduos que em algum momento de suas vidas toparam com algo estranho ou inexplicável e agora sentem a compulsão de encontrar uma explicação que preencha a lacuna deixada por esse evento. Os Forteanos mais determinados trabalham em "grupos de pesquisa" ou "equipes de campo" que vasculham locais onde algum evento inexplicável ocorreu e tentam levantar o maior número de informações a respeito dele. Outros se interessam por pesquisar bibliotecas e os arquivos da sociedade para correlacionar acontecimentos e traçar o paralelo entre eventos similares.

Ambientação

As Sedes da Sociedade Forteana variam muito de lugar para lugar. Em algumas cidades, a sede pode não passar de um aposento na casa de um membro que dedica seus finais de semana a revisar a correspondência e os jornais atrás de matérias sensacionais. O arquivo pode não passar de uma coleção de recortes guardados em uma caixa de sapatos ou registros num caderno escolar.

Cidades maiores possuem sedes maiores situadas em mansões, onde os membros se reúnem, consultam arquivos organizados e trocam idéias. Estas sedes também são supridas por contatos na mídia ou mesmo na polícia, hospitais e cortes de justiça. Em Nova York a Sede funciona como um clube social, em Boston os Forteanos se reúnem toda primeira sexta feira do mês para discutir acontecimentos estranhos e em Londres as reuniões tem lugar em um aposento reservado na Biblioteca do Museu Britânico.

Acima: A Propriedade em Prairie County que serve de Sede para a Sociedade Forteana em Boston. À esquerda pode servista a biblioteca que contém o arquivo de incidentes.

Os Forteanos não costumam ser investigadores em tempo integral, no entanto, reservam seu tempo livre em nome da paixão de revelar (ou tentar revelar) os segredos e mistérios do mundo. Um grande recurso é ter um amigo rico que se interesse em financiar viagens e pesquisas pelo país.

Campanhas e cenários envolvendo os Forteanos podem acontecer em qualquer lugar onde um fato estranho ou inexplicável teve lugar. Os Foretanos os chamam de "Incidentes". Uma manchete a respeito de uma "chuva de sangue" em Pittsburgh ou o avistamento de um "Homem Peixe" nos arredores de Gloucester são o bastante para atrair a atenção desses destemidos investigadores do insólito. Eles também podem estar presentes em conferências sobre o sobrenatural, palestras espiritualistas e em sítios arqueológicos onde rumores e lendas acabam emergindo. s Forteanos não gozam de muito prestígio entre acadêmicos e estudiosos mais convencionais. É possível que a mera menção do nome Charles Fort afaste um professor ou pesquisador mais tradicional.

Um típico cenário forteano pode se iniciar com um rumor numa pequena cidade, com o interesse de especular a respeito de uma lenda quase esquecida ou uma morte misteriosa.

Estilo

Em geral cenários envolvendo os Forteanos parecem destinados ao estilo purista. Uma vez que se trata de uma sociedade que realmente existiu (ou melhor, existe) um toque de realidade viria bem a calhar.
Por outro lado, os investigadores podem tencionar algo mais heróico, com os investigadores fretando veleiros para caçar um misterioso monstro marinho ou se meter nos Everglades para encontrar cara a cara o monstro que vive no coração daquele pântano. Nesse caso o estilo pulp cai como uma luva.

Mythos

O Guardião deve decidir até onde os Forteanos ou os membros de uma determinada sede sabem.

O mais provável é que o Mythos seja descoberto acidentalmente, afinal ninguém poderia suspeitar que aquele estranho "culto da serpente" no Novo México, é na verdade uma ramificação do temido culto de Yig, pai das Cobras. Leve em consideração que os Forteanos apenas suspeitam que o mundo é um lugar insólito, mas eles não fazem idéia do quanto.

Outra abordagem interessante é que um grupo descubra algum tomo ou artefato do Mythos e que a partir dessa descoberta se lance em uma cruzada para descobrir mais detalhes a respeito daquilo. Os Forteanos são verdadeiros ratos de biblioteca e podem desencavar coisas realmente interessantes vasculhando as prateleiras da Biblioteca do Congresso, nos armário da Universidade Miskatonic ou no Museu Britânico.

Investigadores

Os investigadores podem ter qualquer ocupação. Qualquer um pode se interessar pela proposta da Sociedade Forteana e se dedicar a ela em maior ou menos grau. Em geral essas pessoas desenvolveram uma grande curiosidade e uma sede por saber que pode colocá-los em risco. Desde o autor interessado em escrever um romance sobre o mundo estranho, passando pelo investigador particular que encontrou um homem que jurava estar morto até o professor universitário às voltas com o que poderia ser uma legítima maldição da múmia, todos estes são sérios candidatos à Sociedade Fort.

Alternativamente os personagens podem ter algum interesse escuso numa descoberta incomum. Um deles pode ser um jornalistas de um tablóide atrás de estórias bizarras, fotógrafos amadores querendo estampar a foto do pé-grande em seu jornal ou um cineasta tentando produzir aquilo que poderia ser definido como documentário verdade (uma versão anos 30 de Bruxa de Blair?)

Os membros da Sociedade Forteana não são submetidos a qualquer triagem, portanto, todos aqueles que se dizem interessados no tema tendem a ser aceitos. A estrutura da sociedade é totalmente informal, salvo pelas sedes maiores onde pode existir algum tipo de hierarquia.

Coadjuvantes Recorrentes

Charles Hoy Fort

O homem que inspirou toda a formação da Sociedade e que emprestou seu nome a ela. Fort pode ser uma grande fonte de estórias e de informações, infelizmente ele não viveu para ver suas idéias desabrochar em uma sociedade. Fort morreu em 1932, a sociedade foi fundada um ano antes e sequer chegou a receber seu patrono em pessoa. Se o grupo tiver acesso a ele pode conseguir algumas informações adicionais de seus arquivos ou ainda um relato em primeira mão de algum mistério intrigante.

Burt Tenninson (Presidente da Sede de NY)
Esse velho repórter investigativo trabalhou mais da metade de sua vida nas redações de jornais da Big Apple. Alguns dizem que em suas veias corre tinta de impressão. Com contatos nas principais agências de notícia do mundo (Associeted Press e Royters apenas para citar duas), Burt coleta notícias antes delas chegarem às prensas. Ele é um antigo colaborador de Fort e um amigo fiel nos bons e maus momentos. Embora seja um jornalista "sério", Tennison adora notícias estranhas e sempre que pode busca cooptar colaboradores para investigar uma notícia intrigante. Como presidente da Sociedade Forteana de Nova York ele comanda as sessões que acontecem no Clube 23 no Queens.

Dorothea Lawson (Presidente da Sede em Boston)
Poetiza e artista plástica, filha e única herdeira de um conceituado médico, Dorothea é a presidente da Sociedade Forteana em Boston. Ela é a patrocinadora principal da Sociedade na Nova Inglaterra e um dos membros mais atuantes no país. As reuniões acontecem na sua propriedade em Prairie County. Dorothea tem muitos amigos e conhecidos na sociedade local que participam dessas reuniões e de círculos de debate. Ela se define como uma espiritualista e seutema favorito é a vida após a morte. Sem nunca ter casado e com poucos parentes, ela já contatou seus advogados para deixar parte de sua fortuna para a Sociedade Forteana. É sua vontade que a propriedade se transforme na Sede da sociedade. Um sobrinho interessado na herança tem planos de contestar a legitimidade desse testamento.

Gervison Cates (Jornalista de Tablóide)
Se a imprensa marrom tivesse um rosto, este poderia ser o de Gervinson Cates. O mais obstinado, teimoso e anti-ético dos jornalistas free-lance. Gervison trabalhou para uma dezena de jornais e foi demitido da maioria por inventar estórias e criar fatos. Embora suas matérias nem sempre sejam confiáveis ele é um legítimo investigador, sempre disposto a cavar uma estória e emergir d eum mar de lama com uma manchete. Membro da Sociedade Forteana em Nova York ele vê nas investigações da sociedade farto material para produzir suas manchetes bombásticas.

Dr. Homer Swift (Parapsicólogo)
Muito criticado pelos seus colegas médicos, o Dr. Swift foi um dos primeiros a reconhecer a recém surgida ciência da parapsicologia, considerada por muitos como charlatanismo. O Dr. Swift serviu como consultor para o livro Talentos Selvagens escrito por Fort e cnduziu dezenas de estudos sobre capacidades psíquicas. Os dois se tornaram bons amigos e trocaram cartas até a morte de Fort. Swift ingressou na Sociedade Forteana logo em seguida e é um dos membros mais conceituados em Boston.

Morgan Talbot (Testemunha em busca de respostas)
Morgan é o arquétipo dos investigadores da Sociedade Forteana. Em 1932, ele testemunhou um incidente inxeplicável: uma luz clara que iluminou a noite e formas estranhas voando no céu sobre a cidade de Bufalo. Desde então ele se tornou um caçador do inusitado, disposta a entender o que aconteceu naquela noite. Atraído pelas teorias de Fort a respeito de vida extraterrestre, Morgan passou a se dedicar a estudar fenômenos dessa natureza sabendo que o que ele viu simplesmente não era desse mundo.

M.E. Merrick (Escritor Pulp)
Um escritor de menor expressão com alguns contos publicados em revistas pulp com a Weird Tales e Savage Adventures, M.E. Merick foi um dos membros fundadores da Sociedade Forteana em Nova York. Ele trabalhou com Charles Fort na revisão de textos e se apaixonou pelo seu trabalho na investigação do sobrenatural. Merick tem grande interesse em fantasmas e assombrações, tema de um livro que ele está escrevendo. Seus colegas na sociedade o consideram uma autoridade no assunto.

Bertrand P. Monroe (Editor do Correio do Desconhecido)
Presidente e único membro da Sede Forteana em Calumet City, interior do estado de Illinois. Bertrand sempre se interessou pelo insólito e quando Fort ainda era vivo, os dois chegaram a trocar correspondência. Bertrand enviou para Fort um dossiê completo a respeito de uma "chuva de sapos" no distrito de Elbow. O trabalho detalhado que incluia fotografias, testemunhos e espécimes recuperados causou uma grande impressão e se tornou referência de trabalho de campo. Atualmente Bertrand edita o "Correio do Desconhecido" uma gazeta bimestral com notícias para a comunidade forteana.

Bill Putney (Radialista)
Apresentador do programa de rádio "Impossível!", Bill Putney trabalha para a Rádio KBBZ em Bufford Springs, Philadelphia transmitindo para toda a Costa Leste. Seu programa é especulativo e investiga acontecimetos estrahos em cenas dramatizadas por artistas ao vivo. Putney não é um Forteano, mas simpatiza com os membros da sociedade e já aceitou recebê-los em várias ocasiões no seu programa de rádio que vai ao ar nas noites de sexta feira.

Miranda O'Hallaran (Bibliotecária)
A solteirona Srta. O'Hallaran é bibliotecária na Universidade de Harvard e uma conhecedora de edições antigas e volumes raros. Embora não seja uma forteana, ela é conhecida entre os membros da Sociedade por encontrar referências sobre livros e obras que valem a pena ser consultadas. Se o membro estiver disposto a relevar os comentários ranzinzas da Srta O'Hallaran, sem dúvida encontrará nela uma boa fonte de informações e uma pesquisadora absolutamente dedicada.

Variações de Regras

Rede de Informações - Os membros da Sociedade Forteana costumam utilizar o correio para trocar idéias e divulgar incidentes. Os investigadores podem receber informes e notícias a respeito de um determinado evento e do progresso de uma investigação através desses dossiês.

Essa é uma forma interessante de iniciar um cenário, a carta de um colega Forteano com as palavras "Caro fulano, aconteceu algo incomum por aqui." e a descrição do tal incidente.

Arquivos da Sociedade Forteana - É possível que os Forteanos também concedam algum tipo de informação quando solicitados, os investigadores podem consultar os arquivos onde quer que exista uma Sede da Sociedade.

O tamanho e importância do Arquivo depende apenas do Guardião, ele pode ser um álbum com jornais colados ou um grande arquivo de metal com pastas a respeito de cada ocorrência estranha nos últimos anos.

Considere que uma vez por partida, os investigadores membros da Sociedade Forteana podem investigar os arquivos em busca de alguma pista relacionada ao caso investigado. Essa pista, se o guardião julgar conveniente existir no arquivo, poderá ser encontrada após 1d6+1 horas de busca. Adicionalmente, os investigadores podem à critério do Guardião ganhar 1 ponto adicional para ser usado em alguma Habilidade Investigativa após pesquisar os arquivos da Sociedade.

Tom

"Tudo pode acontecer". Os investigadores podem ser um bando de investigadores sérios ao estilo Arquivo X nos anos 30 perseguindo "A verdade lá fora" ou um bando de desocupados caçando luzes estranhas, pragas bíblicas, o "Diabo de Jersey" ou o Chupacabras.

5 comentários:

  1. Muito bom, muito bom mesmo. :)

    Entrem em contato comigo, vamos faze ruma parada legal com esses artigos sobre Fort. :)

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  2. Mais é claro que vou usar nos meus próximos cenários de Rastro de Cthulhu, eu agradeço ao dono do blog por sempre postar matérias FODAS que me deixam inspirado cada vez mais nesse mundo fantástico de Lovecraft.

    Abraço.

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  3. Mesmo ainda não jogando o Rastro de Cthulhu (faltam jogadores...), curto demais os artigos do blog. Estão de parabéns!

    A tempos que eu devia um comentário...

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  4. Muito bom!! Ótima maneira de lançar os investigadores nos cenários.

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  5. Caros Forteanos, Preciso dar inicio ao meu processo de investigação? VCN

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