domingo, 24 de outubro de 2021

Albert Fish - O Homem Cinzento


Na crônica policial, certos casos desafiam nossa capacidade de correlacionar os responsaveis pelos crimes com o que categorizamos como humanos. Na falta de palavras para entender a conduta de algumas pessoas, convencionamos chamá-los de monstros.

Nos últimos tempos, chamar assassinos, maníacos e psicoticos de monstros se tornou lugar comum. Mas o que dizer quando de algum lugar escuro surge alguém como Albert Fish? Chamar esse assassino abominável somente de "monstro", parece insuficiente para descrever o que ele fez.

Fish talvez represente o que há de pior na humanidade em se tratando de maldade e crueldade. Sua existência foi marcada pela violência desmedida e tudo que ele tocou acabou de alguma forma maculado pela sua aura perversa. Mesmo hoje, com tudo que sabemos à respeito da psiquiatria e das ciências comportamentais, Fish ainda constitui um enigma - uma Esfinge cuja face hedionda é difícil encarar. Esse homem velho e de aparência frágil desponta como um dos seres humanos mais aterrorizantes de todos os tempos.

De muitas maneiras, escrever esse artigo foi complicado em face das descrições vividas e dos detalhes morbidos que envolvem seus atos. Cada um deles, repulsivo e chocante, além dos limites do razoável. Por esse motivo, recomenda-se discernimento ao ler o texto à seguir.

*     *     *

Edward Budd era um jovem de dezoito anos determinado a fazer algo por si mesmo e escapar da pobreza desesperadora em que vivia. Em 25 de maio de 1928, ele colocou um anúncio classificado na edição de domingo do New York World: "Jovem, 18, deseja posição para trabalhar. Edward Budd, 406 West 15th Street." Ele era um jovem robusto, ansioso por encontrar um serviço e contribuir para o bem-estar de sua família. Preso na cidade suja, fedorenta e lotada, vivendo num cortiço miserável com seu pai, mãe e quatro irmãos mais novos, ele ansiava por trabalhar no campo onde o ar fosse fresco e limpo.

Na segunda-feira seguinte, 28 de maio, a mãe de Edward, Delia, atendeu a porta e encontrou parado na entrada um homem idoso de olhar calmo. Ele se apresentou como Frank Howard, um fazendeiro de Farmingdale, Long Island, que queria entrevistar Edward sobre o emprego.

Delia disse a Beatrice, de cinco anos, para trazer o irmão que estava no apartamento de um amigo. O velho sorriu para ela e deu-lhe uma moeda de cinco centavos.

Enquanto esperavam por Edward, Delia teve a chance de ver melhor o velho. Ele tinha um rosto muito gentil, emoldurado por cabelos grisalhos e acentuado por um grande bigode grisalho caído. Ele explicou à Sra. Budd que havia ganhado a vida por décadas como decorador de interiores na cidade e depois se retirou para uma fazenda que comprou com suas economias. Ele teve seis filhos que criou sozinho desde que sua esposa os abandonou há mais de uma década. Com a ajuda de seus filhos, cinco peões e um cozinheiro sueco, ele transformou a fazenda em um negócio de sucesso, com várias centenas de galinhas e meia dúzia de vacas leiteiras. Agora, um de seus peões estava se mudando e ele precisava de alguém para substituí-lo. A história era perfeita!

Naquele momento, Edward entrou e conheceu o Sr. Howard, que comentou sobre o tamanho e a força do rapaz. Edward garantiu ao velho que trabalhava duro e poderia ser de grande ajuda. O Sr. Howard ofereceu-lhe quinze dólares por semana, que Edward aceitou com alegria. Howard até concordou em contratar Willie, o amigo mais próximo de Edward.

O Sr. Howard teve que sair para uma consulta, mas prometeu voltar no sábado para buscá-los. Os meninos estavam felizes e os Budds ainda mais com o surgimento do gentil cavalheiro que sinalizava com um trabalho honesto e rentável.

Sábado, 2 de junho, deveria ser o grande dia, mas o Sr. Howard não apareceu. Em vez disso, eles receberam uma nota escrita à mão dizendo que ele havia se atrasado e ligaria pela manhã para marcar uma nova visita.

Na manhã seguinte, por volta das onze, Frank Howard foi ao apartamento do Budd trazendo morangos e queijo fresco cremoso. "Esses produtos vêm direto da minha fazenda", explicou sorridente.

Delia convenceu o velho a ficar para o almoço. Pela primeira vez, Albert Budd, o pai, teve a oportunidade de conversar com o empregador de seu filho. Era o tipo de conversa que deixa um pai tranquilo e satisfeito. Ele era um sujeito educado, descrevendo com entusiasmo seus vinte acres de terras agrícolas, sua amigável equipe de lavradores e uma vida simples porém saudável no campo. Ele sabia que era uma grande oportunidade para o filho. Albert, foi carregador da Equitable Life Assurance Company e era um homem perpetuamente submisso. Sem dúvida, ele queria algo melhor para o filho mais velho. 

Assim que se sentaram para almoçar, a porta se abriu e uma adorável menina de dez anos apareceu. Gracie estava cantarolando uma música. Seus enormes olhos e cabelos castanhos escuros contrastavam com sua pele muito pálida e lábios rosados. Vindo direto da igreja, ela ainda usava suas roupas de domingo: vestido de confirmação de seda branca, meias de seda branca e colar de pérolas cremosas a faziam parecer mais velha do que seus 10 anos.

Frank Howard, como a maioria das pessoas que ficavam cara a cara com o radiante Gracie, não conseguia tirar os olhos da menina. "Vamos ver se você sabe fazer contas", disse ele enquanto lhe entregava um enorme maço de notas para contar. Os empobrecidos Budds ficaram pasmos com o dinheiro que o velho carregava consigo.

"Noventa e dois dólares e cinquenta centavos", Gracie disse a ele rapidamente.

"Que menina inteligente", disse o Sr. Howard, dando-lhe cinquenta centavos para comprar doces para ela e sua irmãzinha Beatrice.

Howard disse que voltaria mais tarde para pegar Edward e Willie, mas primeiro ele tinha que ir a uma festa de aniversário que sua irmã estava dando para um de seus filhos. Ele deu aos meninos dois dólares para irem ao cinema. Quando estava para sair, ele convidou Gracie para ir com ele à festa de aniversário de sua sobrinha. Ele iria cuidar bem dela e se certificar de que Gracie estaria em casa antes das nove horas daquela noite.

Delia perguntou onde a irmã do Sr. Howard morava e ele respondeu que ela morava em um prédio de apartamentos na Columbus com a 137th Street.

Delia não tinha certeza se deveria deixá-la ir, mas o marido a convenceu de que seria bom para Gracie. "Deixe a pobre criança ir. Ela não vê muitos bons momentos."

Então Delia ajudou Gracie a vestir um casaco e seu chapéu cinza com fitas. Ela seguiu Gracie e o Sr. Howard para fora e os observou desaparecer na rua.

Naquela noite, não houve notícias do Sr. Howard e nenhum sinal de Gracie. Uma terrível noite sem dormir, sem nenhuma mensagem de sua linda filha. Na manhã seguinte, o jovem Edward foi enviado à delegacia para relatar o desaparecimento de sua irmã.

A pior coisa que o tenente de polícia Samuel Dribben disse aos Budds foi que o endereço que "Frank Howard" lhes dera para o apartamento de sua irmã era fictício. O velho bondoso era uma fraude. Não havia nenhum Frank Howard, nenhuma fazenda em Farmingdale, Long Island. Nada disso era verdade.

A polícia iniciou as atividades normais de investigação. Eles checaram tudo que "Frank Howard" disse aos Budds. Eles também fizeram com que os Budds examinassem um álbum de fotos de criminosos e verificassem todos os molestadores de crianças, pacientes mentais, registrados. Não deu em nada: Nenhum vestígio de Gracie.

Em 7 de junho, a polícia de Nova York enviou mil panfletos às delegacias de todo o país com uma foto de Gracie e uma descrição do "Sr. Howard". Esta atividade, junto com toda a publicidade local, garantiu uma epidemia de avistamentos de Gracie e cartas excêntricas, cada uma das quais teve que ser investigada minuciosamente pelos mais de 20 detetives designados para o caso.

Havia algumas pistas sólidas. A polícia encontrou o escritório da Western Union em Manhattan de onde "Frank Howard" havia enviado sua mensagem aos Budds, além da mensagem original escrita à mão. Pela escrita e gramática, ficou claro que "Howard" teve alguma educação e refinamento. A polícia também localizou o carrinho de mão onde "Howard" comprou o queijo que deu aos Budds. Ambos os endereços ficavam no East Harlem, que então se tornou um ponto focal de intensa busca e investigação.

A polícia de Nova York estava familiarizada com sequestro de crianças. Na verdade, houve um caso estranhamente semelhante no ano anterior. Em 11 de fevereiro de 1927, Billy Gaffney, de quatro anos, brincava no corredor do lado de fora de seu apartamento com seu vizinho de três anos que também se chamava Billy. Um vizinho de 12 anos que estava cuidando de sua irmãzinha adormecida foi se juntar aos meninos, mas voltou para o apartamento rapidamente depois de ouvir sua irmã chorar.

Poucos minutos depois, o menino mais velho percebeu que os dois Billys tinham ido embora e contou ao pai de um deles. Depois de uma busca desesperada, o pai encontrou seu filho de três anos sozinho no último andar do prédio. Seu filho estava no telhado chorando.

"O bicho-papão levou Billy", dizia o menino insistentemente.

No dia seguinte, quando um pelotão de detetives veio investigar o desaparecimento do menino Gaffney, eles ignoraram a testemunha de três anos, que manteve sua explicação simples. A princípio, a polícia pensou que o menino tivesse entrado em alguns dos prédios da fábrica na vizinhança ou, pior, caído no canal Gowanus a alguns quarteirões de distância. As pessoas da comunidade organizaram uma busca e o canal foi dragado, mas não havia sinal do pequeno Billy.

Por fim, alguém ouviu a testemunha de três anos que lhes deu uma descrição do "bicho-papão". Ele era um velho esguio com cabelos e bigode grisalhos. A polícia não deu atenção à descrição e não a relacionou com um crime cometido por alguém chamado apenas de "Homem Cinzento" alguns anos antes.

Em julho de 1924, Francis McDonnell, de oito anos, brincava na varanda de sua casa na área pastoral de Charlton Woods em Staten Island. Sua mãe estava sentada perto, amamentando sua filha pequena, quando viu um homem idoso e esquelético de cabelos grisalhos e bigode no meio da rua. Ela olhou para o velho maltrapilho que constantemente fechava e abria os punhos e resmungava para si mesmo. O homem tirou o chapéu empoeirado para ela e desapareceu na rua.

No final da tarde, o velho foi visto novamente observando Francis e quatro outros meninos jogarem bola. O velho chamou Francis para falar com ele. Os outros meninos continuaram a jogar bola. Poucos minutos depois, o velho e Francis haviam desaparecido. Um vizinho notou um menino que parecia Francis caminhando naquela tarde em uma área arborizada com um vagabundo idoso de cabelos grisalhos atrás dele.

O desaparecimento de Francis não foi notado até que ele perdeu o jantar. Seu pai, um ex-policial, organizou uma busca. Eles encontraram o menino na floresta sob alguns galhos. Ele havia sido horrivelmente atacado. Suas roupas foram arrancadas de seu corpo e ele foi estrangulado com os próprios suspensórios. Francis havia levado uma surra tão violenta que a polícia duvidou que o "velho" vagabundo fosse tão idoso e frágil quanto descrito. A surra foi tão forte que talvez o velho vagabundo tivesse um cúmplice responsável por aquela atrocidade.

Em um curto período de tempo, especialistas em impressões digitais de Manhattan e fotógrafos da polícia foram incluídos no caso, bem como duzentos e cinquenta policiais à paisana. A enorme caça ao homem cinzento rendeu vários suspeitos promissores, exceto que nenhum deles se parecia com o velho vagabundo de bigode e cabelos grisalhos. Seu rosto ficou marcado para sempre na memória de Anna McDonnell: "Ele veio arrastando os pés pela rua, resmungando para si mesmo, fazendo movimentos estranhos com as mãos. Nunca vou esquecer essas mãos. Estremeci quando olhei para elas ... como abriam e fechavam, abriam e fechavam, abriam e fechavam. Eu o vi olhar para Francis e os outros. Vi seu cabelo grisalho e grisalho, seu bigode grisalho caído. Tudo nele parecia desbotado e grisalho."
Apesar dos esforços maciços da polícia e da comunidade, o "Homem Cinzento" havia desaparecido no ar.

Em novembro de 1934, o caso Budd ainda estava oficialmente aberto, embora ninguém esperasse que fosse resolvido ou que Gracie fosse encontrada. Apenas um detetive da polícia, um certo William F. King, continuava a investigar o caso com dedicação. Ele sentia que devia aquilo à pequena Gracie e aos seus pais que se ressentiam por terem sido ludibriados pelo velho. O policial foi entrevistado por um repórter e falou com sinceridade a respeito do caso que ganhou certa repercussão através de uma artigo.

Dez dias depois da publicação, Delia Budd, a mãe de Gracie, recebeu uma carta. Era estranho, pois ela não sabia ler e portanto raramente lhe enviavam algo escrito. Seu filho Edward leu a carta e imediatamente ficou pálido. Ele saiu correndo para chamar o detetive King que as circunstâncias haviam tornado amigo da família. 

A carta era singularmente macabra e seu conteúdo medonho reverberou pela mente do garoto. Quando King leu seu conteúdo, sentiu uma forte náusea. Diferente das cartas escritas por malucos de toda lavra, aquela continha elementos que pareciam reais e que fizeram o calejado detetive sentir o mundo inteiro rodando sob os seus pés. A letra também era bastante parecida com a do bilhete escrito por Frank Howard anos antes, o que o deixava ainda mais aterrorizado diante das implicações dela. Mas o pior é que o instinto do Detetive King dizia que aquela carta era real e não o produto de um degenerado.

A carta dizia o seguinte: 

"Minha cara Sra. Budd,

Em 1894, um amigo meu embarcou como ajudante de convés no Barco à Vapor Tacoma comandado pelo capitão John Davis. Eles navegaram de São Francisco para Hong Kong, China. Ao chegar lá, ele e dois outros desembarcaram e se embriagaram. Quando voltaram, o barco havia sumido.

Naquela época, havia fome na China. A carne de qualquer tipo custava de US $ 1 a 3 dólares o quilo. Tão grande era o sofrimento entre os mais pobres que crianças pequenas eram vendidas no mercado negro, a fim de alimentar os que morriam de fome. Nenhum menino ou menina com menos de 14 anos estava seguro na rua. Você poderia entrar em qualquer loja e pedir um bife, costeletas ou carne cozida e o comerciante lhe oferecia parte do corpo de um menino ou menina. Eles então cortavam exatamente o que se pedia para levar. Mas algumas pessoas não reclamavam. Veja bem, um menino ou menina jovens tem a parte mais tenra que se pode imaginar. E esta parece costela de vitela, sobretudo para quem está faminto.

John ficou lá por tanto tempo que adquiriu gosto pela carne humana. Em seu retorno a N.Y., ele roubou dois meninos, um de 7 e um de 11 anos. Levou-os para sua casa, despiu-os e amarrou-os em um armário que manteve trancado. Em seguida, queimou tudo o que estavam usando. Várias vezes, todos os dias e todas as noites, ele os espancava para tornar a carne mais macia.

Primeiro ele matou o menino de 11 anos, porque ele tinha o traseiro mais gordo e, claro, mais carne. Cada parte de seu corpo foi cozida e comida, exceto a cabeça - ossos e vísceras. Foi Assado no forno, cozido, assado, frito e transformado em guisado. O garotinho foi o próximo, seguiu o mesmo caminho. Naquela época, eu morava na 409 E 100 st. Próximo ao lado direito, éramos vizinhos. Ele me disse tantas vezes como a carne humana era boa que fiquei muito curioso e decidi prová-la.

No domingo, 3 de junho de 1928, visitei você e sua família na 406 W 15 St. Trouxe queijo e morangos como a senhora deve se recordar. Nós almoçamos. Gracie sentou no meu colo e me beijou na face. Decidi ali que iria devorá-la.

Com a pretensão de levá-la a uma festa, planejei raptá-la. Você disse que ela poderia ir comigo. Eu a levei para uma casa vazia em Westchester que eu já havia escolhido. Quando chegamos lá, disse a ela para ficar do lado de fora. Ela colheu flores silvestres. Subi as escadas e tirei todas as minhas roupas. Eu sabia que se não o fizesse iria me sujar com o sangue dela.

Quando tudo ficou pronto, fui até a janela e chamei a menina. Então me escondi em um armário até ela entrar no quarto. Quando ela me viu nu, começou a chorar e tentou descer correndo as escadas. Eu a agarrei e ela disse que contaria para sua mãe.

Primeiro eu a despi. Ela chutou, mordeu e arranhou. Eu decidi que era melhor sufocá-la até a morte. Depois a cortei em pequenos pedaços para que eu pudesse levar sua carne para minha casa onde a prepararia. Cozinhe e comi com grande satisfação. Quão doce e tenra era a menina depois de assada no forno. Levei 9 dias para comer seu corpo inteiro. Eu não fodi ela embora pudesse, se assim desejasse. Ela morreu virgem". Eu apenas queria que a senhora soubesse desses fatos para que não espere encontrar a menina. Ela se foi".

As pessoas estavam chocadas, ninguém queria realmente acreditar que a carta podia ser verdadeira. Deviam ser os delírios de algum maníaco pervertido e sádico. Mas, o detetive King percebeu que os detalhes de seu encontro com os Budds e Grace eram precisos. Além disso, tinha a caligrafia que era idêntica à carta que o sequestrador idoso escrevera para o mensageiro da Western Union seis anos antes.

O envelope tinha uma pista importante: um pequeno emblema hexagonal com as letras N.Y.P.C.B.A. que significava a Associação Benevolente de Motoristas Privados de Nova York. Com a colaboração do presidente da associação, foi realizada uma reunião de emergência dos associados. Nesse ínterim, a polícia verificou os formulários de filiação manuscritos em busca de uma caligrafia semelhante à de "Frank Howard". O Detetive King então pediu aos membros - todos os quais haviam passado no teste de caligrafia - que denunciassem qualquer pessoa que pudesse ter acesso ao papel timbrado da associação.

Um jovem zelador se adiantou, admitindo que havia pegado algumas folhas de papel e alguns envelopes. Ele havia deixado o papel de carta em sua antiga pensão na 200 East 52nd Street. A senhoria ficou chocada quando recebeu a descrição de "Frank Howard". Ele parecia o velho que morava ali há dois meses e que havia sucedido o zelador.

O velho havia deixado a sua pensão apenas alguns dias antes. O inquilino se chamava Albert H. Fish. A senhoria mencionou que Fish havia lhe dito para guardar uma carta que ele esperava receber de seu filho, que trabalhava para o Corpo de Conservação na Carolina do Norte. O filho mandava dinheiro para o velho pai regularmente. Fish, ela disse, era um senhor franzino, velho e de aparência adoentada que sempre foi gentil e simpático com ela.

Alguns dias mais tarde, o correio interceptou uma carta endereçada a Albert Fish. O detetive King pediu que a senhoria ficasse com a carta e que avisasse assim que Fish aparecesse para buscá-la como havia prometido que faria. Demorou alguns meses até ele aparecer na pensão. Mas em 13 de dezembro de 1934, a senhoria ligou para o detetive King. Albert Fish estava na pensão procurando sua carta e ela havia dito a ele para esperar pois não a encontrava. O detetive correu o mais rápido possível e quando chegou ao endereço encontrou o velho sentado, tomando uma xícara de chá. Ele se levantou e acenou com a cabeça quando King perguntou se o seu nome era Albert Fish.

Desconfiado de que algo estava errado, Fish enfiou a mão no bolso e tirou uma navalha. Enfurecido, King agarrou a mão do velho e torceu-a com força até ele se render. "Eu tenho você agora", disse triunfante dando a seguir ordem de prisão.

Hish se renderia imediatamente, seu corpo ficou fraco e flácido e ele não demonstrava mais força para reagir.

"Sim, sou eu. Você me pegou", disse em um sussurro quase inaudível.

Mas esse seria apenas o primeiro ato de um horror muito maior que viria à tona, à medida que aquele velho desprezível resolveu cooperar e relatar à polícia estarrecida sua carreira de homicídios de crianças.

Fim da parte 1

4 comentários:

  1. Este texto é um Motivo plausível para crises existenciais

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  2. Seria de todo Fantástico se não fosse tão abjeto por ser real.

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  3. PQP (sim, não consigo pensar em mais nada para comentar...)

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  4. damm! shit like this makes you wish for hell to be a very real place.

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