segunda-feira, 25 de março de 2013

Bem Vindo à Arkham! - Revelando segredos de uma cidade assombrosa



por Davi Hoefling com base no livro Arkham Unveilled e comentários de Luciano Giehl (em azul)


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"Por trás de tudo havia o taciturno e pestilento horror da antiga cidade... a imutável, lendariamente assombrada cidade de Arkham, com seus telhados angulares dispostos sobre sótãos, onde bruxas se escondiam nas trevas, durante os velhos tempos coloniais".


Bem vindo à Arkham, Massachusetts, uma cidade da Nova Inglaterra, localizada nas curvas sinuosas e bancos lamacentos do Rio Miskatonic. A cidade foi fundada no final do século XVII e se tornou o lar da Universidade Miskatonic e da renomada Biblioteca Orne.

Consideravelmente mais jovem do que as cidades vizinhas, Kingsport e Innsmouth, ela foi o lar para os fugitivos de Boston e Salem, aqueles “pensadores liberais” oprimidos pelas congregações religiosas dogmáticas e radicais dessas cidades vizinhas.

Nota #1: O povo de Arkham era bem menos radical com suas crenças religiosas e comparativamente menos inclinado a abraçar causas como o povo de Salem, famoso por dar origem a "Caça às Bruxas". Isso não significa que os primeiros colonos de Arkham não fossem típicos protestantes ingleses tementes a Deus. Eles eram! Mas é fato que o povo do vilarejo sempre foi mais tolerante e disposto a aceitar entre seus habitantes, pessoas com pensamento mais aberto. 

Entre a primeira geração de habitantes de Arkham estavam Keziah Mason e Goody Fowler, suspeitas de bruxaria que trouxeram com elas de Salem um obscuro e odioso culto. Em 1692, Mason foi presa por homens de Salem; Fowler fugiu para as florestas no noroeste da cidade. Mason acabou condenada à forca, depois de ter seu nome ligada a "práticas abomináveis". Mas ela escapou misteriosamente e nunca mais foi vista novamente. Quando a histeria das bruxas da Nova Inglaterra arrefeceu, Goody Fowler voltou discretamente para os arredores de Arkham e se instalou no sudoeste da cidade. Ali ela praticou bruxaria até que, em 1704, quando finalmente, uma multidão raivosa arrastou-a até uma colina a Oeste de Arkham e a penduraram pelo pescoço. Seus assassinos nunca foram a julgamento.

Nota #2: Keziah Mason viveu em uma casa que ainda existe no número 197 da Rua Pickman, lugar conhecido como "The Witch House" (A Casa da Bruxa). Até pouco tempo, a casa servia como uma modesta pensão para moradores com poucas condições financeiras e estudantes da Universidade Miskatonic. Em 1926 ela foi esvaziada após rumores a respeito de sons estranhos e visões perturbadoras envolvendo a bruxa e seu familiar, um horrendo rato com feições humanas apelidado Brown Jenkin

Nota #3: A Colina onde Goody Fowler foi enforcada recebeu o sugestivo nome de Hangman's Hill (Colina do Enforcado). Os supersticiosos da cidade consideram o lugar assombrado pelo fantasma da velha bruxa. Pessoas que estiveram no local após o anoitecer, afirmam ter visto uma forma espectral vestindo uma camisola branca flutuando e gargalhando grotescamente. Alguns até relataram ter mantido uma conversa com o espírito, que segundo rumores sabe inúmeros segredos a respeito de Arkham e seus habitantes.   

Arkham cresceu lentamente durante o início do século XVIII, obscurecida pelo sucesso da vizinha Kingsport na pesca e no comércio. Arkham tornou-se uma pacata comunidade rural; quando os preços eram bons, alguns poucos barcos escapuliam para o mar em busca de pesca. Por muitos anos a única maneira de atravessar o Rio Miskatonic era pela Balsa de Evan, larga o suficiente apenas para uma carruagem e mais quatro pessoas. As estradas eram de terra batida, a cidade contava com casas simples e um pequeno comércio. No centro do povoado e arredores viviam quase setecentos moradores. Nessa época um misterioso assassino teria aterrorizado Arkham, matando um número desconhecido de pessoas, algo entre 3 e 15 vítimas, até finalmente sumir sem deixar vestígios.

Nota #4: Os registros a respeito dessa terrível onda de crimes se perderam com o tempo e após as inundações de 1888, os poucos documentos existentes desapareceram (ou foram destruídos). Na ausência de uma comprovação documental desses acontecimentos, alguns historiadores em Arkham levantaram uma dúvida razoável sobre esses fatos. As estórias mencionam que quinze habitantes do povoado e cercanias foram vítimas desse assassino. O matador utilizava uma faca para cortar a garganta de suas vítimas e segundo rumores talhava nelas estranhos símbolos de natureza desconhecida. Em 1933, um repórter do Boston Globe conduziu pesquisas a respeito desses acontecimentos, tencionando escrever uma matéria para o jornal. O repórter desapareceu antes de concluir o trabalho, seu paradeiro permanece desconhecido.

Vista aérea de Campus Town - 1929
Em 1761, Francis Derby e Jeremiah Orne retornaram para Arkham como bem sucedidos capitães do mar. Eles trouxeram cinco navios com eles, determinados a transformar Arkham numa nova referência de comércio. Eles construíram docas e galpões na margem norte do rio, na área ao redor da “Fish Street”, e por alguns anos, Arkham hospedou navios que faziam o comércio pelo Triângulo das Bermudas, levando escravos para o Caribe e para o Sul, trazendo melaço, açúcar e rum para a Nova Inglaterra, e exportando peles e bacalhau seco.

No auge desse comércio as primeiras ruas permanentes ao norte do rio foram estabelecidas, bem como as primeiras grandes mansões de Arkham – as propriedades de Derby e de Orne e aquelas dos capitães – erguidas na área que agora se chama East Town. Orne e Derby ergueram a primeira ponte para atravessar o Miskatonic, uma estrutura de madeira que ficava próxima do local onde hoje há a ponte da Avenida Peabody.

Nota #5: A Ponte Antiga, que recebeu o nome de "Travessa do Rio" foi palco de pelo menos três suicídios em meados de 1790. O mais chocante deles envolvendo Francine Meadows, uma jovem não casada que se encontrava na época grávida. Ela se atirou no Miskatonic e morreu afogada. Por algum tempo, dizem que o espírito atormentado dessa jovem vagava pela "Travessa do Rio" depois da meia-noite. A ponte foi substituída pela atual Ponte Peabody mais resistente e durável. Alguns moradores afirmam ter visto o fantasma andando sobre a água no local onde estava a ponte.  

Jeremiah Orne morreu em 1765, deixando uma biblioteca com 900 volumes como legado, administrada pelos curadores Derby e George Locksley, ela foi usada para fundar o Colégio Liberal Miskatonic. A Escola era sediada em uma construção de dois andares no lado Sul da College Street.

Nota #6: Dentro da valiosa coleção de Jeremiah Orne havia livros com temas variados: filosofia, religião, ciências, romances e história, escritos em vários idiomas desde o inglês convencional, até o inglês arcaico, francês medieval, latim e grego, além de outros idiomas mais exóticos como um tratado em árabe. A coleção contava com tomos extremamente raros - muitos deles manuscritos, versando sobre Ciências Ocultas e Esotéricas. Esses tomos teriam sido adquiridos em um lote fechado pertencente ao espólio de um nobre no sul da Inglaterra. Pouco se sabe a respeito dessa aquisição ou se Orne tinha consciência do que estava comprando ao arrematar a biblioteca, fato é que, desse misterioso colecionador vieram alguns dos mais poderosos tomos do Mythos que ainda hoje figuram no catálogo da Universidade Miskatonic.

Uma segunda construção maior que a anterior, sediou a Biblioteca Orne e o pequeno museu de esquisitices trazidas do Oeste das Índias - e além - por navios de Arkham. Essa bizarra coleção ainda pode ser vista no Museu de Exibições da Universidade Miskatonic. John Adams Pickering, um estudante de Harvard, foi escolhido o primeiro presidente do corpo estudantil.

Nota #7: A Coleção comumente chamada de "Museu de Esquisitices" é composta de itens trazidos do oriente. Boa parte dessa coleção, é oriunda das Ilhas de Ponape e Andaman no Oceano Indico, localizada entre a Península Indiana e a Oeste de Burma. O local é o berço de povos muito antigos que mantém um estilo de vida primitivo e costumes que incluem sacrifícios e adoração ritualística. Alguns também são canibais. A Universidade Miskatonic, motivada por essas descobertas empreendeu uma expedição a Andaman em 1898 que resultou na morte de três dos seus integrantes e em uma fuga desesperada. A Expedição tinha por objetivo estabelecer uma ligação entre os nativos e o lendário povo Tcho-Tcho. Os resultados foram inconclusivos.        

Durante a guerra revolucionária, os Derby e os Orne se converteram em corsários, atividade considerada patriótica naqueles tempos. Operando principalmente fora de Kingsport, eles afundaram ou capturaram 23 velas sob a bandeira inglesa, trazendo bons lucros. Após a guerra, as famílias subsidiaram o desenvolvimento da “velha cidade” – antigamente utilizada como pastagem e campo de treinamento da milícia – e logo instalaram um novo Campus do Colégio Miskatonic. Uma nova praça foi feita na margem norte do rio, perto do centro da cidade, e, após muito debate, nomeada “Independence Square”.

Nota #8: A Guerra Civil foi extremamente lucrativa para Arkham e concedeu o impulso necessário para seu desenvolvimento. Alguns no entanto se aproveitaram da luta pela independência para atacar os navios ingleses, usando o patriotismo como desculpa para atos de pirataria. Nessa época, "O Fogo-Fátuo" uma fragata ligeira, comandada por um capitão de Arkham chamado Lamar Garrison afundou pelo menos três embarcações. Dizem que uma delas transportando velhos, mulheres e crianças foi incendiada e enviada para as profundezas com toda tripulação. Verdade ou mentira, o nome de Garrison foi amaldiçoado e o Capitão desapareceu em alto mar. Histórias sobre o "Fogo Fátuo" e a vilania do Capitão Garrison ainda são contadas por marinheiros no Porto de Arkham. 

O fim da guerra marcou o declínio do comércio marítimo de Arkham. Enquanto Salem, Boston e Nova York rapidamente se consolidaram como as potências marítimas de comércio, principalmente com a China; a indústria de Arkham entrou em decadência. Os comerciantes remanescentes foram para Kingsport. Em 1808 o Escritório Alfandegário Federal em Arkham fechou, e a cidade perdeu o status de porto de entrada.

Não obstante a perda do comércio internacional, Arkham voltou a crescer na primeira metade do século 19, graças à visão de homens como Eli Saltonstall. Saltonstall, anteriormente um capitão do mar, anteviu a curta vida da cidade no comércio marítimo, fundando em 1796 a primeira fábrica têxtil de Arkham, no lado Sul do rio, no pé da “East Street”. Mais fábricas foram aparecendo e, conforme a atividade rural da Nova Inglaterra declinava, Arkham cresceu com as Indústrias.

Os industrialistas – os Saltonstalls, Browns e Jenkins – criaram novas ruas ao sul do Campus do Colégio, ao longo da “South Hill”, e construíram grandes mansões Georgiano-Federalistas, financiadas por grandes lucros têxteis.
Arkham - Main Street 1920
Nota #9: Fábricas têxteis se multiplicaram ao longo do Miskatonic e chaminés despejando fumaça negra no ar, surgiram a partir de 1800. Arkham dava passos largos em direção ao progresso. Nessa mesma época Norman Talmadge, um rico industrial natural de Boston, decidiu se fixar em Arkham e ordenou a construção de uma enorme mansão. Ele tinha interesse em investir pesado na cidade. Talmadge, entretanto, tinha fama de ser tão implacável na vida pessoal quanto era nos negócios. Alguns o consideravam um "barba azul" uma vez que ele havia casado quatro vezes com mulheres muito mais jovens que morreram de doença ou em trágicos acidentes. O industrial não teve tempo de investir na cidade, uma vez que morreu em um grande incêndio que consumiu sua mansão em 1802. As circunstâncias desse incêndio permanecem obscuras, embora muitos afirmem que não tenha sido acidental.

Neste período, em 1806, o primeiro jornal da cidade, “The Arkham Gazette”, foi fundado, subscrito pelo federalista Derby. Industrialistas republicanos mais tarde ajudaram a fundar o “Arkham Bulletin”. Nessa época a mercantilismo federalista no mar estava diminuindo. O último “boom” imobiliário ocorreu com  a partir da construção das mansões que costeiam os campos ao longo da “Federal Street” e da “Curwen Street”.

Em 1820, fábricas e indústrias de suporte surgiram ao Sul do rio, para o leste da Avenida “Peabody”. Arkham se tornou mais urbanizada. Em 1850 uma linha de telégrafo foi ligada com Boston. Respeitáveis estudiosos, em parte inspirados pela já famosa biblioteca Orne e pelo Colégio Miskatonic, começaram a se juntar ao corpo docente.

A industria continuou se expandindo. Em 1850, fábricas de tijolos, curtumes, fábricas de sapatos, relojoeiros e manufaturados como couro, joias e roupas surgiram tanto no norte como no sul da cidade. Uma grande linha de galpões, eventualmente alcançando a “West Street”, foram construídos na costa sul durante esse período.

Nota #10: Nessa mesma época, Arkham começou a atrair a primeira leva de imigrantes vindos do velho mundo. Um navio transportando imigrantes alemães, italianos e poloneses chegou a  cidade em 1840. Alguns destes estrangeiros passaram a trabalhar na agricultura, nas tecelagens e na indústria, a maioria deles se fixou em French Hill local onde anos mais tarde surgiria uma vizinhança quase exclusiva de imigrantes. Desentendimentos e disputas entre grupos de imigrantes geraram problemas desde o início. Em 1848, um jovem operário alemão foi acusado do estupro de uma jovem americana. O rapaz foi linchado por uma multidão, apesar de jurar inocência e a própria jovem não ter certeza a respeito de sua culpa. O episódio aumentou a desconfiança para com estrangeiros e freou a vinda de mais imigrantes para a área, ao menos até o início do século seguinte. 

Nos duros anos da Guerra Civil Americana, Arkham formou uma companhia chamada de 23º Regimento de Voluntários de Massachusetts. Vinte e sete homens jovens morreram na guerra; um memorial foi erguido em honra ao seu sacrifício no Cristchurch Cemetery  (Cemitério da Igreja de Cristo).

Nota #11: O Regimento de Voluntários de Massachusetts participou de importantes combates, inclusive a Batalha de Bull Run em 1862. Nessa batalha os jovens de Arkham lutaram bravamente para conter os Confederados e a maioria de suas baixas ocorreu nessa frente. As forças confederadas foram contidas, mas ao custo da vida de vários jovens. Ao retornar para casa após a guerra, o jovem oficial Gerald Washburne apresentou um comportamento estranho. Apesar de jamais ter sido formalmente acusado, sobre ele pesavam suspeitas de ter causado a chacina de uma família que vivia em uma área isolada da cidade. Verdade ou mentira, os pais de Gerald o enviaram para Boston a fim de tratar sua crescente melancolia causada após a guerra. Ele teria morrido em um Asilo para Mentalmente perturbados em 1875.   

Após a Guerra Civil, o Colégio Miskatonic tornou-se uma Universidade. Em 1870 a iluminação pública à gás estava quase completa e visitantes eram frequentes o suficiente para justificar a existência de um serviço de táxi. Em 1873 Arkham criou um serviço de polícia, após membros de uma fraternidade ilegal ficarem bêbados no “Doc Howard’s Bar” e iniciarem um tumulto que danificou várias lojas e estabelecimentos ao longo da “Church Street”. Uma lei foi logo promulgada, proibindo a existência de tavernas nas adjacências do Campus.

Em 1882, um estranho meteorito caiu a oeste de Arkham, na fazenda pertencente a Nahum Gardner. Professores da Universidade investigaram o meteorito, mas não foram capazes de atestar sua verdadeira natureza. No final, a família Gardner sucumbiu a uma estranha doença que eventualmente deixou toda a área devastada.

Nota #12: Alguns dos professores que estiveram na propriedade dos Gardner ficaram intrigados pelas estranhas características do meteorito. A pedra não correspondia a nada que eles já tivessem visto anteriormente. A morte de Gardner e de seus familiares foi relacionada por alguns a queda desse meteorito, mas nunca se chegou a uma conclusão sobre o ocorrido. Autópsias realizadas nos cadáveres atestaram um possível envenenamento radioativo, mas a teoria jamais foi comprovada. Após a morte da família, a Fazenda ficou abandonada e aqueles que vistaram o local afirmavam ter sentido uma "estranha presença" espreitando no local e uma "aura desagradável" entranhada no próprio solo. Felizmente a região foi coberta de água com a construção de uma represa anos mais tarde. 

Em 1888, uma chuva de primavera sem precedentes, combinada com tempestades em alto mar elevou o nível das águas do Miskatonic, levando o rio a transbordar muito além de suas margens. A pior inundação jamais registrada em Arkham causou grandes danos às fábricas ao longo do rio. Uma parte do Campus também foi atingida pela inundação, danificando os arquivos no porão da biblioteca, destruindo aquisições insubstituíveis.

Nos anos subsequentes, novos drenos de concreto e barragens diminuíram o risco de uma segunda inundação. Um pouco depois, novas linhas são instaladas, e trocando a iluminação a gás por iluminação elétrica. Linhas de telefone surgiram e, antes da virada do século, um sistema de saneamento público foi completado.

Nota #13: Durante as obras para construção das medidas preventivas para evitar novas tragédias, equipes de construção e manutenção, afirmaram ter feito uma estranha descoberta próximo ao Cemitério Antigo de Arkham. Uma rede de túneis e câmaras aparentemente escavadas pareciam se espalhar por toda a cidade. Rastros e pegadas recentes foram encontrados nesses túneis de terra, além de uma quantidade desconcertante de ossos humanos. As explorações desses túneis foram abreviadas pelo desaparecimento de dois trabalhadores que se perderam no subterrâneo. Um deles foi encontrado delirando a respeito de horrores nas profundezas e internado no Asilo Arkham. A extensão dos túneis ou quem os construiu é ma questão que permanece sem resposta. Parte deles foram lacrados pelos operários e até onde se sabe continuam inexplorados.  

A despeito de todos esses esforços para modernizar a cidade, em 1905, uma terrível epidemia de tifo varreu Arkham, matando muitos. Entre as muitas vítimas estava o Dr. Allen Halsey, reitor da Escola de Medicina da Universidade Miskatonic e um filantropo amado por todos. Uma estátua em sua memória foi erguida no Campus e até hoje ela observa a cidade que tanto amou.

Nota #14: A morte do Reitor Halsey (e de fato, outras pessoas ligadas ao Departamento de Medicina da Universidade Miskatonic), ainda suscita algumas dúvidas e estranhos rumores. Para alguns, acontecimentos que ainda permanecem inexplicados teriam ocorrido em meados de 1905 envolvendo estudantes da universidade e a realização de experimentos não-autorizados. O nome de Herbert West, um brilhante médico e pesquisador transparece em vários testemunhos, mas acusações formais contra West (e seja lá o que ele pesquisava) não foram levadas adiante por falta de provas. West se desligou da Universidade após essas acusações e seu paradeiro atual é ignorado.      

As fábricas de tecido nunca se recuperaram totalmente da enchente de 1888. A Nova Inglaterra perdeu muito do comércio para o Sul; a maioria das firmas de Arkham, sem seguro contra o desastre, fecharam para sempre.

Durante a Grande Guerra, Arkham deu sua parte; uma placa na prefeitura e uma estátua de bronze de um soldado prestam homenagem àqueles que caíram nos campos da Europa.

O crescimento econômico dos anos 1920 passou pela maior parte da Nova Inglaterra, e, embora a base industrial da cidade estivesse em franco declínio, a cidade conseguiu desfrutar melhorias, sobretudo no que diz respeito a Universidade. Cidade e Universidade se tornaram intimamente ligadas. Muitos dos estabelecimentos de Arkham voltaram-se para atender às necessidades dos alunos recém chegados de diversas partes do país. Seus administradores e estudantes formam parte da nova aristocracia de Arkham.

Arkham hoje

Visto que a sorte da Nova Inglaterra declinou muito depois da Grande Guerra, dados locais mostram que 83% dos moradores de Arkham possuem ferros de passar elétricos, 77% possuem lavadoras a gás e 51% possuem aspiradores de pó. O rádio está presente nas residências de 75% dos moradores. Quase 50% das famílias da cidade possuem pelo menos um automóvel, e lojistas reclamam daqueles que estacionam em frente a seus estabelecimentos.

Os bondes interurbanos que ligavam Arkham, Ipswich, Kingsport, Boston e Salem foram abandonados com a vinda dos automóveis. Linhas de ônibus foram recentemente estabelecidas entre essas cidades. As estradas principais, sobretudo interestaduais, são asfaltadas, bem sinalizadas e cuidadas, mas infelizmente o mesmo não pode ser dito das estradas que ligam Arkham ao interior do estado. Algumas destas se encontram em estado constante de má conservação carecendo ainda de sinalização. O fato delas serem de terra batida faz com que atoleiros e buracos sejam um problema recorrente.

Arkham possui três Hotéis de bom padrão, sendo o Miskatonic Hotel o mais conhecido e luxuoso. Um bom número de pensões familiares e hospedarias também oferece quartos para viajantes, estudantes e comerciantes de passagem. A cidade dispõe de restaurantes que oferecem a boa comida da Nova Inglaterra (os frutos do mar são uma marca registrada da região), mas a maioria desses estabelecimentos fecha após o horário de almoço. 

O movimento de estudantes motivou o surgimento de lugares para diversão que ficam cheios nos finais de semana. O Hot Spot é uma nova casa que se tornou ponto de encontro e lugar de referência para os alunos, oferecendo diversão na forma de dança e bandas de jazz. Nem todos os moradores de Arkham, ficaram satisfeitos com essa "casa barulhenta" aberta até altas horas, mas ela é menos problemática que os speakeasies que operam clandestinamente, oferecendo whisky contrabandeado e gim de banheira. É claro, a polícia sabe do que acontece nesses "inferninhos" mas uma propina mensal ajuda a manter esses estabelecimentos abertos para alegria geral.     
Vista Aérea de Arkham com destaque para o Rio Miskatonic em 1926 

Mapa de Arkham (acesse o link para ver o mapa com mais detalhes)

8 comentários:

  1. Olá, você poderia me indicar um deus dos mythos que fosse ligado a pestilencia e doenças para usar em uma campanha aqui? Obrigado.

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  2. Fantástico.
    Agora posso me considerar, pelo menos, um conhecedor superficial de Arkham City.

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  3. Fantastico.

    Sempre quiz saber mais sobre Arkham, principalmente para pode-la usar como cenario.

    Vou correr atras do livro mencionado.

    Agora, vc tem alguma linha do tempo com a cronologia dos contos?

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  4. Muito bom. É um dos livros que pretendo adquirir. Inspirador e pretendo usar muitos pontos em minhas aventuras de Rastro.

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  5. VCS POSSUEM UM DOS EXEMPLARES DO LIVRO NECRONOMICON?

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  6. Parabéns por esse belo artigo!Peço que façam outro,falando sobre os vários cursos oferecidos pela Miskatônica,o tempo de duração deles,assim como até onde cada um está(ou não)envolvido com os Mitos,e a eventual presença de cultistas infiltrados em meio aos alunos e professores.

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