terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"Aquele que irá devorar o Universo" - As Profecias de Chaugnar Faugn


Concluindo o artigo a respeito de Chaugnar Faugn, o Horror das Colinas.

Chaugnar Faugn é venerado pelo povo degenerado que habita o Platô de Tsang nas montanhas centrais do Tibet. Essa tribo é uma ramificação dos detestáveis Tcho-Tchos, que descendem diretamente dos anões negros Miri Nigri, criados a partir de seres anfíbios.

A região ao redor de Tsang é considerada sagrada pelos Tcho-Tcho, sendo que o local mais importante para o culto é o grande templo subterrâneo no interior das cavernas abaixo do platô. É lá que a colossal estátua do Deus (secretamente a própria divindade em estado de letargia) é vigiada dia e noite.

Os guardiões sagrados que protegem a estátua não são meros cultistas e sim uma raça de abomináveis criaturas sem face, que apenas vagamente lembram seres humanos. Essas criaturas de pele amarelada são escravos compelidos a uma existência de eterna servitude pela magia maligna de Chaugnar Faugn. Pouco se sabe a respeito deles, mas supõe-se que um dia essas criaturas tenham sido pessoas revertidas a um estado sub-humano. Eles rastejam em suas mãos e joelhos ao redor da estátua e participam de rituais nauseantes demais para serem descritos. Os próprios tcho-tchos os evitam e somente os sacerdotes ungidos por Chaugnar Faugn conhecem o dialeto gutural que lhes permite falar com os guardiões.

Os sacerdotes de Chaugnar Faugn são considerados como indivíduos notáveis, homens santos. Eles são escolhidos ainda crianças, através de sondagens psíquicas pelo próprio Deus que faz com que eles experimentem visões da jornada desde os Pirineus até o Tibet e de outros momentos marcantes da congregação. Apenas aqueles que agradam ao Deus são escolhidos para assumir seu lugar, os que falham, tornam-se sacrifício ou experimentam o banimento.

Entre as principais atribuições de um sacerdote, estão experimentar visões, interpretar profecias e conduzir os ritos de sacrifício que permitem à estátua andar, ainda que brevemente.

Uma das profecias centrais para o culto envolve a chegada do Acólito Branco. Segundo a Profecia Sagrada, descrita por um profeta Tcho-tcho chamado Mu-Sang, o Acólito seria um forasteiro de pele branca, que viria do Oeste e chegaria ao Platô depois de atravessar provações, carregando em seu corpo as chagas de alguém que sofreu dor excruciante e loucura redentora.

Após padecer em horríveis tormentos, esse Homem Santo será reconhecido ao recitar uma Profecia na qual enaltece Chaugnar Faugn como um dos Grandes Antigos e o sacerdote de Tsang como Seu Profeta. A seguir, o Acólito deverá declarar que o tempo de Chaugnar Faugn finalmente chegou e que o mundo será Dele uma vez mais.

Os cultistas acreditam que o Acólito curado de todas suas enfermidades deverá se responsabilizar por carregar Chaugnar Faugn e transportá-lo de volta para o Oeste onde ele conquistará seu lugar como governante do mundo. Diz a Profecia:

"Todas as coisas que existem no mundo, todas criaturas e plantas serão devoradas em êxtase pelo Grande Chaugnar, pois a Ele pertence tudo o que vive e morre".


Por muitos séculos, a profecia permaneceu não cumprida, até que em meados de 1930 uma expedição norte-americana atingiu o Platô proibido de Tsang. Os termos da Profecia aparentemente haviam sido satisfeitos pelo Professor Henry Staunton, o único sobrevivente da expedição, capturado pelos Tcho-Tcho. Enquanto era torturado, Staunton recitou trechos que acabaram sendo reconhecidos como parte da Profecia. Imediatamente, os sacerdotes ordenaram que o forasteiro fosse retirado da árvore onde fora crucificado e levado a presença deles para interrogatório. Satisfeitos com o que ouviram, os ferimentos do explorador foram tratados até que ele estivesse forte o bastante para passar por um Ritual Sagrado no qual se transformaria no Companheiro de Chaugnar Faugn.

Ser tratado como Companheiro de Chaugnar Faugn é uma enorme honra para os tcho-tcho. A pessoa em questão é colocada frente a frente com o Deus vivo que questiona se ele deseja aplacar Sua sede de sangue e servi-Lo para sempre. Se o indivíduo demonstrar ser digno, Chaugnar Faugn se inclina sobre ele e bebe seu sangue. Depois, o Deus asperge seu próprio sangue negro para que a pessoa se converta em um Servo de Valor.

Uma pessoa marcada dessa forma está sempre em contato psíquico com Chaugnar Faugn que é capaz de ver através de seus olhos e ouvir pelos seus ouvidos. A pessoa também passa a dominar magias e rituais, detém conhecimento sobre os segredos mais profundos da ordem e seus mistérios insondáveis. Lentamente o Companheiro passa por dramáticas alterações físicas: sua pele se torna rugosa e grossa, seus cabelos crespos e descoloridos, e a face, vai se convertendo em uma caricatura que lembra o próprio Chaugnar Faugn com orelhas elefantinas e uma tromba que surge da fusão do nariz e do lábio superior. Com o devido tempo, a mudança - permanente até onde se sabe, causa uma transformação tão medonha que o mero vislumbre do Companheiro é o bastante para causar horror.

Um Companheiro de Chaugnar Faugn completamente transformado
Henry Staunton, sobreviveu ao Ritual e como o Acólito Branco recebeu a incumbência de carregar a estátua de volta para o Oeste. Após uma viagem até a China, ele conseguiu fretar um barco que o conduziu de volta a Nova York, onde o arqueólogo apresentou no Metropolitan Museum of Arts sua grande descoberta: uma enorme estátua de uma divindade elefantina recuperada no Tibet.

Apesar de satisfazer os requisitos como Acólito Branco conforme a Profecia, Staunton acabou se voltando contra seu mestre e sendo severamente castigado. Uma vez em Nova York, Chaugnar Faugn tentou impor a sua vontade sobre o mundo moderno, mas a intervenção de indivíduos notáveis capazes de reconhecer suas ações impediram que ele tivesse sucesso em "devorar o mundo". 

Combinando conhecimento arcano, poderosos artefatos e métodos pouco ortodoxos, um grupo de valentes investigadores conteve o Deus e aparentemente o destruiu num dramático embate no Norte de Nova York.

O Sacerdote Mu-Sang
Mas apesar das esperanças iniciais, a ameaça de Chaugnar Faugn retornaria para assombrar a humanidade.

A localização de uma segunda estátua foi revelada a um sacerdote Tcho-Tcho no inicio da década de 1950 e este enviou seus asseclas para resgatá-la dos subterrâneos de um templo em Bangalore, na India. Bravos Investigadores do Mythos tentaram impedir que a estátua chegasse ao seu destino, no Platô de Tsang, mas falharam...

Uma vez retornada ao seu centro de poder, Mu-Sang conduziu um ritual que integrou a essência de Chaugnar Faugn uma vez mais ao seu Simulacro. Dessa maneira, o Grande Antigo reconquistou seu lugar no centro do Templo onde aguarda um novo (e derradeiro) Acólito Branco.

Não se sabe ao certo se existem outras estátuas devotadas a Chaugnar Faugn que possam ser utilizadas para revivê-lo na remota hipótese de seu corpo físico ser destruído novamente. Mas é plenamente possível que existam outras estátuas ainda a serem descobertas o que o tornaria virtualmente imortal.

Um comentário: