domingo, 7 de setembro de 2014

Incidente Kenosha - Quando o inexplicável acontece em um dia como outro qualquer


Em 1991 um estranho incidente ocorreu na rodovia Interestadual 94, nos arredores da cidade de Kenosha, Wisconsin - Estados Unidos. O estranho acontecimento se deu logo após uma forte tempestade de neve no dia 16 de fevereiro de 1991, e foi amplamente ignorado pela maioria dos grandes veículos de imprensa dos EUA, porém o fato se converteu nos anos seguintes numa popular lenda local.

Era um dia como qualquer outro. Um pouco frio, mas nada que apontasse a ocorrência de um incidente tão estranho.

Era 16 de fevereiro e o dia transcorria de forma rotineira. Não haviam mais ou menos automóveis cruzando a rodovia Interestadual 94, pessoas ainda trabalhando, gente indo buscar os filhos, fazendo compras ou simplesmente passeando.

As câmeras de vigilância começaram a captar algo estranho por volta das 3:30 da tarde. Um carro parou no acostamento sem ligar pisca alerta ou dar sinal. Depois outro, mais um, seguido de um caminhão, um veículo de entregas e assim por diante. Os veículos simplesmente desaceleravam e paravam, logo eles paravam em qualquer lugar, não necessariamente no acostamento já lotado. Milagrosamente não houve nenhum acidente, mesmo quando os veículos paravam no meio da pista.   

Mas a estranheza continuaria em seguida. Entre 150 a 200 pessoas deixaram os carros que ocupavam enquanto trafegavam, e se colocaram primeiro ao lado dos veículos como se estivessem aguardando alguma coisa. Ficaram paradas por volta de 15 ou 20 segundos como mostravam as imagens das câmeras, e só então começaram a se mover. 

Inexplicavelmente, a pequena multidão passou a se deslocar a pé para um viaduto próximo, onde em meio a neve, e sem motivo aparente, começaram a se reunir. Durante os 30 minutos seguintes um grande número de motoristas e passageiros continuaram a deixar seus veículos para se juntar aos que já estavam próximos ao viaduto. Apesar das duras condições e contratempos causados pelo acúmulo de neve, escalaram o ingrime aterro que dava acesso a parte elevada do viaduto. Uma vez atingindo o alto, as pessoas pararam e simplesmente ficaram olhando para o céu como se estivessem aguardando alguma ordem.

Os controladores de trânsito comunicaram a polícia rodoviária que respondeu prontamente ao chamado para verificar o que acontecia, e o motivo pelo qual tantos automóveis estavam parados. Eles tiveram muitas dificuldade para chegar ao local, devido ao gigantesco congestionamento que já havia se formado. Vários veículos foram abandonados com as portas abertas. Aqueles que chegaram ao local onde as pessoas estavam aglomeradas, descreveram uma situação desconcertante. 

As pessoas que estavam no viaduto pareciam "desorientadas e aparentemente inconscientes de suas ações". Como se estivessem sob a influência de algum tipo de transe.

Todos olhavam para o céu, como se tentando ver alguma coisa. As nuvens naquele dia estavam muito fechadas e caía uma neve fina, fazia muito frio. Contudo, ninguém parecia se importar com isso, de fato, mesmo aqueles que estavam dirigindo com aquecedor ligado não sentiam desconforto pela brusca mudança de temperatura. Alguns não estavam vestidos de acordo para aquele clima gélido.

Quando os policiais finalmente chegaram ao local e questionaram as pessoas, receberam olhares confusos e respostas desconexas que não condiziam com as perguntas feitas. Alguns diziam: "O ônibus escolar está chegando", "provavelmente sábado o tempo vai melhorar" ou "meu cão fugiu". As expressões eram de serenidade e tranquilidade, mas ninguém reagiu, mesmo quando um policial com auto-falante ordenou que a multidão dispersasse.

Então, de repente, tão rápido quanto começou, as pessoas foram voltando ao seu estado normal. Todo o incidente, transcorreu no espaço de 26 minutos.

Nenhum dos presentes soube explicar o que os motivou a agir daquela maneira. Alguns não entendiam como haviam chegado até o viaduto, sendo que a última lembrança que tinham era de estar dirigindo. Dadas as condições gerais, os policiais instruíram as pessoas a retornar aos seus veículos e seguir viagem. Alguns tiveram de receber ajuda e foram encaminhadas aos hospitais da região com problemas respiratórios e sintomas de hipotermia por causa da exposição ao frio intenso. Um homem teria sido levado em estado grave para o hospital por causa de um choque diabético. Os demais foram liberados e voltaram para suas casas sem qualquer lembrança do incidente.

Mas o que aconteceu em Kenosha?

A notícia foi divulgada pela imprensa local, que nos dias seguintes fez grande estardalhaço a respeito do incidente inexplicável. Vídeos de segurança mostrando o que aconteceu, no entanto, não foram obtidos. O consórcio que cuidava da rodovia Interestadual 94, não divulgou o vídeo. Segundo rumores, a filmagem teria sido confiscada pela polícia ou autoridades federais que expediram um mandato de segurança para que as imagens não viessem à público. Os advogados do consórcio foram instruídos a não comentar a situação e posteriormente disseram que todas as fitas foram apagadas após um erro de um dos funcionários.

Jornais locais não se deram por vencidos. Eles procuraram motoristas e passageiros envolvidos no incidente, pessoas que de repente se tornaram celebridades em Kenosha. Centenas de pessoas foram entrevistadas, mas nenhuma explicação razoável foi oferecida. Muitos mencionaram um ruído de estática ou assovio momentos antes do incidente. Alguns falaram de luzes e de uma estranha sensação de bem estar. Pelo menos três mulheres afirmaram ter visto crianças correndo junto com elas enquanto elas se dirigiam para o viaduto. Essa imagem as marcou porque todos andavam em passos lentos, enquanto essas crianças (segundo uma delas vestidas de branco) se moviam normalmente, correndo e organizando o grupo para que ninguém se dispersasse. 

Uma rede de televisão local contratou um psicoterapeuta que conduziu uma sessão de hipnose com três voluntários que participaram do incidente. Dois deles não concederam nenhuma informação adicional, mas a terceira pessoa, uma mulher de 44 anos, reagiu a sessão de maneira histérica a ponto do profissional ter sido obrigado a romper o transe para lhe ministrar um tranquilizante. A mulher afirmou ter visto formas estranhas na neve e luzes nos céus nublados. Posteriormente descobriu-se que ela tinha histórico de abuso de drogas, e seu testemunho foi quase que inteiramente desconsiderado.

Nos anos seguintes, boatos circularam pela internet de que vários dos envolvidos no Incidente Kenosha haviam cometido suicídio. Uma reportagem contabilizou que 23 pessoas que estiveram na estrada naquele dia, haviam morrido no espaço de 3 anos, sendo que mais da metade pelas próprias mãos. Chegou-se a falar que várias pessoas manifestaram episódios anti-sociais e de depressão nos anos seguintes. Nenhuma dessas informações jamais foi validada, e muitos as consideram fabricadas pela mídia sensacionalista.   

Devido à natureza incomum do incidente, jamais se soube ao certo se alguém desapareceu na ocasião. Dos mais de 100 veículos envolvidos, quatro não foram reclamados pelos motoristas, sendo que três deles eram roubados. O último veículo deixado para trás estava registrado em nome de uma empresa local. A empresa não soube explicar quem estava usando o automóvel na ocasião, mas não deu pela falta de nenhum funcionário. Os veículos não reclamados foram leiloados publicamente no ano seguinte.

Entusiastas do fenômeno OVNI, teóricos de conspirações e outros pesquisadores se dividem a respeito do incidente. Há muitas teorias sobre que poderia ter ocorrido, nenhuma no entanto com uma base sólida. Tanto tempo depois, os registros sobre o ocorrido e as possíveis pistas esfriaram como a neve que caiu naquela estranha tarde.

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HOAX? Provavelmente.

Lenda Urbana sem comprovação? Certamente.

Mesmo assim, de causar arrepios...

3 comentários:

  1. Ótimo post. Como sempre, de excelente redação.

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  2. Idéia pra uma aventura de Kult ou de Cthulhu surgem na cabeça... :D

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  3. Ótimo post. Despertou algumas ideais para cenários.
    Quanto a ser hoax, provavelmente é mesmo. Uma coisa que me chamou atenção logo de cara, é se as câmeras de vigilância nas estradas já eram comuns nos EUA em 1991. Sei que aqui no Brasil com certeza não eram comuns, mas não consegui achar a informação em relação aos EUA.

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