terça-feira, 17 de maio de 2016

Penny Dreadful Recap - episódio 2 - "Predadores próximos e distantes"


O segundo episódio de Penny Dreadful manteve o nível da fantástica season premiere.

Tivemos momentos empolgantes com Dorian Grey e Lily derramando sangue de maneira "divertida", Ethan lembrando a todos nós sobre sua natureza bestial, Dr. Frankenstein preparando uma experimento conjunto com o Dr. Jekyl, Dracula se aproximando cada vez mais do objeto de sua sinistra obsessão, a encantadora Senhorita Vanessa Ives que por sua vez conhece melhor o zoólogo Alexander Sweet.

Penny Dreadful está se tornando rapidamente minha série preferida nessa temporada. Enquanto Game of Thrones ainda está esquentando (o que não tenho dúvida ainda fará!), a série de Horror Vitoriano começou à mil com um roteiro envolvente e uma reconstituição de época primorosa. A impressão que tenho é que deram uma bombada no orçamento de Penny Dreadful permitindo que a série vá além das ruas escuras de Londres e revele horrores em outros cantos do mundo com direito a um Novo México árido, isolado e muito sinistro.

A montagem da série funciona muito bem alternando os acontecimentos entre as localidades, Novo México, Londres (com Ives, Grey e Frankenstein em diferentes pontos) e Sir Malcolm em alto mar. Para facilitar as coisas, vou falar de cada bloco de personagens sem obedecer a ordem em que eles aparecem no episódio. 

Desse modo, vamos ao que aconteceu de importante no segundo episódio "Predadores Próximos e Distantes" (Predators far and Near). Saibam que obviamente desse ponto em diante temos SPOILERS, então leia se não se importar com isso ou se já tiver assistido ao capítulo, já disponível no NOW e na HBO plus.


O capítulo já começa bem, mostrando por onde andam Dorian Grey e Lily que ficaram de fora do eletrizante primeiro episódio. Ainda em Londres, o dândi e sua bela acompanhante, ambos imortais, comparecem a um Clube para Cavalheiros no submundo de Chinatown. O Clube promove algo que o recepcionista na porta anuncia como "incrivelmente violento" e "absolutamente ilegal", algo que obviamente só pode ser apreciado por cavalheiros de alta estirpe e gostos peculiares.

Quando adentramos o aposento escuro e sórdido percebemos como a coisa é barra pesada. Um grupo de aristocratas sentado confortavelmente em poltronas mal pode conter a excitação quando uma moça nua é trazida ao seu meio e apresentada a uma mesa com implementos de tortura. Essa é a versão "Snuff Movie" do Universo de Penny Dreadful e é claro, não poderia deixar de ser brutal e aterrorizante. Uma massa de músculos encapuzada, responsável por coordenar a "brincadeira" escolhe cuidadosamente a ferramenta para dar início ao "espetáculo de carnificina". Mas no momento que ele opta por um chicote de couro, Grey e Lily correm para salvar a pobre mocinha.


Em um turbilhão de sangue e morte, a dupla começa a despachar os aristocratas e convivas de uma maneira rápida eficiente. No fim, não resta ninguém de pé, a não ser os dois e a vítima que depois descobrimos se chamar Justine (um nome resgatado da obra do Marquês de Sade, sem dúvida!). "Eu salvei você, e agora você é minha" diz Lily antes que a garota desmaie.

Levada para a Mansão de Dorian Grey, Justine encontra seus salvadores dançando sob os olhares austeros dos quadros no Salão de Baile. Os dois são incrivelmente agradáveis e simpáticos (como sempre são no início) e oferecem a Justine o benefício de um teto e os prazeres da alta-sociedade. Lily, no entanto, é quem tem algo mais a oferecer... tendo ela mesma sido acolhida na vida de faz de conta de Dorian Grey, quando ainda era a imigrante irlandesa Brona Croft, ela pode falar do que a aguarda. Resgatada de um mundo podre e maligno Lily compreende como ninguém o que a menina almeja. Não simples redenção e proteção, mas uma forma de se vingar de homens rudes que a brutalizaram e exploraram desde sua infância. "Nós daremos a você minha querida uma vingança monumental"

Sem pestanejar, ela aceita a proposta, pois vingança e retribuição é uma das molas dos eventos em Penny Dreadful. Vai ser interessante descobrir até onde Justine será moldada pelos dois imortais. Mas por ora, ficamos aqui.


Ainda na escura Londres, na parte menos favorecida deste lado do Tâmisa, Victor Frankenstein e seu novo associado o Dr. Henry Jeckyl conversam a respeito de seus experimentos e de suas origens. Ficamos sabendo da triste estória familiar do Dr. Jeckyl, cujos pais, pessoas de etnias diferentes (um deles indiano e o outro britânico) sofreram com esse enlace romântico, uma transgressão, considerada desprezível pela sociedade vitoriana. Jeckyl a seguir relata como teve sucesso em seus experimentos a respeito da dualidade do ser humano. É interessante pois esse é um dos pontos chave da obra "O Médico e o Monstro", no qual Robert Louis Stevenson trata justamente da divisão das partes que compõem a personalidade humana. No romance bem e mal podem ser divididos através da aplicação de princípios químicos capazes de destilar a essência do bem e do mal.

Jeckyl confessa que teve sucesso em experimentos que vem sendo conduzidos em Bedlan, o maior e mais temido manicômio da era vitoriana. A reconstituição de Bedlan nos mínimos detalhes é assustadora! Os corredores escuros, repletos de internos gritando e chorando, acorrentados à paredes ou escoltados por atendentes armados causa uma sensação de claustrofobia.

Mas é na parte mais escura e profunda do manicômio, onde eles mentém os "assassinos de crianças" e "canibais" que Henry Jeckyl conduz seus notáveis experimentos, em uma cadeira de barbeiro "especialmente adaptada". É nesse antro que Victor espera livrar Lily de sua metade negra e devolver a ela a bondade e inocência que ele conheceu através de Brona Croft. Para mostrar como ele vem acumulando sucesso com sua experiência, Henry manda um atendente trazer um psicótico escocês (um sujeito que havia supostamente ameaçado a Rainha, o que rende uma boa piada "Nunca ameaça a monarquia nesse país").

Amarrado na cadeira de barbeiro adaptada, Jeckyl ministra uma dose cavalar de seu soro no infeliz raivoso e surpresa! De um momento para o outro, após uma série de espasmos e gritos de gelar o sangue, a metade maligna do rebelde escocês é esconjurada restando um sujeito de semblante pacífico que pede um copo de água da maneira mais educada possível. 

Fascinado pelo resultado, Victor pondera sobre como isso irá funcionar com Lily. Com sua esperança renovada, ele vai visitar a mansão onde "sua noiva" reside atualmente. Ele passa uma tarde observando pela janela até que Lily aparece e resolve descer para ter algumas palavras misericordiosas com seu criador. Ao invés de matá-lo (como seria de se esperar), ela afirma que o cientista irá superar sua perda quando chegar o momento. Mais importante ela salienta que Victor pode tê-la criado, mas foi ela quem o transformou em algo diferente. Finalmente, Lily deixa uma ameaça no ar, dizendo que ele não deve mais retornar, pois "você não vai gostar de saber no que estou me transformando". 

Não sei quanto a vocês, mas eu estou adorando o que ela está virando! Esse bloco está se tornando rapidamente um dos mais interessantes da temporada. 


Mas não há tempo para pensar muito, rapidamente somos transportados para a paisagem desértica do Território selvagem do Novo México.

A cena de abertura desse bloco abre com um fotógrafo tirando daguerótipos dos indivíduos mortos à bordo do trem que levava Ethan Chandler (Talbot) prisioneiro. Esse era um costume muito corriqueiro no Oeste Selvagem, fotografar os mortos para vender as imagens como "cartão postal".

Num escritório encontramos o agente Rusk em uma reunião com o xerife responsável pelo caso. É claro, até nessa época já existiam conflitos de jurisdição, mas a resolução desse é boa demais: "Rusk afirma que não vai desistir de perseguir sua presa uma vez que ele representa os interesses do Império Britânico" e mandando uma tremenda banana para o delegado americano avisa que já sabe onde buscar pela "posse de bandoleiros" que resgatou Ethan. Em suas palavras o bando só pode estar à caminho da Propriedade Talbot (uma ENORME área no mapa atrás do delegado - achei bacana o fato de ser o cor de rosa a cor usada para assinalar a área, trata-se da cor usada nos mapa mundi para designar as possessões do Império Britânico). Do lado de fora, a bruxa Hecate ouve a estória e se apressa em seguir para a localização mencionada.

Corta a cena e vemos Ethan sendo mantido como prisioneiro pelos bandoeiros contratados pelo seu misterioso pai. Os caras estão em um empório comprando suprimentos para seguir viagem, só não contavam com um "pequeno problema". A lua que desponta no céu do Novo México é uma lua cheia que surge de trás das nuvens. E antes que os pobres bandoleiros possam reagir, a lua já agiu sobre Ethan transformando-o numa besta lupina. Tiros para todo o lado, mas o resultado é um só... o Lobisomem acaba com todos seus captores com requintes de crueldade.


Hecate aparece em meio ao massacre e ainda aproveita para despachar um dos bandoleiros depois de assumir sua forma original com direito a pentagrama invertido talhado no peito nu e garras afiadas. Finalmente ela o encontrou, "Como senti sua falta", ela diz antes de abraçá-lo. Resta saber o que ela pretende.

Pouco antes disso, Ethan havia sido contatado pelo Apache Kaetenay que está cruzando o Atlântico na companhia de Sir Malcolm com destino à America. O plano de Kaetenay é oferecer ajuda a Ethan, que ele afirma tratar como a um filho. Numa conversa com Sir Malcolm, no entanto, ficamos sabendo que Ethan foi o responsável por matar a verdadeira família do Apache, provavelmente em meio a um frenesi de licantropia. Kaetenay menciona que capturou Ethan e o caçou para obter deve vingança, mas que o passar do tempo fez com que que seu ódio diminuísse até se tornar "outra coisa". Malcolm pressupõe que se trata de uma relação semelhante a que ele próprio estabeleceu com Vanessa Ives, que ele odiava por todo mal e traições que ela causara na sua família, mas que eventualmente se tornou uma "filha".

Seja como for Kaetenay entra em contato com Ethan através de um transe estabelecido fumando um cachimbo. Ele consegue falar com Ethan que adverte ao Apache para não ir atrás dele sob pena de morrer em suas mãos. Não é possível saber qual o plano de Kaetenay, ou o que ele pretende, mas parece óbvio que Ethan não tem interesse de encontrá-lo. É possível que o apache esteja mentindo e leve Sir Malcolm consigo por algum motivo ainda não revelado. Logo descobriremos esse mistério, mas por enquanto não há como saber com certeza o que vai acontecer. 
      

E deixamos o melhor por último, falemos de Vanessa Ives que é sem dúvida uma das personagens centrais nessa terceira temporada de Penny Dreadful.

"Vamos começar falando de pecados" diz a Dra. Seward para Vanessa quando dá início a sua sessão de psicoanálise. "Qual a duração desse cilindro de gravação?" reponde Vanessa. A médica grava as palavras de Vanessa e mesmo a médica calejada acaba ficando chocada com a estória de vida da jovem Srta. Ives, por tudo aquilo que ela passou: seu aprendizado no mundo da feitiçaria, as entidades malignas que a perseguem e sua traição para com Mina e seus amigos. Ao terminar de relatar tudo o que fez, Vanessa está devastada, revelar tantos horrores a deixou em frangalhos. "Nós acharemos uma cura para tudo isso" promete a Dra. Seward claramente impressionada. Resta saber se ela acreditou em tudo, ou se supõe que Vanessa não passa de uma maluca extremamente criativa. Talvez uma perfeita candidata para o já citado Asilo Bedlan.

Antes de mandar Vanessa embora, ela recomenda que sua paciente tente algo diferente, "algo que pode resultar em felicidade, nem que seja por um momento".

E o que poderia fazer Miss Ives feliz agora? A única coisa que ela pode pensar é em visitar o zoólogo Alexander Sweet no Museu de História Natural e assistir uma de suas tediosas palestras. Os dois acabam desfrutando da companhia um do outro de tal maneira que na manhã seguinte combinam novo encontro para assistir uma apresentação teatral de 20.000 Léguas Submarinas de Julio Verne (autor que Sweet elogiou anteriormente).  Os dois parecem muito satisfeitos e tudo leva a crer que Vanessa e Alexander poderão desenvolver mais do que uma amizade no futuro.


Finalmente, vemos Vanessa retornando com espírito refeito após o encontro. Talvez Vanessa possa finalmente encontrar a felicidade depois de tantas tragédias e horrores. Talvez ela mereça um novo começo. Na-na-na... isso é Penny Dreadful, se sabemos de uma coisa ao certo, é que nenhuma tristeza pode ser maior do que aquela que vem logo depois de uma alegria repentina.

A medida que chegamos a última cena do episódio encontramos o secretário da Dra. Sewel, Renfield, ouvindo as confissões de Vanessa Ives para levar as informações até seu mestre. Nós já sabemos que ele serve a Drácula!

Renfield vai até o covil do vampiro e de seus servos, onde implora por sangue. Em troca de algumas informações sobre a reação da médica diante das confissões, Drácula se aproxima abrindo suas veias para permitir que o serviçal beba seu sangue. E a medida que a câmera vai se afastando vemos que Drácula não é outro senão o próprio Alexander Sweet!


Ok, não chega a ser uma reviravolta... eu já esperava algo nesse sentido, mas ainda vamos descobrir o que Drácula pretende se disfarçando como um Professor de Zoologia. Mais interessante é saber que o Drácula de Penny Dreadful obedece a cartilha do personagem clássico de Bran Stoker. Ao contrário dos vampiros normais, Drácula não é destruído pela luz do sol. Ela apenas o priva da plenitude de seus poderes sobrenaturais. Para alguns, ver o vampiro andando em plena luz do dia foi um choque, mas isso está de acordo com o romance.

O que podemos esperar do terceiro episódio... além de torcer para a semana passar rápido?

3 comentários:

  1. muito legal o episódio dessa semana

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  2. Assisti hoje o quarto episodio, achei meio devagar a historia se passa o tempo todo dentro do quarto do manicômio com somente dois personagens, Vanessa e o funcionário (Frankenstein)que levava suas refeições legal o desfecho mas meio monótono, eu estava bem empolgada quando comecei a assistir e vi o Frankenstein entrar mas perdi um pouco o pique com a repetição de senas mostrando apenas subjetivamente como Vanessa era tratada e sua relação com o funcionário. Adorei os três episódios anteriores este deixou a desejar.

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  3. Achei o quarto episódio sendo o mais empolgante, mesmo por que a partir daí ela realmente sabe quem é o Dracula e foi perfeita a relação de Vanessa com a Criatura antes da morte dele. Só fiquei P DA VIDA que não revelou o nome verdadeiro dele. Kkk Mas o foi o melhor episódio da temporada.

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