segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Mesa Tentacular - "The Dance in the Blood" no encontro do Saia da Masmorra


E aí pessoal,

Semana passada, tivemos o tradicional encontro do Saia da Masmorra na Livraria Cultura no Centro do Rio de Janeiro. Além do lugar fantástico e da organização fora de série, rolou um encontro amigável com direito a mesas de RPG e jogos variados, com destaque para uma mesa de Terra Devastada narrada pelo próprio autor, nosso parceiro John Bogea (de quem finalmente peguei autógrafo no meu Abismo Infinito).

O encontro foi muito animado, uma reunião de jogadores e mestres, com dados rolando, bate papo e troca de ideias.

Na ocasião, tive a oportunidade de narrar um cenário purista de Rastro de Cthulhu, ambientação que não custa lembrar, se encontra novamente em Financiamento Coletivo no Catarse através da Editora Retropunk.

O cenário escolhido foi "The Dance in the Blood" um dos mais elogiados escritos por Graham Walmsley, responsável por uma série de aventuras puristas em que o horror dos Mitos de Cthulhu se mistura com uma aura absolutamente pessimista que parece transbordar para a mesa de jogo. 

Essas aventuras podem ser encontradas individualmente ou reunidas no livro "The Final Revelation", composto dos seguintes capítulos: The Dying of St Margaret (lançado pela Retropunk), The Watchers in the Sky, The Rending Box e é claro The Dance in the Blood.


Sério mesmo, não estou exagerando... esse cara escreve as aventuras mais niilistas que eu já li. A medida que o cenário vai progredindo e as pistas vão levando a resolução do quebra cabeças, existe uma única certeza, o final não vai ser nem um pouco feliz.

Não se trata de spoiler (considerem como um aviso) o estilo purista de Walmsley contempla sempre o PIOR dos PIORES. Nada é ruim o bastante que não possa piorar e em geral a aventura termina de maneira abrupta, com um verdadeiro soco na boca do estômago e com a sanidade descendo a ladeira.

"The Dance in the Blood" (A Dança no Sangue) não é diferente.

A aventura que se passa no interior da Grã-Bretanha no ano de 1935, coloca um grupo de investigadores inexperientes em um mesmo lugar que eles próprios não sabem porque estão visitando. Nenhum deles se conhece, mas há um senso de estranha familiaridade entre eles. Com base em revelações perturbadoras, eles começam a compreender o que os trouxe ao isolado Lake District ,uma região pantanosa no Norte da Inglaterra, e qual a sina que parece uni-los.

Aos poucos o grupo descobre que seu passado é uma mentira, que existem segredos que jamais foram revelados e que seu passado esconde coisas que vão repercutir para o resto de suas vidas, se é que eles sobreviverão a sucessão desenfreada de horríveis revelações. 

É difícil falar de "Dance" sem entregar os detalhes e as reviravoltas. 

Trata-se de uma aventura difícil que eu sempre tive receio de narrar. Ela precisa de um certo timming e os jogadores realmente PRECISAM comprar a ideia de que seus personagens estão afundando em um pesadelo do qual não tem como despertar. E quando o Keeper praticamente já puxou o tapete de baixo dos pés deles, é que vem o momento em que eles afundam de vez. Como eu disse, nesses cenários, nada é ruim o bastante que não possa piorar.

Eu realmente gostei de narrar essa estória. Originalmente ela é escrita num estilo sandbox - coisa que, via de regra, me dá arrepios! Mas consegui estabelecer uma espécie de "plot point" com o qual eu podia me guiar e fazer com que ela corresse da maneira que eu desejava. No meu entender isso não limitou a narrativa ou as opções dos jogadores, eles tomavam os caminhos perfeitamente lógicos e no final das contas usei bem poucos rolamentos e regras de jogo - confesso que estava meio temeroso de não lembrar de todas as regras, pois fazia um tempo que não "seguia o Rastro", mas correu muito bem.

Foi uma aventura bem legal e fiquei satisfeito com o resultado dela.

Abaixo, vocês podem conferir algumas fotos do evento e dos Handouts que produzi para a sessão.

O grupo e a mesa de jogadores ao lado de "yours truly".



Jogadores segurando seus personagens e defendendo os investigadores com unhas e dentes, literalmente até as raias da loucura.

É o que se espera de uma aventura com bons jogadores, e essa teve uma excelente cumplicidade. O pessoal estava afiado!


E essa é aquela foto "tradicional" que simula o "placar da rodada".

Dois mortos no sentido correto da palavra, mas creio que mesmo os que - aham - sobreviveram, entendem que seus personagens passaram por algo diferente. Não sei se houve "vencedores", mas enfim... nem tudo em ambientações Lovecraftianas ou no Mundo dos Mythos de Cthulhu é simples.

Via de regra, é o contrário.😇

(sim, estou usando essa ferramenta de emoji que é novidade no blog!)

Para rolar essa aventura produzi alguns Handouts e props simples para a imersão na partida:


Essas cartas foram concebidas após ver a ideia do Bruno Prosaico. O objetivo delas é definir o grau de dificuldade do rolamento, lembrando que em jogos puristas o número que precisa ser obtido (entre 2 e 8) fica em segredo.

As cartas servem para revelar o grau de dificuldade após o rolamento do dado. Eu achei que era bobagem, muito preciosismo, mas usando na prática, confirmei que é um recurso bem interessante.


Essas são as fichas dos personagens. Uma vez que é uma aventura concebida para ser um one shot eu preferi construir os personagens e entregá-los aos jogadores.

Para quem está perguntando "que ficha é essa"? 

Trata-se de uma ficha criada pelo mesmo talentoso Bruno Prosaiko que fez um trabalho gráfico simplesmente magnífico. A ficha, que faz parte do Financiamento Coletivo como uma das metas adicionais, é excelente. 

Possivelmente a melhor versão de Ficha de Jogador de Rastro de Cthulhu.


Eu adoro o fato da ficha ser ao mesmo tempo funcional e bonita. Sem falar que ela é dobrável parecendo um folder. Uma vez que as regras de Rastro são bem simplificadas, ela basta e sobra para as necessidades da sessão.


Os props foram bem simples. Encontrei imagens e escrevi alguns textos. O cenário trazia poucos Handouts, bem produzidos, mas nem todos eles atraentes. Preferi então fazer alguns novos.

Como sempre, eu fiz minhas mudanças em alguns pontos da história. 

Inseri algumas coisas que não estavam lá originalmente e removi alguns outros elementos que minha intuição disse não funcionariam direito.


Consegui encontrar também um mapa da Grã-Bretanha que mostrava o lugar onde se passa a aventura.


Mas de todos os handouts, esse aqui foi sem dúvida o meu favorito.

A imagem da Família reunida eu tirei do próprio livro, imprimi com qualidade fotográfica e coloquei em uma moldura antiga. Ficou um prop muito legal e nem foi tão complicado de produzir. 

O mais bacana dessa foto foi perceber que ela ia de um lado para o outro da mesa, com os jogadores observando e buscando nela pistas que pudessem ajudar a resolver o mistério.


Ok, mais um prop que não me deu trabalho e que eu sempre quis usar em uma mesa de jogo.

"The Dance in the Blood" permitiu a chance perfeita para utilizar essa miniatura do jogo de tabuleiro "Mansions of Madness", mas para isso tive que fazer algumas mudanças no roteiro e inserir a menção a monstros diferentes.

Bom, foi isso...

Uma tarde de loucura, morte e caos (E claro, diversão!).





4 comentários:

  1. Muito bom!, a Retropunk aqui tem lançado varias aventuras contantemente!, não deixando os jogadores na mão. Agora vamos esperar que este novo financiamento venha a dar mais gás ao jogo!.

    ResponderExcluir
  2. Parece que o pessoal da Editora Retropunk realmente é fã do que faz .

    ResponderExcluir
  3. Estou na pilha pra narrar esta aventura, mas tenho algumas dúvidas:
    - Nada é dito a respeito da etnia dos personagens. Caso os jogadores decidam fazer a ficha eu devo enfatizar que precisam ser de mesma etnia?
    - Pretendia usar as fichas prontas mas possuo seis jogadores interessados. Será que deixar um deles ser o Geoffrey é algo muito complicado ou agregaria mais ao jogo?

    ResponderExcluir
  4. Sempre tive curiosidade a respeito desse símbolo da primeira imagem, o que ele significa ?

    ResponderExcluir