quarta-feira, 1 de março de 2017

Tsathoggua - O Deus-Sapo das Profundezas de N'Kai


Entre os Grandes Antigos, é provável que apenas o Cthulhu e talvez Hastur, possuam cultos maiores e mais difundidos do que Tsathoggua. O medonho mestre dos recessos subterrâneos é conhecido por vários nomes, obtidos ao longo das eras, por diferentes povos que lhe renderam adoração e obediência cega. Ele já foi chamado de Sadogui nas florestas amazônicas, de Saint Crapaud na Gália e na França Medieval, de Zhothaqquah na China e Sadogua pelas tribos do Norte da África. Mas é através do nome Tsathoggua que ele é mais conhecido.

O genealogista kmer Pnom, possivelmente uma das maiores autoridades a respeito de Tsathoggua mantém que ele é a prole de duas entidades obscuras chamadas Ghisguth e Zstylzhemghi, habitantes de outra galáxia remota que foram atraídos para o Mundo de Yuggoth (que no futuro se tornaria uma das bases dos Mi-Go). Pouco se sabe a respeito da progênie de Tsathoggua, mas há rumores de que ele seja o único membro remanescente de sua ninhada. A criatura ainda infante teria encontrado refúgio nas cavernas profundas de Yuggoth onde conseguiu se desenvolver ao longo de milênios.

Uma vez atingindo a maturidade, Tsathoggua desenvolveu consciência de suas capacidades cósmicas e conseguiu empreender uma jornada de Yuggoth até Saturno (ou possivelmente uma das Luas desse planeta solar). Nesse novo lar, Tsathoggua estabeleceu um novo abrigo no qual concluiu a segunda etapa de seu amadurecimento, o que deve ter demorado mais alguns milênios.


Durante esse período a entidade passou a maior parte de seu tempo hibernando em meditação, expandindo sua mente para sondar os confins da Galáxia. Nesse período a criatura tomou consciência das principais entidades cósmicas: a existência de Azathoth e sua Corte no centro do Universo, o papel dos Deuses Exteriores, a função de cada um e é claro, a existência dos demais Grandes Antigos que dividem com ele a mesma descendência. Nesse período, a criatura deve ter aprendido o suficiente a respeito de manipulação da realidade por formulações místicas - o que as tradições herméticas humanas classificam sob o nome genérico de "magia".

Não se sabe ao certo como, mas em um determinado momento de sua residência em Saturno, Tsathoggua empreendeu uma nova jornada rumo ao terceiro planeta do sistema solar, a Terra, que então possuía formas de vida quase inócuas. Segundo os Pergaminhos de Pnom, os habitantes de um planeta escuro na fronteira de nosso sistema teriam se encarregado de transportar Tsathoggua até a Terra. O mesmo documento cita que essa civilização desconhecida realizou esse serviço em troca de instrução mística por parte da criatura. Esta talvez seja a primeira menção de Tsathoggua como preceptor de conhecimento místico, função que ele aparentemente executou repetidas vezes desde então.

Uma vez na Terra, Tsathoggua se estabeleceu em Yuth, uma cidade em ruínas originalmente pertencente às mesmas criaturas alienígenas com quem ele barganhou seu translado. O período em Yuth, contudo foi breve, e logo ele fixou residência nas Cavernas de N'Kai (também chamado de Golfo Negro de N'Kai). Por eras ele permaneceu em hibernação, permitindo que suas emanações psíquicas se mantivessem ativas, enquanto seu corpo entorpecido repousava no seu sepulcro invernal, despertando apenas em breves períodos. Em um desses períodos desperto, Tsathoggua descobriu a existência de seres vivos complexos, os Voormis que passaram a adorá-lo como uma divindade. Habitando as profundezas do Monte Voormithadreth, Tsathoggua se tornou uma entidade lendária, temida pelos povos humanos que sucederam aos Voormis e fundaram a nação Hyperborea.


Antes dos humanos, entretanto, Tsathoggua foi o Deus Principal do Povo Serpente, uma raça de humanóides reptilianos que construiu um vasto Império na superfície. Em Torres de Basalto Negro ele foi louvado e recebeu sacrifícios, compartilhando parte de seus conhecimentos, usados para sedimentar as bases para o Império de Valúsia. O povo serpente entrou em decadência e foi coagido pelos humanos que em maior número os guiaram para o interior da Terra. A essa altura, os répteis já haviam se deteriorado a ponto de terem abandonado Tsathoggua, adotando Yig, o pai das Serpentes como uma de suas divindades principais.

Os humanos descobriram o Culto de Tsathoggua e formaram ao redor dele uma nova religião considerada herética pelos Reis de Commorium. Quando a civilização Hyperborea também enfrentou sua destruição, os sobreviventes que se estabeleceram em colônias ao redor do mundo carregaram consigo o conhecimento sobre Tsathoggua. Uma das principais colônias de descendentes de Hyperboreos se estabeleceu em Averoigne, na atual França, fundada pelo feiticeiro Klarkash-Ton, responsável por preservar o Culto do Deus-Sapo.

Os Druidas de Averoigne reverenciavam o Deus que falava através de um oráculo, este, o representante de Tsathoggua nos períodos de hibernação. Este culto se tornou muito difundido e se espalhou pela Europa Central, confundindo-se com as religiões pagãs primitivas que também ganhavam espaço. Seus líderes entraram em atrito com os romanos que expandiam seu império e por pouco não os exterminaram. Obrigados a ocultar seus rituais, os seguidores do Deus Sapo tiveram de se esconder até que o Império Romano entrasse em decadência. Durante o Período Medieval, o Culto de Tsathoggua estabelecido na França ressurgiu. Agindo em segredo em enclaves rurais, o Culto formou uma estrutura sólida mesmo durante as perseguições a feiticeiros empreendida pela Igreja Católica.


As demais colônias que se espalharam pelos continentes também preservaram o culto de Tsathoggua que se estabeleceu na América, na África e na Asia, ainda que, com menos sucesso. As tribos nativas Narrangasett e Wompanoags da Costa Leste dos Estados Unidos adoravam Tsathoggua. Assim como nômades Tuaregs que viviam no Saara e tribos indígenas da Bacia Amazônica no Brasil. O último baluarte de Tsathoggua se estabeleceu na China, mas esse perdeu espaço para outras divindades sobretudo Chaugnar Faugn, Cthulhu e Atlach-Nacha que empurraram os cultistas para o Sudeste Asiático, com algumas poucas células fixando-se na atual Coréia.

A flagrante falta de interesse de Tsathoggua em manter seus cultos ativos e os longos períodos de hibernação, sem dúvida foram responsáveis por um encolhimento significativo no número de seguidores. No século XX, seus cultistas lutavam para não desaparecer por completo, sendo que apenas o secto de Averoigne se mantinha coeso e organizado. Mas no século XXI, Tsathoggua experimentou um súbito renascimento, sobrevivendo em santuários clandestinos em grandes cidades, ganhando poder com orgias e sacrifícios. Seus seguidores são interessados em neo-paganismo e magia ritual o que se encaixa bem em alguns preceitos do culto.

Alguns dizem que Tsathoggua desperta em momentos de instabilidade e guerra, extraindo sustento das aflições humanas. Outros acreditam que ele se importa bem pouco com a devoção de seus serviçais mortais, repartindo com eles meras migalhas de seu conhecimento arcano. Aqueles que atendem aos rituais voltados a Ele tendem a degenerar com o tempo, ganhando características bestiais pela proximidade nociva do Deus Sapo. Não é estranho que alguns cultistas tenham uma aparência claramente batráquia, com panças inchadas, pescoços curtos, olhos esbugalhados, bocas extremamente largas e pouco (ou nenhum) pelo facial ou corporal. Alguns cultistas tem a pele lisa e fria ao toque com mãos sempre úmidas.

As bestas da floresta são especialmente subservientes a Tsathoggua. Há uma lenda de que gatos tendem a vigiar os arredores de seus templos em Averoigne, uma prática que pode ter originado a crença em familiares, animais à serviço de feiticeiros. Carneiros e Javalis também são servos frequentes usados pelos druidas. Cadáveres animados por feitiçaria também são usados como servos do Culto, sobretudo quando é necessário defender seus templos e preservar esses locais da presença de invasores.

Além de animais e mortos vivos, Tsathoggua é auxiliado por uma raça amorfa conhecida apenas como Prole Amorfa de Tsathoggua. Não se sabe exatamente qual o grau de relacionamento entre o Deus e estes seres conscientes, formados por uma substância coloidal negra semelhante a piche. Tudo indica que eles são servos fiéis devotados ao Deus. Os Pergaminhos de Pnom sugerem que esta raça pode ter alguma ligação com os seres que construíram Yuth, ainda que algumas outras fontes atestem que estas criaturas são nativas de N'Kai. 

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