sábado, 1 de julho de 2017

Tesouro Nazista - Aposento com artefatos de guerra descoberto em Buenos Aires


Um tesouro composto por artefatos nazistas foram descobertos em uma "sala secreta" na Argentina. As peças estavam escondidas atrás de prateleiras de livros em uma casa nas cercanias de Buenos Aires. Evocando uma imagem que parece saída de um filme de Indiana Jones ou de algum programa sensacionalista de televisão, a descoberta atiçou as cinzas a respeito dos recorrentes rumores a respeito de criminosos de guerra que teriam escapado para a América do Sul no final da Segunda Guerra.

O jornal New York Times relatou que entre os itens estava um busto de Adolph Hitler e uma placa de bronze com a face de perfil do Fuhrer. Uma grande águia imperial alemã, feita de prata, posicionada sobre uma suástica, uniformes, medalhas e condecorações, além de brinquedos de época,livros da doutrina nazista e até uma coleção de gaitas com símbolos do terceiro Reich.

Possivelmente um dos itens mais curiosos na coleção seja uma lente de aumento usada pelo próprio Hitler, que inclui uma fotografia do líder nazista a segurando.


A coleção consistindo em um acervo contendo mais de 75 peças individuais, foi removida da casa de um colecionador em uma propriedade nos subúrbios da capital Argentina. O indivíduo que era dono da coleção foi o responsável por construir o "aposento secreto" onde os objetos estavam estocados. Ele não foi identificado, portanto questões a respeito da origem dos objetos permanecem um mistério. Na Argentina possuir objetos ligados a ideologia nazista não constitui crime.

Acredita-se que os objetos chegaram à Argentina trazidos por alemães fugitivos de Guerra logo após o término do conflito na Europa. A natureza de muitos dos itens, inclusive as medalhas e condecorações sugere que seu dono era alguém de grande influência no Partido Nazista ou no Exército alemão. Autoridades argentinas sabiam da existência da coleção que surgiu a partir de uma investigação mais ampla a respeito de objetos de arte roubados em Buenos Aires. Os oficiais de polícia não se manifestaram a respeito da origem dos artefatos, mas indivíduos ligados a investigação assumem que eles podem ter sido negociados nos últimos anos ou décadas por parentes que herdaram os objetos e os venderam a negociantes.  


Durante a Segunda Guerra Mundial, tesouros nacionais foram roubados por nazistas e estocados em depósitos especiais controlados pelos alemães. Após a captura da França, inúmeras coleções de obras de arte, jóias e objetos históricos que estavam em museus foram confiscados pelos nazistas. O esforço de guardar essas obras primas, envolveu até escondê-las em minas de carvão desativadas. Um dos depósitos mais conhecidos para os itens saqueados foi o Castelo de Neuschwanstein, uma construção que um dia foi a Casa de Ludwig II, localizada no alto da Montanha de Hohenschwangau, no sudeste da Bavaria, na própria Alemanha. Encontrada pelos norte-americanos nos dias finais da Guerra, a vasta coleção e obras roubadas foi devolvida aos museus de origem, muitas peças, no entanto, ficaram guardadas até que se determinasse o real proprietário.

Nesse interim, muitos dos itens confiscados acabaram sendo roubados por membros importantes do Governo ou das forças armadas. Um bom número de peças taxadas como "arte decadente", pinturas em sua maioria, foram destruídas seguindo diretrizes do Partido Nazista. Objetos que tinham ligação com judeus ou que foram criados por artistas de ascendência judaica também foram arruinados. Objetos de ouro, prata ou platina foram derretidos e convertidos em lingotes com o selo nazista. Jóias e diamantes pela sua portabilidade sumiram e se tornaram moeda corrente nas mãos de fugitivos nazistas após a queda do Reich.


Os itens encontrados na Argentina foram apresentados pela Polícia Federal recentemente em um escritório da Interpol em Buenos Aires, onde fotografias do tesouro foram obtidas pelas agências de mídia internacionais. 

Sabe-se que após a Guerra, um número desconhecido de criminosos nazistas escaparam para a América do Sul. Muitos destes criminosos se estabeleceram no interior de países como Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Brasil onde contavam com o apoio de simpatizantes. Entre os criminosos mais famosos estavam Joseph Mengele, o notório médico que administrou experiências com seres humanos no Campo de Concentração de Auchwitz. Mengele conseguiu fugir para a América do Sul, usando disfarces e identidades falsas, fazendo-se passar por um imigrante alemão em busca de um lugar para recomeçar a vida. O mesmo aconteceu com Adolph Eichman que conseguiu chegar a Argentina no final da década de 1940 e se estabeleceu como um respeitado negociante. Mengele morreu afogado em um acidente enquanto nadava em uma praia do sul de São Paulo no ano de 1979. Poucos anos antes, Eichman que foi descoberto vivendo na Argentina foi capturado por agentes do Mossad e levado para Israel onde foi julgado por seus crimes. 

Na ocasião de sua prisão, Eichman contou que não apenas ele, mas um grande número de outros oficiais e membros do governo haviam conseguido imigrar para a América do Sul, graças a ajuda de simpatizantes na população local e de políticos influentes nos países de destino. Especula-se que mais de nove mil criminosos e suas famílias teriam se refugiado no Hemisfério Sul, gozando de boas relações com pessoas interessadas em acobertá-los. Outros tinham a vantagem de ter dinheiro que lhes garantiu se estabelecer de modo confortável.      

Não por acaso, Simon Wiesenthal, o mais famoso dos caçadores de nazistas disse "os nazistas jovens morreram na Guerra, os nazistas velhos vivem na América do Sul". 


Outro famoso criminoso de guerra nazista que conseguiu chegar a América do Sul foi Klaus Barbie, o assim chamado "Açougueiro de Lyon", que foi ajudado em sua fuga por agências da Inteligência Americana, que mais tarde o alistaram como informante. Há boatos de que ele pode ter ajudado autoridades americanas a determinar a localização do guerrilheiro Ernesto Che Guevara que estava na Bolívia treinando soldados para derrubar o governo local. Barbie fazia parte de grupos paramilitares de extrema direita que descobriram o paradeiro de Che e negociaram um acordo para entregar seu esconderijo. Mas a aliança de Barbie com as autoridades durou pouco. Ele foi eventualmente denunciado e extraditado da Bolívia para a França, onde foi julgado e condenado por crimes contra a humanidade. Barbie morreu na prisão em 1991.

Sem sombra de dúvida, a história mais controversa envolvendo Nazistas que escaparam para a America do Sul envolve a ideia de que o próprio Adolph Hitler poderia ter fugido ao invés de ter se suicidado em um bunker em 30 de abril de 1945. Uma série de teorias, que inclui cenários repletos de especulação nos quais Hitler teria sido retirado de Berlim e embarcado em um U-boat, foram propostos ao longo dos anos. Tais especulações foram investigadas, ainda que perifericamente pelo FBI pouco depois da guerra sobretudo depois de rumores a respeito da presença de nazistas na Argentina. O governo de Israel também conduziu uma investigação criteriosa na América do Sul, introduzindo agentes secretos em grupos de simpatizantes nazistas que ainda estavam atuando no continente nos anos 1960. Foam estes que apuraram a presneça de Eichman na Argentina e formularam o plano de sua captura.

Nos anos 1950 vários investigadores particulares e caçadores de nazistas realizaram buscas à procura de vestígios que teriam sido deixados pela passagem de Hitler pela Argentina. Um exame extensivo de várias teorias foi apresentado pelos pesquisadores Simon Dunstan e Gerrard Williams em seu livro Grey Wolf: A Fuga de Adolph Hitler. Nenhuma prova concreta, entretanto conseguiu determinar que Hitler poderia ter se refugiado na Argentina ou em qualquer outro local. Oficialmente, o líder nazista morreu em um bunker de Berlim com as tropas soviéticas à poucos quilômetros de distância. Seu corpo teria sido incendido pelos seus seguidores para não se tornar uma espécie de troféu de guerra.


Em 1971, análises dos arquivos dentários de Hitler, conduzidas pelo cientista da UCLA Reidar Sognnaes demonstraram evidências conclusivas de que um dos crânios encontrados no bunker pertencia ao Fuhrer. Mesmo assim, dúvidas surgem e muitas pessoas ao redor do mundo acreditam que ele teria realmente escapado.

Apesar dos rumores e exageros a respeito da  presença de nazistas na América do Sul do pós-guerra, a existência de criminosos foragidos era bastante real. Não resta dúvida que muitos criminosos para escapar da condenação preferiram se lançar em uma fuga que contou com ajuda de locais. Alguns deles teriam levado vidas tranquilas e confortáveis em estâncias e fazendas afastadas, criando gado e até casando com membros da sociedade local.

Com a descoberta do enorme tesouro nazista em Buenos Aires, o fantasma de criminosos de guerra desperta mais uma vez e volta a assombrar as nações que acobertaram a presença da escória da humanidade.

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