sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Grande Besta - Adaptando Aleister Crowley para Chamado de Cthulhu


"Eu não estava satisfeito em acreditar em Satã, eu queria ser o seu Chefe de Gabinete"

Aleister Crowley


Uma figura controversa como Aleister Crowley não poderia ficar de fora de nossa galeria de personagens importantes e NPCs a serem usados em cenários inspirados nas obras de H.P. Lovecraft.

Crowley parece incrivelmente adequado para uma investigação envolvendo os Mythos de Cthulhu, e uma vez que as aventuras lovecraftianas se passam no mundo real e na época em que ele viveu, nada mais justo que o "maior ocultista do século XX" participar de alguma história. De fato, Crowley está presente não apenas em uma, mas em duas campanhas oficiais de Call of Cthulhu, figurando como um coadjuvante de luxo, ajudando ou atrapalhando o curso das investigações.

Na campanha "The Golden Dawn", os investigadores tem a chance de assumir o papel de membros da Ordem Hermética mais famosa de todos os tempos, a Amanhecer Dourado e interagir com alguns de seus membros mais famosos. Em uma das aventuras, surge a oportunidade de conhecer pessoalmente o jovem Aleister Crowley, membro da Ordem e pivô da ruína da mesma. Nessa primeira aparição, Crowley é uma mera ferramenta de feiticeiros e conspiradores consideravelmente mais poderosos que utilizam o mago e seus contatos no submundo da Londres Victoriana.

Já em "Tatters of the King", encontramos Crowley já bem mais velho e experiente, ainda que alquebrado pelos excessos de sua vida. Ele oferece aos investigadores pistas importantes a respeito de seus dias na Golden Dawn e a respeito de outros ocultistas que foram seus colegas na Ordem. A participação da Grande Besta nessa campanha é pequena, mas ele se mostra como um informante vital para que o grupo possa continuar com sua investigação.

Em ambas campanhas descrevi Crowley como um sujeito genial, dono de um brilhantismo e erudição impressionantes, ainda que incrivelmente arrogante e egocêntrico. Acho que não estou errado em assumir essa postura, já que ele era constantemente retratado dessa maneira. Um mestre das respostas dúbias e da sagacidade, ele sempre tinha uma declaração desconcertante e um comentário chocante para desarmar seus interlocutores. Crowley sempre espera algo em troca de sua ajuda, mais do que isso, um narcisista nato, ele espera que as pessoas se sintam lisonjeadas pela sua atenção. 

Concedi a Crowley um conhecimento moderado dos Mythos de Cthulhu e um repertório notável no campo do ocultismo mais convencional. Penso que Crowley deveria ter acesso a um conhecimento da natureza dos Mythos, vindo de livros e tomos que ele pode ter tido acesso em algum omento de sua vida. O contato com outros ocultistas e, possivelmente cultos, sem dúvida poderiam justificar seu conhecimento quanto ao tema. Por outro lado, minha ideia não era fazer dele um especialista nos Mythos ancestrais. Francamente, acho que, se alguém como Crowley tivesse acesso aos Mythos de Cthulhu, ele não teria pudores a respeito de escrever sobre e até de defender tais cultos. Sendo assim, preferi assumir que ele soubesse algo a respeito, mas não possuísse a profundidade de um líder cultista ou de um investigador calejado. Isso no entanto, foi uma opção particular minha, fica por conta do Guardião definir qual o grau de conhecimento dele.
   
Para os narradores de Cthulhu que cogitam utilizar Aleister Crowley em suas campanhas ou cenários, aqui estão algumas sugestões:

- Usando Crowley como um Aliado dos personagens:


Crowley pode ser um valioso aliado dos jogadores, oferecendo uma fonte quase inesgotável de conhecimento mágico e de saber místico. No papel de consultor ele pode fornecer muitas respostas para questões levantadas pelos investigadores e agir como uma espécie de autoridade nos temas mais variados ligados ao oculto. Além disso, ele possui enorme acesso a círculos de ocultistas incluindo de membros da alta sociedade até indivíduos perigosos do submundo. Com isso em mente, Crowley pode formalizar encontros e reuniões com algumas pessoas que normalmente não gostariam de ser encontradas ou que teriam receio de compartilhar seus segredos.

O grande ocultista pode ser ainda uma espécie de ciceroni para investigadores interessados em mergulhar no submundo oculto de Londres. A Grande Besta também dispunha de grande familiaridade com os mistérios e lendas da Capital do Império, bem como seus inúmeros mistérios. Na qualidade de um "guia de campo", ele teria muito a oferecer. Parece justo presumir que alguém como Crowley teria conhecimento a respeito da atividade de cultos, sociedades secretas e ordens místicas em sua cidade, possivelmente ele até poderia ter sido convidado a participar delas, dada a sua fama. Afeito como era a tudo que transparecia ocultismo, a Grande Besta não deixava passar nada em sua cidade, não, sem o seu escrutínio.

É preciso considerar o que Crowley poderia querer em troca de sua ajuda. Sem dúvida, ele não colocaria suas várias habilidades à disposição de investigadores gratuitamente. Poder, fama e conhecimento arcano parecem ser as coisas que mais atrairiam a atenção de Crowley. Talvez ele concordasse em auxiliar os investigadores em troca de um "quid pro quo" místico ou consideraria a troca de informações para suas próprias buscas. É possível que ele quisesse participar de alguma investigação ou ao menos colher as recompensas que uma incursão no mundo sobrenatural pudesse trazer. Em se tratando de recompensas práticas, ele poderia querer aprender feitiços ou obter artefatos. Por outro lado, Crowley parecia bastante suscetível a boa e velha bajulação e um investigador poderia convencê-lo a prestar ajuda apenas elogiando suas habilidades.

- Usando Crowley como um Inimigo dos Personagens:


Por outro lado, como inimigo, Crowley se mostraria um oponente a ser respeitado, senão temido, graças ao seu arsenal de feitiços e encantamentos. No mundo real, o maior desafeto de Crowley foi o também ocultista W.B. Yeats que temia por sua vida quando seu desentendimento com o então colega da Golden Dawn chegou ao auge. Yeats tinha tanto receio dos poderes místicos de seu inimigo declarado quanto de uma possível emboscada que poderia vir a sofrer. Crowley era conhecido por guardar mágoa, por jurar vingança e por acirrar disputas por motivos que muitos poderiam considerar triviais. A Grande Besta não perdoava e jamais esquecia de uma afronta e estava sempre disposto a dar o revide, senão na hora, quando pudesse ser mais devastador. Uma mera palavra fora de contexto ou um comentário abrasivo já era o bastante para criar um estado de animosidade.

Em termos de jogo, a inimizade com Crowley pode constituir um enorme  obstáculo para os investigadores. É preciso lembrar que Crowley sempre foi uma espécie de autoridade no ocultismo e muitos praticantes o tinham em alta conta, com uma reputação que o precedia. Assim como o seu nome é capaz de abrir portas, uma negativa poderia fechá-las, dificultando sobremaneira o acesso a arquivos e bibliotecas, contendo informações que poderiam vir a ser úteis. Da mesma maneira, muitas pessoas podem se recusar a ajudar os investigadores meramente por saber da relação belicosa deles para com a Grande Besta.

Um ponto delicado a respeito de Crowley seria determinar se ele teria ou não envolvimento direto com os Mythos de Cthulhu e em que capacidade. Parece razoável supor que alguém como ele poderia se sentir compelido a estudar, compreender ou até cultuar os Deuses Profanos. Algumas divindades acenam com um tipo de conhecimento muito bem vindo. Yog-Sothoth e Shub-Niggurath parecem perfeitamente adequados para atrair a Grande Besta, o primeiro por ser um Deus muito procurado por feiticeiros com sede de poder, o segundo por oferecer uma ligação intima com a Magia tântrica/sexual, uma modalidade que despertava o interesse de Crowley. No entanto, Nyarlathotep também pode ser uma opção adequada graças ao seu interesse em perverter a humanidade e oferecer a ela a palavra de falsos profetas e pretensos salvadores. Nesse aspecto o Caos Rastejante teria em Crowley um seguidor fervoroso. Por outro lado, o narcisismo de Crowley poderia afastar qualquer interesse dele em se sujeitar a criaturas alienígenas, assim sendo, ele enxergaria nesses horrores apenas um meio para obtenção de poder sem limites.

Estatísticas para Chamado de Cthulhu

ALEISTER CROWLEY, Ocultista, o homem mais perverso do mundo, a Grande Besta

FORça                60
CONstituição     75
TAManho           65
DEStreza            50
APArencia          50
INTeligencia       90
EDUcaçao          85
PODer                90

Bônus de Dano:  +1d4
Pontos de Vida: 14
Sanidade: 80%
Condições de Sanidade: Egocentrismo

Habilidades: Antropologia 55%, Arqueologia 50%, Arte (Escrita) 56%, (Poesia) 70%, (Pintura) 45%, (Fotografia) 15%, Mythos de Cthulhu 10%, Escalar 70%, Saltar 35%, Ocultismo 89%, Psicologia 65%, Psicoanálise 35%, Persuadir 70%, Teologia 54%, Intimidar 65%, Charme 25%, Pesquisar Biblioteca 67%, Localizar 55%, Religiões Comparadas 60%

Idiomas Conhecidos: Inglês 90%, Latim 46%, Grego 52%, Francês 35%, Mandarim 50%, Sânscrito 15%

Feitiços Conhecidos: Voz de Rá, Maldição Sinistra de Azathoth, Símbolo de Thoth, Criar Símbolo Ancestral, Secar, Amaldiçoar, Invisibilidade, Criar Adaga Mágica, Causar Medo

Sanidade: Normalmente não é preciso, contudo, Crowley pode ser extremamente assustador, sobretudo quando usa sua indumentária mágica e assume o papel de magista. Nesse caso, ele faz jus a fama de Grande Besta custando 0/1 por vê-lo incorporando essa personalidade.

4 comentários:

  1. Um personagem que eu gostaria de ver em campanhas lovecraftianas é ... o próprio Lovecraft .

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  2. Eu inseri Crowley em um pequena campanha de CoC que escrevi e bater o para meu grupo. Na história o grupo investiga a morte de um membro da Golden Down e encontra uma casa de campo onde Crowley reunia um Círculo Interno de Ocultistas. Neste local, Crowley recebia informações do próprio Aiwass. O grupo teve acesso a tomos e um dos players se enfiou de cabeça nos estudos e criou um homúnculo que serviu como "vessel" para falar com Aiwass. Eles então descobriram que Crowley traiu seu grupo, pois nome de sacrificar a coisa mais importante que ele tinha naquela época (que era a liderança desse Inner circle, com a presença de prodigiosos estudantes) com o intuito de fazer um ritual de grande poder. O resultado desse ritual é que Crowley conseguiu una clavícula capaz de controlar um Nephlin, o qual era obrigado a obedecer todos os comandos de Crowley. O fim dessa saga eu cinto em outro momento, pois o comentário já está ficando muito grande rsrs

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