segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O Homem mais Perverso do Mundo - Os feitos e tempos do Sr. Crowley


"Por que usar a Magia? Porque simplesmente não há como evitar de usá-la, e se for preciso utilizá-la, melhor saber fazê-lo bem, do que mal". 

Na última hora do dia 12 de outubro de 1875, em Leamington Spa, Warwickshire, Inglaterra, nascia uma das figuras mais fascinantes e controversas do século XX. Edward Alexander Crowley que viria a ser chamado entre outras coisas de "O homem mais perverso do mundo" além de "A Grande Besta".

É difícil medir a importância de Crowley e o legado que ele deixou. Para muitos, ele definiu a figura do ocultista no século XX, para alguns ele foi um gênio, dono de uma personalidade forte e brilhante, que vivia intensamente cada minuto de sua existência. Para outros, não passava de uma fraude, ou pior, de um louco desvairado com ideias perigosas.

A infância de Crowley foi marcada por rígidos padrões de comportamento impostos por seus pais, Edward Crowley e Emily Bishop, ativos membros de uma extremada seita Cristã chamada Irmandade de Plymonth. O pai, um rico cervejeiro aposentado, e fanático Irmão de Plymonth, fazia com que Crowley, ainda criança, frequentasse a congregação, forçando-o a realizar diversas leituras da Bíblia Cristã e acostumando-o à vida religiosa da Irmandade. Este fato, muito embora viesse ser de grande valia bem mais tarde, quando da compreensão dos Mistérios com os quais esteve em contato, naquele momento apenas fez nascer na criança, uma intensa repulsa quanto a dogmas religiosos, sobretudo os de natureza cristã. 

Em 1886, com o falecimento de seu pai, Crowley herdou uma boa fortuna e ficou sob os cuidados de seu tio e tutor Tom Bishop. Tamanha era a crueldade de seu tio, que Crowley se referia a este período de sua vida como "A Infância no Inferno".


Chegando a adolescência ele partiu em busca de novos horizontes que acabaram por conduzi-lo ao alpinismo. Foi um praticante desse esporte, chegando a destacar-se, sendo reconhecido como um atleta de alto nível, corajoso e audacioso. Sua carreira de alpinista chegou ao ápice nos anos de 1902 e 1905, quando participou das primeiras tentativas de escalada do Chogo Ri (K2) e do Kanchenchunga, duas das maiores montanhas do mundo, situadas no Himalaia. Crowley era teimoso e não se rendia diante dos desafios, em certa ocasião partiu sozinho para a tomada de um cume, mesmo diante de tempestade e da baixa visibilidade.

Antes porém, destacou-se em várias disciplinas acadêmicas no conceituado Trinity College, em Cambridge, onde ficou no período de 1895 a 1898. Nesta época, Crowley, leitor voraz, estudou intensamente, tomando contato com o que de importante havia na literatura inglesa, francesa, além de diversas outras obras em Latim e Grego clássicos, inclusive filosofia e alquimia; se dedicou a canoagem, ciclismo, montanhismo e xadrez. Praticando o montanhismo, Crowley viria a conhecer um homem o qual passou a admirar profundamente: Oscar Eckenstein. Eckenstein, que, segundo Crowley, era um singular exemplo de dignidade e nobreza, ensinou-lhe, alpinismo. Alguns anos mais tarde, ele demonstraria que seus conhecimentos não se limitavam apenas à conquista de elevadas montanhas e se tornaria um de seus tutores no estudo do ocultismo.

Em Cambridge, seu espírito, como era bem próprio à natureza da Besta, ansiando por um volume maior de conhecimento e aventuras, encontrava-se perturbado com a perspectiva futura. Crowley repudiava ter que se conformar com um trabalho, uma esposa e um papel social definido. Em 1898, pouco antes de sua graduação, abandonou os estudos para se dedicar a algo incomum para um estudante. Crowley havia iniciado a leitura de livros sobre magia e misticismo e se mostrou fascinado pelo tema. Algo começava a tomar forma em seu ser; porém a leitura de Nuvem sobre o Santuário, obra lhe recomendada por A. E. Waite (1867-1940), é que faz com que Crowley decidisse dedicar sua vida ao estudo do Ocultismo e da Magia, empenhando-se com afinco no sentido de encontrar a Grande Fraternidade, uma noção de completude espiritual.

Em 1898, através de dois amigos, Crowley foi apresentado a Samuel Liddell "MacGregor" Mathers, um dos líderes da Ordem Hermética da Aurora Dourada (The Hermetic Order of the Golden Dawn), uma das mais influentes Ordens Místicas do século XIX, que proporcionou a ele sua primeva Iniciação e o contato com os mistérios mágicos que tanto procurava.

A Aurora Dourada fora fundada pelo próprio Mathers, junto com William Winn Westcott e William Robert Woodman em 1887. Segundo seus fundadores, a existência da Ordem era voltada à orientação e aos Conselhos de uma alta iniciada alemã chamada Anna Sprengel, que autorizara a abertura de uma Loja na Inglaterra que representasse a suposta Ordem a qual ela pertencia. A Golden Dawn foi uma das mais importantes sociedades criadas pelo espírito humano, conseguindo reunir em seu corpo de iniciados a nata da intelectualidade britânica e européia da época. Seus membros eram pessoas que buscavam compreender o chamado mundo invisível, partilhar informações e se aperfeiçoar constantemente. Entre seus membros mais famosos, encontravam-se nomes como o prêmio Nobel de Literatura em 1923, Willian Butler Yeats, além dos famosos escritores Gustav Meyrink, Florence Farr, A. E. Waite, Sax Homer, F. L. Gardner e Arthur Machen.

Crowley, iniciado por Mathers em novembro de 1898, ao Grau de Neófito, tomava, como Mote Mágico (um tipo de alcunha), o significativo nome de Perdurabo (eu perdurarei até o fim), começando assim, seus estudos formais na Golden Dawn. Por volta de dezembro, Crowley atinge o Grau de Zelator, sendo o aluno que progrediu mais rápido na Ordem desde sua criação.


Sua capacidade de assimilação de conhecimentos e sua dedicação ao estudo e a prática do Ocultismo o conduziram, também sob a instrução de Allan Bennett, a uma ascensão meteórica nos Graus da Golden Dawn; assim, respectivamente em janeiro, fevereiro e maio do ano seguinte, em 1899, Crowley galgou outros três degraus. Bennett, considerado por Crowley um autêntico Guru, o ensinou várias trilhas mágicas oferecidas pela Ordem. Abriu um leque de conhecimentos que incluíam entre outras coisas a Cabala, a Magia Cerimonial, Consagração de Talismãs, Evocação de Espíritos e muitos outras técnicas.

Este período de sua vida foi fortemente marcado por duas atividades principais. Quando Frater Perdurabo não estava estudando ou praticando, Crowley, sob o pseudônimo de Conde Vladmir Svareff escrevia obras de poesia e pornografia extremamente chocantes para o período. Também cultivava uma intensa vida sexual, a qual escandalizou alguns membros mais rígidos da Golden Dawn. Sua atividade principal, no entanto, continuava a ser a o estudo e prática da Magia na qual ele prosseguia fazendo avanços significativos.

Entretanto, Crowley àquela altura já havia colecionado uma série de desafetos dentro da Ordem, muitos deles pelas suas proezas escandalosas e língua ferina, outros pelos ciúmes e inveja. Alguns iniciados que tiveram um progresso mais lento reclamavam de favoritismo a respeito de Crowley, chegavam a levantar a suspeita de que ele chantageava ou subornava alguns de seus instrutores. Apesar de Crowley demonstrar plena capacidade e vasto talento, sua iniciação ao Círculo Interno foi negada pelos chefes da seção inglesa da Golden Dawn. Nesta época, Mathers, agora único líder da Ordem, residia em Paris e tentava contemporizar a situação geral. Contrariando a opinião dos líderes londrinos, Mathers, fazendo valer sua autoridade, acabou iniciando Crowley no Grau de Adepto. Alguns estudiosos da Ordem identificam aqui o momento em que se inicia a ruína da Golden Dawn.


Pouco antes de sua iniciação, o grande amigo e Instrutor de Crowley, Allan Bennett, decidira partir para o oriente e tornar-se monge Budista. Crowley perdia assim um de seus aliados mais poderosos acabando isolado na Sede londrina da Golden Dawn. A insatisfação dos membros com Mathers já existia, mas o "Caso Crowley" serviu como estopim para o grupo liderado por Yeats, declarar-se independente de seu líder.

O que se seguiu resultou em um período com histórias fantásticas de ataques mágicos envolvendo Crowley e Yeats e, é claro, rumores a respeito de rituais e energias místicas sendo canalizadas entre os dois com o objetivo de ferir e até de matar. A Guerra Mística de Londres, nas ruínas da Golden Dawn, atingiu um nível tal que, dizem, até demônios foam invocados, magia negra empregada e pactos com as trevas firmados.

O próprio Mathers e outros membros conceituados assumiram seus lados na disputa. No fim, Crowley e Mathers ficaram sozinhos, em parte porque a fama de Crowley como feiticeiro afastava até mesmo seus aliados. Logo, a outrora grande Golden Dawn, agora conduzida pelos Novos Chefes, foi progressivamente implodindo e se esfacelando em um sem número de Ordens Cristianizadas, a maioria sem a importância que um dia a Sociedade deteve.

Crowley, sentia que a Era de Ouro das Ordens Herméticas na Europa havia chegado ao fim.


Com efeito, decidiu partir para o Novo Mundo, Canadá, América e depois para o México com o intuito de estudar outras tradições místicas e conhecer seus praticantes mais famosos. A estadia no México constituiu um período bem produtivo. Além de redigir Tannhauser, tratado místico escrito em ininterruptas 67 horas, esse período na América Central representou uma decisiva conquista para o magista que se formava. Ele foi apresentado a Don Jesus Medina, um dos altos chefes da Maçonaria local. Crowley afirmava ter galgado os níveis Maçônicos, alcançando, o mais alto Grau. É possível que ele estivesse, no entanto, apenas se gabando, pois ele jamais foi considerado um Maçom regular.

Após algum tempo viajando e testando seus novos conhecimentos, ele decidiu que era o momento de empreender uma nova viagem ao oriente com o propósito de encontrar Bennett, seu antigo instrutor no Ceilão. Antes, entretanto, realizou uma aventura de alpinismo, com a escalada do K2, no Himalaia, realizada na primavera de 1902. 

Bennett, que havia adotado o nome Bhikku Ananda Meteya, recebeu Crowley e deu início a instrução das disciplinas da meditação transcendental e do ioga. No outono, após a expedição ao K2, ele regressa a Paris. Um novo encontro com Mathers o decepciona a tal ponto que só lhe resta a boêmia vida parisiense. Ele se entrega aos prazeres da Cidade Luz e vaga pelas ruas, cafés e pelo submundo testando os conhecimentos a respeito de sexo tântrico obtidos no oriente.

Nesse meio tempo, formaliza a compra de uma grandiosa propriedade chamada Boleskine, nas proximidades do Lago Ness, na Escócia. Lá realiza um Ritual Enoquiano que visava revelar seu "anjo da guarda", experiência que dá terrivelmente errado e que segundo rumores faz com que ele seja amaldiçoado. Em 1903, buscando algo suficientemente prosaico para si, intitula-se Lorde Boleskine e passa a se apresentar como um herdeiro de clã escocês. Em agosto, casa-se com Rose Kelly, sua primeira esposa.


No ano seguinte revelaria a Crowley o mistério que o acompanharia até seu último momento: A criação da Lei de Thelema. 

Casado com Rose Kelly, de acordo com Crowley, "uma da mais brilhantes e inteligentes mulheres do mundo", viaja pela Europa e Egito. Conforme seus relatos, enquanto estavam no Cairo, após uma série de Rituais e Invocações, um ser sobrenatural, identificado como Aiwass, o Mensageiro de Hórus, surge com o propósito de transmitir a Crowley, o Liber Al vel Legis ou, como passaria a ser conhecido, O Livro da Lei. O livro proclamava que a humanidade estava entrando em uma Nova Era, e que Crowley serviria como Profeta destes novos tempos transmitindo as Leis. Afirmava que uma lei moral suprema deveria ser introduzida: "Faze o que queres, há de ser o todo da Lei". Este livro, e a filosofia que apresentava, tornaram-se a pedra angular da religião de Crowley, Thelema.
Crowley imediatamente expôs sua consecução mágica a Mathers, revelando ter, finalmente, feito contato com os Misteriosos Mestres Secretos que tanto havia procurado. Como de costume, Mathers não aceita a revelação e consequentemente, o mundo do esoterismo novamente é palco de ataques mágicos de Mathers a Crowley e vice-versa. A disputa de egos e de feitiços entre os dois é assunto de muita discussão. Mas o incontestável fato é que isso representaria o fim da convivência entre os dois magos e o início de um amargo ressentimento.

Em 1905, cansado das rivalidades com outros ocultistas, ele decide partir em mais uma expedição ao Himalaia. Desta vez o alvo é o Kanchenchunga, uma das montanhas mais traiçoeiras do mudo. Desentendimentos entre os membros da expedição travaram o avanço para o topo e Crowley acaba abandonado pelos seus colegas que desistem da escalada. Ele decide retornar à Índia onde tem experiências com ópio e outras drogas que passam a fazer parte de sua vida dali em diante. Sob o efeito de drogas ele afirma atingir novos estados de consciência e saber. 

Após sua passagem pelo oriente, ele retorna a Inglaterra em 1907 com o intuito de fundar a Argenteum Astrum (Estrela Argêntea), uma Ordem de cunho místico que substituiria a Golden Dawn de uma vez por todas, tornando-se a Sociedade Hermética mais importante de todos os tempos. A ambição de Crowley era que a A.A. tivesse a mesma influência que a Golden Dawn havia tido, congregando ocultistas, pensadores e intelectuais em suas fileiras.

No período de 1907-1911, Crowley, dedicando seu tempo ao estudo, a prática e a escrita, publicaria cerca de uma dúzia de livros de cunho poético-mágico. Cumprindo as formalidades de sua própria Ordem, ele ascende rapidamente nos graus da Argenteum Astrum, tornando-se em pouco tempo um Mestre. Mas na esfera pessoal, as coisas não estavam tão boas, após a trágica morte de sua filha, Lilith, em 1906, ele se separa de sua esposa, Rose Kelly.

Em 1911 Crowley escreve Liber CCCXXXIII, O Falsamente chamado Livro das Mentiras. Antes porém, outro acontecimento daria um rumo diferente na sua vida. Crowley chama a atenção de Theodor Reuss, um membro do serviço secreto germânico, ocultista, artista e falso maçom, então líder de uma Ordem com sede na Alemanha chamada Ordo Templi Orientis, a O.T.O. Reuss, identificara segredos centrais da filosofia seguida pela O.T.O. na obra de Crowley. 

A O.T.O. era uma organização de cunho maçônico, místico e mágico, fundada por Karl Kellner, em 1902. Kellner, segundo a lenda, teria viajado pelo oriente onde havia sido iniciado por um faquir árabe, chamado Solimam ben Aifha, e yoguis hindus, recebendo os mistérios da Filosofia e do Yoga da Mão Esquerda, a Magia Sexual (tântrica). A O.T.O., assim como muitas outras das assim chamadas Ordens Templárias, reivindica exclusivamente para si a detenção do conhecimento pertencido pelos legendários Cavaleiros do Templo. A O.T.O., de acordo com a sua muito questionável história oficial, assim como ocorreu com a Golden Dawn, afirmava ter reunido entre seus Adeptos vários eminentes ocultistas da época. A título de exemplo temos o famoso ocultista, Rudolf Steiner; o teosofista, Franz Hartmann; o emérito Rosa-cruz, Krumm-Heller; o "pai" da Wicca, Gerald Gardner e o alegado herdeiro místico do próprio Crowley, Kenneth Grant.

Conforme dito por Crowley, seu bizarro primeiro encontro com Reuss, marcaria o destino da Ordem alemã. Crowley, explicou a Reuss que seu saber teria sido obtido durante sua viagem pelo Oriente. Nesta época, Reuss, desejoso de ver sua Ordem expandida pela Europa, conferia a ocultistas importantes títulos honoríficos. Ele decidiu então, nomear Crowley Líder da O.T.O. nos países de língua Inglesa. Essa tarefa foi exercida por Crowley através da alcunha Baphomet.


Crowley passaria a escrever (e também reescrever) os Rituais da Ordem. sob a luz de seu Liber Legis fundindo assim a doutrina da Thelema e a O.T.O. Isso deu origem ao seu famoso livro "Magia em Teoria e Prática" (conhecido por "Magick") um complexo tratado sobre Magia e sua realização. Ele passa a chamar a si mesmo de 666, e de se intitular "a Grande Besta".

Um de seus mais curiosos feitos, teve lugar com a fundação, em 1920, da Abadia de Thelema, em Cefalu, Sicília, Itália. A Abadia funcionou até 1923, quando uma sucessão de escândalos e rumores a respeito de atividades sexuais, perversidade e uso de drogas, no interior da abadia chegaram aos ouvidos do governo italiano. A gota d'água foi a morte de Raul Loveday um dos membros da Abadia, morto após uma infecção. Crowley acaba expulso da Itália por ordem do Ditador Benito Mussolini que se diz ultrajado pela presença do mago. 

Em 1925 Theodor Reuss falece. Crowley é convocado para uma reunião internacional da O.T.O., onde os rumos da Ordem seriam traçados. A Besta é "convidada" a se tornar o Chefe Internacional da Ordo Templi Orientis. Aceita e assume o nome de "Deus est Homo". 

Durante os anos seguintes, Crowley viveu alternadamente na França, Alemanha e Norte da África. A publicação de suas "Confissões", uma espécie de biografia de próprio punho, proporcionou a Crowley enorme notoriedade e infâmia onde quer que seu livro fosse publicado. Ele passa a ser atacado pela imprensa que o rotula com o título "homem mais perverso do mundo". Jornais se referem a ele como um degenerado, um lunático e um decadente viciado em drogas. A exposição pública é arrasadora e ele acaba expulso da França em 1929 sob acusação de ser espião alemão. Crowley retorna à Inglaterra mas fica pouco tempo em seu país natal, ele decide se estabelecer em Berlin onde continua a escrever seus tratados esotéricos, confraternizando com dissidentes políticos, intelectuais e outros indesejados pelo Governo Nazista que estava em formação. Quando Hitler ascende ao poder a O.T.O. é banida e Crowley decide partir da Alemanha prevendo que a Guerra está próxima.


Com o início da Segunda Guerra Mundial, ele se apresenta para o Departamento de Defesa da Grã-Bretanha, afirmando que sua consultoria em assuntos esotéricos poderia ser essencial no esforço de guerra. Segundo Crowley, os nazistas possuíam um corpo de ocultistas trabalhando nos bastidores da Guerra para favorecê-los no campo místico e assim garantir um trunfo nos rumos do conflito mundial. Crowley contava ter sido contratado pelo Governo Britânico como conselheiro em assuntos esotéricos, tendo realizado vários rituais para contra-atacar os místicos à serviço dos nazistas e proteger a Inglaterra de uma invasão no campo mágico. Nos dias da Guerra ele teve de se mudar constantemente de casa, temeroso dos bombardeiros e da proximidade do conflito.

Seus últimos anos foram vividos em Hastings, onde uma série de novos discípulos continuavam a visitá-lo, recebendo instruções. Kenneth Grant, John Symonds, Grady McMurty, visitavam a casa e nessas ocasiões eram instruídos a respeito do futuro da Thelema quando a Besta não mais estivesse entre eles. Sua preocupação era que seus ensinamentos sobrevivessem a ele mesmo e que continuassem a ser difundidos. 

No primeiro dia de dezembro de 1947, aos 72 anos, Aleister Crowley, serenamente para alguns, exultante segundo outros, e espantado, conforme terceiros, faleceu, vítima de bronquite crônica e complicações cardíacas. Os anos de exageros, o uso contínuo de drogas e seu estilo de vida desregrado arruinaram seu corpo de tal maneira que ele não conseguiu se recuperar. Ele teria aberto seus olhos quando todos julgavam que ele já estava morto e proferido a frase "Estou perplexo!" antes de sucumbir em definitivo. Alguns acreditam que suas palavras finais foram decorrentes do que ele vislumbrou do pós-vida. 

Quatro dias depois, no crematório de Brighton, assistido por um reduzido número de admiradores e discípulos, foi realizada a cerimônia que ficou conhecida como "O Último Ritual", com a leitura de trechos da Missa Gnóstica e do Hino a Pã. Alguns jornais estamparam manchetes escandalosas afirmando que uma Missa Negra havia sido conduzida, mesmo depois de morto, ele continuava a causar polêmica. 


Aleister Crowley entrou para a história como o mais conhecido e influente ocultista e místico dos tempos modernos. Seus admiradores viam nele uma espécie de profeta da Nova Era, cujos objetivos eram causar um despertar espiritual em toda humanidade. Seus detratores o denunciavam como satanista e egocêntrico. Crowley provavelmente era um pouco de cada coisa, e muito mais. 

Sua mensagem encontrou ouvidos em diferentes grupos, ele foi citado e debatido exaustivamente, nos anos 1960, suas palavras tornaram-se a base para um ressurgimento de Ordens Místicas que resultaram em Seitas como a Igreja de Satã e até a Cientologia. O mundo do Rock rendeu a ele homenagens e até louvores, dos Beatles até Ozzy Osbourne, passando por Led Zeppelin e até Raul Seixas. Não foram poucos os artistas que o citaram. O mesmo ocorrendo na literatura, no cinema e na televisão. Crowley se tornou pop, uma figura lembrada e comentada mais agora do que em vida. 

Crowley ainda é, para o bem ou para o mal, uma influência marcante em nosso mundo.

7 comentários:

  1. Jimmy Page ( Led Zeppelin ) é o único que REALMENTE " esbarrou " em alguma coisa...acreditem...

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  2. Algumas pessoas tem vidas tão fantásticas que parecem ter saído de livros de fantasia , e não de história .

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  3. Realmente fascinante como um mitômano, mentiroso compulsivo, viciado em drogas, praticante de zoofilia e possivelmente um sociopata tenha e tem sido tão idolatrado. Fascinante é o poder da propaganda e da mentira neste mundo torto...bom nada mudou não é por acaso que tem tantas "igrejas" lotadas com milhares de pessoas fascinadas com seus psicopatas messiânicos.

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  4. Esse idiota não trouxe nada de bom ao mundo!

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