sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Idiomas Perdidos - Línguas esquecidas de Civilizações Ancestrais



O artigo anterior dedicado ao Idioma Aklo levantou uma dúvida: afinal, quantos idiomas pré-humanos e não-humanos existem?

Uma quantidade surpreendente de idiomas ancestrais, usados por Civilizações Perdidas e Raças Não- humanas aparecem em Tomos que reúnem o saber dos Mythos de Cthulhu. O Aklo talvez seja o mais conhecido e aparentemente o vocabulário mais difundido, contudo ele obviamente não é o único. Seja em páginas amareladas de compêndios esotéricos repletos de conhecimento profano, ou placas de argila, barro cozido, folhas curtidas ou pedras talhadas, o conhecimento dos Mythos encontra seu caminho para ser transmitido através dos mais estranhos e confusos vocabulários.

Segue um levantamento dos Idiomas Perdidos da Mitologia Cthulhiana. 

AKLO 



O Aklo já foi mencionado o artigo anterior, mas ainda há alguns detalhes e peculiaridades a respeito dele que valem a pena ser comentados. Segundo rumores, o idioma seria uma adaptação da ancestral linguagem do Povo Serpente. Ela teria surgido no antigo Império da Valusia, em um período muito distante que precedeu a legendária Era Hiboriana e a submersão de Atlântida. O Povo Serpente teria ensinado essa linguagem aos sacerdotes de Yig que o levaram aos demais povos que cultuaram o Pai das Serpentes ao longo das eras. Ele recobria as paredes de antigas ruínas de basalto, resquícios de uma época em que as serpentes andavam sobre duas pernas e conspiravam a extinção da humanidade. Muitos objetos forjados pelo Povo Serpente traziam inscrições em Aklo e alguns deles sobreviveram, ainda que deteriorados.

A marca do Idioma Aklo pode ser encontrado também em relíquias do misterioso povo de K'na´yan que talhava pedras com esses símbolos e o usava com devoção religiosa. Em civilizações humanas, ele está presente em petróglifos de tribos habitando das Grandes Planícies da América, em códices Astecas e Maias e em alguns artefatos Incas. Dentre povos primitivos da Bacia Amazônica ele pode ter sido confundido com meros rabiscos. Não é de se estranhar a presença maciça no continente uma vez que o Culto de Yig foi preponderante em toda América. Similarmente, pedras talhadas com Aklo foram encontradas no sul das Ilhas Britânicas (País de Gales principalmente), na França Normanda e no Lestre Europeu. O Aklo também foi usado por enclaves no Sudeste Asiático, na Indonésia e Austrália.

O idioma foi (e ainda é!) muito usado por acadêmicos dos Mythos, sendo preponderante entre feiticeiros e bruxos para esconder o conteúdo de seus escritos ou denotar seu domínio de um dos mais importantes idiomas esotéricos. Para alguns feiticeiros é uma demonstração de erudição conhecer Aklo. Supostamente a Scolamance exigia conhecimento básico do Aklo dos seus alunos. Trechos do idioma aparecem no Livro de Dzyan, nos Fragmentos de Eltdown, no Liber Ivonis e é claro no nefasto Necronomicon, que possui uma espécie de Léxico na sua edição grega, a fonte primordial para a compreensão do idioma. 

Curiosamente a língua falada é pouco usada para comunicação entre humanos e seres do Mythos uma vez que seu domínio é extremamente complexo. Ademais, qualquer erro de dicção pode colocar tudo a perder. Apenas os mais respeitados acadêmicos devotados aos estudos linguísticos são capazes de compreender as raízes fonéticas do Aklo e pronunciá-lo corretamente, ainda assim, com enorme dificuldade.

Os símbolos Aklo são particularmente sinuosos e cada pequena mudança nas curvas e ondulações alteram o sentido do que se deseja transcrever. Existe uma crença de que o Aklo teria influenciado o árabe, mas não se sabe ao certo. Não por acaso, decifrar qualquer trecho do idioma se mostra uma tarefa árdua, mesmo para os mais experientes linguistas.

SENZAR ATLANTE



Senzar é o antigo idioma atlante, falado na Capital do Continente Perdido e muito difundido no período áureo da civilização. Por muito tempo, apenas os sacerdotes podiam escrever o Senzar, pois este era considerado um idioma religioso, uma forma de se comunicar com os Deuses e entidades superiores. O Senzar com o tempo passou a ser compartilhado com os nobres e indivíduos da alta estirpe. Era o idioma das castas elevadas, reservado para cerimônias religiosas e momentos importantes. Ensiná-lo indiscriminadamente era passível de pena de morte e punições severas como arrancar a língua dos que falavam ou vazar os olhos dos que o liam.

O Cataclismo que se abateu sobre Atlântida e a submergiu sob as ondas foi ironicamente responsável por disseminar o idioma. As tribos sobreviventes que empreenderam jornadas pelo mar em busca de colônias distantes se encarregaram de levar papiros produzidos com folhas de palmeira contendo o idioma. É possível que este seja o idioma mais antigo criado por seres humanos e usado por eles em comunicação e escrita.

O Senzar foi carregado na grande migração dos atlantes, levado para o Oriente Médio (berço de várias civilizações antigas), Norte da África e Europa Mediterrânea. Ele foi a base para o fenício, babilônico e sumério, sendo adaptado e sofrendo mudanças com o passar dos séculos. 

Curiosamente o Senzar sobreviveu preservado em sua raiz mais culta, graças a monges que habitavam o lendário Platô de Leng. O Livro de Dzyan, a chamada Versão Atlante, teria sido escrita pelos Mahatmas no idioma Senzar e posteriormente traduzido para o Sânscrito. Ele fez seu caminho pelo Tibet onde monges brâmanes e yoggis chamavam o Senzar de "idioma dos sábios" e "daqueles tocados pelos deuses". 

O Senzar possui um alfabeto cuneiformes com símbolos em forma de cunha. Ele é bastante similar aos escritos minoanos não decifrados que causaram alvoroço no século XVIII e foram atribuídos aos atlantes. Os proponentes dessa controversa teoria não estavam errados em suas suposições.  

Para todos efeitos, o Senzar é um idioma morto há milênios, apenas uns poucos esotéricos ainda dominam a língua e conhecem a escrita. No Platô de Leng ele ainda é falado e aqueles que pleiteiam uma audiência com os Mestres precisam dominá-lo. Também é possível encontrar nos confins da Terra dos Sonhos locais em que o Senzar é falado.   

TSATH-YO HIBERBÓREO



O povo da remota terra da Hiperbórea usava uma linguagem hieroglífica da qual restaram pouquíssimos exemplares.

A Hiperbórea se localizava no extremo norte do globo, em uma terra de selvas perfumadas, florestas tropicais e animais pré-históricos que dividiam o mega continente com pré-humanos. A civilização foi devastada por mudanças climáticas acentuadas, alterações do pólo magnético e eras glaciais que fizeram os povos residentes migrarem para o sul em busca de paragens mais amenas. Em seus últimos dias, a civilização foi atacada pelos Voormis, feras selvagens que massacraram seus últimos bastiões. 

Os poucos resquícios dessa civilização avançada que no seu ápice dominou ciência e magia, se encontram em ruínas cobertas por neve e gelo. Na Groenlândia encontram-se as maiores e mais significativas ruínas construídas pelos Hiperbóreos, algumas delas ainda com paredes de pedra esculpida e colossais estátuas entalhadas. As lendas sobre Última Thule decorem da descoberta de tais ruínas feitas no início do século XX. 

Algumas dessas ruínas, pertencentes a ancestrais colônias de Hiperbóreos em sua jornada em busca de novos territórios para se estabelecer, foram ao longo dos séculos confundidos com a presença de vikings. A Colônia de Vinland, na Newfoundland (atual Canadá), ainda é considerada como um assentamento viking, quando provavelmente se trata de uma colônia Hiperbórea.

Os hieróglifos Tsath-Yo são complexos e de difícil interpretação. Por muitos séculos eles foram usados pelos sábios hiperbóreos para transmitir seu conhecimento e educar novas gerações que estudavam as ciências e a profunda filosofia mística. Os poucos artefatos encontrados contendo os símbolos Tsath-Yo raramente são interpretados como um idioma, o que dificulta enormemente sua tradução. Na década de 1930, na Islândia teriam sido encontradas peles de animais contendo trechos em Tsath-Yo. Uma vez que as peles eram de animais pré-históricos a teoria foi desconsiderada pela maioria dos arqueólogos e antropólogos como um embuste. 

Dentre os tomos com conhecimento dos Mythos, apenas o Liber Ivonis contém símbolos que podem ser positivamente identificados com o idioma hiperbóreo ancestral. A versão hiperbórea, cuja mera existência foi por muito tempo questionada supostamente possuía uma tradução para o grego clássico. As versões mais antigas do Livro de Eibon, escritas em Grego Púnico continham as mesmas traduções dos caracteres que permitiam decifrar a escrita da Hiperbórea. Uma vez que tais textos se perderam há séculos é provável que ele não possa mais ser corretamente traduzido, ao menos nessa realidade. Exploradores que se aventuraram no Mundo dos Sonhos teriam encontrado sábios que ainda retinham o conhecimento do idioma e que compartilharam esse saber.

MUVIANO NAACAL



Outra importante civilização ancestral pré-humana possuía sua própria escrita. Mu, localizada na porção sudoeste do Pacífico floresceu há cerca de 200 mil anos, "enquanto a Hiberbórea era acossada pelas mudanças climáticas e pelos sanguinários Voormis".

Segundo alguns teóricos, o fato do povo de Mu ter abandonado sua devoção aos Deuses Antigos resultou na destruição da civilização. Vários cultos profanos encontraram terreno fértil para se desenvolver em Mu, entre eles Shub Niggurath, os horrores gêmeos Nug e Yeb e  Yig. Enfurecidos por terem sido trocados por estes cultos de horrores alienígenas os Deuses teriam decretado o Fim de Mu como castigo. O continente ou ilha em que Mu se localizava afundou pouco mais de mil anos depois da Atlântida. A tragédia similar de Mu fez com que muitas vezes ela e Atlântida fossem confundidas como o mesmo lugar.  Embora teosofistas como Blavatsky prefiram ignorar a existência de Mu, alguns teóricos acreditam que o Continente tenha sido um dos berços da humanidade, ou ao menos de uma das espécies que se espalharam pelo globo após enfrentar seu cataclismo.

Depois da destruição de sua Metrópole, Muvianos vivendo nas colônias insulares declararam sua independência e ajudaram a forjar as principais civilizações no Pacífico Sul. Cada qual adotou seus próprios costumes e ao longo dos séculos seguintes mudaram o suficiente sua cultura a ponto de se distinguirem umas das outras. 

Resquícios dessa Civilização comum podem ser encontrados em várias ilhas do Pacífico Sul e incluem as misteriosas Estátuas na Ilha de Páscoa e as curiosas construções ciclópicas de Nan Madol na Ilha de Ponape. Nas ilhas da Melanesia e Polinésia existem traços da passagem desses povos logo depois da destruição de Mu. Infelizmente terremotos, maremotos e tsunamis destruíram muitos destes postos avançados que submergiram, alguns ainda estão intactos nas profundezas abissais. 

Muito do que sabemos a respeito dos de Mu e dos muvianos, decorre de velhas tábuas de pedra que estariam em poder de ordens monásticas na India e Tibet. Escritas em Naacal, estes documentos contam a rica história do continente: registram seus grandes feitos, suas conquistas e sua decadência. Manuscritos e códices também sobreviveram, alguns no interior de templos abandonados ou ruínas perdidas sendo encontrados de tempos em tempos por aventureiros e exploradores. Uma coleção de antigos manuscritos foram encontrados em 1878 em uma pequena ilha ajudaram a decifrar, ainda que parcialmente, alguns trechos do intrincado idioma Naacal.

Vários tomos possuem trechos com inscrições no idioma Muviano Naacal. As célebres "Escrituras de Ponape", escritas em folhas de palmeira e achadas na Polinésia talvez sejam as mais famosas. "Os Tabletes de Zanthu", um compêndio disposto em doze tabuletas de madeira, foram descobertos pelo arqueólogo Harold Hadley Copeland em 1913 e se encontram no Instituto Sanborne de Estudos do Pacífico na Califórnia. Escrito por feiticeiros, ele narra a adoração de divindades aterrorizantes como Zoth-Ommog, Ghatanathoa, Dagon, Hidra, Chulhu entre outros horrores. Finalmente, o raríssimo "Cthulhu no Necronomicon" possui um capítulo inteiro escrito em caracteres Naacal com uma invocação das Crias Estelares de Cthulhu que felizmente jamais foi decifrada por inteiro.

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