domingo, 25 de agosto de 2019

A Criatura - O Caso do estranho espécime de Kyshtyn


Por vezes surgem casos esporádicos de restos pertencentes a criaturas estranhas que não parecem naturais deste mundo. Esses cadáveres são normalmente mumificados e já achados sem vida, causando todo tipo de debate e discussão a respeito de sua origem. O que são esses seres? De onde vieram? E como vieram parar aqui?

Um dos casos mais bizarros envolve a descoberta de uma criatura alegadamente encontrada viva em uma região remota da Rússia. O ser teria sido achado e tratado por humanos, apenas para desaparecer deixando uma série de perguntas sem resposta.

A estranha história começou no verão de 1996, quando uma senhora de idade chamada Tamara Prosvirina estava dando uma volta pelos arredores do Vilarejo de Kaolinovy, próximo de Chelyabinsk Oblast, região central dos Montes Urais. Certo dia, ela voltou para casa trazendo algo enrolado em um cobertor. Tamara chamou a coisa de "seu bebê" e disse tê-lo encontrado no bosque, aos pés de uma árvore próxima do cemitério. Quando as pessoas se aproximaram para ver, ela segurou o objeto mais perto de seu corpo e se negou a mostrá-lo dizendo que seu nome era Alyoshenka. Aquilo era estranho, e considerando a idade avançada da mulher, alguns consideraram que ela pudesse estar dando mostras de senilidade. No entanto, logo a situação se mostraria ainda mais bizarra do que se imaginava.

No dia seguinte, após acalmar a idosa e deixar claro que nada aconteceria ao seu "bebê", três mulheres do vilarejo, inclusive a nora de Tamara, conseguiram a permissão para ver a criança. Quando o pequeno pacote foi aberto, uma das mulheres saiu correndo em pânico, enquanto as outras duas ficaram estupefatas de horror. A criatura foi descrita como um ser pequeno, com não mais do que 25 centímetros, pele escura e cinzenta e marcas de tom marrom na cabeça. Ela não tinha cabelo ou pelos, seus olhos eram grandes, com pupilas verticais como os de um réptil ou gato, com uma boca pequena, fina e sem lábios. Nos lados da cabeça haviam buracos correspondendo aos ouvidos, mas não orelhas. Os dedos eram finos e longos, com pequenas garras. Ele não possuía umbigo ou genitália, também não tinha pálpebras e produzia um ruído de estalos enquanto respirava através de seu minúsculo nariz achatado.


Prosvirina contou que a criatura era incapaz de consumir alimento sólido, uma vez que sua boca era muito pequena e sem dentes. Ela o alimentava com leite e mel, sendo que ele também lambia pequenos pedaços de chocolate. A senhora contou que a criatura bebia pouca água, mas que não demonstrava muito interesse por nada que ela tivesse tentado dar a ele. O "bebê" raramente movia os membros, mas esticava a cabeça e a virava quando detectava algum som. 

As mulheres que viram a criatura garantiram que a coisa estava viva, mas que não podia ser uma criança humana. Uma delas, Nadia, nora de Tamara, descreveu da seguinte maneira o que aconteceu:

"Tamara já estava bastante velha, mas ainda dava conta de viver sozinha. Naquele dia, nós fizemos uma visita para saber como ela estava e levar comida. Ela parecia animada, ainda que preocupada. Quando perguntei o que estava acontecendo ela disse que iria nos mostrar, mas que não deveríamos contar a ninguém. A coisa estava no centro da cama, coberta e cercada por travesseiros. Ela estalava e fazia ruídos estranhos. Eu podia ver que ela se mexia, amparando a cabeça e tentando se levantar, como fazem os bebês recém nascidos. Ela tinha uma boca pequena e uma língua vermelha. Parecia com um bebê, mas era toda estranha. A cabeça era muito grande, na forma de uma cebola. A cor era marrom e o corpo cinza. Eu perguntei onde ela havia encontrado aquele monstrinho feio e ela disse que ele estava na floresta. Ela o chamava de Alioshenka. Eu pensei que poderia ser algum animal, mas não uma criança".


Nadia contou ainda que a coisa produzia um cheiro estranho que ela não conseguia descrever. Era um odor azedo ainda que não totalmente nauseante. Ela concluiu que o cheiro vinha da criatura que estava suando. "Eu vi minha sogra passando um pano naquela coisa e limpando esse suor".

A essa altura, vizinhos e pessoas próximas já haviam ouvido boatos sobre a coisa estranha que estava acontecendo na casa. Poucos, no entanto, receberam permissão da senhora de ver seu "bebê". Alguns mais preocupados resolveram chamar as autoridades para que tomassem uma providência. Quando homens da guarda chegaram, Prosvirina protestou veementemente e disse que não permitiria que levassem sua "criança": Alyoshenka morreria sem a sua proteção. 

Um oficial de polícia chamado Vladimir Nurtdinov acalmou a senhora enquanto um médico examinava a criatura. Uma verificação rápida constatou que ela não se movia ou respirava e que aparentemente estava morta. Depois de mostrar que ela não tinha reação, Tamara concordou em permitir que o corpo do "bebê" fosse recolhido pela polícia. O corpo foi colocado em uma caixa de sapato improvisada como caixão e levado para a pequena delegacia de polícia em Chelyabinsk.


Um médico legista que trabalhava para a polícia local, o Dr. Vladimir Bendlin foi convocado para ajudar. Bendlin era um sujeito influente no governo e bastante respeitado. Ele ordenou que o corpo fosse colocado em um congelador, filmado e fotografado. Duas amostras foram retiradas dele: sangue e pele para a realização de testes. Bendlin disse que o mais provável é que os restos pertenciam a uma criança nascida com uma doença congênita e que a má formação decorria de nascimento prematuro. Sugeriu ainda que a criança tinha uma estrutura óssea anômala, órgãos e fisiologia de origem incerta.   
Bendlin enviou fotografias e videos para médicos e cientistas russos na esperança de que alguém jogasse uma luz sobre o que era a coisa. Mas ele não se restringiu a pesquisadores convencionais, compartilhando o material também com uma Associação de Ufologia. A descoberta causou enorme sensação e ganhou os jornais, com muitas pessoas acreditando se tratar de um ser alienígena. Naquela mesma semana, conhecidos de Bendlin, ligados a um grupo de ufólogos, requisitou sua autorização para estudar os restos mortais e um pouco a contra gosto, ele acabou concordando. O cadáver foi levado e nunca mais devolvido. 

Na semana seguinte, Bendlin chegou para trabalhar e descobriu que sua clínica havia sido fechada. Lá dentro, ele encontrou homens do governo russo que explicaram que ele deveria cooperar, entregando todos seus relatórios, fotografias, filmagens e é claro, o pequeno cadáver. Quando ele explicou que este havia sido entregue para um grupo de pesquisa, eles pediram mais informações e saíram. 


Os homens não disseram mais nada, recolheram todo material que ainda estava na clínica inclusive as amostras e fotografias. Para todos os efeitos, eles entraram em contato com aqueles que recolheram o cadáver, mas estes jamais confirmaram se entregaram os restos ou não. Simplesmente não deram nenhuma declaração, o que leva a crer que foram de alguma forma coagidos a não falar sobre o assunto. Supõe-se que os restos tenham sido levados para uma instalação de pesquisas, mas tudo isso não passa de conjecturas. A única informação foi que se tratava de um bebê humano com graves deformidades e que ele seria estudado. Nada mais!

Enquanto isso, Prosvirina, a mulher que havia encontrado o "bebê" recebeu uma visita. Homens chegaram em um dia e conduziram um interrogatório à portas fechadas. Um médico teria diagnosticado que ela sofria de stress mental e recomendou internação em uma instituição especializada. A mulher ficou internada por quase 6 meses, quando foi liberada. Mas para tornar tudo ainda mais estranho, assim que deixou a instituição ela foi atropelada. Testemunhas disseram que ela foi vista dançando no meio de uma estrada, quase como se estivesse em transe. Os prontuários na instituição, bem como entrevistas misteriosamente "desapareceram" do arquivo.
  
Ela teria sido assassinada? Foi uma queima de arquivo ou um lamentável acidente?

Parentes e vizinhos da Tamara contaram que foram coagidos a assinar documentos oficiais nos quais não deviam contar o que viram. Disseram que Tamara se negou a assinar tais documentos e que por isso teria sido calada. Quem pode saber ao certo?


O cadáver passou a ser conhecida como "A Criatura" ou "o Anão" de Kyshtym. 

Ele não foi visto depois de ter sido entregue aos pesquisadores e supostamente recolhido das mãos destes por supostos investigadores governamentais. Há rumores de que ele poderia ter sido vendido para um colecionador ou entregue a estudiosos estrangeiros. Infelizmente, tudo parece imerso em especulações.

Defensores da teoria de que se tratava de um ser alienígena acreditam em uma operação de acobertamento. Os mais céticos sugerem que os restos pertenciam a uma criança gravemente deformada. Outra teoria bastante difundida é que os restos pertenciam a um feto humano deformado pela radiação produzida pelo acidente de Kyshtym. Nessa catástrofe, ocorrida em 1957, lixo nuclear vazou da usina de Mayak liberando radiação em uma área de 20 mil quilômetros quadrados. O acidente, é considerado hoje como o terceiro pior desastre nuclear da história, atrás apenas de Chernobyl e Fukushima.

O Dr. Bendlin afirma ter prosseguido em suas investigações a despeito de ameaças e pressão que ele alegou sofrer. Ele contou que criaturas similares teriam sido vistas vagando pela área onde o feto foi encontrada. Afirmou ainda que partículas de DNA da criatura foram recolhidas no cobertor e travesseiros usados por Tamara Prosvirina para dar a criatura algum conforto. Estas amostras de "suor" ou secreções foram enviadas para o Instituto de Medicina Forense de Moscou.

Os resultados foram curiosos.



Um dos genes descobertos nas amostras de DNA recolhidas não corresponde a genes pertencentes a seres humanos ou animais. Nenhuma amostra no laboratório se encaixava no gene. Os especialistas em genética jamais encontraram uma molécula de DNA tão longa. Alguns, no entanto, supõem que isso se deve a contaminação e má qualidade das amostras recolhidas. 

De qualquer maneira, o mistério continua.

O que seria a criatura de Kyshtym e de onde ela teria vindo? Seria ela apenas um feto com má-formação, e se for assim, como explicar que algumas pessoas testemunharam ele se mover, comer e respirar? Seria tudo uma fraude? Quem ficou com os restos e por qual razão? Houve algum tipo de acobertamento dos incidentes? E se sim, quem teria agido nesse sentido? 

Sem um corpo é difícil responder a qualquer uma dessas intrigantes perguntas.

Testes posteriores das amostras de pele, realizados pela Dr. Irina Yermolaeva atestaram que o corpo não era fabricado e que se tratava de um genuíno corpo mumificado. Suas conclusões apontavam que se tratava de uma criança prematura e com doença congênita, algo que ela atribuiu ao desastre nuclear de 1957. 


Em 2004 cientistas fizeram uma declaração de que a Criatura de Kyshtym era um feto feminino prematuro com severas deformidades, ainda que o consenso não tenha sido total. A assistente clínica Lyubov Romanowa especializada em deformidades que analisou as fotografias declarou "jamais ter visto algo semelhante" em fetos humanos afetados por radiação. Segundo ela, "nem mesmo em Chernobyl viu-se algo parecido". 

O extraordinário caso da Criatura continua sem uma solução e o debate a respeito de sua origem provavelmente nunca erá fim. 

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