domingo, 17 de maio de 2020

Coleções Macabras - Os Museus mais Bizarros do Mundo


Através da história nós, como espécie, procuramos preservar pedaços de nossa história e do mundo que nos cerca através de Museus. Nessas casas de saber, a história de nossa civilização e do mundo natural são protegidas e podem ser estudadas por todos aqueles que desejarem conhecer seus tesouros. Museus podem se dedicar aos mais diversos temas, cobrindo uma vasta gama de possibilidades.

Contudo, alguns museus se dedicam a reunir em suas coleções itens inesperados, coisas realmente perturbadoras capazes de causar arrepios do mais puro terror. Nesse artigo falamos a respeito de alguns museus realmente sinistros que detém em seus acervos peças que são igualmente chocantes e horripilantes.     

Boa parte dos museus mais estranhos e bizarros do mundo tem a ver com pesquisa médica, anomalias físicas e horror corporal. Um desses lugares é o Plastinarium, na cidade alemã de Guben. Em 1977, o anatomista Gunther von Hagens desenvolveu um método de preservação de tecidos humanos através de polímeros, em essência, injetando neles uma substância química num processo chamado "plastinação". Para atingir o efeito desejado, praticamente toda a umidade é extraída do tecido morto, e os corpos, tanto o de animais quanto humanos, são submergidos em acetona para remover resíduos de gordura. Em seguida o polímero é injetado nos corpos e devidamente congelados, fazendo com que eles se tornem rígidos na posição desejada para a exposição. Este pavoroso processo de embalsamamento se mostrou extremamente controverso na época, mas Von Hagens passou muitos anos aperfeiçoando o método a ponto de transformar a técnica em uma espécie de arte. E através desta, vários cadáveres foram imortalizados.

Von Hagens transformaria sua técnica em um museu depois de gastar milhões de dólares de seu próprio bolso para converter um depósito abandonado que um dia foi uma loja de roupas, em sua Casa de Anatomia. Sua exposição permanente recebeu o nome de Mundos do Corpo e fez sucesso desde sua inauguração. Uma típica visita ao Museu envolve conhecer detalhes sobre o processo de plastinação, desde o laboratório até o resultado final, passando por salas onde é possível apreciar a extração de água dos corpos, a secagem, estocagem, inserção dos compostos químicos etc... Nessas salas há uma infindável coleção de cadáveres sem pele para serem inspecionados, bem como ossos, músculos, membros e órgãos que passaram pela preservação. A atração principal, no entanto, é a grande câmara onde as obras prontas estão em exposição. Animais e seres humanos, sem pele, com músculos, veias e órgãos à vista nas posições mais inesperadas, algumas, até certo ponto, obscenas. 


Novos espécimes são acrescentados à coleção a cada temporada, já que no final da mostra os visitantes recebem a oportunidade de participar dela, preenchendo documentos doando seus corpos ao Museu. Por bizarro e estranho que pareça, a lista de doadores do Museu é tão extensa que seus organizadores podem se dar ao luxo de escolher os espécimes que mais lhes agradem.

Embora o conceito desse museu possa parecer doentio para muitos, a exibição do Mundos do Corpo se mostrou um estrondoso sucesso, tendo viajado para Londres, Tóquio, Istambul e Boston. As pessoas parecem ter uma sombria curiosidade a respeito de tais coisas, e isso tornou Von Hagen muito bem sucedido em seu empreendimento. Ainda existe muito debate sobre a ética de manipular restos humanos de maneira tão macabra e a controvérsia deu origem a processos legais movidos por pessoas interessadas em fechar a exposição. Apesar disso, o Museu continua funcionando atraindo a cada temporada mais pessoas. 

Tão estranho quando o museu alemão é o Mutter Museum na cidade de Filadélfia, Pennsylvania. Aberto em 1858 e batizado em homenagem ao médico e inventor Dr. Thomas Mütter, o museu relata em detalhes a História da Medicina através do tempo. Embora a exposição apresente instrumentos médicos, objetos usados em cirurgia e espécimes anatômicos, como seria de se esperar, ela também possui alguns itens peculiares e particularmente grotescos. Uma das exposições mais aterrorizantes é a chamada Coleção Hyrtl de Crânios que consiste de um armário de vidro onde estão guardados 140 crânios humanos com a descrição detalhada de cada peça ao lado de uma foto de seu "dono". 

Outra sala possui o esqueleto completo de uma mulher morta em 1875, vítima de febre amarela, que foi preservada em uma espécie de sarcófago preenchido de uma substância gelatinosa similar a sabão. Muito apropriadamente ela ganhou o apelido de "Senhora do Sabão". Outras atrações incomuns incluem itens como fatias preservadas do cérebro de Einstein, um kit de amputação usado na Guerra Civil americana, um tumor extraído da garganta do Presidente Grover Cleveland, um cólon humano distendido de 3 metros, o fígado compartilhado por irmãs siamesas, um chifre ósseo removido da cabeça de uma mulher, o esqueleto preservado do homem mais alto de sua época (2,54 m), bem como uma infinidade de jarros e potes contendo fetos deformados além de prateleiras e mais prateleiras de ossos, órgãos preservados e outras estranhas peças de anatomia.  


Embora toda coleção pareça notavelmente bizarra e possa fazer pessoas mais sensíveis sentirem náusea, a exposição inteira tem um caráter educacional. Embora alguns itens sejam dignos de pesadelos, não são menos fascinantes e notáveis para aqueles coma  mente aberta e interesse nas ciências biomédicas.

Exibições similares podem ser vistas no Museu de Anatomia Mórbida no Brooklyn, Nova York, onde podem ser encontrados livros para pesquisa, imagens, arte relacionada a medicina e morte, bem como animais empalhados, espécimes em jarros e máscaras mortuárias de figuras ilustres, celebridades e assassinos. Há ainda o Musee Dupuytren, em Paris, França, aberto em 1835 e onde você pode ser encantado pela horrível visão de centenas de espécimes preservados de pessoas doentes e com deformidades. Alguns exemplos incluem órgãos inchados e distendidos, gêmeos siameses, fetos com má-formação congênita, cérebros com anomalias e inúmeros espécimes flutuando em jarros com líquido de preservação. A exibição é preenchida com vários modelos em cera e uma vasta coleção de peças para que é forte do coração.

Mas há outros museus que vão além das curiosidades médicas.

O Museu Lombrosp de Antropologia Criminal na Itália se dedica a morte em si. Fundado pelo ilustre criminologista italiano Cesare Lombroso que alcançou grande fama e prestígio em vida, ele se devota ao estudo das características criminais nos indivíduos. A teoria de Lombroso era de que cada indivíduo propenso a cometer crimes possuía determinadas peculiaridades que podiam ser identificadas pelo estudo criterioso de seu corpo. Dessa forma, medindo o tamanho das mãos, a circunferência do crânio, a distância entre os olhos, seria possível identificar uma pessoa capaz de atos de violência. A teoria de Lombroso, obviamente não foi levada à sério por muito tempo, mas seu trabalho encontrou defensores ao redor do mundo.


O Museu reúne peças usadas por Lombroso em seus estudos e na formulação de sua teoria. São inúmeros crânios, ossos, esqueletos e órgãos pertencentes a criminosos, indivíduos com passado de violência e comportamento aberrante, incluindo soldados, assassinos e maníacos. Além disso, estão em exposição fotografias macabras sobre os testes conduzidos por Lombroso e seus seguidores, armas usadas em crimes famosos, artigos de jornal e fotografias tiradas na cena de vários crimes. E para completar a aura de estranheza que permeia o lugar, a cabeça decepada do próprio Lombroso se encontra na entrada do Museu, preservada em um grande jarro de formaldeído.    

Nos Estados Unidos existem dois Museus cujo tema são a Morte e seus efeitos sobre os vivos: um deles na Califórnia e o outro em Nova Orleans. Não por acaso, ambos tem o mesmo nome - "Museu da Morte". A coleção apresentada inclui o que existe de mais macabro, incluindo mas não se limitando a imagens de assassinos, videos de autópsias, caixões, instrumentos usados em crimes, parafernália funerária, instrumentos de tortura, máscaras mortuárias e outros itens de interesse nefando. A exposição é tão gráfica e chocante que placas avisam na entrada que o visitante deve ter estômago forte par percorrer as salas e câmaras repletas de horrores além túmulo. Apesar disso, muitos visitantes não completam a jornada.

Na Tailândia, encontramos outro Museu da Morte chamado Siriraj Medical Museum, localizado na Capital Bangkok. O Museu apresenta algumas arações realmente revoltantes capazes de chocar seus visitantes. São armas usadas em crimes, fotos de cenas sangrentas, bonecos de cera de assassinos, exames de ferimentos e corpos de assassinos devidamente embalsamados, inclusive do famoso serial killer canibal Si Ouey. Assim como muitos outros museus macabros a repulsa do que é apresentado acaba servindo para atrair visitantes, tornando esses lugares extremamente populares e colocando-os entre as principais atrações locais. Por qual razão as pessoas se interessam por isso, você pode perguntar. Bem, parece haver um estranho paralelo entre aquilo que nos repudia e nos fascina ao mesmo tempo. 


Outra espécie de Museu incomum são aqueles que se dedicam a apresentar as mais bizarras formas de provocar dor que a mente humana foi capaz de conceber ao longo dos séculos. Em Amsterdam, na Holanda encontramos o Museu da Tortura que mostra aos visitantes como eram realizadas torturas e métodos de execução no passado. Os equipamentos estão dispostos ao longo de salões onde podem ser encontradas ferramentas usadas em interrogatório, flagelos, chicotes, instrumentos de tortura como a Dama de Ferro, a Roda e o Rack, além de pinças, tenazes e outros implementos que realmente foram utilizados em tempos menos esclarecidos.

Seguindo essa mesma premissa, há o famoso Museu da Tortura de San Gimignano, na Italia, que também expõe instrumentos de extremo sadismo empregados na Idade Média. O Museu em si é localizado em uma antiga masmorra medieval, usada no século XIII para prender e interrogar hereges. Instrumentos clássicos como guilhotinas, machados, facas e lâminas são colocados lado a lado em armários de vidro. Há ainda salas com modelos de cenas de execução e tortura tão realistas que provocam arrepios. Material medonho com certeza, mas que mesmo assim atrai multidões.

Outra modalidade de Museu que explora facetas estranhas da humanidade é o Glore Psychiatric Museum, em St. Joseph, Missouri. O Museu funciona em um antigo Hospital Psiquiátrico que foi desativado em 1968. Nas instalações é possível conhecer o dia a dia dos funcionários e internos da instituição, bem como explorar, ainda que brevemente os horrores do que era ser considerado insano no século passado. Há uma vasta coleção de objetos que poderiam fazer inveja a instrumentos de tortura medievais. Máquinas usadas em eletrochoque, cadeiras de restrição, camisas de força, correntes, objetos usados no exercício da medicina, banheiras para terapia de afogamento e todo tipo de coisa empregada no tratamento dos pacientes que mais parecem parte de cenário de filmes de horror. 

Além desses objetos, o Museu apresenta uma enorme coleção de cérebros em jarros e peças de anatomia, extraídas de pacientes. Podemos encontrar as mãos de assassinos, cabeças preservadas que pertenceram a maníacos, fatias de cérebros de piromaníacos e outras curiosidades extremamente perturbadoras. 


Se tudo isso é bizarro demais e muito próximo do sofrimento humano, existem os Museus não menos esquisitos dedicados ao mundo fantástico e sobrenatural. Em Paris, foi fundado o Museu dos Vampiros e Criaturas Legendárias. Idealizado por Jacques Sirgent, um historiador do paranormal e demonologia, com interesse particular pelos vampiros, o museu reúne uma coleção de objetos ligados ao ocultismo, bruxaria, feitiçaria e é claro, os famosos sugadores de sangue.

A entrada do Museu já constitui um elemento dramático, o acesso é feito através de um cemitério onde rosas vermelhas surgem em meio às lápides e sepulturas. No interior os visitantes encontram uma enorme coleção de livros associados a emas sobrenaturais, todo tipo de objeto desde caldeirões e vassouras, até kits de caçadores de monstros e artefatos medievais usados para encontrar, identificar e eliminar criaturas das trevas. O museu se orgulha também de contar com um extenso arquivo que pode ser consultado pelos visitantes, onde constam relatos e narrativas a respeito da presença de vampiros ao redor do mundo. Além da parafernália "real", o Museu dedica parte de sua exposição a objetos usados em filmes de horror e produções de sucesso da sétima arte. Para os fãs de terror e dos lendários vampiros, esta é uma atração imperdível. 


O estado de Connecticut, nos Estados Unidos, possui não apenas um, mas dois museus totalmente devotados ao mundo paranormal. Talvez o mais conhecido seja o Museum of the Occult, em Monroe. O sinistro museu tem uma esplêndida coleção montada em homenagem aos renomados pesquisadores do sobrenatural e demonologistas Ed e Lorraine Warren. A exposição inclui objetos usados pelo casal em suas investigações e itens amaldiçoados obtidos ao longo de seus 60 anos de trabalho no campo. O museu abriu suas portas em 1952, e conta com um acervo de objetos supostamente amaldiçoados, relíquias antigas, artefatos assombrados e arquivos dos casos em que o casal tomou parte.

Os Warren, fundadores da Sociedade de Pesquisa Psíquica da Nova Inglaterra, famosos por seu envolvimento no controverso caso da Assombração de Amityville, bem como outros tantos incidentes que ganharam repercussão, atraem um grande público. Principalmente depois que eles se tornaram estrelas de uma série de filmes a respeito de seu trabalho. Muitos dos objetos presentes na coleção foram doados pelos Warren, inclusive a infame boneca Annabelle que permanece guardada atrás de um vidro onde se lê: "Não abra de modo algum".

Além de Annabelle, há ainda o "Boneco Sombrio", que segundo relatos é capaz de visitar pessoas através de sonhos e parar o coração de suas vítimas. Outras atrações incluem máscaras e bonecos vodu, itens de natureza ritualística, ferramentas de adoração satânica, ídolos profanos, crânios malditos, cabeças encolhidas, totens e regalia ligada ao oculto. Uma atração digna de nota é um órgão de igreja que toca sozinho e um grande espelho de cristal que supostamente atrai espíritos. Visitantes do Museu relatam todo tipo de sensação estranha ao cruzar seus corredores, desde arrepios até ataques de pânico. Uma placa na entrada do museu aconselha indivíduos sensitivos ou com faculdades mediúnicas a evitar entrar, já que estes são mais sensíveis às emanações maléficas de alguns objetos expostos. O museu não se responsabiliza pelo que possa acontecer com visitantes.


Além dos museus de horrores cometidos pelo homem e do paranormal existem outros que se dedicam a temas mais ecléticos do sinistro e bizarro. Em Fort Mitchell, Kentucky fica o Vent Haven Museum, que é totalmente voltado para a arte do ventriloquismo. A coleção digna de pesadelos começou em 1910, quando o ventríloquo William Shakespeare Berger deu início à sua coleção de bonecos que logo precisaram de um lugar maior para serem guardados. Eventualmente, as centenas de bonecos foram colocados em exposição para aqueles que gostavam de curiosidades e da técnica d eprojetar a voz. Na contagem final, o acervo do museu contava com nada menos do que 800 bonecos ocupando prateleiras, bancos e mesas. Visitantes que conhecem a coleção descrevem uma sensação profundamente sinistra ao confrontar os milhares de olhos que os observam sem piscar. O museu também reúne fotografias, cartazes, material de cena e filmagens de grandes ventríloquos, mas sem sombra de dúvida, os bonecos constituem a atração principal. É uma experiência perturbadora conhecer esse museu, o único no mundo totalmente dedicado ao tema.

Se bonecos de ventríloquo não são estranhos o bastante, o que dizer de um Museu inteiramente voltado para Palhaços? Chamado de "O Museu mais engraçado do mundo", o lugar fica em Baraboo, Wisconsin e atende pelo nome oficial de "Hall da Fama dos Palhaços". Aberto no ano de 1987 e patrocinado por organizações de palhaços ao redor do mundo (sim, tal coisa existe) o museu é dedicado a todos os tipos de mercadoria e memorabilia colecionável relacionada a palhaços. O objetivo principal do Museu é preservar a "arte circense dos palhaços clássicos". No museu é possível encontrar fantasias e roupas de artistas de picadeiro famosos, props, artefatos usados em circo, fotos, vídeos e praticamente tudo que se possa imaginar envolvendo o universo dos palhaços. Há até uma premiação dada aos palhaços mais bem sucedidos no ano, uma festividade que atrai visitantes de todos os cantos do mundo.


Por último há um museu ainda mais bizarro que os descritos acima. Em meio aos prédios modernos da movimentada cidade japonesa de Meguro, área metropolitana de Tóquio, se localiza um museu no mínimo inusitado. Sua medonha coleção reúne milhares e milhares de parasitas vindos de todas as partes do planeta. Aberto em 1953, o Museu de Parasitimo de Meguro possui um acervo de aproximadamente 45,000 espécimes de todos os tipos de parasitas, incluindo solitárias medindo até 9 metros de comprimento, parasitas rastejantes em jarros, bem como partes de homens e animais infestadas por estas criaturas.

Os jarros contém ainda parasitas comuns (piolhos, pulgas e outras criaturas) que podem ser vistos através de lentes de aumento e microscópios, transformando pequenos monstrinhos em imensas criaturas repulsivas. Em meio a essa exposição digna de pesadelos o visitante aprende a respeito do ciclo de vida dessas criaturas, como elas infestam seus hospedeiros e como eles são combatidos pela medicina atual. Além de horrível, a exposição se propõe a ser educacional. De uma forma ou de outra, depois de ver a face de um piolho aumentada 50 vezes, provavelmente você não enxergará esses parasitas da mesma maneira.


Museus são inegavelmente uma parte importante de nossa cultura que preserva nossa memória e herança. Sem eles, boa parte das maravilhas, curiosidades e anomalias do mundo estariam além de nosso conhecimento e apreciação. Além de servirem para nos educar e esclarecer, os museus podem causar choque, perturbar, assustar e desafiar nossos preconceitos a respeito do que achamos que conhecemos e de tudo que sequer imaginamos existir. Esses lugares de saber mostram que o mundo é bem mais estranho e incomum do que estamos acostumados a acreditar. 

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