O final do século XIX e início do Século XX foi uma época de grande desenvolvimento para armas de defesa pessoal. Até essa época, as armas funcionavam através de um mecanismo de dupla ação e eram municiadas através de um cilindro móvel. O mecanismo acabou dando nome para todo o gênero desse tipo de arma e o revólver se espalhou pelo mundo tornando-se a mais difundida arma de fogo.
Mas no início do século XX, tudo isso estava para mudar. Na Alemanha, a proeminente indústria bélica, estava desenvolvendo um novo conceito para armas de fogo que iria revolucionar essa indústria.
Os projetistas alemães sabiam bem que uma arma de fogo poderia ser potencialmente mais letal se ela permitisse disparos contínuos. Eles criaram um mecanismo que usava a força do recuo ou pressão para carregar automaticamente a arma. Cada vez que o gatilho é acionado a arma dispara e uma nova bala fica em posição para o disparo. Assim nasceram as armas automáticas.
Outra inovação da época foi o pente de munição. Através dele, as balas seriam acondicionadas na arma através de um carregador, manualmente inserido na parte posterior. O mecanismo era bem mais prático que o cilindro do revólver, que comportava uma quantidade limitada de disparos e que demorava para ser recarregado. O atirador poderia facilmente descartar um pente e inserir outra para continuar atirando. Além disso, o número de balas era maior, enquanto um revólver normalmente aceitava 6 balas (daí o nome six-shooters) as armas com pente (clip) aceitavam até 10balas.
Finalmente a inovação final veio com o formato diferenciado dessas ovas armas. Se os revólvers tinham um formato padrão, as armas alemãs eram modernas e diferentes de tudo o que já tinha sido visto. Além disso, o formato concedia estabilidade e maior precisão.
Duas pistolas ganharam fama e se tornaram ícones: a Mauser M-96 e a Luger p08.
MAUSER M1896
Mais conhecida como "Broomhandle" (Cabo de Vassoura), a M1896 é uma das mais distintas armas de fogo produzidas e continua sendo um item popular entre atiradores e colecionadores, apesar de ter mais de um século. O apelido, é claro, surgiu em função do cabo de madeira estreito. A recarregador é inserido através de um mecanismo de mola na frente do gatilho e comporta 10 balas.
Desenhada e construída na Alemanha, a produção em massa se iniciou em 1896 com modelos utilizando a potente munição 7.63 mm, a mesma utilizada nos rifles da infantaria alemã. Vendida para o exército imperial germânico, a pistola Mauser logo se converteu em uma arma notável, usada pelos oficiais de carreira.
Na Grande Guerra e na Guerra Civil espanhola, a Mauser foi adaptada para receber munição ainda maior com 9 mm. Essas armas eram usadas com uma ombreira de madeira que podia ser encaixada na parte poterior, transformando-a em uma espécie de rifle compacto.
O Broomhandle foi criado originalmente na Alemanha, mas foi produzido em vários outros países, incluíndo Noruega, Espanha e China. O exército imperial russo também se interessou por essa arma e mais de 200 mil unidades foram enviadas para a Rússia pouco antes da Grande Guerra. Posteriormente elas acabaram caíndo nas mãos dos Revolucionários bolcheviques. Tavez daí venha a fama do Mauser como pistola preferida de guerrilheiros e insurgentes até os dias atuais.
Mesmo sendo uma arma atraente, o Bromhandle tem algumas desvantagens. A principal é que sua produção é cara. A outra é que a pistola é mais pesada e tem um formato diferenciado que exige que o atirador se familiarize com seu funcionamento. O mais notável entusiasta dessa arma foi o jovem Winston Churchill que usou uma Broomhandle em uma sangrenta luta corpo a corpo contra Dervishes no Sudão. Em sua biografia, Churchill comenta que não teria sobrevivido se não tivesse sua pistola Mauser naquela ocasião. "Em termos de força defensiva, a Mauser é uma arma notável" escreveu ele.
Em termos de jogo, é mais provável que personagens europeus, alemães e russos utilizem o Mauser 1896. Na Inglaterra a arma não é muito difundida, embora militares em serviço nas colônias do Império Britânico a utilizem largamente. Os americanos jamais foram muito afeitos dessa arma, talvez pelo fato da munição utilizada ser rara nos Estados Unidos. Alguns veteranos da Grande Guerra, contudo podem ter conseguido uma dessas armas como souvenir nas trincheiras.
LUGER P08
Talvez essa seja a mais conhecida pistola produzida na Alemanha. A Luger está intimamente associada às forças armadas da Alemanha e foi empregada como arma de serviço nas duas Grandes Guerras. A Primeira Grande Guerra deu à Luger enorme fama quando ela se converteu na arma de mão das tropas do Kaiser. Na Segunda Guerra ela continuou sendo largamente usada com algumas poucas modificações.
A Luger possui um formato diferenciado com qualiaddes de mira que fazem dela uma arma extremamente fácil de ser usada. "Basta apontar e pressionar o gatilho" dizia o manual, "a bala será direcionada sem desvios". Ela começou a ser produzida em 1908 com munição 9 mm e com uma inovação: uma trava manual de segurança. Para disparar a trava precisava ser acionada o que garantia certo grau de segurança para o atirador.
A pistola se tornou a arma mais desejada durante a Grande Guerra - perdendo apenas para as espadas dos oficiais japoneses. Os soldados aliados disputavam entre si a posse dessas armas como troféu de guerra. A febre pela Luger era tão grande que os alemães a usavam como isca em armadilhas. Pistolas eram amarradas a granadas e quando o soldado pegava a pistola arrancava o pino causando a explosão. Vários soldados americanos foram mortos dessa maneira e o exército ficou tão preocupado que chegou a emitir uma ordem proibindo os soldados de recolher as armas. De pouco adiantou, fascínio pela Luger continuou.
Em 1938, o comando geral do exército tencionava substituir a Luger como arma padrão, pelo modelo Walther P38, mas os oficiais pediram que a arma continuasse a ser produzida. O apetite pela Luger continuava crescendo e como resultado mais de 400,000 unidades foram produzidas entre 1938 e 1943.
Apesar de ser adorada pelos militares a Luger apresentava dois defeitos óbvios. Sua produção era muito cara. Os modelos P38 que terminaram por substituí-la eram mais baratos e mais fáceis de serem produzidos. O segundo problema é que essa era uma arma sensível a areia, lama e sujeira. A Lugger precisava ser cuidadosamente limpa após o uso, do contrário existia o risco dela engasgar.
A Luger, no entanto, continua sendo uma arma popular entre militares e civis. Apreciadores de armas e colecionadores consideram a Luger uma das melhores armas jamais criadas.
O modelo mais tradicional da Luger é uma pistola semi-automática carregada pelo cabo através de um pente de munição comportando 10 projéteis de 9 mm. É uma arma de ação rápida e o atirador experiente é capaz de trocar o municiador facilmente. Pentes maiores, chamados de "Luger de artilharia" podem ser usados para acomodar até 14 balas. A pistola também permite que uma coronha de madeira seja acoplada transformando-a em um rifle compacto.
Em termos de jogo, a Luger é uma arma difundida em todo mundo. Os alemães a exportaram e ela esteve presente em praticamente todas as grandes guerras da primeira metade do século XX. Na Guerra Civil mexicana ela era usada pelas tropas federais, assim como pelos soldados de Franco na Espanha. A Luger ganhou fama nas mãos dos oficiais nazistas e por isso está intimamente associada aos regimes totalitários e fascistas. Franco e Goebels usavam pistolas Luger quando trajavam uniformes militares, o líder rebelde irlandês Michael Collins também tinha uma que usou na Guerra Civil de seu país. Até no Brasil, o bandoleiro Lampião usava uma Luger roubada do arsenal do exército.
Nos anos 20 e 30, a Luger já era amplamente comercializada e poderia chegar facilmente às mãos de investigadores. Na Grande Guerra muitas foram capturadas e chegaram à América e Inglaterra. Nos anos 40 sua identificação como "arma nazista" fez com que o público perdesse o interesse por ela, alguns investigadores civis podem até ser criticados por usá-la nessa época.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
O Mito do Causar Medo em uma mesa de RPG
Sejamos sinceros: alguém já sentiu MEDO em uma mesa de RPG?
Muitos mestres gostam de dizer que uma determinada sessão de jogo foi especialmente legal porque seus jogadores ficaram apavorados.
Sinceramente, eu tenho as minhas dúvidas se é possível criar uma real sensação de medo nos jogadores através de uma narrativa de RPG. Notem que não estou falando de desconforto ou de apreensão que são perfeitamente possíveis. Estou falando daquilo que Lovecraft chamava de "o mais antigo e duradouro parceiro da humanidade" o bom e velho medo.
Eu conheço alguns mestres que cismam que uma aventura de Horror não é boa se ele não consegue fazer os jogadores sentirem medo. E alguns que nem querem mestrar aventuras de terror porque não são "bons o bastante" para criar um ambiente de medo.
Já ouvi um amigo se queixar: "Meus jogadores ficam brincando e estragam o clima de horror da aventura, acho que não sou bom para esse tipo de estória".
Ora, vamos... acho que alguns mestres são muito duros consigo mesmos. Não é fácil sentir medo estando na sala de estar da casa de alguém? Sentir terror em uma mesa repleta de salgadinhos e refrigerante? Sentir pavor em um ambiente totalmente controlado e seguro ao lado de vários conhecidos?
Criar medo em uma mesa de RPG deve ser uma coisa difícil, eu sinceramente não sei se já consegui chegar perto disso.
Uma coisa que é plenamente possível é estabelecer um clima. Mas isso depende muitos dos jogadores e do mestre. Jogar à luz de velas, remover distrações do alcance dos jogadores, deixar uma música adequada rolando baixinho, pedir uma maior concentração no roleplay... tudo isso ajuda a criar sensações, embora de modo algum seja obrigatório.
Nada, entretanto, substitui uma boa descrição. Se você, como mestre conseguir ser detalhista e passar para os jogadores o que seus personagens estão sentido, fique satisfeito. E se eles conseguirem se colocar no papel dos personagens que estão sendo afligidos por algo assustador é possível que você obtenha alguns calafrios. Com um pouco de sorte é possível obter um leve gaguejar de indecisão e algumas caretas.
A verdade é que hoje em dia é difícil perturbar as pessoas. Certa vez li uma biografia de Mary Shelley, onde o autor comentava que a leitura de Frankenstein causava desmaios em mocinhas que ouviam o romance sendo lido no começo do século. Certos trechos eram tão evocativos que as pessoas não suportava e desfaleciam. Hoje em dia parece exagero, mas esse grau de sensibilidade um dia existiu entre as pessoas.
Quando o filme "O Exorcista" chegou aos cinemas em 1973, houve certa histeria (alimentado pelos produtores, é bem verdade) de que o filme era tão chocante que pessoas passavam mal e desmaiavam no cinema. Verdade ou mentira, acho que se o Exorcista passar hoje em dia num cinema muita gente vai bocejar.
Cada pessoa tem um certo grau de sensibilidade e além desse ponto começa a surgir a apreensão, o incômodo e só então vem o medo (que depois viria o choque, pavor e terror, mas não queremos ir tão longe, não é?)
Alguns mestres de RPG acham que toda a aventura de horror (não apenas os jogos com temática cthulhiana) precisa ser uma celebração de terror capaz de realmente apavorar os jogadores.
Não é bem assim!
Jogos de RPG devem ser antes de tudo divertidos. Eles devem se traduzir em algo interessante, capaz de estimular a curiosidade, a criatividade e a imaginação.
Se você conseguiu isso como mestre, parabéns. Missão cumprida.
Muitos mestres gostam de dizer que uma determinada sessão de jogo foi especialmente legal porque seus jogadores ficaram apavorados.
Sinceramente, eu tenho as minhas dúvidas se é possível criar uma real sensação de medo nos jogadores através de uma narrativa de RPG. Notem que não estou falando de desconforto ou de apreensão que são perfeitamente possíveis. Estou falando daquilo que Lovecraft chamava de "o mais antigo e duradouro parceiro da humanidade" o bom e velho medo.
Eu conheço alguns mestres que cismam que uma aventura de Horror não é boa se ele não consegue fazer os jogadores sentirem medo. E alguns que nem querem mestrar aventuras de terror porque não são "bons o bastante" para criar um ambiente de medo.
Já ouvi um amigo se queixar: "Meus jogadores ficam brincando e estragam o clima de horror da aventura, acho que não sou bom para esse tipo de estória".
Ora, vamos... acho que alguns mestres são muito duros consigo mesmos. Não é fácil sentir medo estando na sala de estar da casa de alguém? Sentir terror em uma mesa repleta de salgadinhos e refrigerante? Sentir pavor em um ambiente totalmente controlado e seguro ao lado de vários conhecidos?
Criar medo em uma mesa de RPG deve ser uma coisa difícil, eu sinceramente não sei se já consegui chegar perto disso.
Uma coisa que é plenamente possível é estabelecer um clima. Mas isso depende muitos dos jogadores e do mestre. Jogar à luz de velas, remover distrações do alcance dos jogadores, deixar uma música adequada rolando baixinho, pedir uma maior concentração no roleplay... tudo isso ajuda a criar sensações, embora de modo algum seja obrigatório.
Nada, entretanto, substitui uma boa descrição. Se você, como mestre conseguir ser detalhista e passar para os jogadores o que seus personagens estão sentido, fique satisfeito. E se eles conseguirem se colocar no papel dos personagens que estão sendo afligidos por algo assustador é possível que você obtenha alguns calafrios. Com um pouco de sorte é possível obter um leve gaguejar de indecisão e algumas caretas.
A verdade é que hoje em dia é difícil perturbar as pessoas. Certa vez li uma biografia de Mary Shelley, onde o autor comentava que a leitura de Frankenstein causava desmaios em mocinhas que ouviam o romance sendo lido no começo do século. Certos trechos eram tão evocativos que as pessoas não suportava e desfaleciam. Hoje em dia parece exagero, mas esse grau de sensibilidade um dia existiu entre as pessoas.
Quando o filme "O Exorcista" chegou aos cinemas em 1973, houve certa histeria (alimentado pelos produtores, é bem verdade) de que o filme era tão chocante que pessoas passavam mal e desmaiavam no cinema. Verdade ou mentira, acho que se o Exorcista passar hoje em dia num cinema muita gente vai bocejar.
Cada pessoa tem um certo grau de sensibilidade e além desse ponto começa a surgir a apreensão, o incômodo e só então vem o medo (que depois viria o choque, pavor e terror, mas não queremos ir tão longe, não é?)
Alguns mestres de RPG acham que toda a aventura de horror (não apenas os jogos com temática cthulhiana) precisa ser uma celebração de terror capaz de realmente apavorar os jogadores.
Não é bem assim!
Jogos de RPG devem ser antes de tudo divertidos. Eles devem se traduzir em algo interessante, capaz de estimular a curiosidade, a criatividade e a imaginação.
Se você conseguiu isso como mestre, parabéns. Missão cumprida.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Mitologia do Indizível - Revisitando o Mito de Caribdis e Scylla
Esse artigo contém SPOILERS.
Ele possui algumas informações sobre o cenário "O Horror de Kingsbury" que está no livro básico de Rastro de Cthulhu. Se você pretende jogar ou participar do cenário é interessante parar a leitura nesse ponto a fim de não estragar sua diversão e dos demais envolvidos.
O que diz a Mitologia Grega:
Em tempos antigos, Caribdis era uma lenda regional difundida na Grécia Continental entre os marinheiros e pescadores, como alusão aos perigos da navegação. Segundo eles, Caribdis era uma força natural que gerava turbilhões capazes de afundar embarcações inteiras.
Foi Homero quem transformou-a em entidade mitológica. Segundo a mitologia, Caribdis é um monstro marinho (originalmente uma náiade, ). Homero a chamava de "a divina Caribdis".
Conforme os escritos de Homero, Caribdis era originalmente uma ninfa, filha de Ponto, o protetor dos limites territoriais no mar e de Gaia. Possuidora de um apetite voraz, ela exigia dos viajantes que lhe fosse entregue comida e bebida para aplacar sua fome. Sua caverna era cercada de ossos dos animais que ela conseguia alcançar. Quando Héracles passou perto de Messina, levando os bois de Gerião, ela roubou os animais e devorou-os. Ao investir contra o herói, que tentava recuperar seu gado, Caríbdis foi fulminada por Zeus que interveio com um raio. A ninfa foi fulminada e atirada às profundezas do mar. Mas ela não morreu: ressentida Caribdis nadou para uma caverna submatina para curar suas feridas, lá se transformou em um horrendo monstro marinho.
Caribdis é citada uma vez mais na Odisséia, quando o herói Odisseu cai no mar e é arrastado por um turbilhão, após um naufrágio. Odisseu consegue se salvar agarrando-se ao mastro do navio antes de se afogar. Seus companheiros de tripulação, no entanto, não tiveram a mesma sorte e acabam devorados.
Segundo a lenda Caribdis é descrita como um montro horrendo com a forma de um réptil gigante escamoso. Ela nada velozmente em círculos criando maremotos e redemoinhos que puxam as embarcações para as profundezas.
Na tradição mitológica grega, Caribdis é normalmente relacionada a Scylla, outro monstro marinho tenebroso. As duas habitavam os lados opostos do estreito de Messina, que separa a Itália da Sicília, e personificavam os perigos da navegação perto de rochas e redemoinhos. O próprio nome Sicília deriva de Scylla.
Scylla é uma ninfa de rara beleza, mas da cintura para baixo ela está ligada a inúmeros tentáculos que crescem, cada um terminando em uma cabeça de cachorro que uiva e rosna sem parar. Quando um navio se aproxima, as cabeças caninas ladram alertando Scylla e ela se apressa em investigar o que está acontecendo.
As duas aberrações eram tão temidas nos tempos de Homero que os pescadores faziam sacrifícios de animais antes de sair para o mar. A carcaça das oferendas teoricamente servia para satisfazer os monstros que os deixariam retornar incólumes.
O Mito Grego relacionado ao Mythos de Cthulhu
O cenário de Rastro de Cthulhu "O Horror em Kingsbury" pressupõe que um maníaco está assassinando pessoas para promover a invocação dessas duas horríveis entidades.
Enquanto Caribdis cria um turbilhão de imagens e lapsos temporais que assola a cidade, Scylla aparece no final do cenário como resultado direto dos assassinatos, na forma de uma aberração monstruosa "vestindo" a cabeça das vítimas do Açougueiro.
O autor não deixa claro se Caribdis e Scylla são realmente as criaturas do mito grego ou se são interpretações de horrores ancestrais muito mais antigos. Pessoalmente, prefiro esta segunda hipótese.
Gosto de imaginar que Caribdis, um monstro muito mais destrutivo, estaria de alguma forma relacionado a Yog-Sothoth (possibilidade contemplada na aventura). A relação de Caribdis com distúrbios temporais sugere que ele de alguma forma tenha uma ligação com esse Deus Exterior que rege o tempo. Talvez Caribdis seja um avatar ou uma progêne com alguma outra entidade. Destrutivo o suficiente para varrer Cleveland do mapa, trata-se de uma monstruosiadde de respeito. As ondas de ressonânica de Caribdis são ótimas para criar confusão e a impressão de que se está vivendo entre sonho e realidade.
Scylla também parece uma criatura do Mythos, mas pela sua forma bizarra e apetite extremo, eu diria que ela de alguma forma se relaciona com Shub-Niggurath. Novamente seria um avatar menor ou uma progêne. O fato dela surgir a partir de sacrifícios também reforça a relação com a Deusa Exterior da Fertilidade, uma divindade que aceita sacrifícios.
Há algo de medonho na representação de Scylla. Uma massa translúcida de tentáculos que se agita. No final de cada um desses tentáculos encontra-se uma cabeça humana que murmura e geme. Poucas coisas podem ser mais apavorantes que isso. Descrever essa aberração pode ser um dos grandes momentos do cenário.
Fiz uma pequena mudança cosmética quanto a "Pedra Vermelha", o estranho artefato usado para canalizar o poder das entidades. Assumi que ela é uma estatueta grega. Na minha opinião tem mais a ver, uma pequena obra de arte clássica. Até consegui uma foto de uma estatueta grega representando Scylla e Caribdis que pretendo usar quando for narrar.
Ademais a solução final com os investigadores tendo de destruir a estatueta me parece mais interessante do que eles enfrentando as entidades, dinamitando o local, se sacrificando ou sacrificando alguns pobre diabos.
Ele possui algumas informações sobre o cenário "O Horror de Kingsbury" que está no livro básico de Rastro de Cthulhu. Se você pretende jogar ou participar do cenário é interessante parar a leitura nesse ponto a fim de não estragar sua diversão e dos demais envolvidos.
O que diz a Mitologia Grega:
Em tempos antigos, Caribdis era uma lenda regional difundida na Grécia Continental entre os marinheiros e pescadores, como alusão aos perigos da navegação. Segundo eles, Caribdis era uma força natural que gerava turbilhões capazes de afundar embarcações inteiras.
Foi Homero quem transformou-a em entidade mitológica. Segundo a mitologia, Caribdis é um monstro marinho (originalmente uma náiade, ). Homero a chamava de "a divina Caribdis".
Conforme os escritos de Homero, Caribdis era originalmente uma ninfa, filha de Ponto, o protetor dos limites territoriais no mar e de Gaia. Possuidora de um apetite voraz, ela exigia dos viajantes que lhe fosse entregue comida e bebida para aplacar sua fome. Sua caverna era cercada de ossos dos animais que ela conseguia alcançar. Quando Héracles passou perto de Messina, levando os bois de Gerião, ela roubou os animais e devorou-os. Ao investir contra o herói, que tentava recuperar seu gado, Caríbdis foi fulminada por Zeus que interveio com um raio. A ninfa foi fulminada e atirada às profundezas do mar. Mas ela não morreu: ressentida Caribdis nadou para uma caverna submatina para curar suas feridas, lá se transformou em um horrendo monstro marinho.
Caribdis é citada uma vez mais na Odisséia, quando o herói Odisseu cai no mar e é arrastado por um turbilhão, após um naufrágio. Odisseu consegue se salvar agarrando-se ao mastro do navio antes de se afogar. Seus companheiros de tripulação, no entanto, não tiveram a mesma sorte e acabam devorados.
Segundo a lenda Caribdis é descrita como um montro horrendo com a forma de um réptil gigante escamoso. Ela nada velozmente em círculos criando maremotos e redemoinhos que puxam as embarcações para as profundezas.
Na tradição mitológica grega, Caribdis é normalmente relacionada a Scylla, outro monstro marinho tenebroso. As duas habitavam os lados opostos do estreito de Messina, que separa a Itália da Sicília, e personificavam os perigos da navegação perto de rochas e redemoinhos. O próprio nome Sicília deriva de Scylla.
Scylla é uma ninfa de rara beleza, mas da cintura para baixo ela está ligada a inúmeros tentáculos que crescem, cada um terminando em uma cabeça de cachorro que uiva e rosna sem parar. Quando um navio se aproxima, as cabeças caninas ladram alertando Scylla e ela se apressa em investigar o que está acontecendo.
As duas aberrações eram tão temidas nos tempos de Homero que os pescadores faziam sacrifícios de animais antes de sair para o mar. A carcaça das oferendas teoricamente servia para satisfazer os monstros que os deixariam retornar incólumes.
O Mito Grego relacionado ao Mythos de Cthulhu
O cenário de Rastro de Cthulhu "O Horror em Kingsbury" pressupõe que um maníaco está assassinando pessoas para promover a invocação dessas duas horríveis entidades.
Enquanto Caribdis cria um turbilhão de imagens e lapsos temporais que assola a cidade, Scylla aparece no final do cenário como resultado direto dos assassinatos, na forma de uma aberração monstruosa "vestindo" a cabeça das vítimas do Açougueiro.
O autor não deixa claro se Caribdis e Scylla são realmente as criaturas do mito grego ou se são interpretações de horrores ancestrais muito mais antigos. Pessoalmente, prefiro esta segunda hipótese.
Gosto de imaginar que Caribdis, um monstro muito mais destrutivo, estaria de alguma forma relacionado a Yog-Sothoth (possibilidade contemplada na aventura). A relação de Caribdis com distúrbios temporais sugere que ele de alguma forma tenha uma ligação com esse Deus Exterior que rege o tempo. Talvez Caribdis seja um avatar ou uma progêne com alguma outra entidade. Destrutivo o suficiente para varrer Cleveland do mapa, trata-se de uma monstruosiadde de respeito. As ondas de ressonânica de Caribdis são ótimas para criar confusão e a impressão de que se está vivendo entre sonho e realidade.
Scylla também parece uma criatura do Mythos, mas pela sua forma bizarra e apetite extremo, eu diria que ela de alguma forma se relaciona com Shub-Niggurath. Novamente seria um avatar menor ou uma progêne. O fato dela surgir a partir de sacrifícios também reforça a relação com a Deusa Exterior da Fertilidade, uma divindade que aceita sacrifícios.
Há algo de medonho na representação de Scylla. Uma massa translúcida de tentáculos que se agita. No final de cada um desses tentáculos encontra-se uma cabeça humana que murmura e geme. Poucas coisas podem ser mais apavorantes que isso. Descrever essa aberração pode ser um dos grandes momentos do cenário.
Fiz uma pequena mudança cosmética quanto a "Pedra Vermelha", o estranho artefato usado para canalizar o poder das entidades. Assumi que ela é uma estatueta grega. Na minha opinião tem mais a ver, uma pequena obra de arte clássica. Até consegui uma foto de uma estatueta grega representando Scylla e Caribdis que pretendo usar quando for narrar.
Ademais a solução final com os investigadores tendo de destruir a estatueta me parece mais interessante do que eles enfrentando as entidades, dinamitando o local, se sacrificando ou sacrificando alguns pobre diabos.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Os Assassinatos de Kingsbury Run - A história real do notório Açougueiro de Cleveland
A narrativa à seguir é um apanhado sobre os crimes reais que aterrorizaram os habitantes de Cleveland na década de 30. Os assassinatos de Kingsbury marcaram a aparição do primeiro e possivelmente um dos mais sanguinários assassinos em série da história americana.
O caso é examinado no cenário "O Horror de Kingsbury" que serve como introdução para Rastro de Cthulhu. Embora o livro traga as informações necessárias para o mestre narrar o cenário, aqui estão mais alguns detalhes interessantes a respeito desse caso assustador. Esses recursos podem ser úteis se o guardião quiser detalhar um pouco mais a aventura.
Preferi não recorrer a fotografias reais do crime, achei melhor fazer uma autocensura e evitar colocar imagens chocantes. É possível encontrar essas fotografias na internet, mas sugiro aos guardiões que usem essas fotos apenas se o grupo demonstrar maturidade e discernimento.
Cleveland no início da década de 1930 era uma cidade em desenvolvimento.
A população crescia à olhos vistos, abraçando uma mistura de trabalhadores estrangeiros e emigrantes em busca de melhores condições de vida. Os subúrbios não paravam de crescer e pareciam prestes a explodir com o fluxo de pessoas e comércio. Ruas foram abertas ou alargadas e prédios construídos às pressas. A Exposição dos Grandes Lagos e a Convenção Nacional dos Democratas já haviam sido marcadas para 1936, assim como outros importantes eventos. Apesar da Depressão, algumas pessoas estavam se saindo bem.
Foi nesse panorama que um dos mais prolíficos e bestiais Serial Killers de todos os tempos começou a lançar uma sombra de terror que aterrorizou a população de Cleveland. Treze pessoas foram brutalmente assassinadas no decorrer de quatro anos, começando em 1934 - todas as vítimas foram decapitadas, algumas enquanto ainda estavam vivas.
Embora o famoso investigador policial Eliot Ness tenha dito que o caso foi resolvido, nenhum suspeito foi identificado, e ninguém foi trazido à julgamento. Os crimes terminaram tão abruptamente quanto começaram. Até os dias atuais os assassinatos de Kingsbury Run permanecem como um dos mais sensacionais e intrigantes enigmas da história dos Estados Unidos.
Kingsbury Run ficava na cabeceira de um rio que cortava a região metropolitana de Cleveland. Trilhos de trens e uma autoestrada atualmente passam pelo local, mas nos anos 30 a paisagem era bem diferente. Limitada pela Avenida Woodland ao norte e pela Broadway no sul, Kingsbury Run era uma vizinhança isolada, escura e perigosa naqueles tempos. Famílias que haviam perdido tudo na Depressão viviam em situação deplorável, barracos de madeira e casebres disputavam espaço com pilhas de lixo e sujeira ao longo da Run. Essas pessoas eram em sua maioria miseráveis, muitos deles andarilhos e vagabundos que viajavam clandestinamente em trens e que buscavam qualquer abrigo para escapar do brutal inverno de Cleveland. A leste da Run havia uma área chamada por seus frequentadores de “The Roaring Third”, onde havia todo o tipo de negócio sórdido desde bares e bordéis, até casas de jogo. Nesse ambiente insalubre, aconteceria o mais notório caso de assassinato na história de Cleveland.
Foto oficial da descoberta do primeiro cadáver em 1935.
Tudo começou em Setembro de 1934, um jovem fez uma descoberta macabra nas margens enlameadas do Lago Erie. Ele encontrou a parte inferior do torso de uma mulher, membros ainda presentes, mas amputadas na altura dos joelhos. O legista do condado, A.J Pierce, descobriu um tipo de composto químico sobre os restos que haviam ficado avermelhados. A busca subsequente revelou algumas partes de corpo. O cadáver pertencia a uma mulher com cerca de 30 anos. A cabeça jamais foi encontrada e a mulher nunca foi identificada. Ela foi chamada pela imprensa de "A Dama do Lago". Apenas dois anos mais tarde essa morte foi incluída na conta do Açougueiro de Cleveland, a primeira vítima oficial do matador. O caso ganharia fama e a investigação se iniciaria oficialmente cerca de um ano depois da mórbida descoberta.
Em Setembro de 1935 dois adolescentes encontraram o cadáver decapitado e emasculado de um homem branco, nas cercanias de Jackass Hill, limites de Kingsbury Run. O cadáver nu, exceto por um par de meias, estava limpo e com pouco sangue. Haviam marcas de corda em seus pulsos. O legista após examinar o corpo concluiu que a causa da morte havia sido a decapitação por um instrumento pesado e afiado, possivelmente um machado. Impressões digitais identificaram o indivíduo como sendo Edward Andrassy, um homem branco de vinte e oito anos.
Andrasy tinha passagem criminal, supostamente era homossexual e frequentava o Roaring Third. Investigando a área em busca de pistas, a polícia encontrou um segundo corpo, também decapitado e emasculado coberto com o mesmo composto químico preservativo espalhado sobre a "Dama do Lago". Dado o estado de putrefação, o corpo parecia ter sido abandonado ali há pelo menos duas semanas. O homem de quarenta e poucos anos, jamais foi identificado.
Era apenas o começo do espetáculo de terror que Cleveland assistiria em estupor.
Em janeiro de 1936 uma funcionária da Indústria Hart, descobriu o corpo mutilado de uma mulher embrulhado em jornal e disposto em duas grandes cestas de piquenique. As cestas foram deixadas na entrada do prédio da firma, na Central Avenue. Os membros foram encontrados dias mais tarde na Orange Avenue a cerca de 5 quadras dali. A cabeça, no entanto, jamais foi achada.
Detetives e médicos legistas examinam a cena do crime e os restos encontrados. A polícia se mostrava perplexa.
Da mesma forma que no caso de Edward Andrassy, a causa da morte havia sido decapitação. Por alguma razão, o assassino dessa vez esperou até o rigor mortis se iniciar para desmembrar o cadáver. As impressões digitais ajudaram a identificar a vítima como Florence Polillo, garçonete, atendente de bar e prostituta ocasional. Na época de sua morte, ela residia na Roaring Third.
Seis meses depois, dois rapazes vasculhavam o lixo quando fizeram outra descoberta macabra: Encontraram a cabeça de um homem embrulhada cuidadosamente com restos de roupa. O corpo foi achado no dia seguinte próximo do prédio da delegacia de polícia. O cadáver havia sido limpo e o sangue drenado, com exceção da cabeça ausente, ele estava incólume. Mais uma vez o legista determinou que a causa da morte havia sido decapitação. Embora as impressões digitais tenham sido colhidas e a vítima possuísse seis tatuagens distintas, a polícia nunca conseguiu descobrir a identidade do sujeito de vinte e poucos anos. Em um detalhe mórbido, uma máscara facial da vítima foi feita com gesso e as tatuagens cuidadosamente fotografadas. Esse material foi apresentado na Exposição dos Grandes Lagos em 1936 e mais de 100 mil pessoas se acotovelaram para ver a máscara e as tatuagens. Enormes filas se formaram, mas ninguém foi capaz de identificar positivamente o sujeito que foi apelidado de "Homem Tatuado".
Apenas um mês depois, em Julho, uma garota encontrou os restos de um homem de quarenta e poucos anos na floresta de Big Creek. A vítima estava morta há pelo menos dois meses e parcialmente enterrada. Sua cabeça e uma pilha de roupas ensanguentadas foram descobertas perto dali em uma cova. Pela quantidade de sangue encontrada no solo, o legista confirmou que a vítima havia sido morta no local onde foi encontrada. O assassino havia sido descuidado, deixando marcas e pegadas, mas nada disso serviu para descobrir sua identidade.
O rastro de cadáveres apenas continuou a crescer. Em setembro um vagabundo tropeçou no torso de um homem próxima da linha de trens em Kingsbury Run, estava largado ao lado de um vagão abandonado. A polícia investigou a área e encontrou no fundo de uma lagoa ali perto as pernas da vítima e uma serra que foi usada para desmembrar o cadáver. As autoridades conduziram uma busca no lago, sob o olhar atento de mais de 600 curiosos contagiados pela febre do Assassino do Torso. Ironicamente, o assassino poderia estar no meio dessa multidão, saboreando o momento em que pedaços de sua vítima eram trazidos à superfície.
A vítima número seis tinha cerca de 30 anos, e havia morrido em decorrência de um único golpe no pescoço que lhe arrancou a cabeça. A arma era extremamente afiada: a lâmina de um machado de lenhador ou então um sabre de cavalaria poderia ser responsável por um corte limpo. O Legista Pierce concluiu que a ausência de marcas de hesitação nos restos indicavam se tratar de um indivíduo forte e familiarizado com a anatomia humana. O cadáver jamais foi identificado.
Seis mortes haviam ocorrido em um período de um ano e a polícia não tinha pistas ou suspeitos. A imprensa de Cleveland noticiava os horríveis crimes em manchetes sensacionalistas para vender jornais. O assassino ganhou o nome de "Açougueiro Louco" e a histeria começou a se espalhar pela cidade. A tensão chegou a tal ponto, que inocentes apontados como sendo o matador, foram capturados e linchados pela multidão. Grupos de vigilantes se formaram para patrulhar as ruas. Policiais eram hostilizados pela população insatisfeita. A cidade estava à beira do caos.
Eliot Ness, um dos mais conhecidos agentes da lei esteve intimamente envolvido na caçada ao Assassino de Cleveland. Sua carreira acabou arranhada por esse caso.
Cedendo a pressão popular o Prefeito Harold Burton, nomeou Eliot Ness - famoso por ter liderado a força tarefa que condenou o gangster Al Capone em Chicago - para o cargo de Diretor de Segurança. As autoridades e o público esperavam que ele fizesse um milagre. Na apresentação de Ness, o legista Pierce presidiu uma conferência que a imprensa chamou de "Clínica do Torso" onde experts discutiram as motivações e tentaram traçar um perfil do responsável pelos homicídios.
O departamento de polícia de Cleveland colocou os detetives Merylo e Zelewski exclusivamente no caso. Algo precisava ser feito com urgência.
Ness e os detetives começaram a agir diretamente sobre o antro do submundo de Kingsbury Run, o Roaring Third. Policiais disfarçados de vagabundos vagavam pelo local em busca de pistas, conversavam com frequentadores dos bares e buscavam indivíduos conhecidos por violência. Inúmeras pessoas foram entrevistadas e centenas acabaram presas sob suspeita, mas não havia provas concretas que indicassem o matador.
As eleições de Novembro reelegeram Burton como prefeito, mas o legista Pierce foi substituído por um jovem progressista, Sam Gerber. A implacável determinação de Gerber, junto com seu conhecimento forense o alçaram como um dos principais investigadores no caso.
Gerber não precisou esperar muito para ser confrontado pelo assassino. Em fevereiro de 1937 um homem encontrou a parte superior de um torso de mulher enterrado na areia de uma praia em Brahtenahl. Diferente das demais vítimas, a causa da morte não havia sido a decapitação; esta havia acontecido quando ela já estava morta. A parte inferior do cadáver foi encontrada três meses depois por trabalhadores no esgoto em uma galeria inundada. A mulher com cerca de trinta anos nunca foi identificada.
Em junho de 1937, um rapaz encontrou um crânio humano de baixo da ponte que ligava Lorain e Carnegie nos limites de Kingsbury. Próximo a ele, em um grande saco estavam os restos de uma mulher negra de 40 anos de idade mutilada e dissecada. Empregando dentistas ela foi identificada como Rose Wallace, residente de Carnegie. A polícia não descobriu nenhuma pista que pudesse ser útil em seu cadáver exceto que a dissecação havia acontecido com grande técnica e perícia.
O detetive Merylo um dos responsáveis pelo caso examina facas em busca de uma arma que pudesse ter causado os ferimentos nas vítimas do Açougueiro.
No mês seguinte, o Sindicato dos Trabalhadores entrou em conflito nas ruas de Cleveland contra a Guarda Nacional após um protesto por melhores condições de serviço. Um guarda patrulhando as ruas após o distúrbio encontrou os restos da vítima número nove boiando no rio. Nos dias seguintes, a polícia recuperou o corpo inteiro, exceto a cabeça, das águas do Rio Cuyahoga. O abdômen da vítima havia sido aberto e seu coração arrancado, indicando que o assassino estaria experimentando e evoluindo em seu método. A vítima tinha cerca de 30 anos e jamais foi identificada.
Quase um ano se passou sem ataques, até que em abril de 1938 um operário avistou o que achava ser um peixe grande nos bancos do rio Cuyahoga. Ao se aproximar ele percebeu que se tratava da porção inferior da perna de uma mulher, o primeiro pedaço da décima vítima. Buscas na água encontraram outras partes e Gerber conseguiu descobrir traços de drogas no organismo dela. Seria assim que o assassino paralisava suas vítimas ou ela era uma usuária de heroína. A descoberta dos braços poderia lançar uma luz sobre o caso, mas estes nunca foram encontrados.
Meses depois mais um torso de mulher foi achado em um terreno baldio embrulhado em um cobertor. Junto com a embalagem a polícia descobriu papéis de embrulho e luvas de plástico sujas de sangue. A cabeça estava em outro pacote ali perto. O legista dessa vez descobriu que os restos pareciam ter ficado em um ambiente refrigerado. Enquanto buscavam por mais pistas, a polícia encontrou um segundo cadáver próximo. Ironicamente, esses dois corpos foram despejados em um lugar a poucas quadras do escritório de Eliot Ness, quase com uma provocação do assassino.
A resposta veio na mesma semana. Ness e um efetivo de trinta oficiais de polícia, decidiram investigar os casebres às margens do rio onde os últimos corpos haviam sido encontrados. A operação de "pente fino" visava encontrar o covil que o assassino supostamente vinha usando para eliminar suas vítimas. Pela manhã, polícia e bombeiros retiraram os moradores e atearam fogo aos casebres.
A imprensa criticou as ações de Ness e sua incapacidade de encontrar o responsável. A ação contra os moradores da beira do rio não ajudaria em nada na caça ao criminoso e apenas aumentou o clima de insegurança. O público estava preocupado e frustrado.
Mas então os crimes pararam de maneira tão brusca e inexplicável como quando se iniciaram.
Em julho, o xerife do Condado Martin O’Donnell, que não era da polícia de Cleveland, prendeu um pedreiro de cinquenta e dois anos chamado Frank Dolezal pelo assassinato de Flo Polillo. Dolezal havia tido um caso amoroso com a vítima e investigações posteriores demonstraram que ele conhecia Edward Andrassy e Rose Wallace.
Frank Dolezal acabou sendo o único homem acusado de ser o infame açougueiro de Cleveland. Na foto ao lado ele deixa a delegacia acompanhado do xerife O'Donell.
Muitos investigadores atuais suspeitam que o verdadeiro assassino do torso fosse o Dr. Francis Sweeney um cirurgião que possuía uma clínica nos arredores de Kingsbury Run. Sweeney trabalhou durante a Grande Guerra em uma unidade médica especializada em amputações. Sabe-se que o médico foi entrevistado pessoalmente por Eliot Ness, mas dispensado. Durante o interrogatório, Sweeney teria sido testado com um polígrafo e teria falhado duas vezes seguidas. Ness, no entanto, achava que apontar o médico como responsável poderia arruinar sua carreira, pois Sweeney era primo de um congressista e uma pessoa importante na cidade.
Quase 100 anos depois dos infames Assassinatos de Kingsbury Run, os crimes permanecem como um dos mais assustadores casos criminais da história americana, mais assustador pelo simples motivo de que o responsável jamais tenha sido capturado.
Após um longo interrogatório ele confessou a autoria dos crimes, mas a confissão era totalmente incoerente e ausente de detalhes, quase como se ele tivesse sido orientado a falar. Antes de ser enviado para o tribunal, Dolezal foi encontrado morto em sua cela, supostamente havia cometido suicídio. A imprensa levantou dúvidas a respeito da morte, afirmando que Dolezal não conseguiria se enforcar tão facilmente. A autópsia de Gerber revelou que o preso tinha seis costelas quebradas e marcas de agressão. Atualmente ninguém acredita que ele fosse o verdadeiro assassino do torso.
Muitos investigadores atuais suspeitam que o verdadeiro assassino do torso fosse o Dr. Francis Sweeney um cirurgião que possuía uma clínica nos arredores de Kingsbury Run. Sweeney trabalhou durante a Grande Guerra em uma unidade médica especializada em amputações. Sabe-se que o médico foi entrevistado pessoalmente por Eliot Ness, mas dispensado. Durante o interrogatório, Sweeney teria sido testado com um polígrafo e teria falhado duas vezes seguidas. Ness, no entanto, achava que apontar o médico como responsável poderia arruinar sua carreira, pois Sweeney era primo de um congressista e uma pessoa importante na cidade.
Em 1938, pouco depois do último crime conhecido, Sweeney se internou voluntariamente em um sanatório privado que diagnosticou um quadro de perturbação nervosa e esquizofrenia latente. Ele morreu no hospital dos veteranos em 1964.
Uma coisa é certa, Eliot Ness tinha um suspeito que ele acreditava ser o verdadeiro assassino. Esse suspeito continuou provocando Ness através de cartas e cartões postais por muitos e muitos anos depois que os assassinatos pararam. As cartas endereçadas ao investigador continuaram chegando até as suas mãos, mas em dado momento o próprio Ness afirmou ter desistido de lê-las e simplesmente as jogava fora. Não havia digitais ou qualquer pista que pudesse ser usada nas cartas e cartões enviados de centrais de correio de toda Cleveland.
Ness morreu acreditando que a pessoa que enviava cartas era uma fraude.
Quase 100 anos depois dos infames Assassinatos de Kingsbury Run, os crimes permanecem como um dos mais assustadores casos criminais da história americana, mais assustador pelo simples motivo de que o responsável jamais tenha sido capturado.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Cisne Negro - Espiral de Loucura e Insanidade em filme de... ballet?
Ontem fui assistir com a minha esposa o filme Cisne Negro (Black Swan/2010).
Engraçado como são as coisas...
Eu estava tentando escapar desse filme já faz umas semanas, por saber superficialmente que se trata de um filme sobre o mundo do ballet. Vou ser sincero, eu nunca simpatizei com ballet. Nunca entendi o que as pessoas enxergam nesse tipo de arte. Falando como leigo, ballet é tão inconcebível para mim quanto um slash movie é para... digamos, minha avó.
Mas eu estava devendo assistir um filme desse tipo com a minha mulher desde que ela topou ver "Os Mercenários" ano passado. Meio à contragosto fui ver o filme imaginando que sairia dele sofrendo com ondas recorrentes de tédio que só um filme sobre ballet poderia ocasionar. Pensei até que teria de me "desintoxicar" assistindo algo como Comando para Matar ou Hellraiser para ter uma boa noite de sono.
Contudo, surpresa das surpresas... o ballet é apenas o pano de fundo de um filme incrivelmente soturno, esquisito e de certo modo assustador. (claro, se não tivesse algo de assustador eu não falaria dele nesse blog!).
Resumo, eu acabei achando o filme interessante. Minha esposa detestou... possivelmente vou ter de asisstir "Amar, comer e rezar" ou algo que o valha num futuro próximo.
Bem, se você está lendo até aqui é porque deve estar curioso sobre o maldito filme. Então falemos a respeito dele.
Cisne Negro conta a estória da jovem bailarina Nina Sayers, interpretada por Natalie Portman. Ela é bonita, vulnerável, bobinha e cheia de fragilidade. No começo eu detestei a personagem, parece aquele estereótipo de menina moça, cujo sonho é ser bailarina. Mas é aí a coisa começa a degringolar (no bom sentido). Para interpretar o papel de sua vida, o de protagonista em "O Lago dos Cisnes", Nina tem que mergulhar em seus medos e tocar o lado negro de sua alma. Só assim será capaz de interpretar o Cisne Branco (cheio de pureza) e a sua contra-parte, o Cisne Negro (diabólico e maldoso).
A medida que tenta equilibrar a ansiedade e o medo de não estar à altura do papel, Nina começa a experimentar alucinações cada vez mais perturbadoras. Os ensaios se transformam em sessões de tortura, os olhares invejosos das colegas vão se tornando cada vez mais penetrantes, ela se arranha - descontando no corpo suas frustrações - e pior de tudo, o amor pela dança que pontilhava suas ações vai se tornando cada vez mais amargo. Cisne Negro é um filme sobre temores: o medo de não estar à altura de uma tarefa, de sofrer com as falhas, de ser substituído e de ser esquecido. É tensão psicológica de ótima qualidade. Não é terror, mas nem por isso deixa de causar uns arrepios.
Natalie Portman parece ter dado um passo decisivo em sua carreira artística com a interpretação de uma personagem em queda livre na espiral de loucura sem escalas para um colapso nervoso. Nina vive em um quarto de boneca cor de rosa com direito a caixinha de música e toneladas de bichinhos de pelúcia. Super protegida pela mãe que vê nela a chance de realizar o próprio sonho de ser uma bailarina de sucesso.
Quando o filme começa descobrimos que a companhia de ballet está para dispensar a atual estrela (Winona Ryder) que chegou a idade limite. O diretor da companhia, Thomas Leroy (Vincent Cassel) precisa de uma nova estrela para o papel principal do Lago dos Cisnes. O diretor bate o olho nas bailarinas e acaba escolhendo Nina, que executa perfeitamente o papel de Cisne Branco. O desafio para ela é encarnar o Cisne Negro, um personagem vibrante e livre dos pudores que atormentam a vida de Nina.
Thomas encoraja Nina a se espelhar em uma concorrente direta para o papel, sua colega Lily (Mila Kunis) que diferente de Nina demonstra talento justamente quando interpreta o Cisne Negro. A insegurança de Nina causa cada vez mais danos a sua sanidade e ela começa a imaginar que Lily quer tomar o seu lugar.
Como um estudo de loucura (e por isso ele é válido para quem gosta de um jogo que aborda a loucura), Cisne Negro é o que surgiu de melhor desde Repulsa ao Sexo (1965) de Roman Polanski - outro filme barra pesada sobre insanidade. Mas de fato ele se assemelha mesmo ao clássico "O Bebê de Rosemary" também de Polanski. Ao examinar as profundezas da paranóia e da incerteza, o diretor faz com que o público não se tenha certeza se ela está enlouquecendo ou se há realmente uma conspiração. Nina parece perdida, assim como Rosemary, incapaz de despertar de um pesadelo cada vez mais claustrofóbico. Será que alguém está tramando contra a personagem ou as sombras que ela vê, estão apenas na sua mente perturbada?
As alucinações experimentadas por Nina são cada vez mais estranhas, em um momento especialmente bizarro ela imagina que uma ferida nas suas costas que teima em não sarar esconde a plumagem negra da sua fantasia de cisne. Nina começa a perder o contato com a realidade e sua personalidade muda, como se o Cisne Negro estivesse pervertendo sua razão ganhando espaço. Em outro momento inquietante Nina se entrega a uma noitada na companhia de Lily alimentada por drogas e sexo.
Como se pode perceber o ballet é secundário na trama, tenho a impressão de que Cisne Negro poderia ser a respeito de qualquer outra forma de obsessão humana.
O diretor reserva o final do filme para a temida estréia do Lago dos Cisnes quando a loucura de Nina explode tornando o espetáculo uma tragédia.
Bom, o filme é estranho e imprevisível. O tipo da coisa que quando termina divide opiniões entre aqueles que gostaram e aqueles que detestaram. Se me perguntar eu não sei se posso emitir uma opinião sobre o que achei de Cisne Negro, e quando isso acontece a tendência é ter de assistir mais uma ou duas vezes para entender ele em sua totalidade.
É um daqueles filmes difíceis, como quase todos do diretor Darren Aronofsky que fez os igualmente complicados Fonte da Vida e Pi.
Não vou indicar Cisne Negro para todos. É um filme interessante para quem quer ver algo intrincado. Mas aviso logo que nem todo mundo vai gostar, por isso quem ficou curioso com essa resenha e quer se arriscar, vá por sua própria conta e risco.
Engraçado como são as coisas...
Eu estava tentando escapar desse filme já faz umas semanas, por saber superficialmente que se trata de um filme sobre o mundo do ballet. Vou ser sincero, eu nunca simpatizei com ballet. Nunca entendi o que as pessoas enxergam nesse tipo de arte. Falando como leigo, ballet é tão inconcebível para mim quanto um slash movie é para... digamos, minha avó.
Mas eu estava devendo assistir um filme desse tipo com a minha mulher desde que ela topou ver "Os Mercenários" ano passado. Meio à contragosto fui ver o filme imaginando que sairia dele sofrendo com ondas recorrentes de tédio que só um filme sobre ballet poderia ocasionar. Pensei até que teria de me "desintoxicar" assistindo algo como Comando para Matar ou Hellraiser para ter uma boa noite de sono.
Contudo, surpresa das surpresas... o ballet é apenas o pano de fundo de um filme incrivelmente soturno, esquisito e de certo modo assustador. (claro, se não tivesse algo de assustador eu não falaria dele nesse blog!).
Resumo, eu acabei achando o filme interessante. Minha esposa detestou... possivelmente vou ter de asisstir "Amar, comer e rezar" ou algo que o valha num futuro próximo.
Bem, se você está lendo até aqui é porque deve estar curioso sobre o maldito filme. Então falemos a respeito dele.
Cisne Negro conta a estória da jovem bailarina Nina Sayers, interpretada por Natalie Portman. Ela é bonita, vulnerável, bobinha e cheia de fragilidade. No começo eu detestei a personagem, parece aquele estereótipo de menina moça, cujo sonho é ser bailarina. Mas é aí a coisa começa a degringolar (no bom sentido). Para interpretar o papel de sua vida, o de protagonista em "O Lago dos Cisnes", Nina tem que mergulhar em seus medos e tocar o lado negro de sua alma. Só assim será capaz de interpretar o Cisne Branco (cheio de pureza) e a sua contra-parte, o Cisne Negro (diabólico e maldoso).
A medida que tenta equilibrar a ansiedade e o medo de não estar à altura do papel, Nina começa a experimentar alucinações cada vez mais perturbadoras. Os ensaios se transformam em sessões de tortura, os olhares invejosos das colegas vão se tornando cada vez mais penetrantes, ela se arranha - descontando no corpo suas frustrações - e pior de tudo, o amor pela dança que pontilhava suas ações vai se tornando cada vez mais amargo. Cisne Negro é um filme sobre temores: o medo de não estar à altura de uma tarefa, de sofrer com as falhas, de ser substituído e de ser esquecido. É tensão psicológica de ótima qualidade. Não é terror, mas nem por isso deixa de causar uns arrepios.
Natalie Portman parece ter dado um passo decisivo em sua carreira artística com a interpretação de uma personagem em queda livre na espiral de loucura sem escalas para um colapso nervoso. Nina vive em um quarto de boneca cor de rosa com direito a caixinha de música e toneladas de bichinhos de pelúcia. Super protegida pela mãe que vê nela a chance de realizar o próprio sonho de ser uma bailarina de sucesso.
Quando o filme começa descobrimos que a companhia de ballet está para dispensar a atual estrela (Winona Ryder) que chegou a idade limite. O diretor da companhia, Thomas Leroy (Vincent Cassel) precisa de uma nova estrela para o papel principal do Lago dos Cisnes. O diretor bate o olho nas bailarinas e acaba escolhendo Nina, que executa perfeitamente o papel de Cisne Branco. O desafio para ela é encarnar o Cisne Negro, um personagem vibrante e livre dos pudores que atormentam a vida de Nina.
Thomas encoraja Nina a se espelhar em uma concorrente direta para o papel, sua colega Lily (Mila Kunis) que diferente de Nina demonstra talento justamente quando interpreta o Cisne Negro. A insegurança de Nina causa cada vez mais danos a sua sanidade e ela começa a imaginar que Lily quer tomar o seu lugar.
Como um estudo de loucura (e por isso ele é válido para quem gosta de um jogo que aborda a loucura), Cisne Negro é o que surgiu de melhor desde Repulsa ao Sexo (1965) de Roman Polanski - outro filme barra pesada sobre insanidade. Mas de fato ele se assemelha mesmo ao clássico "O Bebê de Rosemary" também de Polanski. Ao examinar as profundezas da paranóia e da incerteza, o diretor faz com que o público não se tenha certeza se ela está enlouquecendo ou se há realmente uma conspiração. Nina parece perdida, assim como Rosemary, incapaz de despertar de um pesadelo cada vez mais claustrofóbico. Será que alguém está tramando contra a personagem ou as sombras que ela vê, estão apenas na sua mente perturbada?
As alucinações experimentadas por Nina são cada vez mais estranhas, em um momento especialmente bizarro ela imagina que uma ferida nas suas costas que teima em não sarar esconde a plumagem negra da sua fantasia de cisne. Nina começa a perder o contato com a realidade e sua personalidade muda, como se o Cisne Negro estivesse pervertendo sua razão ganhando espaço. Em outro momento inquietante Nina se entrega a uma noitada na companhia de Lily alimentada por drogas e sexo.
Como se pode perceber o ballet é secundário na trama, tenho a impressão de que Cisne Negro poderia ser a respeito de qualquer outra forma de obsessão humana.
O diretor reserva o final do filme para a temida estréia do Lago dos Cisnes quando a loucura de Nina explode tornando o espetáculo uma tragédia.
Bom, o filme é estranho e imprevisível. O tipo da coisa que quando termina divide opiniões entre aqueles que gostaram e aqueles que detestaram. Se me perguntar eu não sei se posso emitir uma opinião sobre o que achei de Cisne Negro, e quando isso acontece a tendência é ter de assistir mais uma ou duas vezes para entender ele em sua totalidade.
É um daqueles filmes difíceis, como quase todos do diretor Darren Aronofsky que fez os igualmente complicados Fonte da Vida e Pi.
Não vou indicar Cisne Negro para todos. É um filme interessante para quem quer ver algo intrincado. Mas aviso logo que nem todo mundo vai gostar, por isso quem ficou curioso com essa resenha e quer se arriscar, vá por sua própria conta e risco.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Evento mensal do Saia da Masmorra no Rio de Janeiro
Com um pouco de atraso, mas aí está.
Na semana passada aconteceu o encontro do pessoal do Saia da Masmorra na galeria da loja Point HQ em Ipanema.
A proposta do Saia da Masmorra é apresentar aos novos jogadores RPG independentes e menos conhecidos. São jogos como Traveler, Deadlands, Cyberpunk 2020, Eclipse Phase, Trinity, Kult, Solomon Kane, 7th Sea e é claro... Call of Cthulhu.
O encontro de sábado passado, dia 12 de Fevereiro foi bem animado com a presença de cerca de 20 jogadores e três mesas bem cheias. Como essa é apenas a segunda edição, a tedência é a coisa ir crescendo a medida que a notícia se espalha.
O Saia da Masmorra é uma boa opção para quem está interessado em fugir um pouco dos jogos convencionais e conhecer em primeira mão sistemas de que só tinha ouvido falar.
Mesa de Call of Cthulhu Dark Ages do Rodrigo Gonzalez que mestrou um cenário viking.
No meio do jogo: os personagens se preparam para visitar a casa de uma bruxa medonha nas charnecas da Irlanda do século IX.
Segurando a foto da bruxa velha, miserável, lazarenta... claro que meu personagem é que teve de encarar a desgraçada e passar por uma provação que nenhum homem está preparado para sofrer. Não vou dar detalhes...
A mesa vizinha de Traveller, clássico RPG de Ficção Científica com direito a batalhas espaciais, tiroteios em estações orbitais e pistolas laser.
A mesa de Dragon Age, ambientação medieval, inspirada no jogo de computador com o mesmo nome. O boato é que um jogador morreu no primeiro ataque do primeiro combate.
Bom é isso aí, para quem se interessou, todo o mês vai ter uma edição do Saia da Masmorra.
É só aparecer por lá, sentar e deixar os dados rolarem.
O link abaixo leva para o Blog: http://www.saiadamasmorra.blogspot.com/
Na semana passada aconteceu o encontro do pessoal do Saia da Masmorra na galeria da loja Point HQ em Ipanema.
A proposta do Saia da Masmorra é apresentar aos novos jogadores RPG independentes e menos conhecidos. São jogos como Traveler, Deadlands, Cyberpunk 2020, Eclipse Phase, Trinity, Kult, Solomon Kane, 7th Sea e é claro... Call of Cthulhu.
O encontro de sábado passado, dia 12 de Fevereiro foi bem animado com a presença de cerca de 20 jogadores e três mesas bem cheias. Como essa é apenas a segunda edição, a tedência é a coisa ir crescendo a medida que a notícia se espalha.
O Saia da Masmorra é uma boa opção para quem está interessado em fugir um pouco dos jogos convencionais e conhecer em primeira mão sistemas de que só tinha ouvido falar.
Aí estão algumas fotos dessa edição do encontro:
Mesa de Call of Cthulhu Dark Ages do Rodrigo Gonzalez que mestrou um cenário viking.
No meio do jogo: os personagens se preparam para visitar a casa de uma bruxa medonha nas charnecas da Irlanda do século IX.
Segurando a foto da bruxa velha, miserável, lazarenta... claro que meu personagem é que teve de encarar a desgraçada e passar por uma provação que nenhum homem está preparado para sofrer. Não vou dar detalhes...
A mesa vizinha de Traveller, clássico RPG de Ficção Científica com direito a batalhas espaciais, tiroteios em estações orbitais e pistolas laser.
A mesa de Dragon Age, ambientação medieval, inspirada no jogo de computador com o mesmo nome. O boato é que um jogador morreu no primeiro ataque do primeiro combate.
Bom é isso aí, para quem se interessou, todo o mês vai ter uma edição do Saia da Masmorra.
É só aparecer por lá, sentar e deixar os dados rolarem.
O link abaixo leva para o Blog: http://www.saiadamasmorra.blogspot.com/
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Sociedade Forteana - Uma nova Estrutura de Campanha para Rastro de Cthulhu
A Sociedade Forteana
Fundada em 1931, um ano antes da morte de Charles Fort, a Sociedade dos Amigos de Fort ou Sociedade Forteana é uma espécie de clube ou confraria que reúne interessados, entusiastas ou curiosos atraídos pela "doutrina" de seu benemérito. Estas pessoas em sua grande maioria não são investigadores profissionais, estão mais para indivíduos que em algum momento de suas vidas toparam com algo estranho ou inexplicável e agora sentem a compulsão de encontrar uma explicação que preencha a lacuna deixada por esse evento. Os Forteanos mais determinados trabalham em "grupos de pesquisa" ou "equipes de campo" que vasculham locais onde algum evento inexplicável ocorreu e tentam levantar o maior número de informações a respeito dele. Outros se interessam por pesquisar bibliotecas e os arquivos da sociedade para correlacionar acontecimentos e traçar o paralelo entre eventos similares.
Ambientação
Acima: A Propriedade em Prairie County que serve de Sede para a Sociedade Forteana em Boston. À esquerda pode servista a biblioteca que contém o arquivo de incidentes.
Ambientação
As Sedes da Sociedade Forteana variam muito de lugar para lugar. Em algumas cidades, a sede pode não passar de um aposento na casa de um membro que dedica seus finais de semana a revisar a correspondência e os jornais atrás de matérias sensacionais. O arquivo pode não passar de uma coleção de recortes guardados em uma caixa de sapatos ou registros num caderno escolar.
Cidades maiores possuem sedes maiores situadas em mansões, onde os membros se reúnem, consultam arquivos organizados e trocam idéias. Estas sedes também são supridas por contatos na mídia ou mesmo na polícia, hospitais e cortes de justiça. Em Nova York a Sede funciona como um clube social, em Boston os Forteanos se reúnem toda primeira sexta feira do mês para discutir acontecimentos estranhos e em Londres as reuniões tem lugar em um aposento reservado na Biblioteca do Museu Britânico.
Acima: A Propriedade em Prairie County que serve de Sede para a Sociedade Forteana em Boston. À esquerda pode servista a biblioteca que contém o arquivo de incidentes.
Os Forteanos não costumam ser investigadores em tempo integral, no entanto, reservam seu tempo livre em nome da paixão de revelar (ou tentar revelar) os segredos e mistérios do mundo. Um grande recurso é ter um amigo rico que se interesse em financiar viagens e pesquisas pelo país.
Campanhas e cenários envolvendo os Forteanos podem acontecer em qualquer lugar onde um fato estranho ou inexplicável teve lugar. Os Foretanos os chamam de "Incidentes". Uma manchete a respeito de uma "chuva de sangue" em Pittsburgh ou o avistamento de um "Homem Peixe" nos arredores de Gloucester são o bastante para atrair a atenção desses destemidos investigadores do insólito. Eles também podem estar presentes em conferências sobre o sobrenatural, palestras espiritualistas e em sítios arqueológicos onde rumores e lendas acabam emergindo. s Forteanos não gozam de muito prestígio entre acadêmicos e estudiosos mais convencionais. É possível que a mera menção do nome Charles Fort afaste um professor ou pesquisador mais tradicional.
Um típico cenário forteano pode se iniciar com um rumor numa pequena cidade, com o interesse de especular a respeito de uma lenda quase esquecida ou uma morte misteriosa.
Estilo
Em geral cenários envolvendo os Forteanos parecem destinados ao estilo purista. Uma vez que se trata de uma sociedade que realmente existiu (ou melhor, existe) um toque de realidade viria bem a calhar.
Por outro lado, os investigadores podem tencionar algo mais heróico, com os investigadores fretando veleiros para caçar um misterioso monstro marinho ou se meter nos Everglades para encontrar cara a cara o monstro que vive no coração daquele pântano. Nesse caso o estilo pulp cai como uma luva.
Mythos
O Guardião deve decidir até onde os Forteanos ou os membros de uma determinada sede sabem.
O mais provável é que o Mythos seja descoberto acidentalmente, afinal ninguém poderia suspeitar que aquele estranho "culto da serpente" no Novo México, é na verdade uma ramificação do temido culto de Yig, pai das Cobras. Leve em consideração que os Forteanos apenas suspeitam que o mundo é um lugar insólito, mas eles não fazem idéia do quanto.
Outra abordagem interessante é que um grupo descubra algum tomo ou artefato do Mythos e que a partir dessa descoberta se lance em uma cruzada para descobrir mais detalhes a respeito daquilo. Os Forteanos são verdadeiros ratos de biblioteca e podem desencavar coisas realmente interessantes vasculhando as prateleiras da Biblioteca do Congresso, nos armário da Universidade Miskatonic ou no Museu Britânico.
Investigadores
Os investigadores podem ter qualquer ocupação. Qualquer um pode se interessar pela proposta da Sociedade Forteana e se dedicar a ela em maior ou menos grau. Em geral essas pessoas desenvolveram uma grande curiosidade e uma sede por saber que pode colocá-los em risco. Desde o autor interessado em escrever um romance sobre o mundo estranho, passando pelo investigador particular que encontrou um homem que jurava estar morto até o professor universitário às voltas com o que poderia ser uma legítima maldição da múmia, todos estes são sérios candidatos à Sociedade Fort.
Alternativamente os personagens podem ter algum interesse escuso numa descoberta incomum. Um deles pode ser um jornalistas de um tablóide atrás de estórias bizarras, fotógrafos amadores querendo estampar a foto do pé-grande em seu jornal ou um cineasta tentando produzir aquilo que poderia ser definido como documentário verdade (uma versão anos 30 de Bruxa de Blair?)
Os membros da Sociedade Forteana não são submetidos a qualquer triagem, portanto, todos aqueles que se dizem interessados no tema tendem a ser aceitos. A estrutura da sociedade é totalmente informal, salvo pelas sedes maiores onde pode existir algum tipo de hierarquia.
Coadjuvantes Recorrentes
Charles Hoy Fort
O homem que inspirou toda a formação da Sociedade e que emprestou seu nome a ela. Fort pode ser uma grande fonte de estórias e de informações, infelizmente ele não viveu para ver suas idéias desabrochar em uma sociedade. Fort morreu em 1932, a sociedade foi fundada um ano antes e sequer chegou a receber seu patrono em pessoa. Se o grupo tiver acesso a ele pode conseguir algumas informações adicionais de seus arquivos ou ainda um relato em primeira mão de algum mistério intrigante.
Burt Tenninson (Presidente da Sede de NY)
Esse velho repórter investigativo trabalhou mais da metade de sua vida nas redações de jornais da Big Apple. Alguns dizem que em suas veias corre tinta de impressão. Com contatos nas principais agências de notícia do mundo (Associeted Press e Royters apenas para citar duas), Burt coleta notícias antes delas chegarem às prensas. Ele é um antigo colaborador de Fort e um amigo fiel nos bons e maus momentos. Embora seja um jornalista "sério", Tennison adora notícias estranhas e sempre que pode busca cooptar colaboradores para investigar uma notícia intrigante. Como presidente da Sociedade Forteana de Nova York ele comanda as sessões que acontecem no Clube 23 no Queens.Dorothea Lawson (Presidente da Sede em Boston)
Poetiza e artista plástica, filha e única herdeira de um conceituado médico, Dorothea é a presidente da Sociedade Forteana em Boston. Ela é a patrocinadora principal da Sociedade na Nova Inglaterra e um dos membros mais atuantes no país. As reuniões acontecem na sua propriedade em Prairie County. Dorothea tem muitos amigos e conhecidos na sociedade local que participam dessas reuniões e de círculos de debate. Ela se define como uma espiritualista e seutema favorito é a vida após a morte. Sem nunca ter casado e com poucos parentes, ela já contatou seus advogados para deixar parte de sua fortuna para a Sociedade Forteana. É sua vontade que a propriedade se transforme na Sede da sociedade. Um sobrinho interessado na herança tem planos de contestar a legitimidade desse testamento.
Gervison Cates (Jornalista de Tablóide)
Se a imprensa marrom tivesse um rosto, este poderia ser o de Gervinson Cates. O mais obstinado, teimoso e anti-ético dos jornalistas free-lance. Gervison trabalhou para uma dezena de jornais e foi demitido da maioria por inventar estórias e criar fatos. Embora suas matérias nem sempre sejam confiáveis ele é um legítimo investigador, sempre disposto a cavar uma estória e emergir d eum mar de lama com uma manchete. Membro da Sociedade Forteana em Nova York ele vê nas investigações da sociedade farto material para produzir suas manchetes bombásticas.Gervison Cates (Jornalista de Tablóide)
Dr. Homer Swift (Parapsicólogo)
Muito criticado pelos seus colegas médicos, o Dr. Swift foi um dos primeiros a reconhecer a recém surgida ciência da parapsicologia, considerada por muitos como charlatanismo. O Dr. Swift serviu como consultor para o livro Talentos Selvagens escrito por Fort e cnduziu dezenas de estudos sobre capacidades psíquicas. Os dois se tornaram bons amigos e trocaram cartas até a morte de Fort. Swift ingressou na Sociedade Forteana logo em seguida e é um dos membros mais conceituados em Boston.
Morgan Talbot (Testemunha em busca de respostas)
Morgan é o arquétipo dos investigadores da Sociedade Forteana. Em 1932, ele testemunhou um incidente inxeplicável: uma luz clara que iluminou a noite e formas estranhas voando no céu sobre a cidade de Bufalo. Desde então ele se tornou um caçador do inusitado, disposta a entender o que aconteceu naquela noite. Atraído pelas teorias de Fort a respeito de vida extraterrestre, Morgan passou a se dedicar a estudar fenômenos dessa natureza sabendo que o que ele viu simplesmente não era desse mundo.
M.E. Merrick (Escritor Pulp)
Um escritor de menor expressão com alguns contos publicados em revistas pulp com a Weird Tales e Savage Adventures, M.E. Merick foi um dos membros fundadores da Sociedade Forteana em Nova York. Ele trabalhou com Charles Fort na revisão de textos e se apaixonou pelo seu trabalho na investigação do sobrenatural. Merick tem grande interesse em fantasmas e assombrações, tema de um livro que ele está escrevendo. Seus colegas na sociedade o consideram uma autoridade no assunto.Bertrand P. Monroe (Editor do Correio do Desconhecido)
Presidente e único membro da Sede Forteana em Calumet City, interior do estado de Illinois. Bertrand sempre se interessou pelo insólito e quando Fort ainda era vivo, os dois chegaram a trocar correspondência. Bertrand enviou para Fort um dossiê completo a respeito de uma "chuva de sapos" no distrito de Elbow. O trabalho detalhado que incluia fotografias, testemunhos e espécimes recuperados causou uma grande impressão e se tornou referência de trabalho de campo. Atualmente Bertrand edita o "Correio do Desconhecido" uma gazeta bimestral com notícias para a comunidade forteana.Bill Putney (Radialista)
Apresentador do programa de rádio "Impossível!", Bill Putney trabalha para a Rádio KBBZ em Bufford Springs, Philadelphia transmitindo para toda a Costa Leste. Seu programa é especulativo e investiga acontecimetos estrahos em cenas dramatizadas por artistas ao vivo. Putney não é um Forteano, mas simpatiza com os membros da sociedade e já aceitou recebê-los em várias ocasiões no seu programa de rádio que vai ao ar nas noites de sexta feira.Miranda O'Hallaran (Bibliotecária)
A solteirona Srta. O'Hallaran é bibliotecária na Universidade de Harvard e uma conhecedora de edições antigas e volumes raros. Embora não seja uma forteana, ela é conhecida entre os membros da Sociedade por encontrar referências sobre livros e obras que valem a pena ser consultadas. Se o membro estiver disposto a relevar os comentários ranzinzas da Srta O'Hallaran, sem dúvida encontrará nela uma boa fonte de informações e uma pesquisadora absolutamente dedicada.Variações de Regras
Rede de Informações - Os membros da Sociedade Forteana costumam utilizar o correio para trocar idéias e divulgar incidentes. Os investigadores podem receber informes e notícias a respeito de um determinado evento e do progresso de uma investigação através desses dossiês.
Essa é uma forma interessante de iniciar um cenário, a carta de um colega Forteano com as palavras "Caro fulano, aconteceu algo incomum por aqui." e a descrição do tal incidente.
Arquivos da Sociedade Forteana - É possível que os Forteanos também concedam algum tipo de informação quando solicitados, os investigadores podem consultar os arquivos onde quer que exista uma Sede da Sociedade.
O tamanho e importância do Arquivo depende apenas do Guardião, ele pode ser um álbum com jornais colados ou um grande arquivo de metal com pastas a respeito de cada ocorrência estranha nos últimos anos.
Considere que uma vez por partida, os investigadores membros da Sociedade Forteana podem investigar os arquivos em busca de alguma pista relacionada ao caso investigado. Essa pista, se o guardião julgar conveniente existir no arquivo, poderá ser encontrada após 1d6+1 horas de busca. Adicionalmente, os investigadores podem à critério do Guardião ganhar 1 ponto adicional para ser usado em alguma Habilidade Investigativa após pesquisar os arquivos da Sociedade.
Tom
"Tudo pode acontecer". Os investigadores podem ser um bando de investigadores sérios ao estilo Arquivo X nos anos 30 perseguindo "A verdade lá fora" ou um bando de desocupados caçando luzes estranhas, pragas bíblicas, o "Diabo de Jersey" ou o Chupacabras.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
"Eu sou um Forteano" - A vida insólita de Charles Fort, investigador do incomum
"Proponho que existe um mundo ainda desconhecido e a humanidade apenas conquistará seu direito como proclamado senhor de tudo, quando este mundo for totalmente explorado e compreendido".
- Charles Fort
Charles Hoy Fort teve uma vida extremamene curiosa.
Nascido em 1874 em uma próspera família em Albany, interior de Nova York, Fort, hoje é considerado o verdadeiro iniciador dos estudos e pesquisas de tudo quanto existe de insólito e misterioso na face da Terra. Talvez tenha sido ele o primeiro pesquisador a buscar explicações para fenômenos inexplicáveis pela ciência oficial.
Aos 18 anos, Fort deixou sua casa e passou a viajar pelo mundo querendo ganhar experiência de vida. Ele conheceu os Estados Unidos de costa a costa e viajou para a Europa e África, acumulando dezenas de empregos temporários que o levavam de um lugar para o outro. No tempo livre, fazia anotações a respeito de folclore, superstições e fábulas de cada local que conhecia. Envolveu-se em todo tipo de desventura trabalhando como marinheiro e conheceu vários países.
Com 24 anos resolveu encerrar suas jornadas e decidiu retornar aos Estados Unidos e se estabelecer em Nova York, onde acabou casando com Anna Filling. Charles se tornou jornalista free-lancer, correspondente e escritor nas horas vagas tendo escrito mais de 10 novelas de ficção científica.
Ele também continuava fascinado por fenômenos inexplicáveis e escrevia constantemente a respeito deles, além de realizar pesquisas. Se algo inusitado acontecia, Fort viajava até o local e entrevistava pessoalmente as testemunhas, tirava fotos e em alguns casos reencenava o ocorrido para captar detalhes. Seu olhar meticuloso ajudava a separar relatos verdadeiros de farsas.
Trabalhando para agências de notícias, Fort reunia notas e reportagens retiradas de jornais e revistas de todo o mundo, que lhe eram enviadas por amigos e incentivadores. Fort chegou a catalogar mais de 60 mil ocorrências inexplicáveis, envolvendo acontecimentos estranhos no campo do oculto, do paranormal e do sobrenatural. Na sua coleção constavam casos de aparições de fantasmas, possessão demoníaca, monstros marinhos, alienígenas, luzes misteriosas, desaparecimentos no Triângulo das Bermudas, avistamento de criaturas mitológicas e principalmente sobre as chamadas "chuvas bizarras". Todo esse material era armazenado em seus arquivos e usado como referência para os artigos publicados em uma revista artesanal, uma espécie de fanzine da época, chamado "Science and the Unknown" (Ciência e o desconhecido).
Em 1925, Fort deixou a América para viver na Inglaterra. Ele passou a residir em Londres próximo ao Museu Britânico, onde costumava passar horas vasculhando o acervo atrás de livros e documentos. Durante os 8 anos em que viveu na Inglaterra, Fort visitou a biblioteca do Museu diariamente, prosseguindo em sua pesquisa de material.
Fort foi um dos primeiros a defender a hipótese de vida extraterrestre e da existência de seres alienígenas vivendo na Terra, espionando e colonizando aos poucos o nosso planeta. Para apoiar as suas teorias ele apresentava "artefatos" alienígenas e fotografias obtidas e enviadas pelos seus leitores. Charles acreditava que governos mundiais tinham conhecimento da existência de seres extraterrestres e que vigorava uma espécie de acordo entre os líderes mundiais e essas raças.
Charles também era um leitor compulsivo e se dizia um cético disposto a mudar de opinião se provas lhe fossem apresentadas. Participante ativo de grupos de discussão, figura fácil em círculos espíritas e um entusiasta das chamadas ciências proibidas, ele alegava ter ingressado em várias sociedades secretas dedicadas ao oculto.
Seu trabalho intenso de pesquisa, que envolveu estudos em uma série de ramificações das ciências foi transformado em um livro publicado em 1919, O Livro dos Danados (The Book of Damned). O livro foi recebido com entusiasmo pelos seus seguidores e com absoluta indiferença por outros, que o julgavam um louco desvairado. No Livro dos Danados, Fort analisava os fenômenos mais impressionantes com os quais havia cruzado durante suas investigações, ele também lançava um desafio aberto para que qualquer cientista capaz de desvendar a natureza desses fenômenos, o fizesse. Ninguém o fez!
Em 1923, ele publicou "Terras Novas", a respeito de mitos sobre cidades e civilizações perdidas, no qual dedicou vários parágrafos a cidades ocultas no interior do Brasil.
Ele escrevu ainda "Lo!" e "Talentos Selvagens", menos conhecidos mas ainda assim reverenciados nos Estados Unidos e Inglaterra. Este último livro versa a respeito de parapsicologia, um campo em que Fort realmente depositava esperanças de se converter em uma ciência capaz de explicar os enigmas do mundo. Em "Talentos", Fort analisava as capacidades mediúnicas, a telepatia, telecinese, o fenômeno poltergeist e teleportação (termo que ele mesmo inventou).
Fort morreu em 1932, vítima de uma "doença misteriosa" que o matou em poucos meses(acredita-se que ele sofria de leucemia). Após sua morte, suas teorias controversas, começaram a ganhar força em círculos de estudiosos (composto tanto por eruditos quanto curiosos) que se reuniam para discutir as idéias. Assim nasceu a Sociedade dos Amigos de Charles Fort ou Sociedade Forteana, um grupo devotado a dar prosseguimento ao estudo no campo do desconhecido.
O primeiro a declarar seu apoio a Fort foi o roteirista de cinema Ben Hecht, que em uma resenha a respeito do Livro dos Danados declarou: "Eu sou o primeiro discípulo de Charles Fort... daqui para frente sou um Forteano". Vários escritores conhecidos e indivíduos de renome se tornaram parte da sociedade que funcionava como um clube de debate com sede nas principais cidades norte-americanas e na Grã-Bretanha. Nessas sedes, Forteanos discutiam a existência de certos fenômenos e apresentavam evidências de outros.
O primeiro "mandamento" da Sociedade é ter a mente aberta para novas idéias e linhas de pensamento, mesmo aquelas que desafiam a compreensão. Ao mesmo tempo. o Forteano tem que conservar um olhar cético.
A Sociedade Forteana existe até os dias atuais, o número de membros nunca foi tão grande. Eles estão presentes em círculos de pesquisa, espalhados pela internet e em qualquer lugar onde há uma teoria da conspiração prestes a surgir.
Charles Fort como contato em cenários de Call of Cthulhu/ Rastro de Cthulhu
Contar com um aliado como Charles Fort pode ser interessate para os investigadores do Mythos. Eu tenho suspeitas que o personagem Jackson Elias, um escritor e aventureiro, apresentado na campanha "Masks of Nyarlathotep" foi inspirado em Charles Fort.
Algumas teorias defendidas por Fort (e pelos seus seguidores) são incrivelmente estranhas, bizarras até, por isso a noção de um mal ancestral ameaçando toda a existência, talvez não seja encarada de todo absurdas. Fort, no entanto, se dizia um cético e a não ser que os investigadores tenham provas mínimas da existência do Mythos ele se mostrará reticente.
Em uma abordagem diferente, o "pai do inusitado" pode ser ele próprio um investigador do Mythos, dedicado a compreender e combater essas forças tenebrosas. Ao longo de sua carreira como pesquisador é bem possível que Fort tenha encontrado indícios da existência e da ação do Mythos ao redor do mundo. Nas suas viagens como marinheiro é bem possível que ele tenha ouvido lendas referentes aos Profundos ou mesmo Cthulhu. Suas pesquisas de campo podem ter lhe fornecido um insight a respeito da ação de cultos e de bruxos. Fort também pesquisou cidades e civilizações perdidas, ele pode ter relacionado algumas dessas lendas com entidades do Mythos.
É bem provável também que um estudioso de tudo que é estranho tenha em algum momento ganho acesso a tomos dedicados ao conhecimento antigo. Em sua estada em Londres, Fort teria pesquisado o acervo da Biblioteca Britânica que possui vários livros do Mythos, inclusive uma edição do Necronomicon.
Se Fort é um conhecedor ou não do Mythos cabe ao guardião determinar, assim como cabe a ele dizer qual a reação do pesquisador a essa descoberta e mesmo se a "morte misteriosa" dele foi consequência de algo mais sinistro.
Charles Hoy Fort, pesquisador do insólito, meados de 1925
STR 10 CON 12 DEX 10 SIZ 14
APP 10 INT 15 POW 15 EDU 16
Damage Bonus: +0
Sanidade: 65%
Habilidades: Accounting 30%, Anthropology 40%, Archeology 50%, Art (Writing) 49%, Astronomy 25%, Biology 15%, Bargain 39%, Credit Rating 63%, Fast Talk 50%, Geology 10%, History 45%, Library Use 86%, Natural History 40%, Occult 55%, Persuade 45%, Photography 36%, Psychology 32%, Spot Hidden 55%, Folclore 76% Pilot (Boat) 47%
Idiomas: Espanhol 42%, Francês 15%, Latin 25%
Cthulhu Mythos: 8% (se o guardião considerar Fort como um investigador do Mythos)
Para Rastro de Cthulhu
Considerem que trata-se de um personagem veterano com habilidades já desenvolvidas.
Ocupação: Autor
Motivação: Curiosidade
Habilidades Investigativas: Antropologia 1, Arqueologia 3, Biologia 1, História 3, Idiomas 3(Espanhol, Francês, Latim), Ocultismo 3, Usar Biblioteca 4, Bajulação 1, Convencimento 2, Crédito 3, Interrogação 3, Coletar Evidência 2, Fotografia 1
Habilidades Gerais: Atletismo 5, Disfarce 7, Estabilidade 6, Furtividade 4, Fuga 7, Ocultação 5, Precaução 10, Psicanálise 4, Sanidade 8, Sentir Perigo 9, Vitalidade 7, Pilot (Barco) 7
Mythos de Cthulhu: 1
- Charles Fort
Charles Hoy Fort teve uma vida extremamene curiosa.
Nascido em 1874 em uma próspera família em Albany, interior de Nova York, Fort, hoje é considerado o verdadeiro iniciador dos estudos e pesquisas de tudo quanto existe de insólito e misterioso na face da Terra. Talvez tenha sido ele o primeiro pesquisador a buscar explicações para fenômenos inexplicáveis pela ciência oficial.
Aos 18 anos, Fort deixou sua casa e passou a viajar pelo mundo querendo ganhar experiência de vida. Ele conheceu os Estados Unidos de costa a costa e viajou para a Europa e África, acumulando dezenas de empregos temporários que o levavam de um lugar para o outro. No tempo livre, fazia anotações a respeito de folclore, superstições e fábulas de cada local que conhecia. Envolveu-se em todo tipo de desventura trabalhando como marinheiro e conheceu vários países.
Com 24 anos resolveu encerrar suas jornadas e decidiu retornar aos Estados Unidos e se estabelecer em Nova York, onde acabou casando com Anna Filling. Charles se tornou jornalista free-lancer, correspondente e escritor nas horas vagas tendo escrito mais de 10 novelas de ficção científica.
Ele também continuava fascinado por fenômenos inexplicáveis e escrevia constantemente a respeito deles, além de realizar pesquisas. Se algo inusitado acontecia, Fort viajava até o local e entrevistava pessoalmente as testemunhas, tirava fotos e em alguns casos reencenava o ocorrido para captar detalhes. Seu olhar meticuloso ajudava a separar relatos verdadeiros de farsas.
Trabalhando para agências de notícias, Fort reunia notas e reportagens retiradas de jornais e revistas de todo o mundo, que lhe eram enviadas por amigos e incentivadores. Fort chegou a catalogar mais de 60 mil ocorrências inexplicáveis, envolvendo acontecimentos estranhos no campo do oculto, do paranormal e do sobrenatural. Na sua coleção constavam casos de aparições de fantasmas, possessão demoníaca, monstros marinhos, alienígenas, luzes misteriosas, desaparecimentos no Triângulo das Bermudas, avistamento de criaturas mitológicas e principalmente sobre as chamadas "chuvas bizarras". Todo esse material era armazenado em seus arquivos e usado como referência para os artigos publicados em uma revista artesanal, uma espécie de fanzine da época, chamado "Science and the Unknown" (Ciência e o desconhecido).
Em 1925, Fort deixou a América para viver na Inglaterra. Ele passou a residir em Londres próximo ao Museu Britânico, onde costumava passar horas vasculhando o acervo atrás de livros e documentos. Durante os 8 anos em que viveu na Inglaterra, Fort visitou a biblioteca do Museu diariamente, prosseguindo em sua pesquisa de material.
Fort foi um dos primeiros a defender a hipótese de vida extraterrestre e da existência de seres alienígenas vivendo na Terra, espionando e colonizando aos poucos o nosso planeta. Para apoiar as suas teorias ele apresentava "artefatos" alienígenas e fotografias obtidas e enviadas pelos seus leitores. Charles acreditava que governos mundiais tinham conhecimento da existência de seres extraterrestres e que vigorava uma espécie de acordo entre os líderes mundiais e essas raças.
Charles também era um leitor compulsivo e se dizia um cético disposto a mudar de opinião se provas lhe fossem apresentadas. Participante ativo de grupos de discussão, figura fácil em círculos espíritas e um entusiasta das chamadas ciências proibidas, ele alegava ter ingressado em várias sociedades secretas dedicadas ao oculto.
Seu trabalho intenso de pesquisa, que envolveu estudos em uma série de ramificações das ciências foi transformado em um livro publicado em 1919, O Livro dos Danados (The Book of Damned). O livro foi recebido com entusiasmo pelos seus seguidores e com absoluta indiferença por outros, que o julgavam um louco desvairado. No Livro dos Danados, Fort analisava os fenômenos mais impressionantes com os quais havia cruzado durante suas investigações, ele também lançava um desafio aberto para que qualquer cientista capaz de desvendar a natureza desses fenômenos, o fizesse. Ninguém o fez!
Em 1923, ele publicou "Terras Novas", a respeito de mitos sobre cidades e civilizações perdidas, no qual dedicou vários parágrafos a cidades ocultas no interior do Brasil.
Ele escrevu ainda "Lo!" e "Talentos Selvagens", menos conhecidos mas ainda assim reverenciados nos Estados Unidos e Inglaterra. Este último livro versa a respeito de parapsicologia, um campo em que Fort realmente depositava esperanças de se converter em uma ciência capaz de explicar os enigmas do mundo. Em "Talentos", Fort analisava as capacidades mediúnicas, a telepatia, telecinese, o fenômeno poltergeist e teleportação (termo que ele mesmo inventou).
Fort morreu em 1932, vítima de uma "doença misteriosa" que o matou em poucos meses(acredita-se que ele sofria de leucemia). Após sua morte, suas teorias controversas, começaram a ganhar força em círculos de estudiosos (composto tanto por eruditos quanto curiosos) que se reuniam para discutir as idéias. Assim nasceu a Sociedade dos Amigos de Charles Fort ou Sociedade Forteana, um grupo devotado a dar prosseguimento ao estudo no campo do desconhecido.
O primeiro a declarar seu apoio a Fort foi o roteirista de cinema Ben Hecht, que em uma resenha a respeito do Livro dos Danados declarou: "Eu sou o primeiro discípulo de Charles Fort... daqui para frente sou um Forteano". Vários escritores conhecidos e indivíduos de renome se tornaram parte da sociedade que funcionava como um clube de debate com sede nas principais cidades norte-americanas e na Grã-Bretanha. Nessas sedes, Forteanos discutiam a existência de certos fenômenos e apresentavam evidências de outros.
O primeiro "mandamento" da Sociedade é ter a mente aberta para novas idéias e linhas de pensamento, mesmo aquelas que desafiam a compreensão. Ao mesmo tempo. o Forteano tem que conservar um olhar cético.
A Sociedade Forteana existe até os dias atuais, o número de membros nunca foi tão grande. Eles estão presentes em círculos de pesquisa, espalhados pela internet e em qualquer lugar onde há uma teoria da conspiração prestes a surgir.
Charles Fort como contato em cenários de Call of Cthulhu/ Rastro de Cthulhu
Contar com um aliado como Charles Fort pode ser interessate para os investigadores do Mythos. Eu tenho suspeitas que o personagem Jackson Elias, um escritor e aventureiro, apresentado na campanha "Masks of Nyarlathotep" foi inspirado em Charles Fort.
Algumas teorias defendidas por Fort (e pelos seus seguidores) são incrivelmente estranhas, bizarras até, por isso a noção de um mal ancestral ameaçando toda a existência, talvez não seja encarada de todo absurdas. Fort, no entanto, se dizia um cético e a não ser que os investigadores tenham provas mínimas da existência do Mythos ele se mostrará reticente.
Em uma abordagem diferente, o "pai do inusitado" pode ser ele próprio um investigador do Mythos, dedicado a compreender e combater essas forças tenebrosas. Ao longo de sua carreira como pesquisador é bem possível que Fort tenha encontrado indícios da existência e da ação do Mythos ao redor do mundo. Nas suas viagens como marinheiro é bem possível que ele tenha ouvido lendas referentes aos Profundos ou mesmo Cthulhu. Suas pesquisas de campo podem ter lhe fornecido um insight a respeito da ação de cultos e de bruxos. Fort também pesquisou cidades e civilizações perdidas, ele pode ter relacionado algumas dessas lendas com entidades do Mythos.
É bem provável também que um estudioso de tudo que é estranho tenha em algum momento ganho acesso a tomos dedicados ao conhecimento antigo. Em sua estada em Londres, Fort teria pesquisado o acervo da Biblioteca Britânica que possui vários livros do Mythos, inclusive uma edição do Necronomicon.
Se Fort é um conhecedor ou não do Mythos cabe ao guardião determinar, assim como cabe a ele dizer qual a reação do pesquisador a essa descoberta e mesmo se a "morte misteriosa" dele foi consequência de algo mais sinistro.
Charles Hoy Fort, pesquisador do insólito, meados de 1925
STR 10 CON 12 DEX 10 SIZ 14
APP 10 INT 15 POW 15 EDU 16
Damage Bonus: +0
Sanidade: 65%
Habilidades: Accounting 30%, Anthropology 40%, Archeology 50%, Art (Writing) 49%, Astronomy 25%, Biology 15%, Bargain 39%, Credit Rating 63%, Fast Talk 50%, Geology 10%, History 45%, Library Use 86%, Natural History 40%, Occult 55%, Persuade 45%, Photography 36%, Psychology 32%, Spot Hidden 55%, Folclore 76% Pilot (Boat) 47%
Idiomas: Espanhol 42%, Francês 15%, Latin 25%
Cthulhu Mythos: 8% (se o guardião considerar Fort como um investigador do Mythos)
Para Rastro de Cthulhu
Considerem que trata-se de um personagem veterano com habilidades já desenvolvidas.
Ocupação: Autor
Motivação: Curiosidade
Habilidades Investigativas: Antropologia 1, Arqueologia 3, Biologia 1, História 3, Idiomas 3(Espanhol, Francês, Latim), Ocultismo 3, Usar Biblioteca 4, Bajulação 1, Convencimento 2, Crédito 3, Interrogação 3, Coletar Evidência 2, Fotografia 1
Habilidades Gerais: Atletismo 5, Disfarce 7, Estabilidade 6, Furtividade 4, Fuga 7, Ocultação 5, Precaução 10, Psicanálise 4, Sanidade 8, Sentir Perigo 9, Vitalidade 7, Pilot (Barco) 7
Mythos de Cthulhu: 1
sábado, 12 de fevereiro de 2011
"De cair o queixo" - Possivelmente a mais luxuosa campanha de RPG em todos os tempos
Antes de começar a ler, saiba que não estou exagerando no título.
Estava dando uma olhada em algumas páginas quando me deparei com essa notícia que fez o meu queixo cair.
Eu sempre soube que as edição francesa (pela editora Sans Detour) e alemã (Pegasus Spiele) do RPG Call of Cthulhu eram incrivelmente luxuosas: coloridas, papel especial, fotografias ao invés de desenhos e arte primorosa que estão a anos-luz de qualquer outro livro lançado nos Estados Unidos. Mas agora os caras conseguiram me deixar sem palavras.
Trata-se de uma caixa em edição limitada e numerada (há apenas 100 no mundo) da campanha "Beyond the Mountains of Madness".
Conhecida como uma das maiores e mais completas campanhas da história dos RPG, esse livro marcou época quando foi lançado pela Chaosium no início do ano 2000. É literalmente um catálogo telefônico, uma campanha de RPG tão volumosa quanto as páginas amarelas.
Os franceses da Sans Detour, no entanto, conseguiram ir além e estabelecer um novo conceito para livros de RPG.
As imagens falam por si só, mas vou dando alguns detalhes a respeito dessa edição de luxo.
As imagens falam por si só, mas vou dando alguns detalhes a respeito dessa edição de luxo.
Primeiro o visual externo - Os componentes vem dentro de um caixote de madeira simulando as caixas que levam o equipamento da expedição à Antártida.
Na tampa da caixa - que vem pregada - está marcado o nome da Expedição de 1933. Em si a caixa é um prop maravilhoso, mas vamos adiante.
Eis um outro ângulo da caixa. Eu tive que perguntar se a caixa era realmente de madeira e tive a confirmação. Ela sozinha pesa 2 quilos e para ser aberta é necessário usar um martelo a fim de retirar os pregos. Carregada com os livros, o peso da caixa e de 6,8 quilos. Nem queropensar no custo do frete.
Na lateral de cada caixa vem um número gravado da edição limitada.
Quando você abre essa caixa é preciso fazer um rolamento de sanidade. Olha só a quantidade de coisas que saem de dentro do caixote.
Abrindo a caixa é que vem o primeiro choque.
O que acompanha a caixa:
- O livro da Campanha "Beyond the Mountains of Madness" com 672 páginas (!!!)
- Um livreto destacável com os Handouts da Campanha
- Um portfólio com 9 pranchas coloridas em papel couchè em um envelope
- Uma bandeira da Expedição Starkweather-Moore (com 80 x 120 cm)
- Um poster da Campanha com 60 x 40 cm
- O livro "As Aventuras de Arthur Gordon Pyn" de Edgar Allan Poe
- O caderno de notas de William Dyer contendo a novela "At the Mountains of Madness"
- Keeper´s Screen com 5 painéis contendo tabelas e detalhes da campanha
- Um CD com música para a campanha e com material adicional para CD ROM
- Certificado de Autenticidade
As pranchas contendo gravuras coloridas são exclusivas dessa edição especial e podem ser usadas como handouts ou para servir de auxílio visual para os jogadores.
São desenhos simplesmente deslumbrantes de cenas da campanha, como se fossem fotografias tiradas pela expedição em várias etapas da viagem.
Eis uma imagem do livro principal em capa dura, papel couchè, fotografias e dois marcadores de páginas.
Só para constar o livro americano (que já era um senhor calhamaço, tinha 470 páginas) Esse possui quase 200 páginas a mais de conteúdo: textos, gráficos, desenhos e fotografias feitas exclusivamente para essa edição especial.
Um detalhe da capa do livro antes de ser aberto. A capa também segue a formatação dos livros de Call of Cthulhu lançados na França.
Uma comparação da lombada do livro básico de Call of Cthulhu, na versão francesa editada pela Sans Detour e do "Par Della-les Montagnes Hallucínées", o livro de Campanha.
Esse é o poster da campanha.
Aqui em detalhe, a bandeira da Expedição Starkweather-Moore com o símbolo. Ela pode ser usada também como prop. A gravura na parte direita é mais uma das pranchas coloridas.
O pacote acompanha um CD ROM com música para deixar rolando durante as aventuras. Ele contém também uma série de mapas interativos, recursos para fazer um diário de campanha, gerenciar as fichas dos personagens e controlar a campanha.
Esse livrinho contém a novela "At the Mountains of Madness" escrita por Lovecraft. O livro é escrito com letras cursivas e contém vários desenhos feitos à mão livre. O visual dele é concebido dessa forma para parecer o diário da Expedição Miskatonic (1930-31), escrito pelo Professor William Dyer.
Essa versão do "Aventuras de Arthur Gordon Pyn" também pode ser usada como prop. Ela contém anotações nas bordas feitas pelos personagens que eram o livro.
Depois disso resta a pergunta que não quer calar: quanto custa essa caixa?
Infelizmente, a Edição comemorativa já está esgotada. As caixas foram vendidas exclusivamente no site da Sans Detour, ao preço de 199 Euros (mais ou menos, 550 reais).
Dizem que se esgotaram no primeiro dia.
Bom aí está, não exagerei não é?
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
O Elenco dos Sonhos para "At the Mountains of Madness" - Escolhendo os melhores atores para cada papel
Eu bem sei que seria difícil conseguir um elenco dessa categoria para "At the Mountains of Madness", mas não custa sonhar alto com um elenco de estrelas e nomes consagrados.
Escolhi os atores abaixo com base em filmes em que eles atuaram anteriormente e que poderiam servir como base para a escolha do elenco.
Optei propositalmente por alguns atores mais velhos e que poderiam interpretar sem problema professores e especialistas da Miskatonic University.
Acho que daria um bom elenco, com certeza eu assistiria esse filme, mesmo que não soubesse nada a respeito de Lovecraft. Eu preferi não usar o Tom Cruise, nem acho ele um ator ruim ou que ficaria mal no filme, mas sinceramente exstem outros que serviriam melhor nos papéis nos quais ele encaixaria.
Liam Neeson (A Lista de Schindler, Rob Roy, Michael Collins) como William Dyer
O narrador de "At the Mountains of Madness" e o personagem que conduz a trama. Ele é um professor de Geologia na Universidade Miskatonic e o líder da desastrosa Expedição para a Antártida em 1930–31.
Liam Neeson emprestou a sua voz empostada e sua interpretação pontuada para uma enorme variedade de personagens. Neeson é também um ator conhecido, popular e respeitado do tipo que confere autenticidade imediata a um personagem.
James McAvoy (O Procurado, As Crônicas de Narnia, Desejo e Reparação) como Danforth
Estudante e graduando na Universidade Miskatonic. Como parte da Expedição, Danforth acompanha Dyer no vôo sobre a Cidade Ancestral dos Elder Things. Apesar de enloquecer por completo, trata-se d eum dos personagens principais da trama. Ele é descrito como "um leitor habitual de livros bizarros", e faz alusões a Edgar Allan Poe e ao Necronomicon.
O nome de James McAvoy está ligado ao projeto praticamente desde o seu anúncio. Fontes seguras afirmam que James McAvoy estará no filme e terá um papel central. Como se trata de um ator jovem, bem que ele poderia interpretar o instável Danforth, o piloto que acompanha Dyer na exploração à cidade dos Mythos.
Jeremy Irons (O Reverso da Fortuna) como Frank Pabodie
Um membro do Departamento de Engenharia da Universidade Miskatonic, o Professor Pabodie inventou a perfuratriz usada pela Expedição e acompanhou os homens até o sítio arqueológico onde foram encontrados os espécimes enterrados.
Pabodie é uma espécie de gênio, um homem cheio d eidéias que consegue adaptar e improvisar mesmo nas piores situações. Dele dependem todos os veículos e o maquinário.
Jeremy Irons me parece um bom nome para interpretar um engenheiro da Nova Inglaterra. Seria um papel coadjuvante, mas tenho certeza que ele defenderia o personagem muito bem.
Edward Norton (As Duas faces de um crime, A Outra História Americana) como Professor Percy Lake
Lake é o professor titular do Departamento de Biologia da Universidade Miskatonic. É ele quem descobre as Montanhas da Loucura como resultado de uma incansável e insistente busca por alguma descoberta no interior do continente gelado. É ele quem faz a descoberta dos Elder Things enterrados no gelo e que os relaciona com monstros dos mitos primordiais comentados no Necronomicon. É Professor Lake quem comanda boa parte da narrativa, comandando a equipe que é atacada pelas criaturas.
Edward Norton é considerado um dos mais talentosos atores de sua geração. Ele se destaca fazendo personagens problemáticos e cheios de dualidade. Ele seria perfeito para interpretar o obstinado Professor Lake.
Ralph Fiennes (O Paciente Inglês, Harry Potter) como Professor Donald Atwood
Professor Atwood é um físico respeitado e quieto. O personagem tem pouca participação no conto, mas ele aparece em um dos momentos centrais da trama, quando o acampamento de Lake na base das Montanhas da Loucura é atacado por criaturas ancestrais.
Ralph Fiennes já interpretou personagens contidos antes como o arqueólogo de O Paciente Inglês e o embaixador de O Jardineiro Fiel. É um grande ator e seria um ótimo acréscimo a esse filme.
Viggo Mortensen (O Senhor dos Anéis, A Estrada, Marcas da Violência) como Bodreau
Boudreau é um dos especialistas em sobrevivência e um dos homens de confiança que ajuda a Expedição Miskatonic durante a missão exploratória nas Montanhas da Loucura.
Viggo Mortenssen seria um ótimo nome para interpretar Boudreau. Quem assistiu ao filme "A Estrada" percebeu com esse ator pode passar uma série de emoções apenas com o olhar perdido.
Além disso, seria um nome interessante para as cenas de ação ao lado de Ron Perlman.
Rachel Weisz (Constantine, O Jardineiro Fiel, A Múmia) como "Personagem - Feminina Alternativa"
Algumas fontes confiáveis garantem que o filme terá pelo menos uma personagem feminina no elenco. No conto original não há nenhuma personagem feminina, nem mesmo entre os coadjuvantes, o que nesses tempos, é uma coisa complicada. Nada contra se não desvirtuar o filme.
Há outros nomes igualmente interessantes, mas eu pensei em Rachel Weisz para o papel. Trata-se de uma atriz capaz de se sair bem em filmes de ação como A Múmia (que já tinha uma pitada pulp) até filmes de arte.
E então? O que vocês acham dessas opções?