Olá pessoal,
Vamos em frente com mais um mergulho em meio às Tralhas de RPG.
Mês passado, eu comentei a respeito das caixas e mais caixas de papéis, pastas, livros, cadernos e material que acumulei ao longo de todos esses anos jogando RPG. Neste artigo vou dedicar algumas linhas para falar a respeito dos mapas que encontrei entre as minhas tralhas.
Deixe eu começar dizendo o quanto mapas são importantes nas minhas mesas.
Eu adoro estender um mapa sobre a mesa para ilustrar minhas aventuras, mostrar onde os jogadores estão, apontar para onde eles devem ir, salientar alguns pontos do relevo, falar de florestas inexploradas, de ruínas e fortalezas inexpugnáveis, dos perigos de um vale ermo e de cavernas escuras. Um Mapa é como uma janela que permite aos jogadores conhecer o mundo em que seus personagens vivem. Eles abrem os horizontes de uma trama, concedem uma visão única de todas as possibilidades oferecidas pela ambientação e a tornam bem mais envolvente.
Mapas ao meu ver são essenciais para qualquer jogo. Se você parar para pensar, boa parte das aventuras de RPG envolvem uma viagem através de uma paisagem perigosa e isolada, uma jornada por território inimigo ou uma exploração num cenário incomum. Os personagens sempre estão indo do ponto A para o ponto B. Senhor dos Anéis? Do Condado até Mordor. Star Wars? De Tatooine até a Batalha de Yavin na qual a Estrela da Morte explode.
Nessas viagens, os heróis fazem descobertas, vivem aventuras e encontram monstros e seres que vivem nos limites da civilização. Mapas ajudam a visualizar não apenas as distâncias, eles são uma referência do que irá tratar a estória e até onde os personagens estão dispostos a ir para encontrar a aventura...
Quando aparecia aquele mapa nos filmes de Indiana Jones com uma linha vermelha seguindo o caminho do explorador, tínhamos a sensação inequívoca de nos encaminhar para o desconhecido, rumo ao inesperado, prestes a encontrar um cenário exótico.
Mapas são um item comum que acompanha a maioria dos RPG. A maioria dos jogos possui um mapa encartado, mas o que fazer quando a ambientação que você escolheu mestrar não tem um mapa?
Nesses casos, eu costumo fazer meus próprios mapas o que nos leva a esse artigo. O artigo não é a respeito de mapas prontos, sobre isso, eu escrevi faz alguns anos - para ler a respeito basta clicar no link Mapas de RPG.
Aqui estão reunidos alguns mapas de Terras Distantes que eu fiz em papel pardo (meu favorito para essa tarefa, não só pelo tamanho da folha, mas por que ela tem uma coloração amarelada que lembra papel antigo).
Para escrever esse artigo, separei alguns dos meus mapas favoritos e mais alguns que pertencem a aventuras que mestrei ao longo dos anos. São mapas de Masmorras, florestas, fortalezas, prisões, palácios, castelos etc...
Francamente, a maioria eu nem lembro de onde vieram ou quando os fiz, mas uma boa parte ainda está fresca em minha memória: as armadilhas letais, as passagens secretas, os tesouros escondidos, os inimigos ocultos e os perigos em cada canto. Bateu aquele deja vu, aquela saudade em alguns momentos, mas acho que esse saudosismo é a razão de ser desses artigos.
Enfim, sem mais delonga, eis aqui alguns Mapas das "Minhas Tralhas de RPG".
Ravenloft
Uma das mais saudosas campanhas que narrei se passava em Ravenloft, a Terra das Brumas. Foi uma campanha na aurora do D20 System entre 2002 e 2009 que levou o grupo de sete jogadores do primeiro ao nono nível e por várias terras assustadoras e domínios sinistros.
Infelizmente, o livro básico de Ravenloft não trazia um mapa e o mapa de AD&D 2a Edição tinha sido drasticamente mudado, então, nada mais justo do que ter um mapa para a ambientação.
Esses são os mapas dos Clusters (bolsões) e das Isles of Dread (Ilhas Sinistras) que parecem flutuar no mar de névoas perpétuo.
Theáh (7th Sea)
Théah é o mundo onde se passam as aventuras de 7th Sea, uma ambientação de capa e espada, com direito a pirataria, mosqueteiros, armas de pólvora, heróis, heroínas, vilões e muita aventura.
Infelizmente, o livro básico trazia apenas um mapa na contra-capa do livro. O ideal era ter um mapa grande do continente - uma mistura de nações e reinos baseados na Europa do final do século XV.
De todos os mapas que fiz, esse é um dos que mais gostei. Coloquei uma série de informações sobre a ambientação fazendo de conta que elas foram inseridas ali pelo cartógrafo que fez o mapa.
Meu plano era usar esse mapa como um grande prop da campanha que eu ia narrar. O cartógrafo responsável por criar o mapa teria colocado pistas escondidas que uma vez resolvidas levariam até um vasto tesouro escondido.
Infelizmente, a campanha de 7th Sea nunca decolou, mas o mapa eu fiz questão de guardar.
Arrakis (Também chamado de Duna)
Muitos anos atrás eu fiz uma campanha baseada na mega saga de Duna, usando primeiro GURPS e depois passando para o BRP.
É uma pena que dessa campanha que chegou a ter umas 6 ou 7 aventuras não sobrou praticamente nada, e olha que eu tinha toneladas de material escavado na internet para contextualizar o visual do jogo - eu usei muita coisa do roteiro de Jodorov com arte de Moebius e alguma coisa do filme.
Foi uma campanha bem legal com os jogadores sendo membros de uma casa menor do Landsraad, aliados dos Atreides e destruídos pelos Harkonnen. Eles acabavam se unindo aos Fremen em busca de vingança e tocavam o terror em Arrakis como contrabandistas de Spice Melange e depois revolucionários. A campanha não chegou a ter final, mas foi longe o bastante para o pessoal montar em um Verme!
Legends of Five Rings
Essa campanha de Five Rings foi bem legal!
Eu comecei jogando (com meu Samurai Caranguejo casca grossa Otomo Narida), mas quando nosso mestre acabou se mudando para outro estado, acabei assumindo os trabalhos e seguindo por mais umas cinco ou seis aventuras.
Sempre senti falta de um mapa em Five Rings e fiz esse para ajudar o grupo a explorar a grandiosidade de Rokugan. Ironicamente, a maior parte da campanha se passou no sul do continente, de modo que nem precisaria ter feito um mapa completo, mas aí está ele.
Esse mapa foi para uma campanha de Beasts and Barbarians, uma ambientação no estilo Sword and Sorcery se passando em um continente conhecido como Dread Sea Dominions.
Eu mestrei umas dez aventuras nessa ambientação, mesclando muita coisa que eu tirava de histórias do Conan, inclusive uma adaptação da clássica Torre do Elefante e da saga Conan Rei.
Como Beasts and Barbarians é uma ambientação aberta que dá apenas uma pincelada no mundo, inclui uma série de coisas que não existem originalmente. O mais legal é que quando postei esse mapa anos atrás (nos tempos do Orkut ainda!) o autor da ambientação, Umberto Pignatelli veio conversar comigo a respeito da Campanha.
Dungeons e Interiores:
Bom, o que dizer de masmorras?
Depois de ter mestrado tantas aventuras, é natural que eu tivesse muitos mapas de Masmorras. Mas eu não esperava que fossem tantos...
Encontrei mapas de dungeons em cadernos, folhas avulsas, blocos quadriculados, trechos de aventura, etc... desses realmente não lembro de todos, sequer se usei, mas com certeza tem algumas coisas que eu usei repetidas vezes, passagens secretas e armadilhas principalmente fora
m reaproveitadas.
m reaproveitadas.
Muita, muita, muita coisa mesmo!
A maioria obviamente é de D&D, já que o jogo pressupõe que você vai explorar muitas masmorras, lembre-se "Masmorras" está no nome do jogo (Dungeons). São mapas de Forgotten, de Ravenloft, de Dark Sun, Greyhawk, Dragonlance, Al Qadim (muitos!!!)...
Mas há muito mais coisas além do bom e velho D&D.
Achei mapas de cidades fantasmas e cemitérios que usei em Deadlands, a planta baixa de asilos e ruínas usadas em Call of Cthulhu, o mapa de um subterrâneo que usei séculos atrás quando narrei uma série de aventuras com Caçadores Caçados, um mapa do sistema de metrô de Nova York usado em Kult, um palácio inteiro que construí para Conan D20, além de vários mapas mais contemporâneos de Numenera, Savage Worlds e Warhammer Fantasy.
Como disse, é muita coisa, para não ficar repetitivo, inclui apenas alguns nas fotografias.
Então é isso...
Ah sim, antes de terminar quero indicar para todos os que gostam de desenhar mapas de Terras fantásticas e Reinos fictícios esse livro: How to Draw Fantasy Art & RPG Maps de Jared Blando.
Caras, esse é um dos livros mais legais para dar ideias de como criar seus próprios mundos de maneira realista e plausível.
Caras, esse é um dos livros mais legais para dar ideias de como criar seus próprios mundos de maneira realista e plausível.
Ele apresenta um belíssimo passo a passo de como construir os reinos, posicionar as cidades de acordo com a ocupação da terra, distribuir recursos e construir um mapa geograficamente coerente com rios, cadeias montanhosas, mares, florestas, pântanos e desertos em posições adequadas.
Na boa, alguns autores de ambientações poderiam se beneficiar muito lendo esse livro para fugir dos estereótipos geográficos que são verdadeiras armadilhas de clichês.
Vale a pena dar uma olhada, sobretudo para quem gosta de criar seus próprios mundos de fantasia.
E para todos os amantes de Cartografia de Fantasia, assistam esse vídeo e as continuações em que um mapa de fantasia é construído em detalhes.
Opa faltou a Trivia das Antigas:
1) Como eram assinalados nos mapas as estátuas e as passagens secretas no D&D?
2) Qual o nome da colossal cidade subterrânea dos Drows, a raça de elfos negros que habitava Forgotten Realms e que deu origem a uma caixa que custava absurdos 30 dólares nos tempos do AD&D?
3) Quem sou eu? Rastejo pelo chão das Masmorras, catando tudo o que cai, sou translúcido e os aventureiros enxergam através de mim. Quando me batem vibro e não faço nem um som, mas se me tocar você não poderá se mover. Com certeza alguns já me representaram como um dado.
4) Você sabe dizer em que ambientação ficavam os seguintes lugares?
a) Taladas
b) Estuary of the Silt
c) Castle Forlorn
d) Kingdon of Verbobonc
e) The Golden City of Huzuz
f) The Rock of Braal
f) The Rock of Braal
5) Toril o mundo de Forgotten Realms possui vários continentes análogos a culturas e civilizações da Terra. Você seria capaz de lembrar o nome dos continentes que representam o Extremo Oriente, o Oriente Médio e a América Colonial?
Respostas no próximo artigo Tralhas de RPG.