quinta-feira, 20 de março de 2014

Lista de Equipamentos para Agentes - Alguns truques do mundo da espionagem


Durante uma aventura envolvendo Espionagem e Intriga, os personagens estarão em busca de informações, terão de transmitir dados, obter planos secretos e decifrar códigos sigilosos. Um cenário de espionagem permite várias possibilidades para os jogadores e a chance de mergulhar em um mundo de intrigas, complôs e mistérios guardados à sete chaves. Adicionar os Mythos a esse caldeirão só aumenta o desafio e a sensação de perigo espreitando nas sombras.  

Em geral, agências governamentais de espionagem possuem os seus próprios equipamentos e fornecem esses items para serem utilizados como ferramentas pelos seus agentes em campo. Além das óbvias armas de fogo e automóveis, espiões podem se valer de vários outros itens específicos para seu perigosos ramo de atividade.

Na sua próxima aventura, procure seu Quartermaster (Q) - o responsável pelo equipamento dos agentes de campo, e pergunte a respeito de itens que podem garantir não apenas o sucesso de sua missão, mas a chave para a sobrevivência de seu agente. 

Objetos para Ocultação


No mundo da espionagem, quase tão importante quanto obter uma determinada informação é preservar essa informação em um lugar seguro e longe das mãos do inimigo. 

Desde que os primeiros agentes secretos entraram em ação, uma das preocupações centrais das agências de espionagem era conceber uma maneira deles esconderem as informações obtidas em algum lugar seguro que não fosse encontrado caso eles fossem capturados pelos inimigos e submetidos a uma revista. Dispor de um esconderijo seguro para ocultar documentos, microfilmes, filmes fotográficos ou planos roubados era essencial quando o agente precisava cruzar uma fronteira ou posto de vigilância.

Ao longo da história inúmeros objetos foram usados por espiões para facilitar a ocultação. Alguns destes itens eram absolutamente inocentes e dificilmente levantavam suspeita. Apenas os investigadores mais experientes e sagazes conseguiam encontrá-los durante uma revista.

Entre os itens de ocultação em exposição no Museu da Espionagem, existem roupas com bolsos secretos, barras de costura falsa, chapéus com compartimento oculto e sapatos com salto deslizante, passando por valises com alça oca, canetas, cachimbos e isqueiros zippos onde era possível esconder um microfilme ou micro-ponto em segurança. Mas havia outros objetos ainda mais incomuns usados para ocultação: latas de espuma para barbear, tubos de pasta de dente, cabides, garrafas de vinho e até moedas falsas (como essa no alto do tópico) ofereciam compartimentos secretos acessados apenas mediante uma determinada pressão em pontos específicos ou rotação em algum lugar.


Marcador Químico

A arte de seguir um alvo de forma discreta é algo que espiões precisam dominar.

Em certos casos no entanto, seguir um alvo pode ser algo extremamente complicado, sobretudo se a pessoa em questão estiver transitando em um lugar movimentado. Para auxiliar em missões dessa natureza, espiões utilizam meios para distinguir o alvo das outras pessoas. Ao longo da história da espionagem, sabe-se de agentes que usavam simples poeira de giz para marcar as costas de seu alvo até uma pequena quantidade de tinta fosforescente. Nos dia atuais, tinta invisível ou compostos químicos, detectáveis apenas com o uso de óculos especiais são o padrão empregado por várias agências de espionagem.

Marcadores químicos no início do século XX incluíam sprays que serviam para marcar o alvo visualmente ou com algum odor distinto que permitia ao espião especialmente treinado, rastreá-lo, mesmo em uma avenida movimentada.

Supressor de Arma (Silenciador)



Outro clássico da Guerra Fria, os Supressores para Armas de Fogo, ou como ficaram mais conhecidos Silenciadores, foram desenvolvidos bem no início do século. A primeira patente de que se tem notícia de um silenciador data de 1909 e foi desenvolvida por Hiram Maxim, um dos criadores da famosa metralhadora Maxim.

Em termos de praticidade armas de fogo não são muito úteis para agentes que primam pela discrição. Um único disparo pode colocar toda uma missão a perder e atrair seguranças ou guardas que o espião deseja evitar a todo custo. Ainda assim, espiões precisam se defender de seus inimigos, por isso não podem abrir mão de tais ferramentas. Assim sendo, um supressor para arma de fogo torna-se um item quase essencial.

Supressores são implementos cilíndricos de metal, fixados no cano da arma de fogo. O objetivo deles é capturar os gases que viajam a velocidade supersônica quando a bala é disparada. O supressor age como uma espécie de filtro, captando os gases e distribuindo em seu interior através de um sistema de deflexão sonora montada no interior. Quanto maior a quantidade de defletores, mais eficiente será o abafamento do som, em compensação o supressor pode diminuir a eficiência do disparo e retardar a velocidade da bala. Os supressores tem uma vida útil curta, após cerca de dez disparos, eles são danificados e deixam de funcionar satisfatoriamente. Armas de fogo automáticas de qualquer calibre aceitam supressores, desde pistolas calibre 22 até rifles .50, mas em algumas armas como espingardas e revólveres eles não são muito úteis pois a redução sonora é mínima.

De um modo geral, armas de menor calibre, como pistolas .32 se comportam melhor com supressores simples que não influem diretamente na eficiência do disparo. Armas desse calibre, em condições ideais produzem um ruído que atinge 140 decibéis, um supressor pode reduzir esse som a aceitáveis 14,5 decibéis uma melhoria considerável.

Um conhecedor de armas de fogo (ou um espião treinado) é plenamente capaz de improvisar um supressor usando para isso meios simples, como por exemplo atirar através de uma garrafa de plástico ou de um pano encharcado com leite comum. Esse tipo de "silenciador sujo" reduz o estampido do disparo a metade de seu ruído, mas afeta a trajetória e potência do disparo.     

Nas primeiras décadas do século XX, supressores são proibidos na maioria dos países, embora nos Estados Unidos, silenciadores fossem comercializados em lojas de material esportivo, principalmente para serem acoplados a rifles de caça. Se existe alguma verdade em filmes da franquia James Bond, é que agências de espionagem ofereciam como arma principal para seus agentes pistolas Walter PPK idênticas ao do espião com "licença para matar". A razão de ser é simples, a arma aceitava muito bem o acréscimo de supressores e tornava a vida dos espiões bem mais segura.

Mini-Câmera Fotográfica

Usadas para capturar imagens em detalhes, máquinas fotográficas sempre foram utilizadas por espiões com o objetivo de reunir evidências e pistas. E o velho ditado: "Uma imagem vale mais do que mil palavras", muitas vezes se provava correto.

Um dos requisitos para a utilização de máquinas fotográficas por espiões era que elas fossem pequenas, discretas e não fizessem barulho. O filme dessas máquinas também deveria ser pequeno, mas capaz de resultar em imagens suficientemente nítidas quando reveladas. As primeiras câmeras usadas por agências de espionagem empregavam os menores aparelhos disponíveis, mas mesmo estes eram grandes demais e acabavam chamando a atenção.

Câmeras de 35 mm se tornaram as máquinas padrão usadas pelas agências de espionagem mundiais. Seus componentes eram tão pequenos e sensíveis que em alguns casos eles eram montados por mestres relojoeiros. Apesar do tamanho, vários acessórios ampliavam a capacidade destas pequenas câmeras permitindo a inserção de lentes, flashes e dispositivos de controle remoto. Além disso, as pequenas câmeras de espionagem vinham disfarçadas em formatos inesperados, podendo ser colocadas dentro da manga de casacos ou sacolas (sendo um botão uma lente oculta), no interior de livros (bíblias mais volumosas eram perfeitas para esse fim) ou até em maços de cigarros.

O filme produzido por essas câmeras também era pequeno e podia ser facilmente escondido. Modelos construídos  na década de 1930 produziam microfilmes que além de serem flexíveis, tinham a largura de um palito de fósforo. A criação dos micro-pontos permitiu que fotogramas fossem miniaturizados até ficarem do tamanho da unha do dedo mínimo.

Uma típica máquina fotográfica usada pelos serviços de espionagem nos anos 1920-1930 tinha capacidade para no máximo 6 fotografias. A qualidade das fotos era baixa e em geral, uma vez que as câmeras eram disfarçadas em algum lugar, a qualidade de enquadramento também era sofrível. Máquinas pequenas no entanto, usadas para fotografar documentos se saiam muito bem, mesmo com iluminação comprometida.

Uma das máquinas mais famosas da Guerra Fria, a soviética Minox Riga (na foto ao lado) desenvolvida em 1932, era tão pequena que era considerada como uma subminiatura. No período ela era 3 vezes menor do que qualquer máquina usada pelas agências ocidentais. Suas dimensões eram de 8 cm x 2,7 cm x 1,6 cm, e pesava apenas 110 gramas. Seu filme flexível tinha apenas 9,2 cm de comprimento. A máquina era tão eficiente que ela foi cobiçada até por agentes inimigos.

Guarda Chuvas de Espião

Por estranho que possa parecer, guarda-chuvas são objetos intimamente relacionados ao mundo da espionagem.

Em primeiro lugar, um guarda chuvas funciona como uma maneira perfeita de sinalizar algo para um contato. Um guarda chuvas pode ser marcado com uma fita para que o agente saiba com quem deve se comunicar, pode ser usado como sinalizador para uma ação (o ato de abrir um guarda-chuvas no meio de uma multidão pode representar o sinal verde para um ataque) ou o guarda chuvas pode ser usado para ocultar uma ação (simplesmente abrindo o dispositivo no momento de passar por uma câmera).



Guarda Chuvas também são ótimos objetos para ocultação, um cabo oco pode ser perfeito para esconder um rolo de filme ou algumas páginas devidamente enroladas. Além disso, um guarda-chuvas pode se converter em uma arma de defesa e ataque. O cabo de um guarda-chuvas pode ser desprendido revelando uma lâmina oculta (estilo sword cane) ou quem sabe até o cano de uma arma de pequeno calibre acionada por um mecanismo ou gatilho oculto. Armas como essa foram usadas por agentes durante a Guerra Fria e eram capazes de um único e mortal disparo à queima roupa.

O mais famoso guarda chuvas usado durante o período da Guerra Fria foi empregado por espiões soviéticos para eliminar o dissidente búlgaro Georgi Markov em Londres. Um agente usando um guarda-chuvas com uma ponta afiada, conseguiu se aproximar de seu alvo e provocar um pequeno arranhão. Na ponta do guarda-chuvas havia uma quantidade microscópica de ricina, uma toxina letal que causou a morte do dissidente em três dias. O caso do assassino do guarda-chuvas se tornou um dos mais famosos da Guerra Fria.

Kit de Disfarce

Muito utilizado sobretudo por espiões utilizando identidades falsas ou que tem sua identidade conhecida pelos seus oponentes.

Um Kit de Disfarce consiste de perucas, grampos, apliques, cola usada em teatro, bigodes e barbas falsas, óculos, tinturas, próteses nasais, cicatrizes plásticas, marcas de idade em forma de decalque e até dentaduras falsas. Em kits mais completos havia ainda lentes de contato em cores diferentes que ajudavam a disfarçar o indivíduo.

Além de mudar a aparência, alguns kits incluíam também roupas e trajes que podiam ser empregados para que o indivíduo assumisse uma identidade ou ocupação totalmente distinta. Durante a Segunda Guerra, espiões aliados estudavam o básico de latim e dos costumes religiosos cristãos para assumir a identidade de padres.

Pílulas de Cianureto


A clássica última opção.

Vista em vários romances e filmes a respeito do lado menos romântico (e mais realista) da espionagem, as notórias pílulas de cianureto eram uma dura realidade. As primeiras pílulas venenosas (também chamadas de L-Pills ou Kill-Pills) eram feitas com uma dosagem microscópica, mas suficiente para causar a morte de um homem adulto em apenas 10-15 segundos. Uma dose maior poderia resultar em uma dor lancinante e prolongada, uma menor em coma ou danos nervosos severos, por esse motivo químicos desenvolviam dosagens específicas para cada espião, baseadas em seu peso. 

As primeiras pílulas foram criadas no início do século XX na Alemanha e foram distribuídas a espiões durante a Grande Guerra, cerca de 28 destes utilizaram suas pílulas. Elas eram guardadas em estojos de metal (semelhantes a uma bala de pequeno calibre) que podiam ser facilmente ocultados. As pílulas eram usadas por agentes capturados que preferiam uma "morte limpa" ou "honrada" ao invés de sofrerem tortura ou coação nas mãos de seus inimigos.

As pílulas de cianureto ficaram famosas durante a Segunda Guerra, sendo distribuídas aos montes no final da guerra para oficiais do alto escalão que buscavam uma morte rápida. Líderes nazistas como Herman Goering e Heinrich Himler usaram pílulas desse tipo para cometer suicídio. No período da Guerra Fria, alguns espiões mantinham escondidas pílulas venenosas, bem como astronautas que estiveram nas missões de longa duração da NASA.

Ao contrário do que se pode supor, as pílulas não eram engolidas. Para liberar a substância em seu interior, era necessário morder a pílula com os dentes. Inalando o vapor liberado causava a morte imediata.

Escuta Portátil


Um dos itens mais identificados com o trabalho de espionagem, a escuta telefônica portátil presente nas primeiras décadas do século XX era um dispositivo diretamente instalado no aparelho que o conectava a centrais móveis responsáveis por compartilhar a linha.

Em geral, esses aparelhos tinham de ser conectados a postes telefônicos através de fiação e eram difíceis de serem disfarçados. A eficácia deles também era discutível, já que espiões experientes eram capazes de perceber a existência de uma escuta abrindo um telefone ou meramente ouvindo estalos na ligação. Aparelhos de escuta mais modernos, as chamadas Caixas Bege, começaram a ser desenvolvidos em 1940. esta eram acopladas a gravadores automáticos que eram ligados assim que a ligação se completava. Contudo, foi na década de 50 que se deu o auge desse tipo de espionagem que revolucionou o trabalho de espião.

Na era de ouro da Guerra Fria, centrais de telefonia móvel eram montadas e usadas especialmente para interceptar ligações telefônicas analógicas. Estima-se que em Berlim existissem mais de 70 mil escutas ativas, isso em uma cidade que possuía cerca de 78 mil linhas. Um espião era capaz de instalar um grampo em pouco menos de 2 minutos. As centrais clandestinas também se devotavam a captar emissões de rádio e transmissão em ondas curtas. 

Para competir com as centrais de escuta, as principais nações emitiam sinais que visavam embaralhar suas transmissões e dificultar a captação. Centrais de contra-espionagem modificavam seus aparelhos a cada semana para atualizar sistemas e se precaver da ação de espiões e grupos de técnicos rastreavam as linhas em busca de grampos. Um único telefone público em um café de Berlim chegou a ter mais de 25 grampos. 

Na década de 1950, escutas instaladas em centrais eram uma enorme preocupação dos governos mundiais. Em 1955 durante a Caça às Bruxas do Macartismo, várias centrais telefônicas norte-americanas foram interditadas para que buscas por escutas fossem conduzidas por agentes do FBI. Supostamente após realizar as buscas, inúmeras linhas foram grampeadas para que os agentes do governo pudessem espionar civis (sem autorização, é claro). 

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Um comentário:

  1. Ótimo texto,como sempre .E para mim foi uma grata surpresa, porque estou pensando em fazer uma campanha de espionagem em cenário pulp;quanta coincidência !

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