Mesa Tentacular - Cenário "Mausoléu do Faraó Negro" narrado por Henrik Chaves

A seguinte Mesa Tentacular foi enviada pelo nosso colega Henrik Chaves. Ele narrou o cenário "O Mausoléu do Faraó Negro", cujo PDF acompanhou o Financiamento Coletivo do livro Chamado de Cthulhu para os financiadores que entraram no nível Cultista Aventureiro.

Obrigado ao Henrik pelo report da sessão.

Report sem Spoilers:

Boa tarde, pessoal!

Um relato do cenário "O Mausoléu do Faraó Negro", que jogamos na última sexta-feira, 03/jan, uma noite de calor indecente aqui em Curitiba (para os padrões locais, acredito que os cariocas achariam amena...).

Cabe citar uma curiosidade: jogamos sem nenhuma versão do livro básico em mãos. Isso por que o único jogador da mesa que o possui (e que é o Guardião tradicional) estava apenas de passagem na cidade. O livro fez um pouco de falta em alguns pontos (que citarei nos momentos exatos), mas não foi totalmente imprescindível pois já estarmos bem familiarizados com o sistema.

Uma breve versão sem spoilers:

O grupo era composto por todos os seis personagens prontos que acompanham o cenário, apenas o jogador do professor Abner Pennington optou por trocar o nome do personagem para Thomas Sheppard.

Não rolei nenhum tipo de introdução. Optei por começar a sessão já no Mercado Livre de Alexandria, e dar a opção aos jogadores de completar o equipamento descrito em suas fichas. Também não me preocupei com recursos monetários. Isso para poupar tempo, já que começamos a jogar por volta de 19:30 da noite (ou seja, a sessão poderia se prolongar pela madrugada).

O grupo já começou tendo problemas com a polícia, já que não colaboraram na cena inicial, mas conseguiram despistar e seguir em frente.

O resto da investigação foi relativamente tranquila, apesar de darem com a língua nos dentes em alguns momentos inoportunos...

O que se passou no ato final, entretanto, estava longe de ser tranquilo...

Resumo final: 3 personagens mortos e 3 sobreviventes (sendo que 2 tinham ficado do lado de fora do mausoléu...).

Agora, a versão completa:

*** SPOILERS À FRENTE ***

Se ainda não jogou e pretende jogar (como jogador mesmo, e não como guardião) esse cenário, por favor, pare de ler aqui, ou poderá estragar sua diversão!

Esteja avisado!

Logo de cara, quando o Capitão Carnahan aparece moribundo e entrega o pacote para o Professor, com a polícia aparecendo em seguida, ao invés de seguir a polícia até a delegacia o próprio professor Sheppard "chuta o pau da barraca", literalmente, derrubando uma barraca de um comerciante de galinhas, e soltando várias aves. Na confusão o grupo consegue fugir e embarcar para o Cairo (levando também a adaga, que o explorador Roger Sunderhill conseguiu retirar do corpo sem que a polícia percebesse).

O embarque para o Cairo aconteceu na manhã seguinte, com a viagem transcorrendo sem maiores problemas.

Uma vez no Cairo o grupo optou por ir direto ao Museu conversar com o curador. A conversa foi tudo, menos discreta, de modo que os investigadores foram rapidamente dispensados, e sem conseguir muitas informações extras. Após o professor Sheppard (um tanto quanto maníaco) se esgueirar pelo museu em busca de uma sessão proibida para visitantes (e não encontrar), o grupo deixa o Museu.

O passo seguinte era o Café Oásis Verdejante. O encontro com o dono, Mohareb Todrus, transcorreu exatamente como esperado. Foi um momento bastante tenso, mas que terminou com Mohareb se aliando aos investigadores.

Após verem o panfleto do Instituto Germânico de Egiptologia o grupo para lá se dirige, e vai direto conversar com o Diretor da Instituição.

(Aqui cabe uma observação: o nome do diretor no texto do cenário é Garth Weder, mas no folder fornecido como prop consta o nome de Mansour Abd al Aziz. Contornei dizendo que o panfleto era antigo...).

Logo nos primeiros minutos de conversa um dos jogadores citou o De Vermiis Mysteriis, fazendo com que fosse impossível conseguir novas informações, e quando tentaram pressionar Weder este os expulsou de sua sala e colocou um dos guardas do museu de olho neles.

Após algumas acrobacias para despistar o guarda (e com direito a uma divisão do grupo dentro do Instituto no melhor estilo Scooby-Doo) um dos personagens (Roger Sundehill) conseguiu encaixar a parte que faltava no mural e teve a visão que levava à tumba de Nephren-Ka.

Essa foi uma das partes mais divertidas! A perda de sanidade provocada pela visão de Nyarlatothep deixou o personagem com um distúrbio temporário de fala. Por algumas horas ele não conseguiria falar nada com clareza, aprenas palavras sem sentido, ou murmúrios, ou simplesmente rápido demais para ser entendido, e a interpretação do jogador foi sensacional! Todo mundo na mesa ficou agoniado e agustiado para saber o que tinha se passado!

De volta ao Oásis Verdejante, e com a ajuda de Mohareb Todrus, o grupo contratou alguns beduínos para ajudar na travessia do deserto até a tumba.

(Aqui eu deveria ter colocado uma cena com assassinos a mando do professor Weder, mas já passava da 1h da manhã e algumas pessoas estavam ficando realmente com sono... Então optei por sacrificar um pouco a coerência da trama para podermos terminar na mesma sessão de jogo).

Nem todos os personagens entraram na tumba. Rachel e William ficaram de fora "vigiando". Dentro da tumba foi tudo surpreendentemente tranquilo nas primeiras câmaras. O professor Sheppard conseguiu passar em TODOS os testes de sorte dos pergaminhos com capítulos extras no Livro dos Mortos, e ganhou uma quantidade apreciável de pontos em Mitos de Cthulhu (11, se não me falha a memória) SEM acionar a armadilha (dica a outros guardiões: acionem a armadilha mesmo que seja o último pergaminho. Fiquei arrependido de não tê-lo feito. Foi muita falta de "feeling" de minha parte). EDIT: foram 18 (!!!) pontos no total.

Também passarem pelo fosso sem perturbá-lo. O grupo de era escolado, e quando perceberam que uma pedra atirada na escuridão simplesmente sumiu, ninguém nem pensou em descer por ali.

Também passaram pela sala do trono sem maiores problemas.

Na tumba de Nephren-Ka o Sheppard fitou o Mural do Destino por alguns minutos, ganhou alguns pontos de Mitos de Cthulhu, e passou no teste já na primeira tentativa de desviar o olhar (Damn it! Estava louco para ver alguém preso ali).

Ao investigar o Mausoléu ninguém nem pensou em tocar no tesouro do Faraó (nem olharam os jarros), alguém teve a idéia de retirar o medalhão da múmia (!!!). Isso atraiu o Servo dos Deuses Exteriores para a câmara, e iniciou a parte realmente aterrorizante.

NOTA: Nesse ponto fez um pouco de falta uma versão do livro básico, pois o cenário não conta com a descrição da criatura. Sem problemas: improvisei uma descrição para os jogadores - que aparentemente "colou" - e seguimos em frente.

Uma vez que ninguém deu bola para os jarros os investigadores não contavam com a adaga mística, e não tinham como afetar o Servo. Mas de novo Roger foi o herói do grupo: distraiu a fera e conseguiu tirá-la da porta o suficiente para que os demais fugissem. Nisso William Barlett (que tinha ouvido os tiros mesmo estando do lado de fora) correu em direção à cena (estava preocupado com sua fonte de dinheiro) com uma banana de dinamite. Assim que viu a criatura (e felizmente passou no teste de sanidade, mantendo seu controle) acendeu a banana e a arremessou, enquanto os demais passavam pela porta.

Infelizmente nem todos conseguiram correr rápido o suficiente

NOTA: esse foi outro ponto em que improvisei regras. Não me lembrava das regras para velocidade, então usei as mesmas de GURPS: (DES + CON)/4 é o sua velocidade máxima, em metros por segundo. Desse modo os personagens se afastaram entre 5,5 e 7,5 metros antes da explosão.

Por acaso quem ficou por último foi o próprio Roger, que já tinha apanhando bastante do Servo, tendo sido arremessado nas paredes duas vezes por golpes de tentáculo. A força da explosão o arremessou de novo contra outra parede. Ele não resistiu aos ferimentos, mas foi o personagem mais heróico e altruísta de sessão.

Os demais, mesmo sendo arremessados sobreviveram, mas continuaram correndo na dúvida de a criatura ter sido detida ou não (e tinham razão! Ela tinha sido apenas retardada pela explosão).

Ao correr pela sala do fosso, entretanto, solicitei testes de Destreza (x4) para que os personagens conseguissem correr em volta sem problemas.

Howard Stanton falhou com um 00, e caiu direto dentro do abismo. O professor também falhou, mas obteve sucesso em um teste de sorte para se agarrar na beirada, sendo puxado depois por William Barlett. Abigail Carmichael falhou no teste de DES e tirou 00 no de sorte. A pedra da beirada em que ela tinha conseguido se agarrar se soltou, e também foi para o fundo do abismo.

Na saída da tumba os personagens explodiram a dinamite que estava previamente preparada e galoparam pelo deserto em desespero até chegarem à cidade mais próxima...

E assim terminou a aventura. O único personagem que "se deu bem" foi o professor Sheppard, que evoluiu consideravelmente em Mitos de Cthulhu e teve pouca perda de sanidade. William e Rachel perderam o seu "baú de tesouro". Roger Sunderhill não enlouqueceu, mas morreu na explosão dentro da tumba. Já Abby e Howard tiveram suas mentes destroçadas ao vislumbrar a corte de Azathoth segundos antes de seus corpos serem destruídos pelos rigores do ambiente sideral...

E assim terminou a sessão de jogo!

Um detalhe: apesar de parecer curto o cenário pode facilmente precisar de duas sessões de jogo para ser concluído. Nós jogamos das 19:30 até mais ou menos 02:30 da manhã... E isso que cortei uma cena que seria importante!

Quaisquer dúvidas, por favor, perguntem!

E Luciano, por favor, fique à vontade para postar o relato no Mundo Tentacular, se achar interessante. E fique à vontade para editá-lo (ou pedir que eu o edite) para deixar em uma forma mais conveniente.

Abraços Cthulhianos! 

E aqui vai uma foto da mesa do Henrik: