As árvores com seus galhos retorcidos bloqueando o sol. As sombras escuras se projetando sobre o solo coberto de folhas. Sons estranhos e misteriosos emanando das profundezas da mata. Os rosnados de animais selvagens ecoando a distância como uma ameaça permanente. Todos esses elementos conspiram para criar uma sensação enervante. Na maioria das vezes, não existe nada de realmente perigoso em florestas a não ser as sensações inquietantes que dominam nossa mente, ainda assim, para uma floresta sinistra localizada na mítica Transilvânia o medo pode ser mais do que mera sensação. Nesse lugar, os arrepios são causados por algo mais do que a imaginação.
A Transilvânia é uma terra icônica para os conhecedores do Horror Gótico. Ela é a lendária terra dos vampiros, carniçais e lobisomens, um recanto do mundo que parece concentrar as criaturas mais terríveis concebidas pela humanidade. Maldições, assombrações, horrores, essa região da Romênia reúne estórias, superstições e crendices que a tornam famosa mundialmente. E as florestas da Transilvânia talvez sejam responsáveis por muito dessa fama. Florestas escuras, sinistras, cheias de fenômenos inexplicáveis e eventos igualmente incompreensíveis.
A Floresta de Hoia-Baciu fica a oeste da cidade de Cluj-Napoca no coração da Transilvânia romena, uma área que ironicamente não é particularmente remota, pelo contrário, hoje em dia é bastante visitada, usada como área de recreação. A região se tornou popular entre os pesquisadores de eventos sobrenaturais em virtude dos estranhos fenômenos que lá ocorrem. Embora a floresta tenha uma extensão total de apenas uma milha quadrada (pouco mais do que três quilômetros quadrados), ela possui uma longa história como lugar maldito e evitado. Existem estórias a respeito de fantasmas, aparições, entidades espectrais, vozes sem corpo, desaparecimentos misteriosos, reações físicas inexplicáveis, avistamento de discos voadores, anomalias magnéticas, entre vários outros fenômenos. É difícil imaginar outro lugar no planeta que concentre um espectro tão vasto de anomalias bizarras em uma área tão restrita. Não é para menos que ela recebeu vários apelidos: "O Triângulo das Bermudas da Europa", "A Floresta Maldita", "O coração da terra negra"...
A Floresta de Hoia-Baciu
Os habitantes locais até meados do século XX evitavam a região. Os registros históricos mencionam incontáveis lendas e um temor quase palpável a respeito da Floresta de Hoia-Baciu. De fato, o nome do lugar deriva de um acontecimento inexplicável. Segundo a lenda, um Baci, que é a palavra romena para "pastor", certa vez guiou suas ovelhas através da floresta ignorando as lendas sobre o lugar. Ainda segundo o mito, o pastor jamais emergiu da floresta, mas seus gritos foram ouvidos ao longo da madrugada por aqueles que habitavam um vilarejo na borda da mata. Apesar de uma busca ter sido realizada na manhã seguinte, nem o homem e nem as 200 ovelhas que ele conduzia foram encontradas. É como se ele e o rebanho tivessem sido engolidos pelo chão.
A região rapidamente ganhou notoriedade no folclore local como um lugar de onde não se retornava. As pessoas da região acreditam que a floresta é a morada dos fantasmas de camponeses que morreram de forma violenta durante rebeliões nos tempos medievais. Naquela época obscura, senhores tinham o poder de vida e morte sobre seus vassalos e podiam mandar executá-los por simples transgressões. Há lendas de senhores impiedosos que assassinavam famílias inteiras acusadas de matar animais pertencentes ao lorde ou de se negar a pagar impostos. Um mito bastante difundido é que os senhores ordenavam que os camponeses revoltados fossem enterrados no solo da floresta onde segundo a crença eles ficariam impedidos de descansar. "Aquilo que é plantado nessa floresta, jamais descansa, jamais conhece o sossego. O tormento é sua única recompensa, por toda eternidade", diz uma lenda romena.
A fama de ser assombrada sempre manteve as pessoas longe de Hoia-Baciu. Apenas a partir de 1948, o governo romeno decidiu construir uma estrada passando através dela. Até então, a floresta permaneceu quase inexplorada. Para a grande obra, inúmeras árvores tiveram de ser derrubadas e clareiras foram abertas para a passagem de máquinas. Dizem que muitos operários desistiram da obra por terem visto coisas estranhas naquele lugar ermo. Uma estória particularmente bizarra atesta que algumas grandes árvores verteram sangue ao invés de seiva, quando foram serradas pelos trabalhadores. Outra estória afirma que homens desapareceram em um recanto remoto e que os engenheiros resolveram contornar mais de um ponto onde as máquinas paravam de funcionar e onde pessoas sumiam sem deixar vestígios.
Não é difícil entender porque tais lendas surgiram em um lugar como Hoia-Baciu. A atmosfera na floresta é certamente intimidadora, com suas árvores ancestrais de troncos retorcidos cobertos de fungos e raízes se enterradas fundo no solo. Alguns mencionam troncos que guardam estranha similaridade com faces humanas. Muito se fala a respeito de equipamentos eletrônicos que simplesmente param de funcionar nos arredores da floresta. Mesmo bússolas não operam normalmente nesse lugar, com ponteiros girando sem parar, incapazes de mostrar a direção correta. Mas há mais...
Uma inquietante sensação de ameaça parece permear essa mata antediluviana. Uma das ocorrências mais frequentes entre os visitantes de Hoia-Baciu é a intensa sensação de apreensão que o lugar invoca. Não é incomum pessoas serem acometidas de crises de ansiedade, sede excessiva, a sensação de estar sendo observado, medo repentino e até mesmo ataques de pânico sem razão aparente. Outros sentem um forte desejo de escapar, mesmo sem serem capaz de explicar o motivo.
Visitantes também relatam fortes dores de cabeça, desorientação, náusea, tontura, desmaios e dores agudas em várias partes do corpo. Houve registro de pessoas que simplesmente perderam os sentidos, caindo inconscientes, despertando apenas horas mais tarde, quando afastadas dos limites da floresta. Há também relatos de indivíduos que experimentaram alucinações ou tiveram visões repentinas de coisas que aconteceram na floresta há muito tempo. Testemunhas afirmam ter viajado fora do corpo após desmaiar na floresta, ter visto o mundo de cima ou de ter habitado brevemente o corpo de algum animal selvagem.
Mais frequentes são as sensações descritas como inexplicáveis frios na espinha, arrepios, suores e choques elétricos. Pessoas sensíveis parecem ser as mais afetadas, com vítimas sofrendo hemorragia nasal, alergias severas, surgimento de erupções cutâneas: bolhas, verrugas, furúnculos e em alguns casos até mesmo queimaduras e marcas de mordida.
Toda essa aura de estranheza, somada a sensação de estar sendo vigiado por olhos invisíveis, e as reações físicas infligidas por forças ocultas se encaixam perfeitamente nas narrativas sobrenaturais em Hoia-Baciu. Uma variedade alarmante de assombrações são vistas no lugar, vagando entre as árvores ou viajando pelas estradas. Isso sem mencionar os ruídos desconcertantes: risadas e gritos que não parecem ser produzidos por seres humanos.
Explosões de luzes são um fenômeno frequente e dizem que entre uma explosão e outra, faces transtornadas surgem no ar e podem ser vistas rapidamente. As mesmas faces desfiguradas também se materializam no tronco de algumas árvores milenares. Ocasionalmente um nevoeiro denso e cinzento se ergue do solo da floresta cobrindo tudo com um manto de umidade miasmática. As pessoas que atravessam essa névoa experimentam um frio intenso. Nos últimos anos, visitantes reportaram outra ocorrência fantástica nos arredores da floresta, com vozes estranhas e inidentificáveis emanando de rádios e celulares ligados. As mensagens são enigmáticas, em idiomas desconhecidos ou sem o menor sentido.
Uma das mais comuns formas de assombração vista na floresta envolve a aparição de luzes faiscantes que flutuam através das árvores aparecendo e desaparecendo do nada. Essas orbes luminosas voam livremente como os lendários Will' o' Wisps das lendas. Investigadores paranormais empreenderam sérias análises desse fenômeno utilizando equipamento científico como câmeras infravermelhas e detectores térmicos. Os especialistas descobriram que essas fontes de luminosidade móvel não emitem calor e não deixam uma assinatura térmica nos detectores. Eles também parecem surgir de modo inteiramente randômico, sem uma frequência ou ciclo de atividade. O que são? Como se formam? Ninguém sabe dizer...
A atividade de Poltergeists também são alarmantes na floresta, com equipamento eletrônico apresentando estranhos defeitos, da mesma forma, objetos parecem se mover por conta própria sendo agressivamente empurrados para o chão por forças invisíveis. Em um episódio do programa “Destination Truth,” um dos técnicos da equipe foi repentinamente empurrado caindo no chão enquanto o programa era filmado. De acordo com o restante da equipe, o homem em questão, Evan, estava assistindo uma gravação quando de repente uma explosão luminosa o atingiu fazendo com que ele "voasse" quase dois metros. O desorientado técnico sofreu arranhões e ferimentos menores, mas o susto foi tão grande que ele não retornou para completar o trabalho. Mais tarde ele contou ter sentido uma estranha vertigem e ouvido um ruído similar a vozes femininas instantes antes de ser "atacado". O episódio foi capturado em filme e examinado por especialistas que julgaram se tratar de uma forte reação telecinética. O mesmo programa conseguiu registrar as misteriosas orbes de luz durante suas filmagens.
Se há fantasmas em Hoia-Baciu ou não, talvez nunca venhamos a saber, mas o lugar também é fonte de vários outros acontecimentos inexplicáveis, destacando-se o grande número de desaparecimentos. Alguns afirmam que mais de mil pessoas desapareceram nas imediações da floresta nos últimos 10 anos. A maioria dessas pessoas sumiu sem deixar traços. Os raros casos em que as pessoas desaparecidas retornaram, são cobertos de estranheza.
Um desses casos envolve o desapareciemnto de uma criança de apenas cinco anos que apareceu cinco anos mais tarde andando pela floresta sem rumo. Alguns afirmam que o tempo parecia não ter passado, pois a criança estava perfeitamente igual a quando desapareceu. Suas roupas eram exatamente as mesmas e estavam em perfeitas condições, algo virtualmente impossível para alguém que viveu sozinha naquele lugar isolado. Quando questionada sobre o que havia acontecido, a menina sustentou que não tinha lembrança alguma do que havia transcorrido nesse período. O caso foi investigado e nenhuma conclusão apresentada.
Para adicionar ainda mais elementos sinistros a farta história de bizarrice na região, a Floresta de Hoia-Baciu também parece assolada pela atividade de discos voadores. A floresta tem uma reputação antiga como área de avistamento de OVNIs. Os primeiros avistamentos datam de 1968, quando um biólogo chamado Alexandru Sift, que estava acampado no local estudando a vegetação, fotografou uma série de objetos em forma de disco sobrevoando a copa das árvores. Essas fotos foram acompanhadas pelo testemunho de pessoas em diferentes pontos da floresta que na mesma data viram as estranhas formas se deslocando pelo céu. Um técnico do exército romeno chamado Emil Barnea em 18 de agosto de 1968 registrou sons e imagens estranhas na floresta. Suas imagens são condizentes com supostos discos luminosos que mudavam de cor e forma. Ao longo dos anos 1970, Hoia-Baciu foi apontada como uma das áreas com maior atividade de discos voadores no mundo, sendo que em várias ocasiões fotografias e filmagens foram obtidas das mais variadas fontes. O mais recente avistamento ocorreu em 2002, quando dois moradores de um vilarejo nos arredores de Cluj filmaram da varanda de sua casa um objeto desconhecido sobrevoando a cidade a uma altitude de não mais do que 50 metros. O OVNI flutuou tranquilamente acima das casas e desapareceu atrás de uma nuvem.
A coleção de bizarrice em Hoia-Baciu vai ainda mais longe. Existe uma área isolada no coração da floresta que chama a atenção por ser totalmente vazia. A clareira de aproximadamente 300 metros de diâmetro não possui qualquer vegetação e demonstra um alto nível de energia eletro-estática com leituras anormais. Investigações nessa "área morta" não conseguiram explicar por qual razão a vegetação não se fixa nessa extensão. As amostras de solo não apontaram nada de extraordinário em sua composição. Aparelhos eletrônicos trazidos para a clareira param de funcionar em face da potente carga eletromagnética permeando ali. Habitantes das redondezas apontam esse inusitado círculo como o epicentro dos fenômenos paranormais e estranheza na floresta. Alguns explicam que foi ali que centenas de camponeses foram enterrados na Idade Média. Escavações na área não revelaram nada incomum abaixo do solo.
Uma das explicações mais embasadas proposta por alguns cientistas tenta explicar os acontecimentos na floresta como decorrentes de frequências de ondas sonoras ultra-baixas, inaudíveis para o ouvido humano, mas capazes de criar a longo prazo efeitos físicos. Essas ondas sonoras seriam responsáveis pelas sensações de ansiedade e desorientação nas pessoas. As mesmas ondas podem desencadear desconforto e é claro, dores de cabeça, náusea, sangramentos e todos os efeitos reportados.
Segundo especialistas, ondas sonoras desse tipo podem se originar na natureza, estando ligadas a fenômenos naturais como trovões, terremotos, erupções e vendavais. A teoria poderia se encaixar em muitos dos fenômenos de Hoia-Baciu, mas ele não consegue explicar a atividade de poltergeists, os ataques físicos e a visão de objetos misteriosos, a não ser que as ondas modulares pudessem induzir alucinações, o que os cientistas refutam quase em sua maioria. Seja lá o que causa esta vasta gama de atividade paranormal, não há como negar que algo extraordinário está em ação em Hoia-Baciu. A floresta atraiu especialistas do mundo todo, em diversos para tentar decifrar seus enigmas, mas ninguém foi capaz de conceder uma explicação aceitável.
Florestas podem ser lugares realmente sinistros, mas aqui as coisas parecem ultrapassar os limites da estranheza: Atividades magnéticas OVNIs, fantasmas, assombrações, desaparecimentos... a região parece ter de tudo. O que acontece em uma área relativamente tão pequena para atrair essa quantidade de fenômenos inexplicáveis? Ela seria realmente a fronteira para uma realidade distinta? O que haveria no outro lado?
Talvez um dia venhamos a descobrir os mistérios dessa floresta e poderemos compreender o que se esconde nas suas profundezas inescrutáveis.
Por enquanto tudo o que podemos fazer é imaginar, e temer aquilo que não estamos prontos para saber.
Por enquanto tudo o que podemos fazer é imaginar, e temer aquilo que não estamos prontos para saber.
Houve um cavalheiro em Providence que certamente não se importaria de penejar em sua vasta mitologia alguns desses elementos da floresta Hoia-Baciu... decerto, um folclorista de renome como Henry W. Akeley deitaria olhos sobre mapas dessa quinta mal assombrada.
ResponderExcluirExcelente! Este local é realmente um Triangulo das Bermudas europeu. Tudo ocorre!
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