quarta-feira, 24 de junho de 2015

True Detective Recap - Episódio 1 - "The Western Book of the Dead"



















Antes de começar a ler esse artigo, tenha certeza de que ele contém MUITOS Spoilers, então antes de sequer ver as imagens saiba que ele pode estragar a sua dversão. Então pare enquanto pode.


Corrupção. Abuso. Fetichismo Sexual.

Um grupo de detetives desajustados e cheios de problemas. Personagens com muitos tons de cinza e atitude auto-destrutiva. Um mundo niilista ao extremo. Um cadáver deixado em posição teatral.

O sul da Califórnia, o local escolhido para ambientar a aguardada segunda temporada de True Detective parece um viveiro para homens e mulheres com as vidas estilhaçadas pelo destino. Quebrados e Derrotados. A megalópole californiana é apresentada com tons obscuros, compondo um painel de noir modernista. No tema e no tom, há claras similaridades entre a primorosa temporada anterior e essa que se inicia. Ainda assim, esse é um jogo totalmente diferente.

Da equipe original de True Detective, apenas o criador e roteirista, Nic Pizzolatto continua na série. A segunda temporada não conta com o diretor Cary Fukunaga. Não temos mais a mesma fotografia hipnótica, a sensação de decadência da Louisiana e nem mesmo a música assombrosa do Handsome Family nos créditos iniciais. Mais grave, a proposta de True Detective é alterar o elenco a cada nova temporada, ou seja, nada de Rusty Cohle (Matthew McConaughey) e Marty Hart (Woody Harrelson). O que resta então é a semente de uma ideia original, personagens igualmente desajustados e muita pressão sobre os ombros de Pizzolatto.

Falar de True Detective é difícil sem incorrer numa comparação, algo que pode ser injusto com a segunda temporada já que a primeira estabeleceu um patamar tão alto de qualidade. Mas é impossível tecer comentários sobre o episódio de ontem sem remeter a temporada anterior. 

True Detective se converteu em uma espécie de vício e fonte de assunto para conversas de natureza estranha e ainda assim fascinantes. Não se falava apenas a respeito da identidade do assassino, mas da maneira como a investigação evoluía e das transformações dos personagens principais. Muitos especulavam sobre a natureza mística do roteiro, envolvendo o mistério e a caçada ao Rei Amarelo. Os fãs analisavam cada imagem e esmiuçavam cada linha de diálogo em busca de alguma pista comprometedora que apontasse para uma direção.

Mas, em última análise, o foco da série não era encontrar o assassino ou sequer desvendar o caso, e sim, acompanhar a relação conflituosa estabelecida entre os detetives protagonistas. True Detective foi aclamado por crítica e público, ganhando inúmeros fãs. Diante da proposta de recomeçar praticamente do zero, mantendo apenas título e roteirista, ficava a pergunta: Os fãs conseguirão se divorciar de tudo o que gostaram na primeira temporada e mais, irão abraçar essa segunda da mesma maneira?


O tema de True Detective continua sendo o mesmo, trata-se de uma antologia de crime, (in)justiça e almas perdidas. Essa ainda é uma narrativa sobre detetives durões, criminosos amorais e terrível violência - com alguns dos personagens principais dispostos a cruzar a linha divisória entre lei e caos, bem e mal, sempre que necessário. Não há preto ou branco, mas incontáveis tons de cinza.   

"Nós recebemos o mundo que merecemos" conjectura um dos detetives. Uma frase que faz todo sentido, já que os personagens são a personificação da amargura e pessimismo. Esse é um mundo sombrio, violento, sórdido, imoral...

Se antes Rusty era o bastião de cinismo, e ele conseguia contrapor um pouco com Hart, agora temos três protagonistas que vivem no proverbial fio da navalha. Cada um deles sofrendo por seus pecados, paixões e falhas. O primeiro episódio é justamente uma apresentação dessas criaturas e de suas motivações iniciais. Se antes levaria vários episódios para conhecermos Marty e Rusty à fundo, agora, os personagens foram apresentados sem pudores e sem deixar o espectador respirar. E se engana quem pensa que isso é um indício de que eles não são profundos ou destituídos de camadas...


O episódio se inicia com Collin Farrel no papel do detetive Ray Velcoro, um bêbado violento, divorciado e agressivo. A história de Ray é contada em um rápido flashback: sua esposa foi estuprada e engravida na mesma época, ele não tem certeza sobre quem é o pai da criança - ele se negou a fazer teste de paternidade. Velcoro aceita a informação sobre a identidade do homem que violentou sua mulher, vinda de um chefão do crime. Como agradecimento, agora trabalha para esse mesmo chefão. Velcoro é um traste, um pau mandado, um corrupto da pior espécie, vestindo roupa preta e envergando um bigode digno de vilão de western. Apenas nesse episódio ele desfia um lista de faltas e má conduta: aparece bebendo durante o trabalho, dormindo em bares, recebendo dinheiro de criminosos, surrando e ameaçando um repórter, roubando documentos, aterrorizando seu próprio filho (?), batendo no pai de um moleque que praticou bully e ameaçando estuprar e matar os pais do mesmo. Tudo isso em apenas 50 minutos de programa.

Velcoro poderia ganhar o prêmio de personagem mais desajustado em 99% das séries de tv, mas hei, alto lá... isso é True Detective!

Rachel McAdams é a segunda detetive a surgir em cena. Chamada Ani Bezzerides (na verdade Antigone - nome que remete a tragédia grega de Sófocles, a filha de Jocasta e Édipo), ela é uma mulher com SÉRIOS problemas tanto na esfera pessoal quanto profissional. Na sua primeira aparição, um sujeito reclama da agressividade dela na cama e dos seus "gostos incomuns". Vinte segundos depois ela está em uma batida em um bordel, prendendo a própria irmã, Thena (ou Athena, tragédia grega, sem dúvida!), que trabalha com pornografia via internet. Quando a vemos novamente ela está em um vestiário feminino, isolada e quieta, em contra-posição óbvia ao vestiário masculino, repleto de movimento e falatório. Ela se veste e arruma suas armas (facas, canivetes e pistola) antes de sair. Para terminar, Ani aparece sendo expulsa de um cassino, já depois de ter bebido além da conta, sendo acompanhada por dois seguranças.

Now we all have to remember who Antigone is from 7th grade English. (HBO)

A fonte de seus problemas, tudo indica é o próprio pai (David Morse), um líder espiritual com cabelo e postura hippie que cita Gingsberg enquanto seus discípulos o rodeiam feito mariposas. Apesar de ser um tipo de guru de auto-ajuda, coisa comum na Califórnia da contra-cultura, o sujeito não dá a mínima quando Ani fala da situação da irmã. "O que você julga ser pornografia?" ele pergunta, diante da descrição do "trabalho" da própria filha.

Está bom assim, ou quer mais? Mais uma vez eu respondo: Isso é True Detective, e o desfile de personagens disfuncionais está apenas 2/3 completo.

O detetive que encerra a trinca de protagonistas nessa temporada é interpretado por Taylor Kitsch, que vive o patrulheiro rodoviário Paul Woodrugh. Logo ficamos sabendo que o sujeito é um veterano de guerra que encontrou na patrulha das intermináveis rodovias da Califórnia sua razão de ser (e de viver!). É claro, logo na primeira cena, ele acaba perdendo seu propósito, após abordar uma motorista dirigindo alcoolizada. Para seu azar, a mulher é uma atriz que o acusa de fabricar acusações para ganhar favores sexuais. Afastado da função, Woodrugh é mandado para casa em férias forçadas. Não parece tão ruim, sobretudo porque o patrulheiro tem uma beldade beirando a ninfomania esperando por ele, mas o sujeito, assim como os demais, tem seu quinhão de problemas pessoais.


Tudo indica que seus problemas envolvam algum trauma de guerra, já que percebemos as cicatrizes e queimaduras que ele carrega no corpo. Além é claro, da pouca disposição em falar sobre seus dias como soldado. Mais preocupante é sua clara busca por auto-destruição, o que fica claro quando ele voa na sua motocicleta pela auto-estrada em altíssima velocidade - e com as luzes de farol apagadas, como se torcendo para dar de cara com um carro ou voar da pista direto num precipício.

O ambiente surreal e fumegante da Louisiana, dá lugar à paisagem urbana da Califórnia, com prédios, fábricas cuspindo fumaça e estradas tortuosas. A cidadezinha de Vinci, que um jornal local rotula como "o distrito mais corrupto do condado de Los Angeles" é um fim de mundo industrial "construído por corrupção e múltiplos interesses". Esse lugar poeirento parece atrair todo tipo de negociata e improbidade administrativa, além de ser o fio condutor da complexa trama.

O primeiro episódio é cheio de pontas soltas, portas abertas e pistas que podem muito bem ser importantes mais à frente. Tudo indica que será o mesmo ritmo da temporada anterior, com indícios surgindo aqui e ali no background e trechos de diálogo que precisam ser dissecados.

O conceito básico é o seguinte: um ex-gangster e atual dono de cassino chamado Frank Semyon (interpretado por um surpreendente Vince Vaughn) está tentando assegurar o seu legado tornando seus negócios legítimos - ao menos, mais ou menos - através do desenvolvimento de uma ferrovia a ser construída no sul da Califórnia. Frank está flexionando todos os seus músculos nessa ação, comprando o prefeito de Vinci por onde a linha irá passar, agradando investidores estrangeiros e usando seu policial de bolso, o já citado Ray Velcoro para ameaçar jornalistas. Para o gangster transformado em mega-empreendedor, é um momento de tudo ou nada no qual sua fortuna e tudo o que ele conquistou estará em risco. 

Shouldn't you be crashing a wedding, or something? (HBO)

Para tocar esse projeto, Frank precisa de um administrador civil chamado Ben Caspere no qual ele confiou todas as suas fichas. Acontece que o homem parece ter sumido da face do planeta justo quando uma apresentação essencial a realização do projeto seria feita para atrair investidores.

Fumegando, Frank manda Velcoro sair à cata de Caspere. Uma busca na mansão do sujeito, que tem uma decoração estranha, cheia de peças de apelo erótico, revela que o lugar foi revirado e que o sujeito sumiu do mapa. Vemos o tal administrador duas vezes ao longo do episódio, sendo conduzido, aparentemente inconsciente de carro pelas estradas tortuosas da megalópole até seu corpo ser desovado em um lugar afastado, abandonado sentado em um banco de parque como se estivesse olhando a paisagem.

É justamente a descoberta do cadáver de Caspere que vai juntar os três detetives e formar o núcleo investigativo/procedimental do seriado. Lembrando que em True Detective - ao menos na primeira temporada, a investigação é um mero acessório para contar a estória da vida dos detetives e seus percalços. Apesar do risco inicial de apresentar os personagens através de uma ótica de estereótipo (o policial corrupto, o veterano transfigurado pela guerra, a detetive feminina durona), com certeza os personagens terão tempo para mostrar que são muito mais do que isso. De fato, os personagens - e sua apresentação, foram o foco desse primeiro episódio que se concentrou em traçar a personalidade deles de modo bastante eficiente.


A Segunda Temporada parece ter grande potencial. O diretor Justin Lin (da franquia Velozes e Furiosos) ficou responsável por dar o tom dos dois primeiros episódios, e embora ele, ao meu ver, esteja aquém do estilo elegante de Cary Fukunaga, seu trabalho estabelecendo as intricadas relações entre os personagens foi muito bom. A cena final em que os detetives se juntam aponta para uma investigação coletiva com ótimas oportunidades para trabalho em grupo, e é claro, num grupo tão heterogênico, as chances de haver conflito são imensas.  

Do ponto de vista das atuações, True Detective conta com protagonistas sólidos e personagens interessantes. Rachel McAdams e Colin Farrel se destacam pelos papéis marcantes, em especial Farrel. As cenas em que ele aparece são carregadas de adrenalina e uma aura de ameaça constante. Veremos como vai ser a química entre eles ao longo dos próximos episódios, sobretudo porque a detetive Bezerides deve ser nomeada a chefe da investigação. A relação entre Velcoro e Semyon, também deve render bons momentos. O encontro dos dois num bar para ajustar os termos de um trabalho sujo realizado por Velcoro foi uma das melhores cenas do episódio. Pontuado pela música deprimente de Lera Lynn (“This Is My Least Favorite Life”, que está no teaser abaixo), a cena ficou muito bem feita e deu a entender que os dois tem algo mais do que uma relação de gangster e tira sujo. Do contrário, não compartilhariam detalhes de suas vidas pessoais tão abertamente enquanto Velcoro seca uma garrafa de Johnnie Walker Blue... o detetive chega a chorar e ser consolado por Frank.

Quanto aos aspectos sobrenaturais da trama, ainda não há como afirmar se a série vai investir naquele clima de estranheza e misticismo. Algumas imagens atiçaram a nossa curiosidade e levam a crer que possa haver algo nesse sentido. O nome do episódio - O Livro dos Mortos Ocidental, e a maneira como o crime foi cometido, dão sinal de que pode haver um componente de ocultismo na trama, mas ainda é cedo para dizer. O Livro dos Mortos é um importante texto egípcio, central na religião dos antigos deuses do Delta do Nilo. Ele narra a viagem da alma após a morte através de um rio no submundo onde esta será julgada pelos seus pecados. A vítima, Caspere, é paralelamente conduzida pelas estradas da Califórnia de um modo curioso, quase como se estivesse sendo guiada por um caminho definido - as intermináveis rodovias. Ademais, o fato de seus olhos terem sido queimados com ácido e ele ter sofrido "ferimentos na região pélvica", também sinalizam para algo mais estranho do que um simples assassinato. Seria algum ritual ou uma preparação específica para o pós-vida? 


Ainda sobre o curioso título... Encontrei uma menção a um certo mestre Yogi (Praticante de Ioga) chamado A.S Narayana que viveu no início do século XX e que escreveu um livro chamado "The Western Book of the Dead" (o título exato desse episódio). É possível que a escolha remeta a esse livro que versa basicamente a respeito de Imortalidade. O livro fala a respeito de como o Yogi (ou pessoa iluminada) seria capaz de se separar de seu corpo material e deixar o espírito habitar toda obra da criação e conhecer os mistérios do universo.

Dois trechos sobre as ideais centrais do livro me chamaram a atenção por serem excessivamente obscuros e bem no clima niilista do seriado:
“We must face the reality that the man of the masses can hardly ever be educated, or be taught creativity, or the sublime art of thinking. Most people above thirty cannot think, they just function as programed.”
[Nós devemos encarar a realidade de que as massas de homens dificilmente podem ser educadas, ou ensinadas a ter criatividade, ou (compreender) a sublime arte de pensar. Muitas pessoas acima de trinta anos são incapazes de pensar, elas simplesmente funcionam conforme sua programação]
“Humanity is deep asleep. Few have awakened.”
[A Humanidade está em um sono profundo. Poucos estão despertos"]

O autor do "Livro dos Mortos Ocidental" nasceu na Áustria e morreu em "um estranho e não fortuito assassinato, que permanece até hoje sem solução". Será que Nic Pizzolato resolveu adaptar  morte desse guru a realidade da Califórnia? Quem sabe...

Em se tratando de True Detective, nada é simples ou corriqueiro. Eu não estranharia se a trama enveredasse para o lado dos estranhos cultos presentes na Califórnia, para rituais sexuais bizarros (a casa de Caspere tinha todo tipo de arte erótica e os personagens parecem ter uma infinidade de problemas nessa área) ou para quem sabe a confusa Megapolisomancia - um ramo de magia que canaliza energia contida em grandes centros urbanos (lembrando que o sul da Califórnia é o maior complexo urbano do mundo). Essas três vertentes esotéricas são bem difundidas na Califórnia e já tivemos a menção a uma espécie de "religião" alternativa, chefiada pelo pai de uma das personagens centrais, acho que isso pode dar pano para a manga e se mostrar um plot central. Já o Rei Amarelo... não acho que deva figurar nessa temporada, mas com apenas um episódio, não podemos excluir nenhuma possibilidade, por mais remota que pareça.

Ainda é cedo para dizer se a Segunda Temporada de True Detective vai ser tão envolvente e viciante quanto a primeira, mas há bons indícios de que vale a pena acompanhar a série.

Entrada da série:


A abertura com a música de Handsome Family deixou saudades, mas a nova canção dos créditos de abertura, "Nevermind" com a voz rouca do intérprete Leonard Cohen, é uma boa adição à trama. Dá um clima surreal, meio perturbador... O estilo das imagens sobrepostas sobre as silhuetas dos personagens segue o mesmo estilo da entrada anterior. 

Vale a pena ficar de olho nela e ver se aparece alguma pista. Por exemplo, aos 8 segundos do vídeo, quando surge a silhueta do pai de Ani, vemos um grupo de pessoas numa piscina que me chamou a atenção (não sei explicar porque). Parece um grupo de mulheres e crianças nus olhando para o horizonte à noite. É no mínimo estranha a cena e remete imediatamente ao tal Instituto Panticapaeum comandado pelo sujeito. Por sinal, o nome "Panticapaneum", é de uma antiga colônia grega no Bósforo, um importante centro político no passado.

Mais adiante, nos 27 segundos, uma antena ou estação de transmissão também parece muitíssimo suspeita, como se fosse a imagem de uma mulher com os braços erguidos carregando três placas acima da cabeça. Isso sem falar nas auto-estradas uma imagem recorrente ao longo de todo primeiro episódio e que serve como fechamento quando o nome da série surge.

Teaser e Trailer da Segunda Temporada:




MAIS DETALHES E POSSÍVEIS PISTAS:

Estas são as pistas e imagens curiosas encontradas no primeiro episódio. Se mais alguma surgir, eu vou complementando o artigo.

PISTA 1) Em determinado momento, Ani Bezzerides dá início a uma investigação de uma mulher desaparecida que havia trabalhado no Instituto Panticapaneum. Ela recebe uma fotografia para usar como referência em sua busca:


Lá pelas tantas, o detetive Velcoro se prepara para ir atrás de um repórter afim de persuadi-lo a deixar de lado uma matéria sobre a cidade de Vinci e sua corrupção. Logo que sai do carro, ele dá de cara com uma moradora de rua acendendo um cachimbo de crack.

Repara se a mulher não é a moça desaparecida que Ani está buscando:


O que isso pode significar? Quem sabe...

Ah sim, só outra coisa curiosa: perceberam que o colar usado pela mulher e o do Velcoro são bastante parecidos?


PISTA 2) A estranha máscara ao lado do banco do motorista que leva o corpo de Ben Caspere de sua casa em Mulholland Drive até o lugar onde ele achado, também fez soar o alerta de bizarrice oculta. O assassino estava usando a máscara quando matou o sujeito? Isso aponta para algum tipo de ritual ou algo assim... 


Será que ela simboliza o deus egípcio Osíris? 


O Livro dos Mortos, é claro, pertence ao folclore egípcio e tem ligação direta com o nome do episódio. A cabeça de pássaro parece representar algum Deus do Egito antigo. Curiosamente, a mitologia grega parece ser o principal foco dessa temporada, ainda assim misticismo egípcio não está afastado.

PISTA 3) E o que dizer dessa imagem estilizada de um esqueleto vestindo as roupas da Virgem. Me parece que se trata de uma representação da Santa Muerte. A imagem faz parte do folclore do México e aparece na casa de Ben Caspere ocupando um lugar de destaque na parede do seu escritório quando Velcoro e seu parceiro vão até lá.



Além de uma série de quadros, estatuetas e "brinquedos sexuais" de todo tipo. O que pode significar a imagem da Boa Morte em meio a essas coisas?

PISTA 4) O que exatamente representa essa cena abaixo?


Essa é a primeira cena do episódio. Ela mostra um campo com várias marcações sinalizadas por fitas vermelhas (ou cor de rosa) numeradas. Não há nenhuma menção ao significado dela ao longo do episódio...

Pode ser a marcação de uma obra, talvez o projeto de construção da ferrovia que passará por Vinci. Mas sinceramente, a imagem remete a sinalização usada pela polícia para marcar uma área onde alguma coisa (???) foi enterrada. Será que isso ainda virá a acontecer? Dificilmente será uma cena perdida ou sem um significado.

Observando com cuidado é possível ver que além de números, algumas das marcações possuem símbolos bem definidos cujo significado eu não posso imaginar. Uma placa aparece rapidamente com as palavras "CONTAMI...". Seria contaminação?

PISTA 5) Outro momento "What a hell" que pode passar desapercebido se visto sem atenção.

Na recepção organizada por Frank Semyon, ele se encontra com convidados incluindo um gangester russo que veio fazer negócios com ele e possivelmente investir no projeto da ferrovia.

Em determinado momento, logo depois dele se despedir do russo, ele percebe a presença de alguém no bar e ergue o copo em saudação:


Ao que, ele é saudado de volta por esse sujeito misterioso:


Fica a dúvida de quem é esse cara, já que ele não aparece no episódio novamente. Seria só um convidado qualquer ou ele é alguém digno de nota?

PISTA 6) Quando o patrulheiro Woodrugh é informado de que será temporariamente afastado ele cita em sua defesa seu trabalho em algo chamado Black Mountain.


Ok, o que diabos é Black Mountain e o que ele quer dizer com "Estávamos trabalhando para a América"? Eu imagino que possa ser uma referência a Black River, uma empresa de contratação de seguranças com experiência militar que ainda opera no Oriente Médio e que tem contratos com o governo americano. Há todo tipo de estórias sobre esses caras passarem dos limites em suas operações e usarem de força letal mesmo quando é desnecessário.

Pode ser que Woodrugh tenha trabalhado para essa companhia de segurança e isso tenha causado seu trauma. Fica a dúvida se é isso que significa Black Mountain e porque isso seria um atenuante para a conduta do sujeito, já que ele nesse caso não seria um soldado e sim uma espécie de mercenário.

10 comentários:

  1. Post sensacional, quase não tenho palavras. Uma pesquisa ótima e pistas que eu nem tinha percebido ao assistir na primeira vez.
    Acho que a temporada tem potencial de sobra.

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  2. Grande Luciano!

    Hoje vou assistir de novo o episódio. Tem bastante coisa para comentar. Só uma correção rápida: o deus egípcio em questão é Hórus (com a cabeça de falcão), e não Thoth (cabeça de íbis).

    Abração!

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  3. O interessante em escolherem o nome Antigone (Antígona) para a personagem é que o texto grego onde ela é apresentada é muito usado hoje para tratar de direito/justiça. Na história, um de seus irmãos tem o direito básico de ser enterrado negado, por ser considerado um traidor. Para os gregos, todos deveriam ser enterrados de acordo com a lei dos deuses, independente do que fez em vida. Então temos Antígona como aquela que desafia seu rei/tio Creonte para fazê-lo cumprir essa lei divina, acima de seu orgulho humano.
    Em True Detective temos Antigone como uma representante da lei humana, enquanto seu pai é uma espécie de líder religioso. Temos os papeis invertidos (intencionalmente ou não).

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  4. Ótima análise do episódio! Parece que o patrulheiro Woodrugh tem problemas sexuais também, pois insiste para a namorada que tem que tomar banho e toma um pílula azul no banheiro, onde fica por quase meia hora, sendo que depois ela o recebe na maior satisfação! Hahaha ...Pode ser impressão, mas ficou no ar também...

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  5. Muito, muito bom, True Detective é a melhor série do momento, eu adoro assistir R. McAdams como um detetive.

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  6. O que ainda deixa um clima mais foda entre os personagens é que quem parece ser o cara mais normal e centrado é o criminoso da série. Achei muito foda isso.

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  7. Post sensacional.
    Vi o episodio no domingo, e li muita besteira na NET falando mal da segunda temporada .
    Mas o seu texto soube apresentar perfeitamente a segunda temporada !!!
    A primeira temporada, eu vi tudo de uma vez, mas fiz questão de ler todos os post aqui do BLOG sobre ela (mesmo ja sabendo o final da serie). Espero que tenhamos comentarios semanais da serie , pq acompanharei !!!!

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  8. Interessante reparar também que na introdução aparecem os nomes de Matthew McConaughey e Woody Harrelson como produtores! não quero e nem alimento a ideia de que eles possam voltar, mas fiquei surpreso a ver isso! e a musica da introdução me chamou muito atenção pela letra que cabe uma interpretação talvez de: "algum assassino que não foi pego em temporadas passadas" quem sabe? rs só espero algo da primeira temporada como um simbolo ou menção ao rei amarelo... me recuso a acreditar que as duas temporadas são sobre temas e universos completamente diferentes!

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  9. Em uma análise parecida com essa que li em um blog americano (desculpe não lembro qual era esse blog) diziam que esses gravetos que aparecem na primeira cena são usados pra demarcar área contaminada nos EUA. Se for esse o caso só aumenta o mistério... Contaminada com o que? Era uma área em que a estrada ia passar e teve que ser desviada? Ou Caspere ia passar por cima da legislação e liberar a estrada mesmo assim? Perguntas, muitas perguntas. :D

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  10. Há muitas séries que eu gosto , mas certamente os de crime e mistério são os meus favoritos. Atualmente eu ver True Detective 2 e estou muito satisfeito, é um excelente projeto que é muito vale a pena ver , enredo e personagens descelnace são excelentes. Eu não me arrependo Veral , espero continuar assim nas suas próximas campanhas .

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