quarta-feira, 1 de julho de 2015

True Detective Recap - Episódio 2 - "Night Finds You"




















E aqui vai o recap do segundo episódio de True Detective, que tem o título "Night Finds You" (A Noite encontra você).

Como sempre teremos uma enorme dose de SPOILERS, sendo assim, para quem não assistiu talvez seja melhor ler isso mais tarde. De qualquer maneira, esteja avisado que teremos:


Que tal irmos direto ao que importa?

Quem assistiu o episódio sabe qual foi o ponto alto então vou começar pelo final: Que diabo de cena final foi essa?

Eu nem percebi o que ia acontecer e quem disser que imaginou que esse seria o final do episódio dois está inventando. Quer dizer, Ray Velcoro leva não apenas um, mas dois tiros de uma espingarda 12 à queima roupa. Diante de tudo isso, não dá para imaginar que o cara tenha sobrevivido, ou será que dá?

A pista não parecia ser nada de mais. O detetive Velcoro estava investigando uma casa usado como lugar de encontros por  Ben Caspere, com direito a câmeras atrás de espelhos, cama redonda e máscaras de animais na parede. Nós já havíamos visto uma casa semelhante no episódio anterior e sabíamos que o funcionário corrupto era sexualmente... ousado.

Até aí tudo bem, Ray vasculha o lugar enquanto um rádio ligado num volume absurdo berra para as paredes vazias. O título da música, "I pity the fool" (Eu tenho pena do idiota!) parece um aviso de que algo ruim está para acontecer. Ele abre uma porta, abre outra e nisso, um vulto escuro passa por trás dele. Até aí, parecia apenas que Ray teria de descer a mão em algum suspeito, mas então: Surpresa!


A figura aparece atrás dele, usando a máscara de corvo que supostramente pertence ao assassino de Caspere. Pior ainda, o sujeito está com uma espingarda. Antes da gente poder respirar: BOOOM! Velcoro voa com o tiro e cai no chão. O assassino recarrega e se aproxima, aponta para a barriga do detetive inerte e BOOOOOM! Outro balaço. Vemos a entrada da casa, a câmera se afasta lentamente... fim.


Que diabo de final de episódio é esse?

O que se pode imaginar é que Ray Velcoro, um dos personagens centrais nessa segunda temporada está morto. Isso a não ser que o assassino tenha usado uma arma carregada com munição não-letal ou sal grosso. Mas revendo a cena, tudo indica que não é o caso. Mas se Velcoro dançou, o que isso significa para a investigação e para a série?

Os espertos de plantão devem ter corrido no IMDB e já sabem que Colin Farrel, o ator que interpreta o detetive que estávamos aprendendo a gostar, foi contratado para a temporada inteira e que ele tem participação nos oito episódios. Isso quer dizer então que ele não morreu? perguntariam os esparançosos. Teria ele sobrevivido ao atentado? Ele estaria vestindo um colete à prova de balas? Será que o restante da temporada veremos Velcoro apenas em flashback? Ou quem sabe numa cama de hospital?

Nessa altura do campeonato não tem como dizer. Existem penas duas certezas: O próximo episódio será imperdível - até para saber o que raios aconteceu. A outra é que em True Detective ninguém está à salvo nem mesmo os protagonistas.

Desde o início do episódio, os sinais estavam lá. Nas primeiras cenas Ray já havia deixado claro que "aceita os julgamentos". O que nem ele, e muito menos nós, podíamos esperar é que o julgamento viria tão cedo. O segundo episódio já havia confirmado o que foi sugerido antes: que Ray de fato usou a informação dada por Frank para achar e matar o homem que havia estuprado sua esposa anos atrás. Houve ainda mais uma cena deprimente no bar onde Velcoro e Frank se encontram. Lá o detetive deixa implícito que contemplava o suicídio como uma opção válida, afirmação corroborada para a garçonete (com uma baita cicatriz na face!), quando ele diz que "a única maneira dele conseguir tirar férias será depois de morto". 

Essa cena final carregada de surpresa deu nova vida a um episódio que comparativamente ao primeiro, teve um desenvolvimento bem mais lento. Não que tenha até então ele fosse um desapontamento, mas obviamente o ritmo estabelecido na estréia diminuiu.


Mas que tal falarmos do início do episódio? Logo na primeira cena temos Frank deitado na cama com a sua mulher, Jordan, dicutindo o surgimento de uma estranha mancha no teto do quarto de casal. A imagem faz com que Frank tenha um deja vu de sua infância, quando ele vivia em Chicago sob a tutela de seu pai que "gostava de sair para beber" e quando o fazia "trancava o pequeno Frank no porão da casa". A medida que Frank vai relatando a mórbida estória de quando seu velho o "esqueceu" no porão e ele teve que lidar com a fome e a presença de roedores, a gente experimenta uma agonia quase paupável.

A cena dura três ou quatro minutos, um monólogo longo mas que acrescenta muitas facetas à personalidade do gangster que nesse episódio desponta como o fio condutor da trama. Se alguém tinha ainda algum resquício de desconfiança de que Vince Vaugn - um ator marcado pelos papéis de bobão em comédias idiotas, era a melhor opção para uma série dramática como True Detective, essa cena serviu para mostrar que ele está muito à vontade. Enquanto ele usa metáforas a respeito de um mundo falso feito de papel maché e as lembranças de um garotinho apavorado num porão infestado de ratos, fica a sensação de ouvirmos novamente um dos monólogos niilistas de Matthew McConaughey em seus momentos mais abrasivos.

A cena termina de maneira muito eficiente com as manchas no teto sobrepostas às órbitas vazias dos olhos de Ben Caspere. 


O cadáver foi levado para o consultório do legista que já fez alguns testes preliminares. O cadáver foi dopado, pendurado provavelmente de cabeça para baixo, os olhos foram queimados com ácido e os genitais foram removidos com um disparo de espingarda (ouch!). Temos até uma imagem rápida e medonha do sujeito transformado em um boneco Ken.

A cena seguinte, na qual os três detetives Paul, Ani e Ray se organizam é meramente procedimental. Nela, temos os superiores dos três decidindo quem vai ficar á frente da investigação, já que é um crime com confusão de jurisdição. Teoricamente, os trê sdetetives estão do memso lado, tentando descobrir quem teria praticado essa atrocidade, mas logo fica claro quecada um deles precisa obedecer a uma agenda mais importante e às ordens de seus superiores. Num primeiro momento, Paul é colocado de lado, dando mais espaço para Ani e Ray interagirem em viagens de carro nas quais Ani tenta discutir o caso mas é cortada à todo momento por Velcoro interessado em falar de outras coisas - como sua opinião gabaritada a respeito de cigarros eletrônicos. Há espaço de sobra também para uma discussão sobre as diferenças sexuais entre detetives e homens e mulheres, na qual Ani deixa claro que não leva desaforo de ninguém para casa.


Melhor do que essa sequência é outro encontro entre Ray e Frank, no qual fica claro que o indivíduo mais comprometido com a investigação não são os detetives, mas o gangster. Caspere antes de morrer deu um bruta desfalque nas finanças de Frank e ele precisa correr contra o tempo para recuperar seus investimentos. Ao longo do episódio vemos Frank fazendo o trabalho sujo, algo bem distante do jogo de bajulação e conversa fiada em que ele estava metido durante a festa de apresnetação de seu projeto. Minha teoria é que Frank, na melhor tradição do bandido que tenta se regenerar e legalizar seus negócios, terá de encarar a possibilidade de voltar ao mundo do crime para reaver o que é seu. Se alguéme stá fazendo o papel de detetive nesse primeiro momento é ele, sozinho, ele consegue descobrir mais do que os outros departamentos.

O que nos leva a Paul que fica meio alheio ao procedimento investigativo, quase como um peixe fora d´água. O negócio dele é andar de moto pelas estradas e ele muito a contra gosto aceita assumir um papel na investigação, apenas diante da possibiliadde de posteriormente voltar a atuar como patrulheiro. 

Um tanto quanto desinteressado do caso, Paul acaba brigando com a namorada e vai em seguida visitar a mãe. O que nos leva a mais uma sequência que parece ter sido extraída de um pesadelo edipiano. Enquanto conversa com a mãe (aquilo era um herpes na boca dela?), ele tenta evitar qualquer contato com ela, embora a mulher não canse de tentar encostar nele de maneira quase compulsiva. Ela também menciona duas vezes que ele pode ficar no seu antigo quarto o que faz ele reagir imediatamente no sentido de dar o fora dali. A cena inteira parece propositalmente desagradável e o personagem fica absolutamente incomodado. Desde o início ficou claro que Paul tem algum problema sexual, algo sobre o qual ele não quer falar e que pode ter ligação direta com seus dias trabalhando para a Companhia Black Mountain, mas também é possível que sua personalidade e sua disfunção tenha origem na sua relação com a mãe. Incesto? Pode muito bem ser uma possibilidade...


Mas há algo mais... desde o início, o comportamento do patrulheiro sinaliza que ele é um homesexual enrustido que não apenas vive, mas se tranca no armário. A disfunção (tratada com uma inconfundível pílula azul) e a expressão de descontentamento diante das investidas da namorada deixaram claro que há algo no ar. Logo no início do episódio dois ele conta uma anedota para o parceiro de Velcoro sobre um "veado" que se atira em cima dele e mais tarde percebemos os olhares de curiosidade que ele lança para um rapaz que aborda motoristas na estrada. Não houve nada direto, mas os indícios apontam na direção de que os problemas de Paul estão no reino da auto-rejeição.

Enquanto isso, temos a melhor cena de Velcoro - excetuando a última, na qual ele encontra a ex-esposa e tem uma daquelas horríveis conversas na qual ela ameaça afastar o filho dele. Colin farrel alterna momentos de raiva borbulhante ("Eu vou queimar essa porar de cidade até o chão antes de você me afastar dele") e de angústia (quando ela ameaça exigir um exame de paternidade). O sujeito parece à beira de um colapso nervoso.

Voltando a investigação, Velcoro e Ani fazem uma visita ao sinistro psiquiatra que examinava Caspere, um tal Dr. Pitlor que mais parece um clone de Doctor Ray. É impossível evitar um arrepio quando os dois detetives passam em frente aos quartos com os pacientes do Doutor e encontram um destes com marcas de cirurgia. Que tipo de intervenção cirúrgica Pitlov realiza em seus pacientes e com qual objetivo. A clínica aliás, lembra um daqueles lugares assombrados em que pacientes são submetidos a experiências e tratamentos nada ortodoxos. O lugar tem uma aura de limpeza e esterilização, algo que soa estranho e perturbador. Não é apenas a expressão vazia do médico ou sua voz em tom monórdio, é algo mais, há algo positivamente creepy nesse sujeito. 

Eu adoraria vê-lo em outros episódios e descobrir que ele tem uma participação importante na trama do assassinato. De qualquer maneira, é sugerida uma ligação entre Pitlor e o pai hippie da detetive Bezzerides, os dois teriam trabalhado em algo chamado Good People nos anos 1970. 


Ani não consegue esconder sua repugnância diante dos comentários do médico sobre sua participação nesse programa no qual várias crianças acabaram mortas ou com sérios problemas psicológicos, sendo que uma delas se tornou uma detetive (ela própria). O que será essa comunidade Good People? É provável que ainda ouviremos falar a respeito do pai de Ani e das suas teorias birutas envolvendo religião. Eu torço para que o tal Instituto esteja diretamente ligado a morte de Caspere pois a partir dele seria fácil haver um componente de culto ou seita na trama. A segunda temporada de True Detective até pode não ter um elemento claro de ocultismo tão óbvio quanto o da temporada anterior (onde tinhamos o Rei Amarelo), mas se não existir nada místico nessa estória seria um baita desperdício. Tudo no roteiro cheira a ocultismo e bizarrice, seria uma pena, se na resolução do caso não houvesse nada nesse sentido.


Com o episódio se encaminhando para um final meio morno, faltava um cliffhanger para atrair os espectadores para a semana que vem e essa conclusão com direito a dois disparos de espingarda foram sem dúvida o ponto alto do capítulo. 

Agora é torcer para a semana passar rápido...

PISTAS, INDÍCIOS E SUSPEITAS NO SEGUNDO EPISÓDIO:

1) A Vida estranha de Ben Caspere


O psicanalista Dr. Pitlov fala sobre as estranhas preferências de seu paciente Ben Caspere. Já havia ficado claro que Caspere tem um gosto sexual peculiar pelo que vimos na decoração da casa onde ele desapareceu... mas os detalhes supridos pelo Dr. Pitlov só corroboram que há algo mais estranho no comportamento dele.

Segundo o médico o sujeito era um viciado em sexo que "gostava de observar". Curiosamente os olhos do sujeito foram mutilados e seu pênis explodido com uma espingarda.  Tudo aponta para o fato desse assassinato ter sido cometido por alguém que odiava o sujeito e que desejava machucá-lo ao invés de simplesmente executá-lo.

2) A Misteriosa Srta. Tasha

Lá pelas tantas descobrimos que Ben Caspere era visto na companhia de uma prostituta chamada Tasha. Faz um bocado de sentido que ele andasse na companhia de profissionais do sexo, já que Caspere parece ser viciado em mulheres como explicou o médico.

Ficamos sabendo ainda que Caspere tinha um comportamento passivo em seus relacionamentos, no que a edição permite um corte pra lá de estranho para uma escultura na mesa do médico, com destaque para uma pedra com um furo no meio. Que diabo foi isso? Repara só na cena, se voc|ê piscar de repente perde ela...


Quem seria a tal Tasha? O nome não parece ser falso, será que veremos uma possível ligação da irmã de Antigone com o caso? A maneira como ela buscava obsessivamente as páginas de sexo na internet dão a entender que Ani ficou de alguma forma perturbada pelo componente sexual no caso.

3) As Máscaras na Parede da Casa de Caspere

Talvez seja apenas uma coincidência, maaaaaaaas não se pode desconsiderar nada em True Detective.

As estranhas máscaras na casa de Caspere remetem diretamente às máscaras usadas pelos cultistas do Rei Amarelo na primeira temporada.



Será que é apenas um "red herring" ou haveria alguma conexão entre as histórias? Acho be difícil que haja essa relação direta, mas quem pode dizer ao certo?


4 comentários:

  1. É impressão minha ou aos 30:54 aparece um Elder Sign genuíno num quadro da sala do psiquiatra? E loga acima da cabeça de Velcoro...Um sinal de mau agouro ? Hehe

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  2. Esses recaps estão ótimos, de verdade! Parabéns!

    """""SPOILER ALERT!"""""


    Baixei o episódio em HD e na cena que Ray leva o segundo tiro não sai uma gota de sangue (e nem pedaços de carne), e nem no primeiro inclusive; só se vê retalhos rasgados da sua camisa voando no momento do segundo disparo; o que me leva a crer que ele realmente estava usando um colete à prova de balas, já que parece ser um costume dele estar sempre com um. Naquele flashback dele quando mais jovem, fica claro que ele está de colete, e acho que ele manteve o costume. O que colabora com isso é o fato de não ter aberto dois buracos gigantes no tórax do cara, já que estamos falando de uma calibre 12. Minha teoria é de que o menino-corvo sabia que Ray estava de colete e deu dois tiros no tórax de propósito apenas para desmaiá-lo; se ele realmente queria matar o detetive, por quê não disparou na cabeça? Ele deu o primeiro tiro, não desmaio, então deu o segundo. Né não?!

    O take daquela pedra com um buraco no meio também me intrigou. Meu irmão faz coleção de minérios e pedras diversas e já encontrei algumas parecidas com aquela, porém menores. Realmente não consigo conjecturar nada sobre isso.

    E concordo plenamente sobre o Gambit de Marte, ele realmente é um gay enrustido que se faz de homofóbico para ninguém notar (tipo os Malafaias, Felicianos e Bolsonaros da vida). Ah, e aquela cena com a mãe (ããhh, talvez milf?!) é de fato tenebrosa... Relação estranhíssima.

    Enfim... Esse é meu primeiro comentário neste blog. Espero que possa servir pra alguma coisa. : D

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  3. Durante a conversa dos dois detetives com o dono do centro cirúrgico, é possível ver também um quadro (até grande) de um corvo ATRÁS de Ray, quase como um augúrio para a cena final.

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  4. Cara, otimo texto mais uma vez !!!! Sempre depois de assistir o episodio eu corro pra ca.

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