sexta-feira, 25 de maio de 2018

MKOFTEN - Ocultismo, Bruxaria e Conspirações nos bastidores do governo


Não resta dúvida de que governos mantém segredos e estabelecem estranhas negociações, pesquisas e experimentos sem que a população sequer imagine. Programas ultra-secretos sempre foram uma fonte inesgotável de histórias de suspense, mistério e conspirações. Uma das mais estranhas histórias diz respeito a um programa de controle mental conduzido pelos Estados Unidos, que segundo alguns invadiu os reinos do sobrenatural e do ocultismo.

Talvez nenhum outro programa militar tenha sido tão comentado e envolvido em teorias conspiratórias quanto o notório Projeto MKUltra. Lançado nos anos 1950 pela Agência de Inteligência Central dos Estados Unidos (mais conhecido como CIA), o projeto era um grande programa visando o desenvolvimento e aplicação de numerosos métodos de controle mental, utilizando para isso meios desumanos, pouco éticos e francamente ilegais. Em certos casos, seres humanos teriam sido usados como cobaias em experimentos de tortura psicológica incluindo privação dos sentidos, abuso verbal e outras formas de crueldade.

O MKUltra focava pesadamente em tentar alterar e manipular os estados mentais e a consciência das pessoas com ajuda de várias substâncias químicas alucinógenas e drogas como barbitúricos, anfetaminas, mescalina, psilocibina, canábis e LSD. Seu propósito era criar uma droga que pudesse controlar a vontade de outras pessoas. Outros objetivos eram desenvolver um soro da verdade à prova de falhas e uma fórmula que acabasse com a disposição e capacidade de raciocínio do alvo. Tais substâncias, acreditavam os pesquisadores por de trás do projeto, seriam importantes em um cenário de guerra total. Acreditando no potencial do projeto, o governo abriu seus cofres para a realização de todo tipo de experimento estranho que visava alterar memória, apagar e construir identidades, realizar hipnose profunda e plantar fobias na mente do inimigo. O MKUltra por algum tempo se tornou um dos principais projetos do governo, consumindo valiosos recursos em experiências que muitas vezes não possuíam qualquer respaldo científico e pareciam, francamente, pura ficção científica.


O programa esteve ativo por mais de duas décadas em total segredo, o que, por si só, era algo complexo. Estima-se que as experiências subordinadas ao MKUltra eram realizadas em mais de 80 instituições diferentes e mantidas em completo sigilo. Universidades, companhias farmacêuticas, hospitais, bases militares, companhias privadas e até prisões, orfanatos e asilos eram alguns dos lugares em que experimentos em potencial aconteciam.

O escopo de todos esses projetos era vasto, mas a CIA era muito boa em esconder as suas atividades e se resguardar de qualquer implicação ética. Para a realização de alguns experimentos ultra secretos, a agência dispensava recursos consideráveis, deslocava efetivo, adquiria equipamento e se valia de todos os dispositivos legais ao seu alcance. Quando estes faltavam, a CIA utilizava de persuasão, recorria ao patriotismo e se tudo mais falhasse, intimidação. Pessoas que faziam muitas perguntas eram advertidas, afastadas ou então investigadas, acredita-se que alguns tenham até mesmo desaparecido para acobertar os projetos mais secretos.

Apenas em 1975 um Comitê do Congresso teve a oportunidade de examinar alguns dos programas mais sinistros que até então eram mantidos nas sombras. Mesmo assim, documentos e arquivos acabaram sendo previamente destruídos em 1973 pelo então Diretor Executivo da CIA, Richard Helms. O diretor teria ordenado que boa parte dos arquivos tratando da construção de armas bizarras testadas pelas forças armadas, o uso de drogas experimentais empregadas durante as guerras do Vietnã e Coréia e inoculação com vacinas adulteradas na população civil fossem perdidos. Desse modo, o comitê podia apenas imaginar o que foram os Projetos Athena, Califonte e Zero-zero-zero, dos quais restaram apenas os codinomes.

Com os registros destruídos e com informações vitais sendo censuradas, era difícil o comitê compreender a real extensão dos experimentos ligados ao Projeto MKUltra. Podemos, no entanto, afirmar sem sombra de dúvida, que o esquema era gigantesco, incluindo pesquisas em áreas incomuns e absurdamente diversificadas em universidades de ciências comportamentais, indústrias de pólos-químicos, laboratórios hospitalares e outros locais onde operavam sob um véu de segredo. Se um projeto necessitasse de cobaias, por exemplo, agentes infiltrados podiam agir nos bastidores em clínicas veterinárias. Ingredientes e drogas podiam ser contrabandeados de qualquer parte do mundo por agentes infiltrados em órgãos de controle de fronteiras. Se por ventura, um projeto precisasse de cobaias humanas, agentes atuavam em prisões, orfanatos, manicômios e outros locais onde indivíduos de quem ninguém sentiria falta poderiam ser usados. Não havia limites éticos ou morais, os resultados estavam acima de qualquer coisa.


Pesquisadores atualmente acreditam que o MKUltra coordenou simultaneamente um guarda-chuva com mais de 150 projetos simultâneos, todos eles patrocinados pela CIA. Até a metade dos anos 60, boa parte desses projetos contava com recursos financeiros vindo diretamente do governo, entretanto, quando a Guerra do Vietnã começou a drenar muito dinheiro dos cofres, os projetos se viram de um momento para o outro sob risco de serem descontinuados. Para manter seu funcionamento, agentes do MKUltra começaram a operar no mercado do tráfico de drogas e armas, conseguindo recursos necessários para que nenhum projeto fosse abandonado.

Um projeto muito importante era chamado MKSearch. Ele foi inaugurado em 1964 em conjunto com o Corpo Químico do Exército Americano, tendo como o objetivo o desenvolvimento de várias substâncias que poderiam ser usadas para incapacitar inimigos em potencial. O ambicioso projeto tencionava introduzir material biológico, químico ou até mesmo, radioativo secretamente em itens do dia a dia. Contaminar alimentos, como por exemplo derivados do leite e cereais com bactérias, poluir reservatórios de água potável ou ainda introduzir cepas de doenças em animais domésticos.  

Um sub-projeto do MKSearch chamado de MKOften, por vezes referido como MKChikwit, tinha como foco testar diferentes drogas capazes de alterar o comportamento de animais e seres humanos. Um dos cenários envolvia despejar doses de LSD e outros psicotrópicos nas reservas de água de cidades sob o controle de oponentes, instaurando assim caos e sublevação social. Acredita-se que os agentes do MKUltra tenham realizado testes na Prisão Estadual Holmesburg na Filadélfia entre 1967 e 1973. De acordo com informações a central de abastecimento de água nessa instituição criminal teria sido contaminada com o propósito de produzir comportamento violento e irracional nos presos. Doses maciças de LSD teriam sido responsáveis por estados psicóticos que resultaram em violentas revoltas. Supõe-se que o mesmo expediente tenha sido usado em reformatórios para testar o efeito em adolescentes infratores.


Mas haviam outros projetos aos quais o MKOften estava subordinado, alguns ainda mais bizarros e estranhos.

De acordo com algumas fontes, o MKOften foi além da mera pesquisa de controle mental e incapacitação de inimigos, e mergulhou no mundo da magia negra, feitiçaria e ocultismo. A suspeita foi levantada pelo jornalista investigativo britânico Gordon Thomas, que escreveu um livro em 2007 com o título "Secrets and Lies" (Segredos e Mentiras). Thomas se baseou em alegações do Dr. Sidney Gottlieb, ex-chefe da Divisão de Serviços Técnicos da CIA, também conhecido nos bastidores da agência sob o apelido "Dark Sorcerer" (Feiticeiro Negro).

Segundo Thomas, parte do Projeto MKOften se dedicava a estudar uma vasta literatura ocultista que teria sido recolhida de arquivos e bibliotecas pelos nazistas nos anos 1940. Boa parte destes livros foram saqueados pelos alemães no decorrer da Guerra e cobriam tópicos envolvendo o uso de magia e feitiços como ferramenta de guerra. Alguns dos envolvidos no projeto não iam tão longe a ponto de realmente acreditar em magia negra, mas aceitavam que ela poderia oferecer uma maneira de controlar e intimidar as pessoas através das superstições. Usar suposta feitiçaria e apelar a poderes sobrenaturais poderia causar um efeito danoso na moral de pessoas expostas a estes elementos. O autor defendia que missas negras e sacrifícios encenados, bem como o o uso de lendas e criaturas do folclore poderiam ter efeitos devastadores até mesmo sobre militares veteranos. Supostamente, agentes do MKOften teriam usado essa tática no Vietnã, inserindo boatos em áreas dominadas por guerrilheiros e espalhando boatos sobre a presença de alegados monstros e demônios do folclore do sudeste asiático.

Contudo, haviam pessoas ligadas ao MKOften que teriam uma visão mais ortodoxa de seu objeto de pesquisa. Para estes membros "magia negra era uma maneira de controlar, dominar e impor uma forma de poder sobre inimigos"


Para aprender o máximo possível a respeito do tema, agentes do MKOften se encontraram, consultaram, estudaram e empregaram a ajuda de numerosos místicos e ocultistas, incluindo clarividentes, astrólogos, médiuns, psíquicos, praticantes de vodu, bruxos modernos, demonologistas, satanistas e até um monsenhor da Igreja Católica da Arquidiocese de Nova York, especializado em exorcismo. Segundo rumores dentro do próprio MKOften, os agentes dispunham de um aparato considerável de informações a respeito de ocultismo, acesso completo a bibliotecas e trabalhos sobre o tema, bem como liberdade para agir clandestinamente realizando missas negras e rituais conforme a necessidade. Ainda segundo Thomas, membros do MKOften tinham aulas práticas a respeito de ocultismo, sabiam muito sobre as teorias de Crowley e do tarô e alguns ainda eram versados em latim e grego

Membros do programa alegadamente buscavam formas de adaptar rituais mágicos para uso militar. De acordo com Thomas, a CIA chegou a contratar os serviços de três astrólogos, uma leitora de tarô e dois especialistas em quiromancia. Também deu emprego a pelo menos dois especialistas em pêndulos e ao menos um pesquisador de fotografias kirlian. Um feiticeiro vodu que acreditava poder transformar pessoas em zumbis e lançar maldições foi contratado no Haiti e passou a conduzir palestras a respeito dos alegados poderes dos Loas. Uma feiticeira de Houston chamada Sybil Leak foi uma das últimas aquisições. Leak era membro da Igreja de Satã, comandada pelo notório Anton LaVey e acreditava de tempos em tempos incorporar a entidade demoníaca Lilith.

Além de Gordon Thomas, outro jornalista e pesquisador, Alex Constantine, escreveu a respeito dessas buscas arcanas conduzidas pelo programa, afirmando que a CIA demonstrava interesse por cultos e religiões obscuras. Esse interesse se sustentava na tese de que criar seitas dessa natureza em nações inimigas poderia resultar em um elemento caótico no caso de uma revolução. Constantine acreditava que seitas como a Igreja de Set, a Igreja do Juízo Final e os Buscadores poderiam ser exemplo de cultos construídos pela MKOften. Ele também levanta a possibilidade de que o infame Pastor Jim Jones, do Templo do Povo de Jonestown poderia ter aprendido suas técnicas de persuasão e controle com a CIA. Para Constantine, alguns dos métodos empregados por Jim Jones para moldar o comportamento de seus fiéis demonstram que ele empregava técnicas desenvolvidas pelo MKOften.

Constantine diz que a CIA mantinha uma divisão inteira de cientistas sociais que examinava os avanços de seitas e cultos estabelecidos nos anos 1970. Ela teria inclusive patrocinado a criação de seitas semelhantes em países da África e América do Sul, como uma espécie de laboratório de campo. Para Constantine, a explosão de cultos e seitas até o início dos anos 1980 está intimamente ligada aos projetos do MKOften e seu suporte.

Apenas na metade da década de 1980, o suporte do MKOften começou a vacilar e o projeto come;cou a receber menos subsídios. Tanto Gordon, quanto Constantine acreditam entretanto que ele ainda está em operação e que antes da Invasão do Kuwait ele ganhou novo fôlego com agentes sendo treinados e coordenando palestras e aulas sobre misticismo no Oriente Médio. Agentes do MKOften teriam participado de operações em Bagdá, Kandahar e posteriormente no Afeganistão recorrendo a superstições e folclore para atingir rebeldes e insurgentes.


Não é possível saber quanto disso é verdade e o que não passa de mera especulação e boatos disseminados por teóricos da conspiração. 

Sabemos ao certo que os Estados Unidos estiveram envolvidos em uma série de projetos e experimentos questionáveis e que o MKUltra de fato existiu. Entretanto, o tamanho dele e sua profundidade ainda deixa margem para dúvidas e interpretações. O mesmo pode ser dito a respeito do MKOften que é ainda mais misterioso e obscuro. Para alguns ele sequer existiria, não passando de um rumor inventado. Será que a CIA esteve envolvida com o ocultismo e tradições arcanas? Teriam seus agentes buscado utilizar esse conhecimento ancestral como armas em épocas modernas? E mais importante, será que alguns deles tiveram sucesso em suas propostas?

Seja qual for a resposta para esses questionamentos, eles são combustível para incontáveis intrigas e conspirações. 

O Buraco do Coelho parece ir muito fundo nesse caso, quem irá segui-lo até o fim?

3 comentários:

  1. Já pensou em escrever um livro ? Com seu talento na escrita e conhecimento , poderia escrever um sucesso de vendas .

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  2. Que onda!!! 😱 voto pro yellow escrever um livro também! Eu compraria certamente. Força meu amigo e parabéns pelo blog

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