quinta-feira, 21 de maio de 2020

Explorando os Mythos mais Obscuros: O Povo Suíno - Uma detestável Raça Independente


"Ele possuía uma boca e mandíbula grotescamente humanas; mas sem um queixo perceptível. O nariz era prolongado em um focinho, seus pequenos olhos pretos e as orelhas lhe concediam uma aparência suína. A testa era curta e a face de uma palidez extrema. A boca emitia um murmúrio semelhante a um grunhido. Os olhos foram o que me atraíram mais, eles pareciam brilhar com uma inteligência quase humana... Ele estava apoiado, com duas mãos suficientemente humanas na moldura da janela. Essas mãos ao contrário do rosto eram mais escuras, com um tom castanho e embora tivessem quatro dedos e cartilagens entre estes, pareciam as mãos de um homem".

William Hope Hodgeson
The House on the Borderland 

A grotesca raça do Povo Suíno é uma espécie degenerada e extremamente violenta que costuma habitar subterrâneos. Eles são incomodados pela claridade e por isso preferem deixar a segurança de seus covis apenas à noite quando se sentem confortáveis para fazer suas incursões. Nestas, as criaturas demonstram interesse em particular por roubar comida, objetos metálicos e escravos. O Povo Suíno prefere fazer prisioneiros do gênero feminino, vítimas que são submetidas a todo tipo de abuso e violência após serem levadas até seus redutos. 

Seus esconderijos se localizam em túneis ou grutas repletas de lixo e rejeitos espalhados pelo chão e paredes. Quando um ambiente se torna inabitável em face de detritos ou parasitas, eles simplesmente se movem para outro ambiente. O local escolhido em geral possui apenas um acesso de entrada, de modo que ele pode ser vigiado de forma mais eficiente. Há relatos de Homens Suínos astutos o bastante para preparar armadilhas rudimentares na entrada dos covis como forma de se precaver da aproximação de estranhos. Em seus lares, cobertos de desenhos pictóricos nas paredes, o Povo Suíno luta até a morte tentando impedir inimigos de alcançarem as fêmeas e filhotes da espécie.

As tribos possuem sempre um líder, mais forte e brutal que todos os demais. Este detém o direito de portar algum objeto ou ferramenta de aparência medonha que é brandida como um porrete. Esse líder também é identificado por uma série de adereços e enfeites usados como troféus com distinção quase cerimonial. Os demais membros da espécie, tanto machos quanto fêmeas, não podem vestir nenhuma peça de roupa e quando muito cobrem a pele com barro, excremento ou sangue seco formando desenhos primitivos. O líder detém a posse sobre as fêmeas (inclusive prisioneiras) e pode decidir sobre o destino dos membros da tribo, controlando seus súditos com mão de ferro. Tipicamente uma tribo é composta pelo líder, 12 a 15 machos adultos e duas vezes esse número em fêmeas e filhotes. Colônias maiores não são uma impossibilidade. As fêmeas se diferem por raramente andarem eretas nas patas posteriores, se movendo de quatro, como porcos comuns. Elas raramente deixam o covil.


Os costumes tribais dessas criaturas são brutais, envolvendo quase sempre demonstrações de força e exibições de extrema violência. Disputas são resolvidas através de luta e quem é derrotado, termina sendo banido do grupo por alguns dias ou semanas para que possa se refazer dos ferimentos recebidos. Se estes forem graves, o líder pode simplesmente usar seu porrete para eliminar o indivíduo com um golpe de misericórdia. O corpo então pertence ao vencedor da contenda que tem o direito de devorar o inimigo.

O Povo Suíno é onívoro, mas tem predileção por carne e quando famintos se tornam ainda mais perigosos. A voracidade dessas criaturas só é rivalizada pela sua disposição para atos nefastos e degradantes. As criaturas parecem ter um bizarro prazer em submeter suas vítimas a humilhações. Prisioneiros do Povo Suíno são constantemente hostilizados e mau tratados, o que parece satisfazer essas criaturas sádicas. 

Lamentavelmente é uma triste realidade que esses seres manifestem interesse sexual por fêmeas humanas capturadas. O Povo Suíno é biologicamente compatível com seres humanos, podendo procriar entre si. Os híbridos, nascidos dessa conjunção profana, possuem características comuns de ambas as raças e são tratados sem qualquer distinção. O período de gestação é de 6 meses e uma prole pode resultar em até 5 filhotes.

O Povo Suíno parece ser atraído por áreas de instabilidade espaço temporais. Portais ou passagens dimensionais são percebidas por essas criaturas que se aproximam para investigar e terminam por se fixar nas imediações, criando ali um de seus covis. Não se sabe exatamente de que maneira o Povo Suíno detecta essas regiões onde o tecido temporal foi rompido, mas é possível que essa capacidade inata seja responsável por eles se espalharem por diferentes realidades e linhas temporais. Áreas de grande agitação no espaço-tempo tendem a concentrar tribos numerosas desses seres desprezíveis, tornando os arredores particularmente perigosos. Feiticeiros que conduzem experimentos com tempo-espaço por vezes acabam atraindo a incômoda atenção dessas criaturas. Cedo ou tarde se vêem obrigados a enfrentá-los para evitar sua proliferação.  


Não por acaso, o Povo Suíno conhece entidades ligadas a deslocamento temporal. Embora não tenham capacidade de entender o conceito de Yog-Sothoth, eles o veneram como seu Deus principal. Os rituais devotados a ele são estranhos e especialmente nauseantes, envolvendo sacrifícios e escarificações. O Povo Suíno não constrói templos de adoração, se limitando a cobrir as paredes de seus covis com desenhos rudimentares e símbolos que remetem a Yog-Sothoth. Por vezes, eles podem construir representações do Deus, feitas de pedra, barro e dejetos. Normalmente, os sacerdotes do Povo Suíno não fazem uso de feitiçaria, mas não é improvável que algum seja contemplado com esse conhecimento.

Ao longo de sua existência, o Povo Suíno aprendeu a temer os Cães de Tindalos, uma raça conhecida por viajar através de ângulos temporais. Os Suínos fogem aos guinchos de qualquer confronto onde os Cães estejam presentes. Eles também não são ignorantes sobre o Grande Antigo Saaitii, que possui aparência porcina. Entretanto, à despeito de qualquer traço físico comum, eles o temem como uma espécie de aberração ou demônio. O Deus tampouco nutre qualquer interesse por essas criaturas. 

A Grande Raça de Yith também conhece o Povo Suíno e os trata como uma espécie de infecção espaço-temporal. Alguns tomos escritos por Yithianos e seus agentes, em especial os Manuscritos Pnakóticos, menciona esses seres e reputa a eles pouco mais do que uma nota de rodapé. Alguns estudiosos acreditam que o Povo Suíno possa ser originário de uma linha temporal localizada ao menos 1 bilhão de anos no futuro da Terra, em um período em que o Povo Serpente teria despertado e realizado experiências genéticas. Não há consenso a respeito dessas afirmações.



Um típico representante do Povo Suíno atinge de pé algo entre 1,50 e 1,70 metros de altura, sendo que os líderes podem ser um pouco maiores. Eles caminham eretos, mas com uma postura levemente arquejada, podendo em alguns casos andar de quatro. A aparência geral remete a suínos, com as principais características dos animais sendo bastante evidentes: olhos pequenos, orelhas de abano, pele pálida e lisa, além de um focinho achatado típico. Machos possuem grandes presas protuberantes na parte inferior da mandíbula. Estes dentes são usados na luta para trinchar e perfurar os oponentes causando sérios ferimentos.

Apesar de suas mãos possuírem dedos habilidosos, as criaturas raramente fazem uso de ferramentas e implementos. É possível que eles considerem tal coisa uma espécie de tabu. Os porcos são capazes de com o tempo aprender a verbalizar palavras, mas preferem transmitir suas intenções através de grunhidos e roncos. De toda forma, se engana quem trata o Povo Suíno como bestas sem inteligência. Pelo contrário, eles são perfeitamente capazes de compreender e raciocinar, ainda que suas ações sejam guiadas por um senso de primitivismo que remonta aos homens pré-históricos.

Uma de suas interações mais conhecidas entre Seres Suínos e humanos ocorreu no século XIX, nas proximidades de uma antiga propriedade rural erguida nos recônditos da Escócia. O local, por algum motivo ignorado, se tornou palco de uma notável instabilidade espaço-temporal. O fenômeno envolveu toda mansão e a fez se deslocar através do fluxo do tempo até os momentos derradeiros do Universo. Na ocasião, os moradores dessa "Casa na Fronteira" se viram atacados por uma numerosa tribo do Povo Suíno. É possível que após a conclusão do incidente a área tenha se tornado reduto de uma colônia desses seres.   

POVO SUÍNO, Horrores atraídos por rupturas no tecido espaço-tempo.

FOR       2d6 +8         75
CON      3d6              55
TAM      2d6 +6         65
INT        3d6              55
POD       3d6              55
DES       3d6               55

PV médio: 12-13

Dano Extra médio: +1d4
Corpo Médio: +0
Pontos de Magia: 11
Movimento:
Ataques por rodada: 1


O Povo Suíno pode atacar com as mãos nuas ou investindo com a presa aguçada em sua boca que provocam ferimentos sérios. A sujeira dessas criaturas pode provocar infecções se os ferimentos não forem devidamente tratados.

Lutar 35% (17/7), dano 1d6 +Bd

A criatura ataca com garras e com as presas. Se um ataque resultar em um crítico, o monstro trespassa o oponente com suas presas. Nesse caso, é necessário um teste de Primeiros Socorros para estancar o sangramento, do contrário a vítima sofre 1 ponto de dano por rodada.

Esquivar: 30% (15/6)

Armadura: Nenhuma

Feitiços: Normalmente, nenhum. Entretanto, um indivíduo dessa raça com INT 85 ou mais pode conhecer 1d4 feitiços. Em geral estes estão relacionados a Yog-Sothoth ou outro horror ligado ao Tempo e Espaço.

Perícias: Escalar 70%, Escutar 60%, Rastrear 65%, Sentir Instabilidade no Tempo/Espaço 80%

Perda de Sanidade: 0/1d6 pontos de Sanidade por ver o Povo Suíno

11 comentários:

  1. Gosto de imaginá-los como um raça proveniente de humanos corrompidos pelo Porco (Saaitii)...

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    1. Eu quis fugir um pouco dessa noção, que de fato seria a mais óbvia... mas nada impede realmente de assumir tal coisa já que a origem dessas criaturas fica em aberto.

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  2. Excelente!

    Aliás, parece possível que essa tenha sido a inspiração para os porcos desgraçados do game The Darkest Dungeon.

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  3. Que raça bizarra! Me fez lembrar dos trolls do mangá Berserk...


    https://bardodanevoa.blogspot.com/

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  4. Essas criaturas foram usadas por algum escritor lovecraftiano ou são só personagens de RPG?

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    1. Foram criadas por William Hope Hodgson, escritor que precede Lovecraft e era idolatrado por ele.

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  5. Me lembraram a raça suína de Darkest Dungeon.

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  6. Que criatura horrível e.e
    O fato de terem preferência por mulheres humanas como escravas é terrível. Tá ai um bicho que não merece compaixão nenhuma.

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    1. Esse pormenor (que realmente é terrível) eu assumi a partir da interação das criaturas com uma mulher na versão em quadrinhos da Casa na Fronteira. Ali fica bem claro o interesse do Povo Suíno por fêmeas de nossa espécie, o que dá toda uma nova dimensão de horror a essas criaturas detestáveis.

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