Muitas vezes parece que a história da humanidade pode ser contada através da História da Violência.
E isso é especialmente verdadeiro na Europa, onde eras inteiras são nomeadas devido às guerras e conflitos que ocorreram naqueles períodos específicos de tempo. Nenhuma outra cultura dominou a história e a guerra como os antigos romanos. De fato, podemos creditar à Civilização Romana uma série de avanços e progressos, mas também o pioneirismo na arte de travar guerras e realizar massacres em larga escala. Para um povo que se orgulhava de ser o ápice da civilização em seu tempo, eles eram especialmente bons em praticar a barbárie.
Contudo, não cabe aos romanos um dos mais bem preservados retratos de violência do passado da Europa. Por muitos anos, especialistas acreditaram que um antigo assentamento na Espanha havia sido vítima dos conquistadores romanos e que o povo local havia sido massacrado por eles. No entanto, novas pistas encontradas apontam para algo diferente.
Entre meados do século IV e final do século III aC, a cidade de La Hoya, no Norte da Espanha, foi submetida a um violento ataque, seus habitantes foram chacinados e o assentamento incendiado de cima até embaixo. O que sempre impressionou os especialistas era o grau de brutalidade dos atacantes: decapitações, amputações e outras lesões de força cortante demonstram numa cruezas de detalhes como era viver (e morrer) nas guerras desse período.
Estudos recentes interpretam o massacre como uma instância de conflito entre duas comunidades rivais, talvez uma disputa comercial ou mesmo uma rixa entre famílias proeminentes que descambou para um cenário hediondo.
Localizada no vale do Rio Ebro, La Hoya foi no passado uma cidade de tamanho e importância consideráveis - os arqueólogos determinaram que ela tinha paredes de proteção, ruas e grandes edifícios erguidos pelos Berones, uma cultura celta. Os Berones governaram a área desde o século XV aC até cerca de 300 aC, foram um povo orgulhoso, capaz de grandes realizações na agricultura, metalurgia e arquitetura. Também travavam guerra e eram especialmente famosos pelas suas incursões aos territórios vizinhos dos quais emergiam com saques e escravos. Suas cidades prosperaram até a chegada dos romanos à região, quando a cultura Berone foi rapidamente assimilada e seus principais traços absorvidos pelos conquistadores.
Habitantes locais sempre tiveram conhecimento da existência de povos antigos que viveram ali muito antes deles. Sabiam também que haviam ruínas de antigos assentamentos, povoados e fortes, erguidos pelos Berone pontilhando o vale inteiro. Não era raro as pessoas encontrarem restos de construção, objetos de uso diário, cerâmica, armas e outros artefatos enterrados. La Hoya, no entanto era um assentamento especialmente interessante, sobretudo pelo bom estado de conservação do local e por ele não ter sido ocupado posteriormente.
Os pesquisadores revisaram os restos mortais encontrados nas ruínas da cidade no início da década de 1950. O objetivo era compreender de uma vez por todas o que havia acontecido e quem era o responsável pelo triste destino dos habitantes. A medida que os esqueletos de vítimas foram criteriosamente examinados um retrato medonho de violência veio à tona.
"Um homem adulto mostra evidências claras de decapitação: sua quarta vértebra cervical foi completamente cortada ao meio por um golpe oblíquo, consistente com um único corte no pescoço da esquerda para a direita, em um ângulo para baixo. Embora nenhum ferimento defensivo claro tenha sido identificado, a explicação mais plausível para o trauma observado é que ele poderia ter sido infligido durante um encontro cara a cara em que a vítima tentou confrontar seu agressor."
Mas esse não é o único exemplo de violência extrema na chacina de La Hoya, as conclusões apresentam um panorama incrivelmente atroz:
"Uma adolescente de não mais que 15 anos teve o braço direito amputado na altura do ombro por um golpe de espada. A posição da vítima e de seu braço quando encontrados indica que o membro havia sido atirado longe (com as pulseiras ainda nele). A vítima rastejou até ele onde morreu devido a perda de sangue ou uma facada nas costas".
"Dois homens com idade entre 18 e 21 tiveram ferimentos de força cortantes potencialmente infligidos por trás por armas brancas - algumas espadas e adagas foram recuperadas em um cemitério próximo. Os ferimentos foram tão fundos (cerca de 20 centímetros de profundidade) que triscaram as costelas, em um dos casos causando fratura".
"Golpes sucessivos foram desferidos contra o crânio de uma vítima feminina de aproximadamente 50 anos por um objeto pesado, possivelmente uma clava ou porrete de madeira. Não menos do que oito golpes foram desferidos causando fraturas sistemáticas. A força do último golpe foi tão potente que a arma se estilhaçou projetando farpas de madeira que se alojaram profundamente no crânio".
Para tornar tudo ainda mais sinistro, a maioria dos esqueletos recuperados no massacre apresentavam sinais de terem sido incendiados. Há indícios de que os assassinos usaram azeite para colocar fogo nas pessoas, e que em vários casos, estas ainda estavam vivas quando incendiadas. Após o massacre, elas foram simplesmente abandonadas, sendo encontradas sem sepultamento, indicando que os perpetradores os deixaram mortos ou morrendo nas ruas coalhadas de sangue. As casas e construções foram por fim queimadas, bem como silos de estocagem, depósitos e abrigos de animais. O roubo não parece ter sido uma das motivações do massacre, já que ossos de animais carbonizados foram achados, bem como sacas e potes ainda contendo restos de alimentos. Não há como saber quantas vítimas foram feitas, mas é possível que a população de aproximadamente 800 pessoas tenha sido quase que inteiramente exterminada.
O ataque parece ter ocorrido à noite, provavelmente de surpresa, já que foram encontradas poucas vítimas com armas em suas mãos ou posições defensivas condizentes com luta corpo a corpo. O mais provável é que os assassinos chegaram de madrugada, aproveitando a escuridão e agiram com rapidez alucinante contra a população que estava dormindo num verdadeiro frenesi escarlate.
"Muitas das mortes denotam um claro elemento passional, algo que encontramos hoje em dia em crimes motivados por vingança, por exemplo. Não há como saber o que motivou essa chacina, mas tudo leva a crer que os atacantes estavam sob forte emoção", disse Fernández-Crespo.
La Hoya é o único sítio ibérico de grande porte da Idade do Ferro cuja destruição ocorreu antes da conquista e ocupação romana. A hipótese é que o massacre de La Hoya tenha sido tão brutal e completo que os poucos sobreviventes nunca mais voltaram. As pessoas fugiram em desespero e evitaram a localidade por séculos. No folclore da região há muitas lendas sobre fantasmas, assombrações e mortos-vivos, como Revenants, contadas há séculos. De fato, a região de La Hoya que se traduz como "o buraco", também ficou conhecida por séculos como "Vale Vermelho".
Quem teria promovido tudo isso? Diferentes facções dentre os Berones são os responsáveis mais prováveis pela mortandade, ou seja, um mesmo povo impôs a seus semelhantes, possivelmente parentes próximos, tamanho horror. O estudo conclui que as sociedades pré-romanas da Península Ibérica travaram batalhas políticas entre si pelo poder, pela dominação e destruição, muito antes de o resto da Europa se tornar a área belicosa que permaneceu sendo por séculos.
Nossas digitais sangrentas estão bem claras.
Eu acredito que possa ter sido obra dos Romanos, talvez não diretamente.
ResponderExcluirEu sou um navegante novo do siti e estou gostando dos conteúdo.
ResponderExcluirNão sei se vocês já fizeram artigos sobre isso mais gostaria de saber qual sua opinião sobre a relação entre olcutismo e racismo qual a opinião de vocês sobre isso,pois já vi tantos grupos esotéricos racistas tais como,pernialista,teosofistas,sociedde vrill os thules entre outros