Nossa tradicional Mesa Tentacular está de volta, com o relato da muito especial e aguardada Mesa que rolou no Diversão Offline 2022.
Depois desse "longo inverno" sem poder narrar presencialmente em eventos ou mesmo comparecer a encontros de RPG, é um alívio e uma alegria conseguir rodar uma mesa presencial para jogadores.
Eu ponderei bastante a respeito de qual aventura escolheria para esse evento em especial, e depois de pensar bastante acabei decidindo por "O Deus Pálido" (The Pale God) do livro The Great Old Ones.
Eu já devo ter narrado essa história uma dúzia de vezes e sempre achei a proposta dela e o desfecho muito bons. De uma forma geral é uma aventura que oferece boas oportunidades para interpretação e momentos bem climáticos de tensão e horror.
Além disso, ela tem um começo que já coloca os jogadores na ação e não demora a engrenar. Quando eles percebem, já estão no meio dos acontecimentos pavorosos e sanguinolentos.
A premissa é incrivelmente simples, começando com o tradicional telefonema de um amigo que não é visto há anos no meio da noite. Um encontro é marcado, mas logo a reunião se transforma em um espetáculo de horror com uma cena macabra e perda maciça de sanidade. Os investigadores recuperam da cena sangrenta as pistas que servirão para entender no que seu amigo havia se envolvido e o que eles precisam fazer para reverter um horror ancestral.
O cenário tem um roteiro bastante intuitivo, os jogadores tendem a seguir um encadeamento de pistas que vão sendo encaixadas uma a uma e levam ao próximo estágio. Logo eles ficam sabendo qual o mistério e invariavelmente seguem para uma casa com fama de ser mal assombrada numa região isolada da Nova Inglaterra. A exploração desse lugar e de seus segredos conduz o grupo a um novo pesadelo do qual parece não haver escapatória. E justo quando eles imaginam que conseguiram escapar, tudo começa de novo.
Eu adoro essa aventura! Ela é perfeita para encontros e one-shot no estilo moedor de carne.
Quando ela é narrada para o grupo certo de jogadores, flui muito bem e geralmente o resultado é ótimo.
AS FICHAS DE PERSONAGENS:
Eu sempre gostei de fichas diferentes para os personagens, mas geralmente costumo usar a ficha básica que vem no livro. Mas para essa sessão encontrei na internet essas fichas coloridas que podem ser preenchidas e impressas.
Achei o material de ótima qualidade, tudo é bem fácil de encontrar e apesar delas estarem em inglês e eu preferir em eventos oferecer fichas em português, acho que funcionaram muito bem.
Criei cinco personagens para a aventura, um grupo bem clássico (e com alguns estereótipos) de Chamado de Cthulhu.
Um Detetive Particular Durão, uma Diletante ricaça, um Médico bastante curioso, um Atleta forte e de bom coração e um Autor de contos de Terror. Escrevi um background curtinho com a história dos personagens e colei num cartão para ficar diante do jogador, com o nome do personagem do outro lado.
O mix do grupo ficou bom.
OS RECURSOS/ PISTAS
Eu já tinha prontos a maioria dos recursos e pistas desse cenário, mas quis dar uma arrumada neles e torná-los mais bacanas. Imprimi novas versões das fotografias com papel fotográfico, plastifiquei algumas pistas e envelheci alguns papéis para que eles parecessem antigos.
Essas pistas ajudam a criar a ilusão de que o grupo está analisando e processando aquilo que foi encontrado numa cena de crime.
Eu gosto de esconder pistas e deixar o grupo procurar por elas, por isso usei uma carteira velha e coloquei vários documentos dentro dela, deixando o grupo procurar em cada compartimento por alguma pista escondida.
Deus Pálido tem um dos meus Recursos do Guardião (Handouts) favoritos de Chamado de Cthulhu. Trata-se do desenho de um monstro bizarro feito por uma criança que não sabia exatamente o que estava vendo.
Eu pedi para meu afilhado, que tinha 6 anos na época, para desenhar o monstro a medida que eu ia descrevendo ele, então ficou bem condizente com aquilo que uma criança veria. Não se preocupem, a parte dos corpos e do sangue eu coloquei depois.
Esse handout funciona que é uma beleza... quando os jogadores o veem pela primeira vez, eles invariavelmente se entreolham.
A CRIATURA NO VIDRO:
Para essa história quis fazer a criatura para representar visualmente aquilo que o grupo encontra durante a investigação. Nem deu muito trabalho criar esse monstrinho com massa bisqui e enfiar ele num vidro de amostras.
Esse tipo de prop é ótimo para evocar aquilo que o grupo está encontrando. Toda vez que eu falava que um dos monstrinhos aparecia na aventura um dos jogadores olhava para o vidro em cima da mesa.
A CADERNETA DE NOTAS:
O outro acréscimo a essa mesa foi a Caderneta achada pelos personagens.
Eu usei uma caderneta de notas criada pelo meu colega Ricardo Ramada que fez um trabalho de primeira envelhecendo as páginas com café. O trabalho ficou tão bom que perguntei a ele se poderia aproveitar o espaço que ainda estava vago para colocar as pistas dessa aventura.
Pretendo usar a mesma caderneta para outras aventuras em que os personagens encontram um caderno contendo pistas/ anotações. Em um próximo artigo vou falar mais à respeito desse prop...
Caprichei na caligrafia bem rebuscada e cheia de estilo e usei uma pena com tinta marrom que deu um visual envelhecido às anotações.
A ideia é que a caderneta continha as notas feitas por um investigador ao longo de um caso em que ele estava trabalhando. Então ela tinha que ser meio bagunçada e caótica com notas de rodapé e considerações aleatórias, como se ele estivesse escrevendo algo para lembrar mais tarde.
Outra sacada muito boa foi a sugestão do Ricardo de usar uma tesoura especial para recortar as fotos e desenhos que iam ser colados nas páginas.
As fotos ficaram com essa borda em filigrana que é bem típica de fotografias antigas, tipo álbum de avó. O resultado ficou ótimo!
Eu imprimi as imagens em papel fotográfico e desbotei, escolhendo um tom de sépia condizente com a revelação da época.
Deu um pouco de trabalho para criar a caderneta, mas acho que o resultado final ficou muito bom.
O Jogo:
Com tudo pronto, eu rolei essa aventura no domingo (19/06) no espaço disponibilizado pela Editora New Order no Diversão Off Line.
O jogo foi divertidíssimo e faz toda a a diferença quando os jogadores são bons e se deixam levar pela histórias e pela investigação.
Aqui estão as fotografias que tirei na ocasião:
O grupo de investigadores analisa a caderneta de notas e processa as pistas encontradas na cena do crime.
O monstrinho pálido que em certo momento está em toda parte nesse cenário.
A leitura das anotações é um dos momentos mais importantes desse cenário. O grupo a partir desse ponto traça a sua estratégia de investigação e o que deverão fazer em seguida.
Aquele "Oi" básico durante a sessão.
Isso na mão do meu colega Douglas, acreditem ou não, é uma mega Torre de Dados que nos emprestaram para usar na mesa.
O negócio parece realmente uma estatueta do Grande Cthulhu e quando fica no meio da mesa impõe respeito.
E essa fotografia final é o já tradicional "placar" da sessão. Os três jogadores agachados na frente perderam seus personagens enquanto os dois ao meu lado sobreviveram às agruras do "Deus pálido" e sua horda.
Bom é isso...
Mais um dia em Chamado de Cthulhu, até a próxima!
Parece ser uma excelente aventura! E show de bola essa torre de dados!
ResponderExcluirhttps://bardodanevoa.blogspot.com/
Preparar um cenário com esses handouts e todos esses itens não é pra qualquer um não! Parabéns!!!
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