Ao longo da história a humanidade inventou uma assombrosa variedade de maneiras horríveis de matar. Embora o objetivos seja sempre o mesmo - dispor da vida de uma pessoa, a forma como isso é realizado pode variar muito. E a criatividade dos homens parece não conhecer limites.
Dos sangrentos métodos de execução medievais às "execuções humanas" de hoje em dia, cada período histórico usou as ferramentas ao seu alcance para extinguir, muitas vezes de forma cruel a vida daqueles considerados indignos de continuar vivendo. Aqui nas páginas do Mundo Tentacular já falamos sobre uma série desses métodos perversos de punição - da crucificação ao emparedamento, da evisceração aos horrores do empalamento.
Mas sempre surge algo que desafia nossas convicções e nos faz perguntar se isso é o pior ou se aquilo é ainda mais aviltante. Talvez essa busca não tenha fim, e ainda tenhamos pela frente muitos artigos falando à respeito de métodos de execução.
Esse artigo vislumbra algo que eu francamente nunca havia ouvido falar. Um termo que não fazia parte do meu vocabulário, mas que de agora em diante, será difícil esquecer. Trata-se do ESCAFISMO.
Baseado na palavra grega “skáphē”, que se traduz em "tigela" ou "casco", o escafismo é um dos métodos de execução mais macabros inventados pela humanidade.
Supostamente criado pelo Império Persa por volta de 500 a.C, o Escafismo é difícil de ser categorizado e por muito tempo foi considerado como mera ficção. Acredita-se que esse método de execução também era conhecido por outros nomes como "os barcos", pois durante os preparativos as vítimas eram colocadas no interior de dois troncos ou barcos ocos antes do sofrimento ter início.
Vamos direto ao assunto para entender do que se tratava essa execução:
Uma vez deitado nu com o corpo entre os barcos, eram feitos cinco buracos para a cabeça e para os membros, braços e pernas que pendiam para o lado de fora do conjunto. Este era então colocado numa lagoa ou rio para que pudesse boiar e atado a uma corda para que não se afastasse.
A vítima então recebia uma dose generosa de leite e mel. Se ele não quisesse o alimento não havia escolha, pois colocava-se um funil ou mangueira na boca do sujeito que o forçava a consumir a mistura. Essa dieta forçada de leite fermentado e mel tinha um efeito devastador no intestino do indivíduo que começava a se dilatar com gases. O calor e a falta de movimentação eram um complicador. Eventualmente a vítima sofria com uma diarréia incontrolável. Seu excremento enchia o barco enquanto os carrascos derramavam mel sobre o rosto e membros da vítima. A combinação de odores atraía nuvens de insetos - moscas, mosquitos, abelhas e outros animais entravam pelos furos nos barcos e se banqueteavam com a mistura asquerosa. Pior ainda, os insetos depositavam ovos no corpo do prisioneiro, especialmente nas cavidades, sobretudo no anus. Quando os ovos eclodiam, os vermes recém nascidos se alimentavam do que estivesse ao seu alcance, devorando lentamente a vítima de dentro para fora.
A ideia é que o pobre diabo dentro do barco tivesse uma morte lenta a medida que se transformava em um viveiro de insetos. A morte poderia demorar dias até chegar, por desidratação e infecção generalizada diante das condições. O ideal para os carrascos era que o martírio durasse ao menos 12 dias, prazo mínimo para a execução ser considerada um "sucesso".
Horrível, bárbaro e perverso como sugerem os relatos, não existe nenhuma prova tangível de que o escafismo realmente tenha ocorrido. Contudo, depois de mais de dois milênios, quaisquer restos humanos ou evidências da tortura, desapareceram há muito tempo. O que resta são os relatos históricos presentes na obra de cronistas, entre os quais, o filósofo greco-romano Plutarco. Ele afirmava ter testemunhado pessoalmente uma execução por Escafismo.
No texto o filósofo relatava o triste fim de um soldado chamado Mitrídates responsável por matar Ciro, o Jovem, irmão do rei Artaxerxes II. O monarca exigiu que o soldado mantivesse em segredo sua façanha - e contasse aos outros que havia sido ele, Ataxerxes, o responsável pelo golpe final que assassinou Ciro.
Mitrídates, no entanto, não se conformou com a ordem. Após beber em demasia numa taverna ele começou a se gabar de ter matado Ciro dizendo que o rei sequer havia tomado parte do combate. Quando Artaxerxes II soube disso, mandou capturar imediatamente o soldado e o sentenciou à morte. Para demonstrar seu descontentamento ele ordenou que o carrasco real inovasse e usasse uma forma de execução especial. Não está certo se o carrasco conhecia o método ou se foi o responsável por inventá-lo, as o fato é que ele escolheu o Escafismo. Segundo Plutarco, Mitrídates suportou 17 dias antes de sucumbir.
Plutarco teria sido convidado a inspecionar o resultado final da execução. Ele escreveu:
"Quando o homem estava claramente morto, o barco superior foi removido e encontramos a carne do soldado totalmente lacerada, inchada e parcialmente devorada. Haviam enxames de moscas, vespas, abelhas e insetos de toda ordem aninhados ali dentro, além de vermes crescendo no interior de seu corpo".
O historiador bizantino Joannes Zonaras escreveu no século XII um texto sobre as leis (e execuções) praticadas pelo povo persa. Ele contou que o escafismo também chamado por alguns "ninho de insetos" ou ainda "colméia viva", era reservado aos criminosos mais odiados ou contra aqueles que desagradavam pessoalmente aos reis. Ainda segundo suas anotações "os persas superam todos os outros bárbaros na horrível crueldade de suas punições".
Zonaras foi responsável por detalhar ainda mais como ocorria a execução. Os barcos segundo ele eram firmemente pregados para garantir que não houvesse chance de fuga, a vítima era lavada com mel antes de ser depositado na caixa e em geral, a execução acontecia apenas no auge do verão. Além disso, ele explicou que a mistura de leite fermentado de camelo e mel era uma receita usada pelos médicos persas para causar uma violenta evacuação intestinal. Haviam variações desse método horrendo de execução, uma delas envolvendo colocar a vítima não entre barcos, mas no interior de um cavalo ou vaca. A vítima era amarrada dentro da carcaça de um animal morto com braços e cabeça para fora. Ele recebia os mesmos alimentos e sofria o mesmo destino absolutamente medonho.
Mas diante de todo esse horror, resta uma pergunta: O Escafismo realmente existiu?
Aqueles que acreditam na autenticidade do escafismo como forma de execução afirmam que ele realmente surgiu na antiga Pérsia, mas que foi usado também na Mesopotâmia e Arábia. Afirmam que, no entanto, foi empregado em crimes muito graves envolvendo traição da coroa e assassinato de membros da família real. Há rumores de que os romanos teriam sido apresentados ao escafirmo, mas que, mesmo eles o acharam abominável.
No entanto, nem todos historiadores estão plenamente convencidos que esse método de execução chegou a ser empregado. Muitos sugerem que a prática foi totalmente inventada por cronistas que tentavam retratar os persas como bárbaros sanguinários e seus costumes como grotescos. Para os céticos, o Escafismo foi quase certamente uma invenção literária de gregos antigos desonestos, ainda que extremamente criativos. Outros métodos de execução tão macabros quanto foram reputados aos povos do oriente médio ao longo dos séculos seguintes.
Verdade ou não, praticado largamente ou apenas em certas circunstâncias específicas, a mera possibilidade do Escafismo ter existido é algo assustador. Quem poderia conceber algo tão horrível? Quem poderia imaginar uma forma tão dantesca de despachar um criminosos? E pior, quem teria estômago de praticar tal coisa?
Uma coisa no entanto é certa!
Nunca, nunca mesmo subestime a capacidade da humanidade de se superar quando o assunto é impingir dor e sofrimento em seus semelhantes.
Nojento! Mas não acredito que tenha sido real.
ResponderExcluir