
Desde tempos imemoriais, ao longo da história e das culturas, sempre existiram contos de lugares místicos e mágicos perdidos além do horizonte. A humanidade parece amar intensamente a mitologia que descreve uma civilização esquecida ou cidades perdidas escondidas de nós, além das fronteiras do que conhecemos, além do plausível, além do razoável.
Tais histórias surgem em lendas de culturas que transcendem limites geográficos. A ideia de que algum lugar maravilhoso possa estar oculto atrai exploradores e aventureiros há séculos e inspira a imaginação dos sonhadores. Uma dessas histórias, que persiste há bastante tempo, é a de uma cidade fantástica escondida nas profundezas do Monte Shasta, na Califórnia, um lugar que se diz ser habitado por uma raça de seres misteriosos com fantástico conhecimento e tecnologia.
Não há dúvida de que o Monte Shasta projeta uma presença formidável para aqueles que o avistam pela primeira vez. Situado no extremo sul da Cordilheira Cascade, no Condado de Siskiyou, Califórnia, o Monte Shasta é um vulcão hoje em dia adormecido que se eleva a 4.322 m sobre o vale florestal circundante, tornando-se o segundo pico mais alto da Cordilheira Cascade e a quinta montanha mais alta de toda a Califórnia. Como o Monte Shasta não está conectado a nenhuma outra montanha próxima, ele se ergue sozinho, irrompendo abruptamente do solo como um gigante solitário místico que se levanta sobre os majestosos vales verdes ao seu redor e domina completamente a paisagem do norte da Califórnia. Diz-se que a enorme e intimidante montanha solitária pode ser vista a até 230 km de distância em um dia claro, tornando-se um impressionante monólito natural que captura a admiração e a imaginação da humanidade há séculos.
Talvez não seja surpresa que a montanha tenha atraído todo tipo de lendas e histórias estranhas, com os nativos da região tecendo mitos a seu respeito. Uma das histórias mais conhecidas e, de fato, mais bizarras sobre o Monte Shasta é que a montanha abriga uma antiga e secreta cidade perdida, habitada pelos descendentes dos chamados Lemurianos, um povo altamente avançado que se acredita terem sido os primeiros humanos na Terra. Eles viveram em um continente perdido conhecido como Lemúria que teria submergido após uma catástrofe. O nome Lemúria foi cunhado em meados do século XIX para denotar um hipotético continente submerso que outrora conectava o Oceano Índico, e recebeu esse nome porque se especulava que foi por meio desse misterioso continente que os animais chamados lêmures migraram de Madagascar para a Índia. A famosa Madame Helena Blavatsky, uma das teosofistas mais famosas do século XIX escreveu extensivamente sobre os lemurianos e suas façanhas.
A história conta que o continente afundou devido a um evento apocalíptico não especificado de forma semelhante ao que teria acontecido com a mítica Atlântida. À medida que a civilização se desfez, vários lemurianos conseguiram escapar pelo mar encontrando um lugar seguro nos arredores do Monte Shasta. Lá estabeleceram a Cidade de Telos em algum ponto sob a montanha, onde recriaram sua outrora grandiosa sociedade e supostamente continuam a viver até hoje.

Os lemurianos são tipicamente descritos como indivíduos altos, graciosos e magros, que chegam a medir dois metros de altura, com pele alva, quase luminescente, longos cabelos brancos e pescoços anormalmente compridos, adornados com colares feitos de contas, ouro ou pedras preciosas. Os estranhos seres geralmente vestem túnicas esvoaçantes e sandálias amarradas aos tornozelos, embora às vezes se diga que usam túnicas simples ou até que andam nus.
Diz-se que eles dominavam várias tecnologias avançadas, como energia atômica, magnetismo, eletrônica e, alguns supõem, até mesmo a capacidade de alterar o espaço-tempo há milhares de anos. Seus conhecimentos permitiam a construção de grandes máquinas e engenhos como dirigíveis capazes de levitar e que eram usados para transporte. Algumas lendas dão conta de que eles iluminam seu reino subterrâneo com uma espécie de sol artificial, feito de cristal, alimentado por alguma fonte de energia poderosa e desconhecida, muito além de tudo o que conhecemos. Finalmente, há a crença de que os lemurianos possuem um órgão do tamanho de uma noz que se projeta de suas testas e supostamente os dota de vastos poderes psíquicos, como percepção extra-sensorial, telecinese, telepatia, a capacidade de aparecer e desaparecer à vontade e o poder de influenciar a mente dos outros.
A teoria de que lemurianos vivem no Monte Shasta tem uma história quase tão estranha quanto a dos próprios seres. Tudo remonta a um livro chamado "Morador de Dois Planetas" (Dweller of Two Planets), escrito por Frederick S. Oliver em 1899. No verão de 1883, Oliver, ainda adolescente, ajudava sua família a demarcar os limites de sua área de mineração, o que envolvia cravar estacas de madeira no solo e, em seguida, marcar a localização em um caderno. Em algum momento durante essa árdua tarefa, a mão de Oliver supostamente começou a tremer incontrolavelmente, e ele começou a escrever coisas sem controle. O menino correu para casa em pânico, com a mão continuando a agir por conta própria, escrevendo febrilmente durante todo o caminho como se tivesse vontade própria. Assim que chegou, sua mãe lhe deu mais papel. Ele continuou a escrever, escrever e escrever, rabiscando páginas e mais páginas com palavras, símbolos e desenhos. Essa misteriosa convulsão inicial cessaria revelando o início de um texto. Ao longo dos três anos seguintes, a mão de Oliver seria ocasionalmente dominada por essa força misteriosa, escrevendo várias páginas aqui e ali, até que finalmente, em 1895, ele completou um livro inteiro que narrava e descrevia a existência de uma cidade lemuriana secreta no Monte Shasta bem como sua história.
Oliver continuaria afirmando que havia sido escolhido pelos lemurianos como uma espécie de porta voz deles, e que todo o livro havia sido canalizado telepaticamente através dele por intermédio de escrita automática através do tempo e espaço.
O rapaz chegou a afirmar ter sido levado astralmente à cidade secreta onde viu com os próprios olhos, descrevendo-a como um lugar maravilhoso nas profundezas da montanha, composta por vastos labirintos de túneis iluminados com portas automáticas, arquitetura elegante e apartamentos banhados a ouro e acarpetados com uma luxuosa substância felpuda. De fato, Oliver disse que toda a cidade era generosamente adornada com cristais brilhantes, metais preciosos e pedras preciosas, alimentada pela energia desses cristais e inacessível a estranhos sem o convite expresso dos próprios Lemurianos. Seus escritos afirmam que alta tecnologia abundava nesta cidade fantástica, com inúmeras menções a vários dispositivos e veículos incríveis empregados pelos moradores da cidade, incluindo grandes naves flutuantes que pairavam sobre suas cabeças. O livro foi bastante inovador e à frente de seu tempo quando foi lançado, fazendo menção detalhada a noções conceituais tão elevadas como mecânica quântica, antigravitacional, trânsito de massa e energia do Ponto Zero, chamada de "energia do lado escuro", conceitos extremamente singulares na época. Mais notável, Oliver não tinha como conhecer a a maioria dessas coisas, sendo um rapaz simples do interior.
Embora tenha morrido em 1899, aos 33 anos, seu livro foi publicado em 1905 por sua mãe, Mary
Elizabeth Manley-Oliver. Na época da publicação o livro tornou-se um clássico ocultista instantâneo e uma fonte abertamente reconhecida para muitos sistemas de crenças, seitas e cultos da Nova Era. Ele até geraria uma sequência intitulada "
O Retorno de um Morador da Terra", supostamente psicografado do além por um médium teosofista incorporando o relato de Oliver.
Mas esta seria apenas a primeira menção literária à estranha cidade perdida dos Lemurianos no Monte Shasta. Em 1931, Harvey Spencer Lewis, usando o pseudônimo de Wisar Spenle Cerve, escreveu um livro inteiro sobre a Civilização Perdida, o que impulsionou ainda mais a popularidade de cidades e sociedades perdidas espreitando nas profundezas daquela montanha. A partir daí, os relatos sobre a estranha raça de seres avançados e a sofisticada cidade de Telos ganharam fama.
Muitos outros relatos sobre a suposta civilização lemuriana do Monte Shasta viriam à tona ao longo dos anos, e um deles se destaca por ser particularmente bizarro. A testemunha anônima, conhecida apenas como "M", afirma que sua experiência fantástica começou com a mudança de sua família do deserto de Nebraska para o Monte Shasta, onde passaram muito tempo acampando e se hospedando em um hotel enquanto procuravam um lugar para ficar. Ao longo dos meses, eles frequentemente se hospedavam em um acampamento chamado Panther Meadows, fazendo inúmeras viagens e explorando a área. Ficaram tão apaixonados pelo lugar que continuaram acampando regularmente lá mesmo depois de se instalarem em uma nova casa. Seis meses depois de chegarem a Shasta, estavam novamente em Panther Meadows acampando quando a bizarra odisseia de M teve início.
Naquela manhã, seu marido e dois filhos tinham saído para explorar enquanto ela limpava a casa depois do café da manhã. Foi quando ela notou um jovem alto e esguio caminhando pelo prado em direção ao acampamento deles. A princípio, M presumiu que fosse apenas mais um campista de um acampamento próximo, já que ele não tinha mochila nem equipamento de caminhada. À medida que se aproximava, acenou e, ao chegar ao acampamento brincou educadamente sobre tomar uma xícara do café pois sentira o cheiro a manhã toda. M não hesitou em lhe dar uma xícara, e ela achou estranho o quão totalmente confortável se sentia em sua presença, conversando como se se conhecessem há anos. Em algum momento, a conversa girou em torno das lendas do Monte Shasta e de como algumas pessoas alegavam ter estado na cidade perdida de Telos. Foi então que o jovem perguntou se ela gostaria de ver tudo isso pessoalmente. A princípio, ela pensou que ele estivesse brincando, mas ele acenou para que ela o seguisse na direção de onde viera. M não esperava muito, mas o seguiu mesmo assim. Era ali que o próximo capítulo de sua estranha aventura se desenrolaria. Ela explica:
"Senti-me estranhamente atraída pelo jovem e perfeitamente segura com ele. Parecia que compartilhávamos interesses e crenças em comum. Ele disse que a entrada para Telos era próxima e que levaria apenas alguns minutos para chegar lá. Ele estava certo. Atravessamos os prados em direção às árvores e em poucos minutos estávamos em uma rocha alta e de formato estranho. Eu diria que tinha provavelmente 3 metros de altura e 1,5 metro de largura. A frente da rocha era plana e os galhos das árvores próximas a escondiam parcialmente. O topo da rocha inclinava-se em direção ao chão na parte de trás, de modo que parecia um triângulo assimétrico. Uma vista lateral era algo como esta frente de rocha. Lembro-me de que o chão ao redor era muito duro em comparação com o chão mais macio sobre o qual havíamos caminhado para chegar lá. Ele caminhou até essa rocha lisa e a tocou revelando uma porta secreta. Ela se abriu e ele fez um gesto para que eu o seguisse, o que fiz. Agora me maravilho por não ter o menor medo de ir com ele, nem sequer me ocorreu não ir."
A narrativa prossegue:
"Ao passar pela porta aberta, vi um conjunto de degraus que desciam até um pequeno patamar e continuavam descendo muito além. Havia um cheiro levemente úmido de mofo indicando que havíamos entrado em uma área que não era frequentemente agraciada com a presença de ar fresco. Era óbvio que estávamos dentro da montanha, pois as paredes eram de rocha. Chegamos a um patamar onde parei para olhar ao redor. Vi que estávamos em uma sala ampla banhada por uma luz suave vinda de uma fonte que eu não conseguia identificar. Não havia sinais de lâmpadas, abajures ou iluminação indireta. Descemos mais alguns níveis e o jovem caminhou até a parede mais distante, tocou-a e uma porta se abriu. A porta se misturava à parede de tal forma que, se você não soubesse exatamente onde ficava, nem imaginaria que havia uma passagem. Segui-o pela porta e me vi em uma sala de pedra muito grande, com teto alto. Essa sala também era bem iluminada por uma luz de fonte indeterminada."

Apesar da perspectiva assustadora de entrar em uma passagem secreta e sombria em uma montanha na presença de um completo estranho, a testemunha afirma repetidamente que não sentiu medo e que até se sentiu calma e confortável com tudo aquilo. Depois de passar por várias passagens mais adentro da montanha, transitando por salas com mobília estranha e "grandes caixas de vidro", eles chegaram a algumas pedras grandes e planas. Em uma das pedras haviam símbolos estranhos que ela não conseguia reconhecer e que não se parecia com nada que ela já tivesse visto antes. Quando ela perguntou ao seu companheiro o que eram, a história ficou ainda mais estranha do que já estava.
"À medida que me aproximava das caixas, vi que havia algum tipo de impressão na superfície. Eu não conseguia reconhecer a língua. Virei-me para perguntar o que as pedras representavam e, antes que eu pudesse perguntar, ele sorriu e disse: "Você não se lembra agora, mas estas são tábuas sagradas que você e seus colegas trouxeram da Lemúria quando as águas subiram para destruir nossa pátria."
Ele continuou explicando que nós (não tinha certeza de quem ele se referia como "nós" na época) tínhamos levado as tábuas para uma caverna e as tínhamos preservado lá. Enquanto ele contava a história, eu podia visualizar mentalmente várias embarcações que se moviam muito rápido em águas profundas. Elas diminuíram gradualmente a velocidade à medida que se aproximavam de uma caverna e, ao entrarem na caverna, eu as vi subindo à superfície. A caverna era muito grande. Quando os ocupantes abriram os veículos para emergir, foram recebidos por outros que rapidamente tomaram posse das tábuas de pedra e desapareceram pelas entradas da caverna. Quando as tábuas foram removidas, os ocupantes retornaram às pequenas embarcações e deixaram a caverna como haviam entrado. Nesse ponto, minha visão terminou... Tive a sensação de ter estado lá. Levei alguns minutos para me recuperar da ansiedade e, ao mesmo tempo, da excitação que experimentei ao observar aquele acontecimento. Senti um grande alívio e realização quando as tábuas foram entregues e pude ouvir agradecimento sendo oferecido.
A narrativa é bem estranha, mas ela é apenas o começo. Finalmente, ocorreu à testemunha, naquele momento, que ela não sabia sequer o nome do jovem e, quando perguntou a ele ouviu um som estranho diferente de tudo que já escutou. M se recorda de ter prosseguido na longa caminhada, algo que parece ter demorado horas. Ela se recorda de estar com seu companheiro em alguns momentos, em outros sozinha. Mesmo assim, apesar de estar num lugar estranho, não sentiu medo ou receio.
Ela tem lembranças vívidas de um grande salão de pedra fria onde haviam outras pessoas trabalhando, indivíduos que não deram a ela atenção e aos quais ela não conseguiu se referir pois pareciam ignorá-la. Nessa sala estavam estocados grandes cilindros verticais, cada um com aproximadamente 3 metros de altura e 1,2 metro de largura feitos de um material que parecia cristal. Em cada um desses cilindros, havia uma substância líquida gelatinosa. As pessoas na sala pareciam ocupadas manipulando aquela substância em um tipo de trabalho que pela concentração deles parecia importante.
M tem uma vaga lembrança do que acontecia ali. "Eles estavam extraindo ou canalizando energia de algum tipo. Algo que era de suma importância para a cidade deles. Era como se aqueles cilindros estivessem gerando uma quantidade absurda de energia. Mas era algo diferente de energia como conhecemos, essa era usada não só para alimentar máquinas e a cidade de Telos, mas tudo e todos. Até os habitantes da cidade recebiam essa energia".
M observou o trabalho por algum tempo até que seu companheiro disse que já era hora dela retornar para casa. Estranhamente M não se recorda de ter feito o caminho de volta, mas de simplesmente acordar em sua casa, como se tivesse sido levada para lá imediatamente.
De volta ao acampamento, a família de M a encontrou levemente confusa, como se tivesse acordado de um sonho desperto. Ela não mencionou sua estranha experiência na montanha achando que realmente tudo aquilo poderia ter sido um sonho. Na semana seguinte, a família fez outra viagem ao mesmo acampamento e, assim como antes naquela manhã, seu marido saiu com as crianças deixando M sozinha com as tarefas domésticas. Ela sentiu uma estranha sensação como se estivesse sendo chamada e se deixou levar por ela, refazendo o caminho que havia tomado anteriormente, mas dessa vez sozinha. Ela se sentia guiada e encontrou todas as portas e passagens como se estivesse familiarizada com tudo aquilo.
M seguiu através das cavernas e passagens conhecendo áreas diferentes da Cidade e do complexo de pedra que existia abaixo da Montanha. Era muito maior do que ela imaginava:
"Nessa segunda visita eu não vi ninguém, embora tenha sentido que uma presença invisível estivesse me guiando pelo caminho todo. Também havia algo diferente no lugar. O complexo além de deserto, parecia ter sido evacuado, tornando-se uma ruína. Haviam restos de mobília e objetos, mas tudo estava coberto de poeira. Eu me recordo de ter visto máquinas estranhas e aquelas estruturas de vidro e cristal, mas tudo parecia abandonado. É estranho mas eu tinha a sensação de um a grande familiaridade com tudo aquilo."
M disse que seguiu pelos corredores pelo que pareceram horas, embora o sentido de tempo no interior do complexo fosse diferente. Eventualmente ela chegou até aquele mesmo salão imenso onde ainda haviam os estranhos cilindros de vidro, mas nem todos eles estavam inteiros ou com aquela substância no interior. Uma voz a compeliu então a mexer naquelas máquinas, como ela havia visto as pessoas fazerem anteriormente. Sem entender exatamente o que fazia, ela percebeu mudanças de cor e sons enquanto operava o complexo maquinário que estava muito além de sua compreensão.
"Eu não posso ousar dizer o que estava fazendo ou qual o significado daquilo, mas em meu íntimo compreendi que de alguma maneira aquela tarefa era extremamente importante e que a primeira visita serviu para que eu me familiarizasse com o básico da operação. Talvez eu tenha sido uma daquelas pessoas no salão na primeira visita, talvez eu tenha realizado esse mesmo trabalho eras atrás... não sei dizer!"
M manteve em segredo essa segunda visita e todas as outras que ela faria posteriormente, sempre que era "convocada" para realizar aquela tarefa misteriosa, mas de suma importância. Ela acredita que de alguma maneira os habitantes da cidadela queriam que ela continuasse fazendo aquilo para ajudá-los. Ela não se recorda quantas outras vezes visitou a cidadela oculta, mas ela acredita tê-lo feito em pelo menos outras três ocasiões. Depois disso, M sentiu que seu trabalho não era mais necessário e que sua tarefa estava concluída.
Mais de dois anos se passaram, até que ela resolveu revelar para sua família e amigos o que havia acontecido. Surpreendentemente M descobriu que não estava sozinha e que outras pessoas ao longo dos anos haviam relatado histórias semelhantes em que se sentiam atraídos pelo Monte Shasta e exploravam seu interior através de portais e passagens que ficavam ocultos para todos os outros. As pessoas contavam histórias parecidas, envolvendo uma exploração do interior labiríntico da montanha que às vezes estava abandonada, mas em outras vezes parecia fervilhar com vida e atividade.
Estudiosos e pesquisadores, entusiastas das teorias sobre a antiga Lemúria acreditam que os habitantes da Montanha dominavam o tempo e o espaço, e que os visitantes escolhidos para conhecer Telos eram descendentes ou a reencarnação de indivíduos que haviam habitado o Monte milênios atrás. Estes eram chamados para executar tarefas que já haviam desempenhado com algum intuito secreto. Além disso, as visitas não seriam físicas, mas viagens astrais nas quais o "eu espiritual" das pessoas escolhidas era lançado no tempo, no passado, presente ou futuro para desempenhar uma função necessária.
Mas que tarefa tão importante seria essa e porque os habitantes do Monte Shasta não estavam mais presentes no lugar que um dia chamaram de Lar?
Há diferentes teorias quanto a isso. Talvez eles tenham desaparecido em algum tipo de catástrofe que os varreu da existência. Algum tipo de acidente, doença ou ainda um evento inesperado decretou o fim da sua civilização. Talvez eles possam ter desaparecido por vontade própria, quem sabe tenham avançado tanto em sua tecnologia e saber que a forma humana não era mais compatível e eles precisavam de pessoas para realizar as tarefas simples que um dia realizavam.
Mas há uma outra hipótese, muito mais incrível e fantástica. Seria possível que os habitantes do Monte Shasta ainda estivessem vivos, preservados em algum tipo de animação suspensa pelas eras? Eles precisariam ainda sobreviver no interior da Montanha que ainda necessitaria produzir energia para manter o lugar funcionando minimamente e é claro, oculto dos olhos curiosos de outras pessoas que poderiam fazer-lhes algum mal.
Nessa hipótese sensacional, os lemurianos estariam apenas esperando o momento de seu despertar, uma promessa feita a muitas pessoas que afirmaram ter recebido o convite para explorar as passagens secretas que conectam o Monte Shasta e supostamente fluem através do tempo de uma maneira diferente de tudo que podemos imaginar.
M não se ressente de não ter sido mais chamada pelos seus amigos no interior do Monte Shasta. Ela acredita que seu trabalho tenha se encerrado, e que por isso, ela não foi mais contatada. Mas mesmo assim ela tem uma sensação de completude: "É claro, eu gostaria de ser chamada novamente e de conhecer a cidadela em detalhes, mas acredito que fiz o que fui designada a fazer e isso encerrou meu trabalho. Talvez um dia eles voltem a falar comigo e me chamem para uma nova visita".
Ela, costuma fazer visitas ao Parque Nacional que cerca o Monte Shasta ao menos uma vez por ano. M afirma que muitas outras pessoas fazem o mesmo, mas que nem todas se recordam inteiramente de sua experiência, tendo uma espécie de deja vu à respeito do local e de seus segredos. Não é raro que turistas venham de longe para conhecer o Monte Shasta afirmando sentir uma enorme conexão com o local, mesmo conhecendo muito pouco à respeito de sua história. "Há pessoas que vem da Austrália, da Europa, da China... pessoas que visitam o lugar e sentem uma estranha conexão com o local. Como se sentissem já ter estado aqui antes em circunstâncias enigmáticas."
Não por acaso o Monte Shasta atrai milhares de visitantes anualmente se convertendo numa espécie de Meca para místicos, esotéricos e alegados magos interessados em desvendar seus segredos milenares.
Existe a crença de que o Monte Shasta está em um ponto de contato entre poderosas Linhas de Ley - fluxos de energia primordial que correm através do planeta e que se espalham por todo o mundo. Essas áreas, em que as linhas se tocam favorecem a realização de rituais e de prodígios místicos. Para alguns as energias contidas nesses eixos pode ser canalizada para a realização de todo tipo de efeito mágico. Não é algo incomum testemunhar a presença de místicos em peregrinação solitária e de grupos acampando e realizando rituais nos arredores do Parque Nacional.
O Monte Shasta também se tornou famoso nas últimas décadas como um dos pontos de maior atividade de OVNIs na Costa Oeste dos Estados Unidos. Ufólogos relacionam a tecnologia avançada e o saber dos Lemurianos com um contato prolongado com seres alienígenas benevolentes que compartilharam parte de seus segredos - a Teoria dos Deuses Alienígenas. Para os humanos primitivos, os Deuses teriam descido das Estrelas e os abençoado com presentes incríveis. Para alguns, os próprios Lemurianos seriam membros de uma colônia que no passado remoto foi criada pelo cruzamento de humanos e alienígenas avançados, gerando uma raça não inteiramente humana que se perpetua pelo tempo.
As estranhas formações de nuvens que costumam ocorrer no pico nevado do Monte Shasta. em geral com aros nebulosos que parecem envolver o topo chamam a atenção dos observadores. Alguns acreditam que esses eventos ocorrem com o intuito de ocultar a vinda de veículos espaciais que entram e saem da montanha através de portas ocultas.
Com tantas histórias sensacionais, o Monte Shasta preserva seus mistérios e provavelmente continuará a ser um enigma considerável para as gerações presentes e futuras.