quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Invunche - O Monstruoso Guardião da Caverna do Bruxos



Na porção mais ao sul do Chile, é sabido que magia negra e uma forma terrível de feitiçaria de fato existem. Os habitantes da Ilha de Chiloé aprenderam a temer os rituais de feitiçaria realizados por esses bruxos, rituais estes que permitem criar verdadeiras abominações. Uma das criaturas construídas com magia é especialmente temida: o  Invunche, uma aberração distorcida que um dia foi um ser humano, transformado em um monstro cuja função é guardar o covil dos bruxos. 

O método através do qual o Invunche é criado envolve mais dor e sofrimento do que qualquer ser humano seria capaz de suportar. As pobres vítimas utilizadas como matéria prima para dar vida a essas criaturas são distorcidas em sua própria essência, ressurgindo para uma existência perpétua de horror. 

O nome Invunche (pronuncia-se in-voon-chay) pode ser traduzido como "mestre da ocultação" com base no idioma Mapudungun. Outra interpretação pode ser "pessoa monstruosa" conforme alguns dialetos Mapuche. A criatura também é conhecida como "Imbunche" ou "Achucho de la Cueva", nomes opcionais usados por aqueles que acreditam ser arriscado dizer o nome da criatura em voz alta.

O processo de criação de um Invunche envolve o sequestro de um bebê do sexo masculino, de preferência o filho primogênito de uma família cristã. A criança não deve ter sido batizada e se a abdução for realizada logo após o parto - com o recém-nascido ainda coberto de sangue, placenta e líquidos amnióticos, tanto melhor. Do contrário, uma criança de até um ano pode ser usada no horrível ritual. Segundo rumores, mães solteiras e pais inescrupulosos por vezes suprem os feiticeiros com bebês vendidos ou entregues de bom grado para sofrer a transformação. Algumas fontes atestam que uma criança fruto de incesto ou estupro, resulta em um Invunche especialmente poderoso.


Uma vez nas garras do cabal de feiticeiros (chamados de Brujos Chilote), o terrível suplício se inicia nas mãos de um membro da Brujeria, conhecido como Cirurgião (el cirurgiano), também chamado de Deformador. 

Primeiro ele quebra uma das pernas do bebê e a torce de forma dramática sobre as costas. A perna é fixada nessa posição através de uma grotesca cirurgia. Em seguida, mãos, braços e a outra perna são deslocadas e imobilizadas com talas em estranhas posições. Em algumas descrições, o cirurgião escava a pele abaixo do ombro direito do bebê usando uma faca, criando dessa forma um orifício onde a mão direita é inserida e a pele costurada. Segundo a lenda, ao longo de todo esse cruel processo, a única coisa que mantém o bebê vivo é a utilização de magia negra que previne sua morte. A cabeça da criança é então moldada com o uso de prensas, para que se torne disforme, ao mesmo tempo o pescoço é torcido com um torniquete, fazendo com que a face fique voltada 180 graus na direção das costas. Finalmente quando todas as fraturas e torções são concluídas, os bruxos espalham uma espécie de unguento sobre todo o corpo da criança. Essa infusão, obtida com a mistura de vários ingredientes nativos de Chiloé, faz com que a pele se torne escura e grossa, parecendo madeira. Para finalizar, a língua é cortada na ponta para parecer a sibilante língua de uma serpente.  

No decorrer de todo ritual, os membros da Brujeria rezam e dançam ao redor de um círculo de proteção, canalizando energias curativas para que as feridas cicatrizem rapidamente e a vítima não morra. Fatalidades contudo podem ocorrer, principalmente se o Deformador cometer erros, nesse caso, uma nova vítima tem que ser obtida e o procedimento repetido. Alguns feiticeiros acreditam que os restos de um Invunche devem ser atirados num caldeirão e cozidos até os ossos se desprenderem da carne. Do contrário, mesmo morta, a criatura pode retornar com o objetivo único de se vingar daqueles que a torturaram e mataram. 

Após a conclusão do ritual, são necessários vários anos para que os encantamentos continuem transformando o corpo desfigurado da vítima. Nesse meio tempo, a criança (se é que a pobre coitada ainda pode ser reconhecida como tal), é trancada em uma cela na parte mais profunda da Caverna. Ela é alimentada por uma ama de leite, em geral, uma mulher com sangue Mapuche, nascida em Chiloé e sequestrada pela Brujeria. Nas noites de lua cheia, também cabe à ama, lavar o corpo do Invunche com unguentos mágicos para preservar a potência das magias. Quando o Invunche atinge uma certa idade, ele recebe um cabrito (a carne de uma criança) da qual se alimenta. A ama então é dispensada de sua função, recebendo um presente da Brujeria - na forma de ouro ou prata. Uma vez que o Invunche atinge a adolescência, sua mente e inteligência já desapareceram por completo, o que marca o final da transformação.    

Como dito antes, o Invunche serve como um Guardião, protegendo e vigiando o covil de seus mestres. A criatura é particularmente adequada a esse papel, uma vez que a transformação de humano em monstro concede a ela habilidade únicas. Embora não seja muito ágil, o Invunche tem sua força aumentada de forma sobrenatural. Além disso, a mera visão do Invunche pode paralisar uma pessoa de medo, impedindo que ela escape. Apenas bruxos são capazes de encarar a horrível forma de um Invunche sem maiores repercussões. Um dos testes para candidatos a ingressar na Brujeria envolvia justamente ser confrontado por ele e reagir à altura.

O Invunche é um pesadelo com o corpo deformado, coberto de marcas escuras, ele se limita a murmurar de forma medonha. A criatura possui uma barriga arredondada, longas unhas amareladas e uma língua de serpente. Não veste roupas ou usa qualquer ferramenta. Ele se move de forma desengonçada com sua única perna e com o auxílio do braço, mas é capaz de saltar e cair sempre de pé. Se consegue chegar perto o bastante, o Invunche ataca tentando derrubar seu alvo no chão e depois salta sobre ele. Com sua força descomunal ele pode facilmente quebrar o pescoço de um homem adulto. Sua pele áspera e dura, quase coreácea, resiste a golpes e a criatura parece abençoada por um tipo de regeneração, possivelmente uma capacidade residual das magias curativas lançadas no momento de sua criação.

O Invunche não é capaz de se comunicar, mas consegue entender as palavras de seus mestres e obedece suas ordens prontamente.  Ele costuma se manter escondido na entrada da Caverna que hospeda os rituais da Brujeria e sempre que detecta a presença de um invasor se aproxima para interceptá-lo. Se a pessoa não for escoltada por um feiticeiro, o mais provável é que o Invunche a ataque e arraste seu corpo inconsciente ou morto para o interior do covil, a fim de mostrar para um dos bruxos. Cruel por natureza, o Invunche se diverte cometendo atos de tortura, quebrando ossos ou mordendo seus prisioneiros até arrancar-lhes pedaços.

Um monstro não pode se afastar da entrada da Caverna que foi incumbido de defender.  Se um invasor consegue vencer o terror de ver o Invunche e corre imediatamente, ele tem uma chance de escapar. A única circunstância em que o guardião pode abandonar seu posto, é se um feiticeiro assim ordenar. Em geral, isso ocorre quando o Conselho de Bruxos decide assassinar um inimigo especialmente perigoso ou intimidar um vilarejo que ousou se rebelar. Esses casos são consideravelmente raros, pois a cabala dificilmente libera seu Guardião correndo o risco de ficar desprotegida.

Embora seja uma verdadeira façanha, é possível matar essa abominação. Uma vez que ele ainda é em parte humano, o Invunche pode ser ferido por armas feitas pelo homem. Contudo, a densidade da pele do Invunche - magicamente transformada, apresenta um sério obstáculo para lâminas e até mesmo armas de fogo. Além disso, as magias de cura lançadas sobre o monstro, fazem com que ferimentos cicatrizem quase que imediatamente. Uma vez gravemente ferido, o Invunche tenta escapar para dentro da caverna de seus mestres até se recuperar. Mesmo ferido ao ponto da incapacitação, o Invunche precisa ser decapitado, esquartejado e queimado para não regenerar. Infelizmente não há muitos detalhes sobre como deve ser o procedimento para eliminar de vez essa monstruosidade.

O Invunche representa o ápice da crueldade da Brujeria Chilote e seus impronunciáveis crimes contra a humanidade. Ele é uma aberração, uma criatura pervertida pela magia negra e que existe apenas para fazer o mal e disseminar a desgraça.


O Invunche para Chamado de Cthulhu

INVUNCHE, Monstruoso Guardião da Caverna

Atributo                         Rolamento           média
FORça                            3d6 +10               20-21
CONstituição                 5d6                       17-18
TAManho                      3d6                       10-11
INTeligência                 1d6                        3-4
PODer                           3d6                        10-11
Movimento 10
Pontos de Vida: 15

Bônus de Dano: +2d6

Ataques: Agarrar e Apertar 55%, dano 1d6 +BD
              
NOTA: O Invunche pode testar sua habilidade Pulo para saltar sobre o inimigo provocando seu Bônus de Dano no oponente atingido. Para executar esse ataque a criatura precisa estar a pelo menos 3 metros de distância do alvo (e no máximo 8 metros) numa área ao ar livre ou com o teto alto.   

Armadura: Armas de Fogo e lâminas causam metade do dano (frações arredondadas para baixo). Em adição, o Invunche regenera 2 HP por rodada mesmo depois de chegar a zero PV. Se a cabeça não for removida e o corpo desmembrado ele irá continuar regenerando.

Magias: Nenhuma

Habilidades: Pulo 65%, Esconder 75%, Escutar 80%, Escalar 45%, Furtividade 60%, Localizar 45%, Rastrear 45%, Tortura 35%

Sanidade: 1/1d8 por ver um Invunche 

O Invunche para Rastro de Cthulhu

Estatísticas de Jogo

Habilidades: Atletismo 10, Briga 12, Vitalidade 9

Limiar de Acerto: 4

Modificador de Alerta: +4 (extremamente alerta quando guarda o Covil)

Modificador de Furtividade: +2

Ataques: Agarrar e Apertar +1

Armadura: -4 contra armas de fogo e lâminas. Regenera 1 ponto de vitalidade por rodada mesmo depois de incapacitado exceto se decapitado e desmembrado.

Perda de Estabilidade: +1

Investigação:

Ciência Forense: Todo o corpo apresentava ferimentos condizentes com um tratamento brutal. Os ossos estavam partidos em vários pontos e a pele lacerada como se torcida e mordida até se rasgar. Não eram cortes, perceba bem. Seja lá quem fez aquilo era muito forte e demonstrava propensão a atos de extremo sadismo.

Coletar Evidência: As pegadas são estranhas e não fazem muito sentido. As marcas são condizentes a alguém se arrastando pelo chão, usando apenas o pé esquerdo e uma das mãos para se deslocar. Se você tivesse de dar um palpite, diria que alguém estava amarrado de uma maneira incomum e mesmo assim conseguia se mover.

História Oral: O velho nativo mapuche sem dúvida era senil ou meio louco. Quando nosso intérprete descreveu o que vimos ele começou a gargalhar, babar e virar os olhos. Em seguida teve uma espécie de ataque epilético no qual gritava uma palavra no dialeto nativo - "Imbuche" ou algo parecido. Nosso guia se limitou a fazer o sinal da cruz e não conseguiu traduzir os devaneios. 

Sentir Perigo: Algo na entrada daquela caverna escura faz com que os pelos na sua nuca fiquem em pé.

2 comentários:

  1. Fenomenal. A Visao de um ser apavorante desses deve ser demolidora.

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  2. Fico imaginando se eles realmente não faziam isso com as crianças . O ser humano pode ser assustador e perverso .

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