segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

TOP 10 - Os Melhores Episódios de Arquivo X - (Parte 2 - de 5 a 1)


Dando continuidade a nossa Lista dos Dez Melhores Episódios Stand Alone de Arquivo X, aqui estão os cinco que ocupam as primeiras posições.

5) Beyond the Sea
Temporada 1, Episódio 13


Beyond the Sea (Além do Mar, o título d euma música dos anos 50) é um episódio atípico dentro da dinâmica estabelecida entre os protagonistas no que diz respeito a crença e ceticismo.

Ao longo das nove temporadas de Arquivo X, acompanhamos Mulder em seu papel de crente que deseja acreditar e Scully como sua ferrenha opositora das suas teorias, sempre pronta a encontrar uma explicação razoável para os mais estranhos incidentes. Entretanto, Beyond the Sea oferece uma reviravolta completa. Aqui Mulder escolhe não acreditar e Scully está disposta a reconhecer que certas coisas simplesmente não tem explicação.

Quando o pai de Scully morre inesperadamente, ela se vê atraída pelas promessas de um assassino em série no corredor da morte que alega ter ganho poderes psíquicos. Este condenado, um matador sádico chamado Luther Lee Boggs, atrai a agente do FBI com a promessa de que pode colocá-la em contato com o espírito de seu pai. Ao mesmo tempo, ele oferece a Mulder a chance de encontrar uma de suas vítimas cujo corpo jamais foi enconrado. Os agentes se dividem a respeito das alegadas habilidades de Boggs: ele possui ou não faculdades sobrenaturais? Mulder tem certeza que ele é uma fraude, Scully não está muito certa, sobretudo por que Boggs parece saber detalhes muito pessoais da relação dela com o pai.

Esse é um episódio centrado em Scully, no qual sua família é apresentada e no qual conhecemos um pouco mais de sua intimidade, de suas escolhas pessoais e suas motivações. É um episódio importante para o desenvolvimento da personagem e que deixa claro que Arquivo X não é apenas sobre conspirações extraterrestres e monstros da semana, mas a respeito dos indivíduos que escolheram combater essas coisas e pagar um preço muito alto pela sua opção.

Beyond the Sea oferece ainda algumas boas reviravoltas, tendo como inspiração direta o filme "O Silêncio dos Inocentes". O roteiro de Glen Morgan e James Wong (dois craques que trabalharam em alguns dos melhores episódios de Arquivo X) segue a premissa de que um condenado no corredor da morte oferece informações a uma agente do FBI, sem ela saber ao certo se pode ou não confiar em suas palavras. Boggs quer ganhar tempo e se livrar da execução, mas até que pojto Scully está disposta a ir? 

No papel de Luther Boggs, o excelente ator Brad Douriff (um baita ator, conhecido pela maioria como o Conselheiro Grima do filme Senhor dos Anéis) dá um verdadeiro show, alternando momentos de fúria e sensibilidade, medo e raiva em uma atuação arrepiante. A descrição dele de como foi a experiência de caminhar pelo corredor da morte à caminho da sala de execução, tendo a companhia dos fantasmas de suas vítimas é no mínimo sinistra.   

Alguns pequenos momentos tornam esse episódio memorável, incluíndo quando Mulder chama Scully de "Dana" pela primeira vez e quando sabemos que a família da agente não apoiou sua opção de trabalhar para o FBI.

4) Paper Hearts
Temporada 4, Episódio 10


Outro episódio centrado na vida dos agentes e não em suas investigações ou nas suas carreiras profissionais. Dessa vez, é a vida de Mulder, seus traumas e incertezas, que são devassados e virados do avesso.

"Paper Hearts" (Corações de Papel) põe de lado objetos voadores não identificados, alienígenas e a mitologia central, lançando os holofotes sobre Mulder, sobretudo no que diz respeito ao incidente que mudou o curso de sua vida e moldou sua personalidade: o desaparecimento de Samantha, sua irmã mais nova.

O episódio lança sementes de dúvida nas convicções de Mulder que sempre acreditou na abdução de Samantha por alienígenas enquanto ela estava sob sua guarda. Não há quase nada de sobrenatural aqui, sendo que o único elemento que se encaixaria em um caso de Arquivo X é a presença de um suposto fantasma que conduz Mulder até uma cena de crime. Duchovny acrescenta uma boa camada de dor e ressentimento à sua atuação, à medida que expõe a culpa do personagem pelo que aconteceu à irmã. Muitos críticos concordam que foi graças a essa atuação que o ator ganhou o prêmio Globo de Ouro.

Paper Hearts apresenta um vilão especialmente detestável. John Lee Roche (interpretado por Tom Noonan) é um assassino cruel e doentio que procura crianças e sem dúvida está na lista dos mais perturbadores de toda série. O maníaco coleciona pequenos corações de tecido recortados das roupas de suas vítimas. Numa das cenas mais bizarras do episódio, ele examina cuidadosamente cada coração, sendo capaz de descrever para Mulder os detalhes e circunstâncias de como ele matou aquela vítima. O jogo mental que ele estabelece com Mulder, que suspeita do envolviemnto de Roche na morte de Samantha, é assustador. O fato de Roche não ter qualquer poder paranormal e ser um sujeito absolutamente comum, o torna ainda mais perturbador. Ele é maligno no pior sentido da palavra, o próprio mal encarnado.

Talvez Paper Hearts não seja especialmente significativo para a mitologia de Arquivo X, mas sem dúvida ele é um divisor de águas para o aprofundamento de Mulder e para entender sua determinação em encontrar a verdade. Eu reconheço que ele não está em muitas listas de favoritos, mas não podia ficar de fora da minha...
3) Irresistible
Temporada 2, Episódio 13


"Irresistível"! Esse talvez seja um dos roteiros mais bizarros de Arquivo X. Vou te dizer, recentemente assisti esse episódio com minha esposa e ela desistiu no meio, de tão tensa que ela ficou com o tema.

Não é para menos! A estória do maníaco fetichista e criminoso obsessivo Donnie Phaster é realmente perturbadora. Segundo consta, o roteiro do episódio, escrito por Chris Carter, foi recusado pela FOX que o considerou "inaceitável para os padrões da emissora". Eles se referiam a alusão de que Phaster era um assassino necrófilo que desenterrava suas vítimas para ter relações sexuais com os cadáveres em decomposição. Carter fez algumas concessões e reescreveu a estória diminuíndo um pouco o impacto. Ele considerou que não precisava mostrar claramente o que Donnie Phaster fazia, o público iria encaixar as peças por conta própria. E de fato, imaginar as compulsões mórbidas do sujeito contribui muito para a aura sinistra desse episódio.

Gillian Anderson também considera esse um dos capítulos mais assustadores de Arquivo X, e disse ter tido pesadelos depois de concluir as filmagens.

Irressitível é um "monstro da semana" centrado na perseguição a um assassino com desejo fetichista por cabelos e unhas de suas vítimas. Phaster coleciona troféus arrancados de mulheres e que são guardados em uma caixa no seu apartamento. A inspiração para compor a personalidade macabra desse monstro, é claro, veio do mundo real. O modus operandi do antagonista foi copiado do assassino em série Jeffrey Dahmer, que ganhou fama como o infame Canibal de Milwaukee. O resultado é quase um filme de horror de 45 minutos de duração, uma jornada através da personalidade perversa de um serial killer e da sua mente extremamente perturbada.

Embora Irresistível não contenha alusões óbvias ao sobrenatural, uma única cena torna o episódio um dos mais assustadores de todos os tempos. Quando a agente Scully é capturada pelo maníaco e preparada para o elaborado ritual de morte, ela vê seu algoz como um demônio. Esse trecho foi inspirado pelo relato do já referido Jeffrey Dahmer que em uma entrevista contou que quando se preparava para matar via a si mesmo como um demônio e que pouco antes de morrer, suas vítimas eram capazes de enxergá-lo dessa maneira. Verdade ou mentira, esse trecho sempre me dá um arrepio na espinha!

Se não bastasseo fato de ser um dos episódios mais marcantes das nove temporadas, Irresistible ainda tem um mérito: foi com base nele que a série irmã de Arquivo X, Millenium foi lançada. Quando os produtores da FOX perguntaram a Chris Carter, que tipo de série seria Millenium ele os convenceu a dar o sinal verde dizendo que ela seria semelhante a Irresistível. Realmente, boa parte do clima soturno e pessimista de Millenium, encontra eco nesse episódio em particular.

Para assistir numa noite escura de baixo do cobertor.

2) Home
Temporada 4, episódio 2


Ok, vamos falar desse episódio em particular.

Vou direto ao ponto: Home (Lar) começa com um parto mal sucedido em que um recém nascido é enterrado num terreno baldio (vivo ou morto não é possível saber) e termina com um homem deformado fazendo sexo com a própria mãe, igualmente deformada, no banco traseiro de um velho Cadilac.
Caramba! Que troço mais medonho! Mas não é só isso: Home é recheado de cenas dantescas que poderiam tranquilamente estar inseridas no clássico gore "O Massacre da Serra Elétrica". São tesouras ensanguentadas, cabeças de porco decepadas, nuvens de moscas... Diz a lenda que os executivos da FOX ficaram chocados com o teor mórbido do episódio e exigiram cortes e alterações no roteiro. Já a essa altura, Arquivo X havia conquistado enorme importância na grade de programação da FOX, sendo o programa mais assistido da emissora. Com isso, os roteiristas conseguiram bater o pé e brigar para manter a estória conforme foi escrita. No final das contas, Home foi ao ar, mas com um aviso no início que alertava para violência gráfica adequada apenas ao público maduro ("viewer discretion warning"). Apenas outro episódio de Arquivo X; "Via Negativa", na oitava temporada, teve o mesmo aviso.

Home é lembrado pelos fãs como um dos episódios mais perturbadores de toda série, possivelmente o mais aterrador. A FOX propositalmente liberou poucas reprises de Home, contudo quando fez uma pesquisa entre os fãs para uma Maratona com os episódios favoritos dos espectadores, ele recebeu mais votos que o segundo e terceiro colocados juntos.

Mas o que torna Home tão assustador? Para começar a estória acompanha a investigação da morte de um bebê nascido com horríveis deformidades. Tudo indica que os pais fazem parte de uma estranha família que vive à margem da sociedade, isolada de tudo e de todos há décadas. A estória dos Peacock, um clã de mutantes-degenerados-deformados com sede de sangue lembra muito "Quadrilha de Sádicos" e o já citado "Massacre da Serra Elétrica". Eles habitam uma fazenda no interior do estado de Pennsylvania, sendo evitados por todos na comunidade. Há rumores de união consanguínea e incesto há gerações. Ninguém sabe ao certo o que acontece atrás daquelas paredes e na verdade, poucos querem saber. Quando os agentes do FBI começam a fazer perguntas a ira dos reclusos recai sobre os moradores da cidade e pessoas começam a morrer de forma brutal. 

Mas é na parte final, quando Mulder e Scully invadem a mansão dos Peacock lidando com armadilhas e com os próprios maníacos que ficamos sabendo do maior segredo do clã. Essa é uma daquelas estórias que tem o efeito de um soco na boca do estômago e que deixa você embasbacado pensando a respeito da conclusão por um bom tempo. Quando iniciei minha Maratona de Arquivo X para escrever esse artigo, Home foi o primeiro que assisti e ele estava fresco na minha memória, embora fizesse muitos anos desde que havia visto pela última vez. Acreditem, eu lembrava perfeitamente de vários trechos...

Como diz a música que repetida insistentemente no toca fitas do carro dos irmãos Peacock: "Wonderful! Wonderful!" 

1) Squeeze/ Tooms
Temporada 1, Episódios 3 e 21

Eu sei, não é apenas um episódio que figuram em primeiro lugar na minha lista, mas dois. Contudo, é difícil dissociar esses dois episódios já que eles ficam melhor quando assistidos em sequência. Eu assisti dessa forma, e é bem mais interessante ver como se fosse um longa metragem.

Não são muitas as séries que podem se gabar de ter seu episódio definitivo nas primeiras temporadas, mas é difícil não colocar Squeeze e Tooms no topo da lista. Eles tem todos os elementos que tornaram Arquivo X uma série memorável: suspense, horror, mistério e um caso inexplicável envolvendo um vilão carismático. Tudo isso costurado com um roteiro muito bem amarrado e com atuações impecáveis dos protagonistas e coadjuvantes. Se Arquivo X se tornou um fenômeno de público e crítica, muito se deve a esses dois episódios, por definição os episódios definitivos de "Monstro da Semana".

Squeeze e Tooms serviram para mostrar que Arquivo X não seria "apenas" sobre mistérios da ufologia e conspirações governamentais, mas também a respeito de sustos e horror. E mesmo que tenham se passado mais de 20 anos desde que foram ao ar, esses dois episódios preservam a sua carga dramática e muitas surpresas. Se perguntar por aí entre os fãs, vai ser difícil surgir uma lista em que eles não estejam incluídos, provavelmente no topo. Mais do que isso, o vilão sem dúvida foi o responsável por tirar o sono de muita gente.

No primeiro episódio chamado "Squeeze" (Apertado, ou melhor ainda, Comprimido), um colega da Agente Scully a convida para investigar um assassinato inexplicável. Ela acaba levando consigo o "estranho" Mulder como conselheiro para inspecionar a cena do crime. Os dois se conhecem há pouco tempo e Mulder ainda não confia inteiramente na sua parceira, enquanto ela não sabe o que pensar dele. As teorias de Mulder parecem absurdas: o assassino teria entrado na casa da vítima através de uma grade de ventilação extremamente estreita. Apesar de suas teorias serem ridicularizadas, Mulder consegue capturar o criminoso, mas a ausência de provas (ou melhor a existência de provas impossíveis) faz com que o sujeito, um tal Victor Eugene Tooms seja liberado. Novos crimes se seguem e Mulder se torna obsessivo a respeito de provar que Tooms é o responsável pelos crimes.

Até aqui, parece um episódio como qualquer outro, mas Squeeze é muito bem construído. O vilão como não poderia deixar de ser, não é um simples assassino. Ele é uma espécie de mutante que entra nas casas com o objetivo de arrancar o fígado de suas vítimas e devorá-lo! Capaz de se contorcer por dutos e escorregar por qualquer passagem, não há lugar onde ele não seja capaz de entrar. Interpretado com maestria por Doug Hutchingson, Eugene Tooms tem a aparência de um ser humano, mas é uma criatura absolutamente monstruosa. Seu apetite por órgãos humanos faz com que ele mate sem compaixão, e depois de se alimentar, ele simplesmente constrói um ninho e hiberna por 30 anos. O título em português "Assassino Imortal" entrega um bocado da trama, mas ainda assim é um episódio quase perfeito.

Squeeze termina de forma perturbadora, com o mutante construíndo seu ninho, contudo, ele ainda não está pronto para dormir. Apesar dos protestos de Mulder, Tooms - um preso modelo, acaba sendo libertado da cadeia e não demora a reiniciar sua campanha de terror. "Tooms" tem como foco o personagem título, mas não se preocupa em momento algum em explicar de onde tal criatura surgiu ou como se tornou a aberração que é. Essa é outra marca registrada de Arquivo X, ele pede para os espectadores acreditarem em uma determinada situação e estes compram a ideia sem se questionar como é possível. Seria isso o indicativo de uma série com enorme credibilidade ou que atraiu exatamente um público disposto a "acreditar"?

Em Tooms, temos uma investigação policial muito bem conduzida, com Mulder recorrendo a um policial veterano que perseguiu o assassino 30 anos atrás e que não conseguiu capturá-lo. A medida que Mulder vai encaixando as peças do quebra-cabeças até compreender o que é a criatura, um confronto mortal se torna inevitável. 

Infelizmente, o personagem Eugene Tooms aparece em apenas dois episódios, ambos na primeira temporada. Dizem que Chris Carter tensionava trazer o vilão de volta, mas que o ator não quis reprisar o papel - em entrevista teria dito que o personagem foi tão marcante que depois disso, jamais conseguiu um papel decente, pois todos lembravam dele como o assassino de olhos amarelados de Arquivo X.

Muitos episódios da série ficaram marcados em nossa memória, mas Squeeze e Tooms tem um cantinho especial, lembrado de forma recorrente quando temos aquela impressão de estarmos sendo observados ou quando temos a impressão de que alguém está em nossa casa. Se você não viu, assista! Se assistiu, por que não ver de novo?

*         *         *

Bom é isso, pessoal!

Que tal? Vocês concordam com nossa lista de episódios Stand Alone de Arquivo X? Acharam que algum episódio em particular está faltando ou que houve alguma injustiça? Fiquem à vontade para comentar e mandar as suas próprias listas, sem dúvida gostaríamos de ouvir outras opiniões. 

6 comentários:

  1. Cara, tem tantos episódios bons que é difícil escolher, mas outro que definitivamente me marcou foi Tithonus, sobre o cara imortal que quer tirar uma fotografia da Morte. E outro, não tenho certeza se conta como "stand alone", mas The Unnatural foi único e teve momentos lindos.

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  2. Ah... Meus dois episódios favoritos não estão nesta lista...

    Folie a Deux - Temporada 5, Episódio 19 - A reviravolta desse episódio é a melhor que já vi em todo o Arquivo X!

    Terms of Endearment - Temporada 7, Episódio 6 - Inspirado no "Bebê de Rosemary", com a atuação marcante de Bruce Camppell.

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  3. Ótima lista, eu só tiraria mesmo uns dois ou três. Por alto eu acrescentaria com certeza o próprio Pilot, por já apresentar tudo o q se podia esperar da série de forma soberba e o de temática Freak, The Humbug, um dos melhores especialmente quanto a diálogos.

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  4. eu gosto MUITO MUITO MUITO do 3x20 -- o Jose Chung's From Outer Space. apesar de ser um episódio menos tenso e mais caricato, a construção da narrativa, os pitacos do escritor ("toda história começa com 'eu sei que isso parece loucura, mas...'") e a trama me deixaram muito feliz hahaha

    boa lista, ainda assim!

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  5. eu gosto da Sexta Extinção, que é dividido em 3 episódios, o último da sexta temporada e os dois primeiros da sétima.

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