quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Rubi Sangrento - O Tesouro Maldito da Coroa Real da Inglaterra


"No topo da coroa cruzam-se dois arcos (ou quatro meios-arcos), cada um dos quais vem de um padrão cruzado. A cruz frontal tem no centro um grande espinélio vermelho conhecido como o 'Rubi do Príncipe Negro'. Em sua história, a pedra foi perfurada para ser usada como pendente, e o orifício superior foi então tampado com um pequeno rubi em uma montadura de ouro. As três cruzes restantes são cada uma montada com uma esmeralda de corte escalonado. As cruzes se alternam com quatro flores-de-lis, cada uma com um rubi de corte misto no centro. Tanto as cruzes quanto as flores-de-lis são incrustadas com diamantes."

A Coroa Imperial Britânica, ou State Imperial Crown, representa a grande pompa do Império Britânico e é um símbolo de seu poder e riqueza. A coroa usada até recentemente pela falecida Elizabeth II é a peça mais suntuosa possuída por qualquer monarca. Recentemente, tentaram estimar o valor da coroa real, algo que se provou impossível devido ao seu excessivo valor histórico e sentimental. Ainda assim, atribuíram a cifra meramente material a coroa inteira, algo na casa dos 300 milhões de dólares. 

A coroa pesa quase três quilos e em sua estrutura de ouro estão engastados 2.783 diamantes, 277 pérolas, 4 esmeraldas, 17 safiras e 5 rubis. Mas três joias se destacam do restante do conjunto: a Safira Stuart; o Diamante Estrela da África; e, é claro, o Rubi de Alhambra.

O Rubi é o objeto desse artigo e vamos nos dedicar a ele. No centro da coroa, numa posição de destaque encontra-se um enorme rubi cor de sangue do tamanho de um ovo de pomba. Ele é o maior rubi encontrado até os dias atuais, uma peça tão bela quanto impressionante. Ela pertenceu originalmente ao tesouro real de Alhambra, capital do Reino de Granada até 1362, e chegou às mãos dos ingleses de uma forma extremamente rocambolesca. 

Com 170 quilates (34 gramas, 5,08 centímetros de comprimento), o rubi (que na verdade é um espinélio) é a joia mais famosa de seu gênero no mundo. Sabe-se com certeza que ela esteve no tesouro real Nasrida até 1362, mas não se conhece nada sobre ela antes disso; sua real origem se perdeu nas brumas do tempo, dando lugar a uma origem mítica: ela seria parte do tesouro lendário do Rei Salomão. Suspeita-se que sua origem mais provável seja proveniente das minas de Mianmar, embora não se descarte que ela possa ter vindo da Tailândia ou das minas de Badaisan (Tadjiquistão). Quando foi encontrada e como chegou à Alhambra ainda permanece um mistério, embora seja provável que a pedra tenha sido trazida para Granada por mercadores genoveses. Sabe-se, no entanto, como ela chegou às mãos de um Rei Espanhol que a tomou para si após um horrível massacre.


Em meados do século XIV, a Europa estava mergulhada em uma série de sangrentas guerras civis. Na Espanha, o Reino de Granada passava por uma disputa entre Muhammad V e Muhammad VI; no reino castelhano lutavam Pedro I e seu meio-irmão Enrique II de Trastamara; enquanto Inglaterra e França prosseguiam envolvidos na Guerra dos Cem Anos. Nesse panorama de crises e conflitos, o Rubi desempenharia um importante papel.

Muhammad V de Granada havia sido deposto por seu sobrinho Ismail, com a ajuda de seu cunhado Muhammad Abu Said (ou Muhammad VI). Ismail tinha um caráter fraco e poucos dons políticos, que o levaram a ser assassinado em 1359. Na primavera daquele ano, o rei deposto Muhammad V voltou de seu exílio, determinado a reconquistar Granada. A Guerra entre os Muhammad chegou ao reino vizinho castelhano. Os dois lados almejavam conquistar o apoio de Pedro I. Quem obtivesse seu favor conseguiria uma vantagem considerável na disputa. 

Com o intuito de convencer Castilha a apoiar sua causa, Muhammad VI, decidiu viajar para negociar com o Rei Pedro I em pessoa. Ele levou consigo parte do tesouro real para oferecê-lo em troca da aliança, o que se provou um grande erro!

Pedro Pérez de Ayala conta na sua Crónica de D. Pedro de 1362 que em 16 de abril daquele ano que a comitiva dos Cavaleiros de Granada chegou a corte e foram recebidos com cordialidade. Eles foram então convidados para um grande jantar durante o qual manifestaram a sua vontade de oferecer várias joias como tributo a Castilha. Ao descobrir que as joias haviam sido trazidas, Dom Pedro mandou render os convidados de imediato.


Depois que Muhammad VI foi feito prisioneiro, ele foi revistado para checar se carregava joias consigo. Encontraram com ele uma pedra vermelha do tamanho de um ovo de pomba, uma gema de beleza notável. Encontraram ainda com seus companheiros de viagem um tesouro considerável incluindo 730 pedras violetas; 100 pérolas; e uma quantidade enorme de pequenos brilhantes do tamanho de grãos de bico. Confiscaram ainda brincos, anéis, colares e joias pessoais que eles vestiam na ocasião. Despidos de tudo que tinha valor, a comitiva foi conduzida até a masmorra. O pretexto para esse roubo foi uma suspeita infundada de que a comitiva tinha relação amigáveis com o inimigo jurado de Dom Pedro, seu meio irmão Enrique II.

De todo o fantástico tesouro confiscado, o Rubi Vermelho foi o que exerceu maior fascínio sobre o Rei Castelhano. Dizem os cronistas que se não fosse pelo Rubi, talvez o Rei não tivesse agido daquela forma traiçoeira. O brilho escarlate da joia o deixou sem palavras. Seja como for, Dom Pedro estava prestes a justificar o apelido pelo qual ficaria famoso: "O Cruel". 

O monarca ordenou que a comitiva composta por 37 cavaleiros granadinos fosse conduzida até os Campos de La Tablada, nos arredores de Sevilha. Foram avisados de que seriam mantidos em um lugar seguro até que se decidisse o seu destino. Na verdade, Dom Pedro já sabia o que iria acontecer e quando chegaram a La Tablada o grupo foi visitado pelos soldados de confiança do Rei. Os mouros não tiveram qualquer chance de reação, estavam amarrados e foram assassinados de forma brutal. Após o massacre, Dom Pedro mandou decepar a cabeça de Muhammad VI, a espetou na ponta de uma lança e a enviou para seu rival Muhammad V como presente. 

A pedra que despertou a cobiça do Rei foi incorporada ao Tesouro de Castilha e passou a ser tradicionalmente conhecida como "El Rubí de Dom Pedro, el Cruel" ou como alguns a chamavam "Rubi Sangrento". O Rei que era ruivo se encantou pela joia vermelha de cor profunda que se tornou a sua favorita por combinar com suas madeixas. O Rubi era usado em um cordão de ouro em torno do pescoço de Dom Pedro sempre que ele se apresentava em audiências reais.


Pouco tempo depois disso, em 1367, Pedro I foi encurralado por seu meio-irmão Enrique II de Trastâmara na longa guerra que sustentava pela Península ibérica. Pedro refugiou-se na França e pediu ajuda ao Príncipe de Gales, Eduardo Plantageneta, mais conhecido como Príncipe Negro por trajar uma couraça dessa cor. Os ingleses, que vagavam pela Bretanha em uma guerra contra a Coroa Francesa, concordaram em invadir a Espanha para ajudar Pedro I a se consolidar no poder. Eles foram essenciais para a vitória de Pedro na Batalha de Nájera. Como recompensa Pedro ofereceu a eles joias de seu tesouro pessoal, mas o que realmente eles queriam era o tão falado Rubi Sangrento. Embora adorasse a pedra, Pedro acabou entregando-a aos ingleses. 

Com o pagamento, os ingleses retornaram à Bretanha e à Normandia para continuar sua guerra. O Príncipe Negro recebeu o pagamento e quando pousou os olhos no Rubi se encantou por ele. Passou então a usá-lo como um talismã de boa sorte em todas as suas batalhas. Dizem as lendas que o Príncipe Negro acreditava que enquanto estivesse usando a joia, jamais seria ferido ou morto. Dizem ainda que havia a crença de que a alma de cada homem morto por ele passaria a habitar a pedra e servi-lo como escravo. Para realçar essa história comentavam que ela se tornava mais vermelha com o sangue dos que pereciam na campanha. 

Contudo, a crença do Príncipe Negro de ser invulnerável se provou uma farsa: ele morreu em 1376 sem se tornar Rei. O rubi passou para seu filho Ricardo II Plantageneta que ordenou que o Rubi fosse incrustado em sua Coroa Real onde permaneceria ao longo dos séculos. 


No ano de 1415, o Rei Henrique V travou a épica Batalha de Agincourt, em que o arco e flecha inglês destruiu o exército francês de Carlos VI. As crônicas contam como o Duque de Alençon desafiou o rei inglês: em batalha, ele teria quebrado a coroa britânica com um golpe de machado, mas no fim os ingleses conquistaram a vitória no campo.

O perigoso costume dos monarcas da época de lutar com a coroa real no elmo levou a outro susto com as joias. Na Batalha de Bosworth (1485), o Rei Ricardo III perdeu sua vida, reino e coroa no mesmo dia. A Coroa real foi encontrada dias depois, dividida em duas, caída em meio a alguns arbustos. Posteriormente, o Duque de Richmond passou a reinar como Henrique VII da Inglaterra; inaugurando a dinastia Tudor com a coroa de rubi da Alhambra em sua cabeça.

A joia esteve nas mãos de uma rainha consorte inglesa de origem espanhola: Catarina de Aragão, filha mais nova dos Reis Católicos e esposa de Henrique VIII, embora por pouco tempo. A coroa e o rubi correspondente foram vendidos na crise monárquica inglesa de 1649. É provável que não tenha ido longe, tendo sido comprada por alguém da família real, pois em 1661 ela reaparecer sobre a cabeça do rei Carlos II, após a restauração que sucedeu o período de Oliver Cromwell. Houve nessa época tentativas ocasionais de roubar as joias reais, o que levou as autoridades a guardá-las na inexpugnável Torre de Londres a partir de 1671. Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, as joias foram retiradas da coroa e escondidas para evitar que na iminência de uma invasão nazista elas não caíssem nas mãos dos inimigos. A última reforma da Coroa Imperial Britânica ocorreu em 1953, por ocasião da coroação de Elizabeth II. O aro foi reduzido para caber no tamanho menor de sua cabeça.

A joia vermelha pertenceu às casas reais dos Násridas, Trastamaras (na Espanha), Plantagenetas, Lancasters, Tudors e Stuarts (na Inglaterra), mas e antes disso? Bem, antes disso há lendas que falam de sua origem sobrenatural.


São muitos os mitos que acompanham o Rubi Sangrento e os benefícios/prejuízos que ele traz ao seu proprietário. Uma lenda muito difundida é que a pedra ornamentava uma mesa que pertenceu ao Rei Salomão em pessoa. O Rubi seria uma das joias mais importantes dessa mesa magnífica, supostamente usada pelo Rei para aprisionar um gênio e fazer dele seu servo. Durante as Cruzadas, um grupo de cavaleiros teria encontrado a Mesa em Jerusalém. Eles a desmontaram e levaram em partes para Roma em uma operação sigilosa. De alguma maneira, uma dessas partes, justamente aquela que continha o Rubi incrustado no tampo se perdeu e foi parar na Espanha, alguns dizem, por intermédio dos Cátaros. A pedra teria sido removida da mesa e oferecida a Musa, governante árabe da Península Ibérica que a adquiriu e manteve em Granada. 

A crença de que o Rubi aprisionava um Ifriti também sempre foi muito conhecida. No folclore árabe, os Gênios são seres mágicos, com os Ifrit compondo uma casta associada ao fogo. Geralmente malignos ele vivem tentando e oferecendo favores aos mortais. Apesar de perigosos, magos e feiticeiros de grande poder, como o lendário Rei Salomão conseguiam exercer influência sobre eles, sendo capazes até de aprisionar as criaturas e fazer com que elas obedecessem suas ordens. Aquele que detinham o Rubi seriam capazes de se comunicar com o Gênio preso em seu interior e usá-lo à seu favor, isso se conseguisse impor sobre ele, sua vontade.  

Como nem todos possuíam essa qualidade, o rubi está frequentemente associado ao azar, pois o Gênio ressentido com sua prisão conspira contra quem detém a pedra. Diz-se que aqueles que ficam fascinados pelo Rubi estão fadados a sofrer um destino cruel: o Rei de Granada morreu quase instantaneamente; Pedro I de Castela foi assassinado sete anos depois de obter para si o Rubi; o Príncipe Negro jamais reinou; Ricardo III da Inglaterra perdeu seu trono quando a estava usando. Todavia, o Império Britânico se fortaleceu com ele durante os séculos XVI a XIX. Mas até para isso existe uma explicação e ela passa pelo famoso médico e ocultista real John Dee, que teria bloqueado a influência do Gênio sobre o destino dos monarcas reais. Ainda assim, há o rumor de que embora possa ser usado sobre a cabeça, o Rubi jamais deve ser observado de perto.

Outra lenda é que o vermelho profundo do Rubi assume uma cor mais fulgurante em tempos de guerra. Ele até chegaria a emitir um brilho cor de sangue quando a Inglaterra se vê envolvida em grandes conflitos ou momentos tumultuados. Ele teria brilhado intensamente durante a Primeira e Segunda Guerras e por conta disso, teria sido removido temporariamente da presença dos súditos. Além disso, dizem que o Rubi permite ao seu dono saber quantas mortes ocorrem em face de ordens reais dadas. Ele também causaria horríveis pesadelos e visões envolvendo antigas batalhas, massacres e torturas realizados diante dele ao longo da sua sangrenta história. Tal fardo se tornou pesado para alguns Monarcas britânicos que teriam enlouquecido após usar a joia por anos. 
 
À despeito da sua tumultuada história e das lendas associadas ao Rubi de Sangue, ele continua ocupando um lugar de destaque na Coroa Real Britânica.

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Jeffrey Dahmer - A Gênese e as Faces de um Monstro Assassino


"E por que te surpreendo com meus atos?
Não fui eu também gerado, criado e amado?
Saiba que o leite materno que nutre os heróis, 
também sustenta os vilões."

Continuando o artigo sobre os abomináveis crimes cometidos pelo monstro Jeffrey Dahmer, também conhecido como "O Canibal de Milwaukee".  

Dahmer nunca negou que uma das razões para matar e manter os corpos de suas vítimas em seu apartamento era poder desfrutar da companhia deles. Mais que isso, ele os devorava. O maníaco em seu devaneio acreditava que dessa maneira as pessoas voltariam a viver através dele. Essa prática também concedia, em suas palavras, "uma sensação de complexão", como se apenas dessa maneira as vítimas pudessem ser suas para todo sempre. Os crimes de Dahmer não eram sobre satisfação de desejos, intimidade ou mesmo luxúria, eles tinha a ver com controle total e irrestrito. Ele desejava poder ter para si aquelas pessoas, se não em corpo presente, ao menos simbolicamente.

O maníaco experimentou vários temperos e amaciantes para tornar a carne humana mais tenra, suculenta e saborosa. Ele preferia os bíceps, as panturrilhas e as nádegas, mas experimentou muitas outras partes. Comer carne humana pela primeira vez causou-lhe uma ereção. Seu famoso freezer continha tiras de carne congeladas cortadas como filé mignon. Ele havia tentado sangue humano também, mas o gosto não agradou ao seu paladar.

Assim como o maníaco Ed Gein, Dahmer tentou aperfeiçoar a arte da preservação e taxidermia para que pudesse interagir com os corpos por mais tempo. Ele visava atingir um estado de arte com as suas vítimas.

Em sua busca por controle, ele não podia tolerar rejeição ou abandono, tais sentimentos causavam uma confusão mental devastadora em sua psique. Mesmo em seus relacionamentos homossexuais fortuitos, ele não queria agradar seu parceiro sexual, ele só queria ter seu próprio prazer. E prazer para Dahmer significava praticar sexo com um parceiro, estivesse ele vivo ou morto.

Essa necessidade mesquinha por controle o levou por caminhos muito estranhos. Um deles envolveu uma espécie de lobotomia que ele realizou em várias de suas vítimas. Uma vez drogados, ele perfurava um buraco em seus crânios através do qual injetava um pouco de ácido muriático diretamente em seus cérebros. Isso causou a morte imediata em algumas vítimas, mas supostamente funcionou minimamente por alguns dias em outras, antes delas morrerem. O objetivo disso era fazer com que as vítimas perdessem a vontade e quisessem ficar com ele, uma vez perdidas e confusas. Dahmer tentou o ácido muriático, mas como os efeitos não foram os desejados, buscou alternativas. A mais simples foi despejar água fervente diretamente no cérebro de uma de suas vítimas impotentes. 

Não surpreendentemente, sua necessidade de controle o levou a brincar com o satanismo. Na verdade, ter os corpos de suas vítimas ao seu redor o fazia se sentir "mal". "Tenho que questionar se existe ou não uma força maligna no mundo e se fui ou não influenciado por ela. Embora não tenha certeza se existe um Deus", disse Dahmer, "Também não estou certo se existe um demônio, Eu sei que ultimamente tenho pensado muito sobre ambos." Ele tinha planos de criar um santuário em seu apartamento, com todos os seus troféus. Seria uma espécie de altar ladeado com crânios e esqueletos humanos, tendo incenso queimando, para que ele pudesse receber "poderes e energias especiais para ajudá-lo social e financeiramente."

A perversidade de Dahmer parecia não conhecer limite, mas a grande questão é: Como surgiu um monstro como Jeffrey Dahmer? Como um homem se torna um serial killer, necrófilo, canibal e psicopata? Muito poucas respostas convincentes são apresentadas, apesar de uma enxurrada de livros se proporem a entender o problema.

Muitas das teorias nos fazem acreditar que as respostas podem ser encontradas no abuso infantil, maus pais, traumatismo craniano, alcoolismo fetal e dependência de drogas. Talvez, em alguns casos, esses sejam fatores contribuintes, mas não para Jeffrey Dahmer.

Seu pai, Lionel Dahmer, escreveu um livro muito triste e comovente chamado "A Father's Story", que explora o fenômeno muito comum de pais que tentam desesperadamente dar a seus filhos uma boa educação e descobrem, para seu horror, que seu filho construiu um muro alto em torno de si mesmo. Nesse caso a sua influência é progressivamente excluída. "É um retrato do pavor dos pais... a terrível sensação de que seu filho escapou do seu alcance, que seu garotinho está girando no vazio, rodopiando no turbilhão, perdido, perdido, perdido", ele escreveu em seu livro.

Lionel parece ser bastante direto ao reconhecer as influências negativas na vida de Jeff. Nenhuma família é perfeita. A mãe de Jeff tinha várias doenças psicossomáticas e parecia ser neurótica, tendo abusado de drogas prescritas mesmo quando estava grávida. Isso pode ter afetado o feto? Com certeza, mas isso explica a vida desregrada de Dahmer e aquilo no que ele se transformou? Difícil dizer...

Lionel, um químico que obteve seu Ph.D., permanecia no trabalho mais do que deveria para evitar tumultos em casa. Eventualmente, o casamento se dissolveu num divórcio hostil quando Jeff tinha dezoito anos. No entanto, nenhuma dessas discórdias domésticas comuns explicam assassinatos em série, necrofilia ou outros comportamentos bizarros. O irmão mais novo de Dahmer teve uma vida normal e produtiva, até onde pode ser normal ter parentesco com um assassino em série.

Para tentar entender a gênese desse monstro, talvez seja necessário mergulhar em sua origem e procurar indícios de sua perversidade quando ela ainda não havia se cristalizado.

Jeff Dahmer nasceu em Milwaukee em 21 de maio de 1960, filho de Lionel e Joyce Dahmer. Era uma criança desejada e adorada, apesar das dificuldades da gravidez de Joyce. Ele foi uma criança normal e saudável, cujo nascimento foi motivo de grande alegria para os pais. Quando pequeno era um jovem feliz que adorava coelhinhos de pelúcia, blocos de madeira e carrinhos. Ele também tinha um cachorro chamado Frisky, seu animal de estimação de infância.

Apesar de um número maior do que o normal de infecções de ouvido e garganta, Jeff se tornou um menino saudável. Seu pai relembrou o dia em que eles soltaram de volta à natureza um pássaro que os três haviam curado de uma lesão: "Eu embalei o pássaro em minha mão em concha, levantei-o no ar, depois abri minha mão Todos nós sentimos um prazer maravilhoso. Os olhos de Jeff estavam arregalados e brilhantes." Pode ter sido o momento único e mais feliz de sua vida. A família havia se mudado de Iowa, onde Lionel estava trabalhando em seu doutorado. na Universidade Estadual.

Quando Jeff tinha quatro anos, seu pai varreu de debaixo de sua casa os restos de alguns pequenos animais que haviam sido mortos. Enquanto seu pai juntava os minúsculos ossos de animais, Jeff parecia "estranhamente emocionado com o som que eles faziam. Suas pequenas mãos cavavam fundo na pilha de ossos. Não posso mais ver isso simplesmente como um episódio infantil, um fascínio passageiro. Esse mesmo sentido de algo escuro e sombrio, de uma força maliciosa crescendo em meu filho, agora colore quase todas as memórias."

Aos seis anos, descobriu-se que o menino sofria de uma hérnia dupla e precisou de cirurgia para corrigir o problema. Ele nunca pareceu recuperar sua efervescência e alegria. "Ele parecia menor, de alguma forma mais vulnerável... ele cresceu mais para dentro, sentado em silêncio por longos períodos, quase sem se mexer, seu rosto estranhamente imóvel."

Em 1966, Lionel completou seu trabalho de pós-graduação em Iowa e conseguiu um emprego como químico de pesquisa em Akron, Ohio. Joyce estava grávida de seu segundo filho David. Naquela época Jeff estava na primeira série e "um medo estranho começou a se infiltrar em sua personalidade, um pavor dos outros que foi combinado com uma falta geral de autoconfiança. Ele estava desenvolvendo um relutância em mudar, uma necessidade de sentir a segurança de lugares familiares. A perspectiva de ir para a escola o assustava. O garotinho que antes parecia tão feliz e seguro de si foi substituído por uma pessoa diferente, agora profundamente tímida, distante , quase não comunicativo."

Lionel suspeitava que a mudança para Ohio era um fator causador do comportamento de Jeff, uma reação normal ao ser arrancado de ambientes familiares e colocado em ambientes totalmente novos. Lionel também sofreu de timidez, introversão e insegurança quando criança e aprendeu a superar esses problemas. Ele imaginou que seu filho aprenderia a superá-los também. O que ele não percebeu era que a condição de infância de Jeff era muito mais grave do que a dele.

Em abril de 1967, eles compraram uma nova casa. Jeff pareceu se ajustar melhor a esse movimento e desenvolveu uma amizade próxima com um menino chamado Lee. Ele também gostava muito de uma de suas professoras e levou para ela uma tigela de girinos que ele havia capturado. Mais tarde, Jeff descobriu que o professor havia dado o girino para seu amigo Lee. Jeff entrou furtivamente na garagem de Lee e matou todos os girinos com óleo de motor.

As coisas não melhoraram com o passar do tempo. Sua postura e a maneira geral como ele se portava mudaram radicalmente entre seus dez e quinze anos. O menino de membros soltos desapareceu e foi substituído por uma figura estranhamente rígida e inflexível. Ele parecia tenso, seu corpo muito reto. Ele ficou cada vez mais tímido durante esse período e, quando abordado por outras pessoas, reagia com tensão. Cada vez mais ele ficava em casa, sozinho em seu quarto ou olhando para a televisão. Seu rosto estava muitas vezes em branco, e ele dava a impressão mais ou menos permanente de alguém que não podia fazer nada além de ficar deprimido, sem propósito e desengajado.

Jeff andava com sacos plásticos de lixo e coletava os restos de animais para seu cemitério particular. Ele tirava a carne dos corpos desses atropelamentos putrescentes e até colocou a cabeça de um cachorro numa estaca. Houve a sugestão de que Jeff torturou animais, mas isso é improvável. Ele gostava de cães e gatos como animais de estimação e manteve peixes de estimação quando adulto. Seu fascínio era por criaturas mortas, não por matá-las.

Jeff ficou mais passivo e isolado. Sua conversa se estreitava para a prática de responder perguntas com respostas de uma palavra quase inaudíveis. Ele estava à deriva em um mundo de pesadelo de fantasias inimagináveis. Nos próximos anos, essas fantasias começariam a dominá-lo por completo. Os mortos em sua quietude se tornariam os objetos primários de seu crescente desejo sexual. Sua incapacidade de falar sobre essas noções estranhas e perturbadoras cortaria de vez a sua conexão com o mundo exterior.

Enquanto outros garotos almejavam carreiras, educação, namoradas e famílias, Jeff estava completamente desmotivado. Ele vivia inteiramente deslocado, fora de tudo o que era normal e aceitável, fora de tudo o que poderia ser admitido para alguém de sua idade. Seria de esperar que uma pessoa que abrigasse as fantasias de morte e desmembramento que giravam na cabeça de Jeffrey Dahmer quando adolescente mostrasse alguns sinais externos de doença mental. Mas longe de se rebelar, ele nunca discutia com seus pais porque nada parecia importar para ele.

No ensino médio, Jeff tinha notas médias e participava de algumas atividades: jogava tênis e trabalhava no jornal da escola. No entanto, seus colegas o consideravam um solitário e logo ele se tornaria um alcoólatra. Ele trazia bebidas alcoólicas para a sala de aula e transitava tropeçando pelos corredores. Ele chegou a participar do Baile de Formatura e de algumas atividades sociais, mas sempre sem interesse.

Seus colegas se lembram de uma façanha que ele fez quando foi incluído na foto do anuário dos membros da National Honor Society. A equipe do anuário pegou a brincadeira a tempo e apagou a imagem de Jeff no livro cobrindo-a com tinta preta. Uma imagem que demonstrava o desperdício que era sua existência.

À medida que Jeff se tornou mais passivo, as discussões entre Lionel e Joyce aumentaram. Culminou no divórcio quando Jeff tinha quase dezoito anos. Uma batalha de custódia começou sobre David, irmão 7 anos mais jovem de Jeffrey. Alguns meses depois, Lionel se casou novamente. O que quer que Lionel tenha perdido sobre o alcoolismo de Jeff, não passou desapercebido de sua nova esposa, Shari.

Lionel e Shari o convenceram que precisavam fazer Jeff se interessar por alguma coisa. No outono de 1978, eles o levaram para a Ohio State University, mas ele passou o semestre inteiro bêbado e foi reprovado. A essa altura, seu problema com a bebida era bem compreendido, mas ele não buscava ajuda para isso. Lionel leu as regras para ele: ou Jeff arrumava um emprego ou entraria para o Exército. Quando Jeff se recusou a conseguir um emprego e ficou bêbado a maior parte do tempo, seu pai o levou ao escritório de recrutamento para se juntar às forças armadas em janeiro de 1979.

Daquele momento até a prisão final de Jeff em 1991, a vida foi uma montanha-russa para Lionel e sua esposa. Jeff parecia estar indo bem, até ficar óbvio que não estava. Ele parecia gostar do Exército, mas foi dispensado cedo por embriaguez recorrente. Ele então foi morar com sua avó e conseguiu um emprego, mas depois foi preso por embriaguez e conduta desordeira. As ofensas pioraram à medida que seu alcoolismo se intensificava. Exposição indecente, depois abuso sexual infantil e, finalmente, a descoberta mais horrível de todas quando a polícia o prendeu por vários assassinatos. A cada vez, Lionel o apoiava, pagava o advogado, o incentivava a procurar tratamento e cruzava os dedos para que Jeff melhorasse. A cada vez, suas esperanças eram frustradas por alguma dificuldade nova e mais séria. Lionel começou a entender que seu filho estava completamente fora de seu alcance.

Já em 1989, quando Jeff foi sentenciado por abuso sexual infantil, Lionel sentiu que seu "filho nunca seria mais do que parecia ser - um mentiroso, um alcoólatra, um ladrão, um exibicionista, um molestador de crianças. não imagino como ele se tornou uma alma tão arruinada... Pela primeira vez, eu não acreditava mais que meus esforços e recursos sozinhos seriam suficientes para salvar meu filho. Havia algo faltando em Jeff... Chamamos isso de "consciência"... que morreu ou nunca esteve viva em primeiro lugar.", ele escreveu em seu livro.

O Dr. James Fox, reitor do College of Criminal Justice da Northeastern University em Boston e reconhecido especialista em serial killers afirma que "Não havia nada que pudéssemos fazer para prever essa [tragédia] antes do tempo, não importa quão bizarro fosse o comportamento." Ele também observou que, embora Jeffrey tenha ficado arrasado quando sua mãe o deixou, seria errado culpar seus pais pelo que ele se tornou.

Fox acredita que Dahmer é um serial killer incomum. Ele se encaixa no estereótipo de alguém que realmente está fora de controle e sendo controlado por suas fantasias. A diferença é que a maioria dos serial killers param quando a vítima morre. Tudo leva a esse desejo: ele os amarram, torturam, gostam de ouvir gritos e que eles implorem por suas vidas. Isso faz o assassino se sentir grande, superior, poderoso, dominante... No caso de Dahmer, tudo era post-mortem, toda a sua "diversão" tinha início depois que as vítimas morriam. Sua vida de fantasias era rica, mas se concentrava em ter controle total sobre as pessoas. Essa vida de fantasia, misturada com ódio represado era uma combinação explosiva. Se ele se sentiu desconfortável com sua própria orientação sexual, é muito fácil vê-lo projetado nessas vítimas e puni-las indiretamente para punir a si mesmo.

Assassinato em série, psicopatologia, necrofilia, canibalismo - nenhum desses fenômenos é exclusivo dos tempos modernos. As respostas para explicar esses fenômenos entram e saem de moda. Hoje, a genética está ganhando terreno sobre o behaviorismo para explicar por que as pessoas se tornam criminosas. A eterna luta entre nature versus nurture parece pender para um lado. O caso de Jeffrey Dahmer pode conter essa explicação.

Após sua prisão, a mídia criou um circo ao redor do julgamento de Jeff Dahmer. A sala do tribunal foi varrida em busca de bombas por um cão treinado para farejar explosivos, e todos que entraram no tribunal foram revistados e verificados com um detector de metais. Uma barreira de dois metros e meio de altura foi construída com vidro e aço resistentes a balas, projetada para isolar Dahmer da galeria.  Dos 100 lugares disponíveis, 23 eram para repórteres, 34 para as famílias das vítimas de Dahmer e os restantes 43 para espectadores públicos. Havia uma lista de mais de 7 mil pessoas inscritas para essas 43 vagas.

Os principais atores desse drama legal, além do próprio Jeff Dahmer, foram o juiz Laurence C. Gram Jr., o promotor público Michael McCann e o advogado de defesa Gerald Boyle, que já havia defendido Dahmer no passado. Lionel e Shari Dahmer compareceram todos os dias.

Em 13 de julho de 1992, Dahmer ignorou o conselho de seu advogado e mudou sua declaração para culpado, mas com o atenuante de insanidade. A declaração virou o caso de cabeça para baixo. Ao invés de ter que provar que seu cliente não cometeu os assassinatos, o advogado de defesa desenrolaria uma das tapeçarias mais sangrentas já vistas em um julgamento. Sua tarefa era convencer o júri de que Dahmer não tinha noção do horror que estava promovendo.

O promotor por outro lado, precisava provar que Dahmer não era legalmente insano - que ele sabia que o que estava fazendo era errado, mas fez mesmo assim. Em outras palavras, Dahmer era um psicopata malvado que atraiu suas vítimas e as assassinou a sangue frio.

O grupo de jurados em potencial foi avisado: "Vocês irão ouvir coisas que provavelmente não sabiam que existia no mundo real. Ouvirão sobre conduta sexual antes da morte, durante a morte e depois da morte. Vocês ficarão tão enojado com isso quanto eu mesmo". 

Em 29 de janeiro de 1992, o júri e dois suplentes foram selecionados. Apenas uma pessoa negra foi selecionada, o que gerou muito protesto entre os familiares. O caso inteiro polarizou seriamente a comunidade em linhas raciais desde o momento em que o público ouviu a história de Glenda Cleveland, a mulher que havia tentado salvar uma das vítimas de Dahmer. 

A defesa de Boyle consistiu em cerca de quarenta e cinco testemunhas que atestariam vários aspectos do comportamento bizarro de Dahmer e tentariam mostrar que os distúrbios sexuais e mentais dele impediam de entender a natureza de seu crime. Cada ato hediondo do que Dahmer supostamente fez com suas vítimas e cada detalhe digno de pesadelo foi trazido à tona. O objetivo era convencer o júri de que tais ações não aconteciam na mente de um homem são.

Para a promotoria o caso era simples. Dahmer era perverso e mal, um "mestre manipulador e enganador que sabia exatamente o que estava fazendo a cada passo do caminho", capaz de ligar e desligar seus impulsos tão facilmente quanto acender um interruptor de luz. Ele não atacou soldados enquanto estava no exército. Não feriu estudantes na Universidade Estadual de Ohio. As mortes não foram atos de um louco, mas o resultado de um planejamento meticuloso. 

Dois detetives se revezaram lendo a confissão de 160 páginas. Era um catálogo de perversão sexual como nunca havia sido visto. O detetive Dennis Murphy afirmou que Dahmer sentia uma tremenda quantidade de culpa por causa de suas ações. Então ele citou a própria confissão de Dahmer: "É difícil para mim acreditar que um ser humano poderia ter feito o que eu fiz, mas eu sei que fiz." Ele alegou que seu medo de ser pego foi superado por sua excitação de estar completamente no controle.

A batalha de psiquiatras sobre a sanidade se Dahmer parecia confundir o júri. Finalmente, em seu resumo, Boyle desenhou um gráfico na forma de uma roda. A roda era Jeff Dahmer e todos os raios que saíam dela eram os elementos de seu desvio. Ele os leu rapidamente:

"Crânios no armário, canibalismo, impulsos sexuais, perfuração, fazer zumbis, necrofilia, beber álcool o tempo todo, tentar criar um santuário, lobotomias, descarnar, taxidermia, ir a cemitérios, masturbar-se com cadáveres... Este é Jeffrey. Dahmer, um trem desgovernado em uma trilha de loucura..."

McCann rebateu: "Ele não era um trem desgovernado, ele era o engenheiro!" Ele estava satisfazendo seus extraordinários desejos sexuais. "Senhoras e senhores, ele enganou muita gente. Por favor, não deixem esse assassino perigoso enganá-los."

O júri deliberou por cinco horas e decidiu que Jeff Dahmer não merecia passar o resto de sua vida em um hospital, mas em uma cela de prisão. Em todas as quinze acusações, Dahmer foi considerado culpado e são.

Anne Schwartz, que cobriu a história de Dahmer para o Milwaukee Journal desde sua descoberta até o julgamento, ficou "surpresa com o quão normal esse homem parecia e soava, e me perguntei com que facilidade poderia enganar todos à sua volta".

Seu pedido de desculpas pelo banho de sangue de treze anos, tinha quarenta páginas escritas:

"Agora acabou. Isso nunca foi um caso para tentar ganhar liberdade. Eu nunca quis a liberdade. Francamente, eu queria a morte para mim. Este era um caso para dizer ao mundo que eu fiz o que fiz, mas não por motivos de ódio. Eu não odiava ninguém. Eu sabia que estava doente ou mal ou ambos. Agora acredito que estava doente. Os médicos me falaram sobre minha doença, e agora tenho um pouco de paz. Eu sei o quanto mal causei... Graças a Deus não haverá mais mal que eu possa fazer. Acredito que somente o Senhor Jesus Cristo pode me salvar dos meus pecados... Não peço nenhuma consideração."

Ele foi condenado a quinze penas consecutivas de prisão perpétua ou um total de 957 anos de prisão e antes da conclusão do julgamento ouviu de cada pai, mãe e parente das suas vítimas uma declaração emocional na qual quase que declaravam seu ódio e repulsa diante dos seus atos execráveis.

Conduzido para a prisão, Dahmer se adaptou muito bem à rotina carcerária na Columbia Correctional Institute em Wisconsin. Inicialmente, ele não fazia parte da população geral do presídio, pois isso colocaria em risco sua segurança. Ele chegou a ser atacado, enquanto participava de um culto na capela da prisão. Ainda assim, ele foi um prisioneiro modelo o que convenceu as autoridades prisionais a permitir que ele tivesse mais contato com outros detentos. Ele foi capaz de comer em áreas comuns e recebeu algum trabalho de zeladoria para fazer com outras equipes de presos.

Por alguma razão incrível, ele se juntou a dois homens altamente perigosos em uma turma de trabalho: Jesse Anderson, um homem branco que assassinou sua esposa e culpou um homem negro, e Christopher Scarver, um negro esquizofrênico que pensava ser o messias. Scarver havia sido preso por assassinato em primeiro grau. Não é difícil imaginar como alguém instável como Scarver via Jeff Dahmer, que havia massacrado tantos negros e Anderson que os culpava pelo seu próprio crime. Foi uma combinação desastrosa e previsível.

Na manhã de 28 de novembro de 1994, o guarda deixou os três sozinhos por alguns instantes. Vinte minutos depois encontrou a cabeça de Dahmer esmagada e o corpo fatalmente ferido de Anderson nas proximidades. Um cabo de vassoura ensanguentado foi usado para cometer as agressões brutais. Jeffrey Dahmer foi levado para o ambulatório da prisão onde o declararam morto às 9h11.

A morte de Dahmer reacendeu o seu caso e trouxe à tona novas questões sobre o que ele fez e sobre os monstros que espreitam na escuridão. A história dele; horrenda e surreal no todo e nas partes, é difícil de compreender e mais ainda de prever. Será possível que outros Dahmers estão por aí, se preparando para matar ou pior, já matando? Talvez o único legado de sua existência tenha sido conceder farto material escrito e gravado que ajudou os estudiosos a traçar, ao menos em linhas gerais, as circunstâncias que ajudaram a gestar esse monstro homicida.

Jeffrey Dahmer foi o personagem principal de um dos mais aterrorizantes casos de assassinato em série da história e seu nome estará para sempre associado a maldade, perversidade e morte. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Canibal Americano - Os horríveis crimes de Jeffrey Dahmer


ATENÇÃO: Esse texto contém várias descrições gráficas de crimes chocantes, recomenda-se portanto, discernimento por parte do leitor.

"E esses pensamentos horríveis e sangrentos. 
De onde vieram e como surgiram? 
Como puderam povoar minha mente 
de maneira tão vívida e desejável?"

Piave

Konerak tinha apenas quatorze anos e estava correndo por sua vida. Aquela era sua única chance de escapar do apartamento com cheiro horrível, onde o cara loiro assustador lhe deu algum tipo de droga para dormir. Parecia que a sorte estava do seu lado, já que ele começou a se recuperar assim que o homem loiro saiu do apartamento.

Foi necessário usar toda sua força de vontade para levantar e chegar à porta. Ele estava tão desorientado e em pânico que não fazia diferença estar nu. Esta era sua única chance de sobreviver. Ele estava agindo estritamente por instinto. Seu cérebro repetia um único comando:

"Saia daí e fuja. Saia daí e fuja!"

Pouco antes das 2 da manhã, Sandra Smith ligou para o serviço 911 para denunciar um menino correndo "nu" em plena rua. Ela não sabia quem ele era, mas sabia que ele estava ferido e aterrorizado. Os paramédicos chegaram primeiro e colocaram um cobertor em volta do menino atordoado. Dois policiais chegaram logo depois e tentaram entender o que estava acontecendo com o jovem de ascendência asiática.

Sandra Smith, de dezoito anos, e sua prima Nicole Childress, também de dezoito, estavam perto do menino quando a polícia da cidade de Milwaukee chegou. O homem alto e loiro também estava de pé perto do menino. A conversa ficou acalorada entre as garotas, o loiro e a polícia.

O homem disse à polícia que Konerak era seu amante de dezenove anos que vinha bebendo demais. Konerak que estava drogado e incoerente não foi capaz de contradizer o homem loiro de fala mansa. Ele deu à polícia sua identificação com foto, parecia perfeitamente coerente.

As duas jovens tentaram intervir. Elas tinham visto o menino aterrorizado tentando resistir ao homem loiro antes que a polícia chegasse. Elas estavam com raiva e chateadas, os policiais estavam ignorando-as e ouvindo o sujeito.

Só para garantir, os dois policiais foram com o menino e o homem alto e loiro até seu apartamento. O lugar cheirava mal, mas era muito limpo. A roupa de Konerak estava dobrada e colocada no sofá. Havia algumas fotos de Konerak de calcinha de biquíni preta.

Konerak sentou-se calmamente no sofá incapaz de falar com inteligência. Não está claro se ele entendeu a explicação calma que o homem loiro estava dando à polícia. O loiro estava se desculpando por seu amante ter causado um distúrbio e prometia que não iria acontecer novamente.

A polícia acreditou no homem loiro. Eles não tinham motivos para não fazê-lo - ele era articulado, inteligente e muito calmo. O asiático estava aparentemente bêbado e confuso. Os policiais, não querendo entrar no meio de uma discussão doméstica entre amantes homossexuais, deixaram o apartamento com Konerak ainda sentado calmamente no sofá. Naquele bairro, os policiais sentiam que havia coisas mais urgentes para eles fazerem.

O que eles não sabiam é que no quarto ao lado jazia o corpo de Tony Hughes, cujo cadáver em decomposição estava sobre a cama a três dias. Assim que saíram eles não viram o homem loiro estrangular o menino asiático. Após o assassinato, ele fez aquilo que costumava fazer após seus horríveis crimes: fez sexo com o cadáver.

Os policiais não viram o homem loiro tirar fotos do menino morto, e menos ainda o desmembramento de seu corpo e a limpeza de seu crânio para ser guardado como troféu numa estante.

Eles perderam a oportunidade de capturar Jeffrey Dahmer um dos mais terríveis e prolíficos assassinos em série dos Estados Unidos. 

A história não parou por aí. As duas garotas que a polícia ignorou voltaram para a casa da mãe de Sandra Smith, Glenda Cleveland, uma mulher de 36 anos que morava ao lado dos Oxford Apartments, onde Jeffrey Dahmer vivia e matava. Mais tarde, Cleveland ligou para os oficiais para descobrir o que aconteceu com o menino asiático. Ela perguntou quantos anos a criança tinha. "Não era uma criança. Era um adulto", disse o oficial encerrando o assunto.

Quando ela continuou a fazer perguntas, ele disse a ela: "Senhora, não posso deixar mais claro. Está tudo resolvido. Ele está com o namorado e no apartamento do namorado..."

Alguns dias depois, Cleveland ligou de volta para os policiais depois de ler um artigo de jornal sobre o desaparecimento de um menino laosiano chamado Konerak Sinthasomphone, que se parecia com o menino que vira tentando escapar de Jeff Dahmer. Eles nunca mandaram ninguém para falar com ela. Cleveland até tentou entrar em contato com o escritório do FBI em Milwaukee, mas não deu em nada.

Isto até alguns meses depois, na segunda-feira, 22 de julho de 1991, quando o horror foi revelado.

Alguns meses mais tarde, em 22 de julho de 1991, dois policiais de Milwaukee estavam dirigindo na área de alta criminalidade ao redor da Universidade Marquette. O calor era opressivo e a umidade quase insuportável. O cheiro do bairro era ainda mais pungente com a alta temperatura: o lixo nas ruas, a urina e as fezes deixadas pelos sem-teto, o fedor rançoso de gordura cozida, tudo conspirava para empestear o ar.

Por volta da meia-noite, enquanto os dois policiais estavam sentados em seu carro, viram um negro baixo e magro com uma algema pendurada no pulso. Supondo que este homem tivesse escapado de outro policial, eles lhe abordaram perguntando o que havia acontecido. O homem começou a contar uma história sobre esse "cara esquisito" que o algemou em seu apartamento. A vítima tinha 32 anos e seu nome era Tracy Edwards.

A história de Edwards cheirava a algum encontro homossexual que normalmente a polícia evitaria, mas os dois policiais acharam que deveriam checar esse homem que algemou Edwards. Ele morava nos apartamentos Oxford na 924 North 25th Street. A porta do apartamento 213 foi aberta por um homem loiro de trinta e um anos e boa aparência.

Dahmer era a própria imagem da calma. Ele se ofereceu para pegar a chave das algemas no quarto e garantiu que tudo havia acontecido de maneira consensual. Edwards lembrou que a faca com a qual Dahmer o ameaçou também estava no quarto e um dos policiais foi procurar sozinho. Ele pediu ao dono da casa que aguardasse enquanto dava uma olhada por alto.

Ele notou coisas que o incomodaram: fotos de corpos humanos desmembrados, crânios de plástico sobre um armário e objetos estranhos fora de lugar. Ele voltou à cozinha e deu uma olhada, então resolveu abrir a geladeira. Por um instante, o policial ficou pasmo, a cor desapareceu de seu rosto. Então, ele gritou para o parceiro algemar Dahmer e prendê-lo imediatamente.

O plácido e racional homem loiro de repente se voltou contra os policiais e lutou furiosamente enquanto o outro oficial tentava algemá-lo. Enquanto um subjugava Dahmer, o outro foi até a geladeira e a abriu para saber o que havia acontecido. Ele gritou alto quando se deparou com o rosto que olhava para ele e bateu a porta. "Tem a porra de uma cabeça dentro da geladeira!"

Um exame mais atento do apartamento revelou uma íntima justaposição de local arrumado e de uma bagunça indescritível. Enquanto o pequeno apartamento de um quarto estava perfeitamente limpo, especialmente para um solteiro, o cheiro de decomposição beirava o insuportável. A caixa de bicarbonato de sódio na geladeira mal absorvia os odores de uma cabeça decepada em decomposição. O freezer tinha mais três cabeças, armazenadas ordenadamente em sacos plásticos e amarradas com elásticos. As faces podiam ser vistas através do plástico transparente.

Havia uma porta que dava para o quarto, lá ficava um armário grande e o banheiro que tinham sido equipados com cadeados. Anne E. Schwartz, a repórter que foi a primeira a entrar em cena, descreveu o que viu em seu livro "O homem que não podia matar o suficiente": 

"No fundo do armário havia um caldeirão de metal que continha mãos decompostas e um pênis. Na prateleira acima da chaleira havia 2 crânios. Também no armário havia recipientes de álcool etílico, clorofórmio e formaldeído, junto com alguns frascos de vidro contendo genitálias masculinas preservadas em formaldeído... Fotos polaróide tiradas por Dahmer de modelos em vários estágios de morte estavam numa caixa. Uma mostrava a cabeça de um homem, com a carne ainda intacta, colocada na pia. Outra mostrava uma vítima cortada do pescoço até a virilha, como um cervo eviscerado após a morte, os cortes tão limpos que se podia ver o osso pélvico claramente." 

A polícia, o médico legista do condado, a mídia, as famílias dos jovens desaparecidos, a família de Jeffrey Dahmer, toda a cidade de Milwaukee e o mundo tentaram entender o que realmente havia acontecido no apartamento 213. Por fim, a história começou a a vir à tona. 

A primeira pessoa a sondar as profundezas da depravação de Jeffrey Dahmer foi o detetive Patrick Kennedy. Um homem grande como um urso, ele conquistou a confiança de Dahmer e foi a pessoa a quem ele confessou os detalhes preliminares de sua matança desenfreada iniciada treze anos atrás.

Enquanto Dahmer tinha fantasias sobre matar homens e fazer sexo com seus cadáveres aos quatorze anos, ele suportou o desejo por algum tempo. Ao menos até se formar no ensino médio em junho de 1978 quando sua vida deu uma guinada na direção do horror extremo. 

Dahmer apanhou um carona chamado Steven Hicks quando ele estava morando com seus pais na comunidade de luxo de Bath em Ohio. Os dois conversaram e beberam cerveja, mas então Hicks quis ir embora. Dahmer não suportava a ideia de ser abandonado e ficar sozinho. Ele desejava que seus amigos ficassem com ele para sempre. Ao querer sair Hicks assinou a sua certidão de óbito. Dahmer foi por trás dele e atingiu sua cabeça com um peso. O rapaz morreu quase que imediatamente.

Dahmer se sentia estranhamente calmo apesar daquele ser seu primeiro assassinato. Ele estava bem consigo mesmo, aliviado até, embora não soubesse como proceder. De qualquer maneira, precisava se livrar do corpo, então o cortou em pedaços, embalou em sacos plásticos de lixo e levou para o lixão local. Quase foi apanhado por um policial que estranhou a maneira como ele estava dirigindo. Assustado, ele voltou para casa e se livrou dos restos incinerando e pulverizando os ossos. Naquele outono, ele frequentou uma Faculdade por apenas um semestre, sendo reprovado em todos os cursos. Ele bebia sem parar, não dormia direito e sentia sua vida escorrendo pelos próprios dedos.

No final de 1978, seu pai, Lionel, exigiu do filho que ele tomasse um rumo na vida e como resposta Dahmer se alistou no Exército. Ele foi enviado para a Alemanha como auxiliar médico de emergência. Aparentemente, ele não matou ninguém quando estava servindo, o que foi corroborado por uma exaustiva investigação da polícia alemã. Depois de alguns anos, o Exército o dispensou por alcoolismo e ele foi morar na Flórida antes de retornar a Ohio.

Alguns meses depois de uma prisão em outubro de 1981 por embriaguez e conduta desordeira, seu pai achou melhor que Jeffrey fosse viver com a avó em West Allis, Wisconsin. As coisas ficaram calmas por algum tempo e ele manteve o controle por mais quatro anos até ser preso novamente em setembro de 1986 por se masturbar numa feira após uma bebedeira. Dahmer foi colocado em liberdade condicional por um ano.

Mas as coisas continuavam tumultuadas em sua mente perturbada. Ele fantasiava com o crime que havia cometido e ansiava por repetir aquela emoção única que lhe dera por algum tempo uma sensação de controle. A segunda morte ocorreria em setembro de 1987 e a vítima seria Steven Toumi. Os dois estavam bebendo muito em um dos bares gays populares de Wisconsin e decidiram ir até um hotel. Dahmer não soube explicar o que aconteceu, mas quando acordou, Toumi estava deitado morto ao seu lado, havia sangue em sua boca e marcas de agressão. Em meio ao delírio, ele havia perdido o controle e matado novamente. Nem mesmo ele sabia ao certo por qual razão. Dahmer ficou deitado com Toumi por algum tempo afagando seu corpo, então, saiu e comprou uma mala grande o bastante para enfiar o corpo. Depois que ele levou o cadáver de Toumi para o porão de sua avó, fez sexo com ele, se masturbou, desmembrou e jogou os restos no lixo. Ele manteve seu primeiro troféu, a cabeça da vítima embalada em plástico.

O assassinato deu a Dahmer um pouco de tranquilidade, ele experimentou algo chamado "Período de Refração", quando serial killers conseguem satisfazer suas vontades e fantasias. Ele chegou a tentar largar da bebida novamente, frequentou a igreja com a avó e buscou se concentrar no trabalho, mas logo ele seria atormentado pelas suas fantasias novamente. Após provar da morte, ele se tornou cada vez mais fascinado por ela. 

Vários meses depois, ele selecionou sua terceira vítima, um menino nativo americano de quatorze anos chamado Jamie Doxtator, que andava do lado de fora dos bares gays, se prostituindo. O modus operandi de Dahmer se estabeleceu nessa época. Normalmente, ele encontrava e selecionava sua presa em bares gays ou balneários movimentados. Ele atraía suas vítimas oferecendo-lhes dinheiro para posar para fotos ou simplesmente para desfrutar de cerveja e vídeos. Então ele os drogava com comprimidos de Halcion diluídos em bebida alcoólica, os estrangulava, se masturbava no corpo. Após a morte, fazia sexo com o cadáver, desmembrava os restos e os descartavas. Às vezes guardava o crânio ou outras partes como troféus macabros para alimentar suas fantasias doentias. 

Esse mesmo ritual foi praticado com Richard Guerrero, um jovem de origem mexicana no final de março de 1988. Dahmer disse que o conheceu em um bar gay em Milwaukee, embora a família do jovem contestasse mais tarde que seu filho fosse homossexual. No verão daquele ano, Dahmer havia matado quatro homens. Enquanto a avó era completamente ignorante das coisas horríveis que estavam acontecendo em seu porão, ela estava totalmente ciente do barulho e da embriaguez de Jeff e de seus amigos homens visitando a casa. Ela não iria admitir aquele comportamento e decidiu que Jeffrey teria de se mudar.

Em 25 de setembro de 1988, Jeffrey encontrou um apartamento na North 24th Street, em Milwaukee. Logo no dia seguinte se meteu em sérios problemas. Ele ofereceu US$ 50 a um menino laosiano de treze anos para posar para algumas fotos. Ele drogou o menino e o acariciou, mas não foi violento nem teve relações sexuais com ele. Por incrível coincidência, o nome do menino era Sinthasomphone, o irmão mais velho do menino que Dahmer mataria em maio de 1991.

Os pais do menino perceberam que havia algo errado com o filho e o levaram ao hospital, onde foi confirmado que ele havia sido drogado. A polícia pegou Dahmer em seu trabalho na Fábrica de chocolate Ambrosia. Ele foi preso por exploração sexual de uma criança e agressão sexual em segundo grau. Em 30 de janeiro de 1989, ele se declarou culpado, embora afirmasse que achava que o menino fosse mais velho do que parecia.

Enquanto Dahmer aguardava a sentença, ele foi morar novamente na casa de sua avó. Nessa época ele conheceu um homossexual negro de 24 anos chamado Anthony Sears em um bar gay. Como os outros, ele ofereceu dinheiro ao sujeito que era aspirante a modelo, para posar para algumas fotos. Quando chegaram à casa da avó de Dahmer, Sears foi drogado e estrangulado. Dahmer fez sexo com seu cadáver e depois o desmembrou.

Anne Schwartz descreve o que aconteceu a seguir: 

"...ele guardou a cabeça e a ferveu para retirar a pele, depois pintou o crânio de cinza, para que, em caso de descoberta, o crânio parecesse um modelo de plástico usado por estudantes de medicina. Dahmer salvou o troféu por dois anos, até que foi recuperado do apartamento 213 em 23 de julho de 1991. Mais tarde, ele explicou que se masturbou na frente dos crânios para obter gratificação."

Em 23 de maio de 1989, o advogado de Dahmer, Gerald Boyle e o assistente D.A. Gale Shelton apresentaram seus argumentos ao juiz William Gardner. Dahmer estava sendo julgado por conduta imoral. Shelton queria uma sentença de prisão de pelo menos cinco anos e sustentou o seguinte: 

"Na minha opinião, está claro que o prognóstico para o tratamento do Sr. Dahmer dentro da comunidade é extremamente sombrio... Sua percepção é que, o que ele fez de errado foi escolher uma vítima muito jovem - isso e nada mais no seu entender, -- isso é parte do problema... Ele parece ser cooperativo e receptivo, mas qualquer coisa abaixo da superfície indica que ele tem uma raiva profunda e problemas psicológicos que ele não quer ou não é capaz de lidar ."

Três psicólogos o examinaram e concordaram que Dahmer era manipulador, resistente e evasivo. Hoje talvez um especialista treinado fosse capaz de determinar que a maioria dos indícios de psicose estavam presentes e quase gritavam. Hospitalização e tratamento intensivo foram recomendados no final das contas. Boyle, o advogado de defesa argumentou que seu cliente estava doente e precisava de tratamento, não de prisão. Ele elogiou o fato dele ter um emprego. "Nós não temos um infrator múltiplo aqui. Acredito que ele foi pego antes que chegasse ao ponto em que teria piorado, o que significa que é uma bênção disfarçada."

O próprio Dahmer falou em sua defesa, culpando o alcoolismo por seu comportamento. Ele era articulado e convincente, para alguém que já havia assassinado secretamente vários homens naquela altura: 

"O que eu fiz é muito sério. Eu nunca estive nesta posição antes. Nada tão horrível. Isso é um pesadelo se tornando realidade para mim. Se alguma coisa me chocaria com meus padrões de comportamento passados, é issoA única coisa que tenho em mente que é estável e que me dá algum motivo de orgulho é o meu trabalho. Cheguei muito perto de perdê-lo por causa de minhas ações, pelas quais assumo total responsabilidade... Por favor, poupe meu trabalho. Por favor, me dê uma chance de mostrar que posso seguir o caminho certo e não me envolver em nenhuma situação como essa novamente... Essa criança foi o clímax da minha idiotice... eu quero ajuda. Eu quero mudar minha vida."

A atuação convincente de um verdadeiro psicopata. O juiz mordeu a isca, suspendeu sua sentença e colocou Dahmer em liberdade condicional por cinco anos. Ele foi condenado a passar um ano na Casa de Correção com "liberação de trabalho", o que lhe permitia ir trabalhar durante o dia e retornar à prisão à noite. Depois de dez meses, o juiz concedeu-lhe a liberdade antecipada, apesar de uma carta do pai de Dahmer pedindo-lhe que não o libertasse até que recebesse tratamento para parar de beber. Ele foi morar com sua avó no início de março de 1990, mas sua permanência lá estava condicionada a ele encontrar seu próprio lugar para morar.

Em 14 de maio de 1990, Dahmer mudou-se para 924 North 25th Street, apartamento 213 um lugar que se tornaria palco de horrores inacreditáveis e causaria uma nova reviravolta na vida abominável do assassino.

Durante os quinze meses seguintes, Dahmer levou adiante sua compulsão de matar, o que custou a vida de doze homens. O ritmo dos assassinatos acelerou até um frenesi macabro entre maio e julho de 1991, quando ele estava matando quase um homem por semana. Todos, exceto três, eram negros; um era branco, um era do Laos e um era hispânico. A maioria, mas não todos, eram homossexuais ou bissexuais. O mais novo era Konerak, de quatorze anos, e o mais velho tinha trinta e um. Muitas das vítimas viviam o que a polícia chamava de estilo de vida de "alto risco". A maioria dos homens tinha registros de prisão, muitas vezes por crimes graves, como incêndio criminoso, agressão sexual, estupro, agressão, etc.

A lista abaixo aparece em The Man Who Could Not Kill Enough, de Anne Schwartz:

Edward Smith junho de 1990

Ricky Lee Beeks julho de 1990

Ernest Miller, setembro de 1990

David Thomas setembro de 1990

Curtis Straugher Fevereiro de 1991

Errol Lindsey abril de 1991

Anthony Hughes 24 de maio de 1991

Konerak Sinthasomphone 27 de maio de 1991

Matt Turner 30 de junho de 1991

Jeremiah Weinberger 5 de julho de 1991

Oliver Lacey 12 de julho de 1991

Joseph Bradehoft 19 de julho de 1991

O ritual para atrair, assassinar e descartar suas vítimas era geralmente o mesmo, sendo que foi aperfeiçoado com a prática. Ele convidava os homens ao seu apartamento para assistir a vídeos sexualmente explícitos ou posar para fotografias com uma nova câmera que ele dizia ter comprado. Ele esmagava sedativos prescritos e os servia misturados em uma bebida forte. Uma vez drogadas, Dahmer estrangulava suas vítimas com as próprias mãos ou com uma tira de couro. Ele frequentemente fazia sexo com o cadáver e se masturbava sobre nele.

Antes que qualquer limpeza começasse, Dahmer apanhava sua Polaroid e capturava toda a experiência para que ele pudesse se lembrar dos detalhes de cada assassinato. Esse procedimento é comum em assassinos em série que vivem pela excitação que o crime lhes proporciona. Registrar cada momento é essencial para que eles possam relembrar a experiência continuamente. Em seguida, ele abria os torsos com a habilidade de um açougueiro treinado. O assassino ficava fascinado por detalhes macabros que só ele podia perceber como a cor das vísceras. Outros pormenores o deixavam sexualmente excitado, como o calor que um corpo recém-morto ainda emanava. Finalmente, ele desmembraria os homens, fotografando cada etapa do processo para seu futuro prazer visual.

Dahmer eliminou a maioria dos corpos, experimentando produtos químicos e ácidos que reduziam a carne e os ossos a um lodo preto e malcheiroso, que poderia ser despejado no ralo ou vaso sanitário. Assim ele se livrava dos restos e dos indícios, ainda que seu apartamento exalasse um fedor nauseante.

Algumas partes dos corpos ele escolhia para manter como troféus, frequentemente os genitais e o crânio das vítimas. Os genitais eram preservados em formol e colocados em vidros de picles. As cabeças eram cozidas em panelas de pressão até a carne e os músculos se soltarem. Uma vez que o crânio estava nu, ele os pintava com tinta cinza para parecer que eram de plástico.

Os horríveis crimes de Dahmer continuaram por meses, mas eles estavam fadados a ter um final abrupto. Contudo, a captura do Serial Killer talvez não seja tão fantástica quanto a sua gênese. Que tipo de família e lar construiu a psicose de Jeffrey Dahmer? O que o levou a cometer atos ainda mais perversos e bizarros? Haveria indícios de sua psicose ou estes estavam escondidos profundamente em sua psique? Que tipo de criança e adolescente ele foi?

Falaremos sobre isso na conclusão desse artigo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Renascido do Inferno - Tudo o que sabemos sobre o novo filme da franquia Hellraiser


Salve pessoal,

Notícias para quem precisa de notícias e está ansioso pelo lançamento do novo filme de Hellraiser. Estamos de olho no que vem por aí, e torcendo para que seja uma volta às origens que dê um novo sangue (em mais de um sentido) à franquia.

O Hellraiser original é do longínquo ano de 1987, e quando foi lançado inaugurou uma nova vertente de horror visceral que se tornou muito popular na época. Mais do que ser pesado, o filme contava com um roteiro inovador, elenco afiado, bons efeitos para a época e uma caracterização perfeita dos personagens. Em uma palavra, ele era: ATERRORIZANTE

Inicialmente adaptado e dirigido por Clive Barker, o autor da novela "The Hellbound Heart", o filme Hellraiser - Renascido do Inferno, rapidamente se tornou um dos marcos do horror. Enquanto slashers e assassinos em série dominavam o gênero, a história dos Cenobitas e sua exploração impiedosa das fronteiras do prazer e da dor se destacaram entre a multidão. Pinhead, o antagonista central, tornou-se um dos vilões mais icônicos dos filmes de terror e por bons motivos. Uma pena que as várias sequências que vieram posteriormente não fizeram jus ao original e acabaram desgastando demais a premissa inicial.


Os estúdios passaram muito tempo tentando refazer ou reiniciar a saga Hellraiser, mas todos falharam na tarefa que por algum tempo, parecia inviável. No entanto, neste outono, bem a tempo do Halloween, o Canal Hulu está trazendo um reboot que pretende reviver a mitologia da Caixa dos Lamentos. Sob a batuta do diretor David Bruckner, Hellraiser R-rated (o mesmo título do primeiro filme da série) promete ser um retorno às origens mais escuras e brutais da série. 

Especialistas em terror e novatos já podem se preparar para uma nova descida ao inferno. 

Mas o que sabemos à respeito dessa nova e ambiciosa versão? Para responder essas questões mergulhamos na internet para reunir tudo aquilo que sabemos sobre o filme.

Qual é a data de lançamento de Hellraiser?

Hellraiser será lançado exclusivamente no Hulu em 7 de outubro. Nenhuma palavra ainda foi dada sobre sua distribuição internacional, embora pareça provável que apareça no catálogo da Plataforma Star, assim como tem acontecido com outras propriedades do Hulu, por exemplo Prey (o filme que reavivou a franquia Predador)

Qual é o enredo de Hellraiser?


De acordo com a sinopse no IMDb, o remake de Hellraiser é uma "releitura" da franquia de Barker, com foco em "uma jovem mulher [que] deve enfrentar as forças sádicas e sobrenaturais por trás de uma enigmática caixa de quebra-cabeças responsável pelo desaparecimento de seu irmão." 

Essa descrição sugere que a nova versão não será um remake direto do primeiro filme ou da novela. No roteiro original tínhamos um canalha perverso e sua amante que assassinavam pessoas para permitir o retorno completo dele do inferno. Enquanto isso, a sobrinha/enteada do casal tentava impedir os planos deles e lidar com os terríveis cenobitas que vinham em seu rastro.

Os Cenobitas é claro, serão os antagonistas principais da saga. Eles são um bando de seres interdimensionais que servem a Ordem da Ferida. Esses seres ("demônios para alguns, anjos para outros") já foram humanos, mas acabaram transformados em abominações grotescas depois de abrir uma perigosa caixa de quebra-cabeça - a Configuração dos Lamentos. Os cenobitas estão tão afastados de sua antiga humanidade que não conseguem mais distinguir entre sensações de prazer e dor. Quando convocados por humanos que abrem a caixa, os Cenobitas os levam, voluntariamente ou não, para sua dimensão natal e os torturam por toda a eternidade.

Os três primeiros filmes Hellraiser seguem um arco narrativo razoavelmente bem construído, com um foco pesado tanto na Kirsty, a jovem cujo tio e madrasta ajudaram a trazer os Cenobites, quanto no líder dos Cenobitas, conhecido como Pinhead. Depois disso, a franquia rapidamente se transformou em um slasher tradicional que começou a adaptar apressadamente roteiros ruins que enfraqueceram muito a série e a afastaram dramaticamente de suas origens. O novo Hellraiser é a tentativa mais promissora de retornar ao conto original e seu enfoque.

Reboot de Hellraiser


Após um teaser do novo Hellraiser, foi lançado um trailer oficial que dá aos fãs uma visão melhor do que os aguarda nessa revitalização da franquia. Depois de revelar alguns antecedentes sobre a história da Configuração dos Lamentos que abre o caminho para os Cenobitas, o trailer oferece aos fãs uma primeira olhada nos demônios de outra dimensão, incluindo o Pinhead de Jamie Clayton. Assista ao trailer diretamente abaixo (bem como o teaser anterior):

Quem está no elenco de Hellraiser?

Em quase todos os filmes da franquia Hellraiser, os filmes contaram com a excelente atuação de Doug Bradley, que vivia o diabólico líder cenobita chamado Pinhead. Desta vez, o personagem está sendo interpretado por Jamie Clayton, que você pode reconhecer de Sense8 da Netflix e The L Word: Generation Q da Showtime.

Clayton é uma uma boa escolha para o papel já que na novela, o Cenobite (que na verdade não é chamado de Pinhead em nenhum momento) é descrito como um corpo retalhado e "sem sexo", cuja voz lembra a de uma mulher. 


Estrelando ao lado de Clayton está Odessa A'zion como Riley, a protagonista em busca de seu irmão desaparecido. Ela foi vista mais recentemente na série da Netflix Grand Army. Completando o elenco estão Brandon Flynn (13 Reasons Why), Goran Višnjić (Timeless, ER), Drew Starkey (Love, Simon) e Hiam Abbass (Succession).

Quem é o diretor desse Hellraiser?

O diretor David Bruckner está lidando com este remake de Hellraiser. 

Um cineasta de terror já conhecido, Bruckner fez sua estreia solo na direção em 2017 com o excelente  "O Ritual", uma adaptação do romance de Adam Nevill que seguia cinco amigos numa viagem ao norte da Suécia que dá terrivelmente errado. Antes disso, ele co-dirigiu "The Signal", de 2007, com Dan Bush e Jacob Gentry, sobre um mundo onde as pessoas se tornam assassinas por meio de um sinal misterioso enviado por seus dispositivos elétricos. Ele também contribuiu para a série antológica V/H/S. Seu pico crítico veio em 2020 com The Night House, um terror psicológico que foi indicado a dois Critics' Choice Super Awards.

Será que Hellraiser será trazido do limbo onde se encontra? Será que ele marcará o início de uma nova e promissora franquia? Tudo vai depender desse primeiro filme e da resposta dos fãs.

Vamos torcer...

Abaixo, temos o Trailer.

Trailer:

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

TOP 5: Os cinco artigos mais populares do Mundo Tentacular quando ele completa 2000 postagens


Olá pessoal,

Parece que foi ontem, mas o Mundo Tentacular está no ar desde 2009.

Estamos também completando uma marca festiva justamente com essa postagem que você está lendo nesse momento. O blogger nos avisa que essa é a postagem de número dois mil do Blog. Quem poderia imaginar que o Mundo Tentacular iria tão longe e chegaria a esse número significativo de material escrito, postado e publicado.

Para não deixar passar essa marca resolvi fazer um apanhado no estilo TOP 5 das postagens mais lidas, visitadas e comentadas do Blog em sua história.

São esses os artigos que chamaram mais a atenção de nossos leitores nesses quase 13 anos de existência do Blog. Aqui está uma oportunidade para explorar, ler, conhecer ou revisitar as postagens mais significativas do Mundo Tentacular.

Então, sem demora, vamos para o TOP 5 das Postagens mais populares e para quem quiser ler esses artigos em primeira mão, cada um acompanha um link no final para visitar o artigo em questão.

QUINTO LUGAR - 
A BESTA DE GEVAUDAN

Uivando alto, causando massacre, horror e deixando um rastro de medo temos a macabra história da Besta de Gevaudan.

Essa é uma lenda bastante conhecida e que ainda causa arrepios por ser ao mesmo tempo estranha e estar com um pé na história moderna. Trata-se de uma lenda muito popular ocorrida nos anos que antecederam a  Revolução Francesa e que ganharam uma nova dimensão através de filmes, séries e artigos que registram o incidente como algo que de fato aconteceu, embora as circunstâncias ainda levante dúvidas.

Ela envolve os ataques de uma fera, um monstro que teria a forma de um enorme lobo que começa a atacar a região de Gevaudan e segue empilhando vítimas fatais. Ninguém sabe ao certo como e por que a criatura atacava, mas seus ataques dão ensejo a um verdadeiro massacre de camponeses que motiva uma drástica ação das autoridades. Matar a fera se torna uma questão de honra e não são poucos os que tentam abater a besta que parece cada vez mais sanguinária.

Há muitas questões que foram levantadas por esse obscuro episódio da história. Teria existido mesmo um lobo assassino matando por prazer ou teria sido algo mais? Falava-se de uma criatura sobrenatural com sanha de sangue, um monstro capaz de assumir a forma de homens e de lobos e assim se esvair dos seus caçadores, mas seria esse o relato sobre um lobisomen? E o que dizer das pessoas que de fato existiram, estiveram envolvidas na caçada ou que foram vítimas da Besta? Com uma coleção tão grande de evidências, como desconsiderar esse incidente e tratá-lo como mera lenda?

A Besta de Gevaudan segue como um enigma difícil de ser elucidado, mas cujo fascínio prossegue firme e forte no interesse dos nossos leitores.



QUARTO LUGAR
VINGANÇA VIKING - A ÁGUIA DE SANGUE

A Cultura Nórdica, suas lendas, sagas e mitologia são um assunto recorrente aqui no Mundo Tentacular. As tradições destes povos fornecem um fascinante pano de fundo para histórias e narrativas, muitas destas incrivelmente assustadoras.

O artigo sobre uma dessas tradições se tornou um dos prediletos dos leitores do Mundo Tentacular, a medonha descrição da Águia Sangrenta. Essa forma de execução aterrorizante envolve um método aprimorado pelos povos nórdicos e reservado a alguns poucos criminosos cujos atos em teoria justificam essa verdadeira atrocidade humana. Ao ler esse artigo não consigo conter um arrepio involuntário pois não posso imaginar o que deve ser passar por esse martírio (e espero, ninguém jamais vanha a descobrir).

Não por acaso, os povos da Escandinávia se notabilizaram pelos seus costumes violentos e pela brutalidade empregada quando se tratava de punir os inimigos, a Águia Sangrenta, contudo, leva a execução a um outro patamar de choque e sofrimento.

Não vou estragar a leitura revelando do que se trata, mas posso assegurar que é algo difícil de esquecer.



TERCEIRO LUGAR
ARCO DO TELLES

Eu fico especialmente feliz em ter esse artigo entre os mais lidos aqui do Blog. Não só por ser um artigo sobre a cidade onde vivo, mas por revelar uma incrível Lenda Urbana.

Para quem não conhece o Centro do Rio de Janeiro, o Arco do Telles é considerado um dos endereços mais assombrados da cidade. A lenda é que nesse lugar, no século XIX fazia ponto uma perigosa prostituta que atacava seus clientes, agia com violência e que roubava crianças para sacrificar em nome da beleza e juventude eternas. A história de Bárbara dos Prazeres - a temida Onça, envolve assassinato, feitiçaria e magia negra no coração da Capital do Império. Mas seria  lenda de Bárbara verdadeira ou não passaria de uma invenção sem fundamento no mundo real? Teria realmente existido uma mulher cuja fúria se igualava a de uma onça feroz ou ela era apenas uma pessoa marginalizada? Ou tudo não passa de mera invenção para assustar crianças?

Mais estranhas ainda seriam as lendas sobre o fantasma da assassina que continuaria vagando pelas tortuosas ruas do centro histórico e pela movimentada Praça XV. Sua gargalhada assustadora ainda pode ser ouvida, ecoando pela Travessa do Comércio nas noites desertas e sem lua. 

Real ou imaginária, a fantástica narrativa sobre essa assassina atravessou o tempo e se consolidou em nossa página tornando-se um dos artigos mais lidos e comentados aqui no Mundo Tentacular. 



SEGUNDO LUGAR:
SLENDERMAN
 
É difícil mensurar o impacto que o Slenderman teve nos primeiros anos após a sua chegada à Internet. De um momento para o outro, as pessoas queriam saber mais e mais à respeito de quem (ou seria melhor dizer) o que era o Slenderman.

Essa Lenda Urbana, surgida nos Estados Unidos em meados de 2009 tomou de assalto a rede digital rendendo histórias, vídeos, narrativas, filmes e boatos de todo tipo. A criatura, um monstro sobrenatural alto e assustador, capaz de perseguir as pessoas e atormentá-las ao longo de dias, quase levando-as à loucura tornou-se um dos horrores modernos mais populares entre jovens e crianças. Sua longevidade prova que o Slenderman continua popular e que segue assustando um número crescente de pessoas em todo o mundo. Ele talvez seja o primeiro monstro a atravessar fronteiras graças a internet, tendo sua lenda contada em diferentes países e em várias línguas.

O artigo aborda o surgimento da Lenda Urbana, os principais rumores sobre a origem do personagem e como ele conquistou fama sem precedente. Mais assustador é constatar que o Slenderman motivou ao menos um crime bárbaro nos Estados Unidos, envolvendo duas meninas que tentaram assassinar uma terceira para assim torná-la uma escrava dessa entidade aterrorizante.

A matéria abordando o Slenderman continua atraindo muito a atenção dos leitores do Mundo Tentacular e por muito tempo ocupou o posto de artigo mais lido, ao menos até a publicação de nosso número um.


PRIMEIRO LUGAR:
PARALISIA DO SONO    

Confesso que quando comecei a pesquisar à respeito de Paralisia do Sono para escrever esse artigo, não fazia nem ideia do que se tratava. Mas à medida que ia encontrando outros artigos e material sobre o assunto, fui lembrando de um episódio que eu mesmo sofri quando era criança.

Correndo o risco de parecer meio idiota, citei que havia passado por algo muito similar, experiência esta que foi voltando à minha lembrança enquanto escrevia à respeito e me aprofundava no tema. Mais incrível foi constatar que muitos dos leitores logo após a publicação, afirmaram ter chegado ao artigo justamente por estarem pesquisando sobre algo que também havia acontecido com eles!

Só ali eu tive certeza de que Paralisia do Sono, algo que em 2013, data da publicação da matéria, era bem pouco falado, mas mais comum do que poderia imaginar. 

A Paralisia do Sono é por si só algo aterrorizante e como diz o subtítulo do artigo envolve a sensação de viver um pesadelo acordado. A pessoa que passa pela experiência se vê incapaz de se mover ou de reagir, e pior, sente como se alguém (ou mais provavelmente alguma coisa) estivesse ali perto de sua cama observando. Felizmente eu não tenho uma lembrança muito clara de minha experiência, mas muitas pessoas afirmam passar por isso de tempos em tempos. O fenômeno categorizado atualmente como uma espécie de disfunção do sono tem se tornado cada vez mais comum e atormentado um número cada vez maior de pessoas.


*     *     *

Bem é isso pessoal,

A lista dos nossos cinco artigos mais populares e que eu convido todos a ler.

No mais, como sempre, agradeço a todos os nossos leitores habituais ou ocasionais que nos incentivam a prosseguir com a produção do Mundo Tentacular por todo esse tempo. São vocês, através de seus elogios e críticas, comentários e sugestões que nos animam a pesquisar o que há de mais estranho, bizarro, incomum ou interessante por aí.

Obrigado de coração!