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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Lovecraft Land - Parque de Diversões baseado em Lovecraft abrirá em 2028


Essa notícia é nada menos do que sensacional!

A Blackstone Entertainment um conglomerado gigante do Entretenimento Norte-Americano, responsável entre outros pelo Parque Busch Gardens em Tampa, anunciou a criação de um novo Parque de Diversões que será construído na cidade de Providence, estado de Rhode Island.

LOVECRAFT LAND (Terra de Lovecraft), será um Parque temático diferente de todos até então. A ideia é que ele seja um tributo a vida e obra do autor H.P. Lovecraft que nas últimas décadas ganhou reconhecimento pelas suas criações aterrorizantes. 

O Parque será construído em uma área gigantesca de 250 hectares na parte oeste de Providence e contará com instalações hoteleiras completas e um complexo de diversões dos mais modernos. A criação do Parque será coordenada pela Aldar Properties, a mesma empresa responsável pela construção das instalações do Ferrari World de Abu Dabhi e do Parque Luna em Madri. As construções devem se iniciar em Outubro de 2024, mas a abertura do parque deve ocorrer apenas em 2028. Os custos com a construção do Parque Lovecraft Land não foram divulgados, mas acredita-se que sejam expressivos.


A divulgação das atrações foi um dos pontos altos da Conferência aberta à imprensa nessa sexta feira. O Diretor executivo da Aldar Properties Richard Masters e o Presidente da Blackstone Entertainment, Kenneth Norris, falaram do que pretendem oferecer ao público.

"Teremos grandes atrações! Buscamos conciliar entretenimento e surpresas na forma de atrações que realmente consigam captar a aura das histórias de Lovecraft e do horror cósmico", disse Masters em sua palestra. "Não pouparemos custos para fazer de Lovecraftland uma atração interessante, agradável e inesquecível para todos visitantes".

Dentre os projetos mencionados está a construção de uma Cidade Cenográfica reproduzindo em detalhes a cidade de Arkham, um dos locais mais importantes dentro da obra de Lovecraft. 

Arkham USA, será uma cidade da década de 1920 reproduzida nos mínimos detalhes, minuciosamente concebida para parecer uma cidade dos turbulentos anos 1920 com direito a casas, bares clandestinos, ruas onde irão transitar automóveis de época e atores devidamente vestidos como pessoas do período. A Cidade cenográfica contará com livrarias, cafés, hotéis (onde os visitantes poderão se hospedar) e lojas onde memorabilia, colecionáveis e antiguidades poderão ser adquiridos. Além disso, Arkham USA trará reproduções de lugares icônicos da cidade lovecraftiana como a Casa da Bruxa, a Mansão Crown and Shield, o Cemitério do Impronunciável e, é claro, a Universidade Miskatonic.


Em alguns destes prédios funcionarão atrações especiais. Na Casa da Bruxa por exemplo, os visitantes poderão aproveitar um passeio assustador guiado por ninguém menos do que Keziah Mason (a Bruxa em pessoa) e Brown Jenkin (seu rato familiar!). Durante o passeio os visitantes tem a chance de vasculhar a casa assombrada e experimentar belos sustos. No prédio dedicado a Universidade Miskatonic, os visitantes poderão encontrar o Reitor Armitage e conhecer os mistérios do Museu da Universidade e lidar com ameaças espectrais que ameaçam escapar.

Mas Arkham USA é apenas uma das atrações do Parque Temático.

Em "Ilha de R'Lyeh", os visitantes farão um passeio pelo mar até chegar a uma Ilha fantasmagórica onde terão a chance de encontrar o próprio Grande Cthulhu. A criatura será criada pela equipe de Jim Henson (responsável pelos Muppets) e será um animatronic de 30 metros de altura. R´Lyeh será uma das atrações principais de Lovecraft Land e espera-se que a experiência estabeleça um novo patamar de excelência no uso de modelos animados computadorizados.

Já em "Montanhas da Loucura", os visitantes poderão conhecer um espaço climatizado com temperatura de -5 graus, que os forçará a usar casacos e roupa polar. No interior suprido com neve artificial, o público poderá esquiar e patinar no gelo. Mas é claro, os mais aventureiros terão a chance de descer em um tobogã a altíssima velocidade enquanto conhecem o interior da Cidade dos Elder Things. A descida de tobogã, segundo os projetistas terá tudo para colocar a tradicional Space Mountain na Disneyland no chinelo.


Outra atração que chamou a atenção foi "Raid of Innsmouth", um brinquedo no qual os visitantes participam dos eventos envolvendo a invasão e batalha para tomar a cidade costeira de Innsmouth das garras de perigosos monstros marinhos. Uma das partes mais empolgantes será uma viagem a bordo de um submarino no qual poderá ser avistada uma cidade das profundezas. A atração será diversão garantida para todas as idades!

O Parque oferecerá ainda salas de Cinema IMAX em 3D com um filme exclusivo chamado "Horror de Dunwich", nele o grupo terá arrepios ao caçar um monstro invisível e ter as sensações de tremores, ventanias e outros efeitos especiais. Em "A Cor que Caiu do Espaço", simulador de realidade virtual o público participa de uma investigação, acompanhando policiais de Arkham que tentam deter um monstro invisível. Finalmente na "Corrida de Kadath", os visitantes poderão conduzir a Nau Branca através dos céus e da longa viagem até a Dimensão Onírica de Kadath. Mas cuidado, o traiçoeiro Nyarlathotep tentará derrubar sua embarcação.


À meia noite, haverá um desfile toda noite pelas ruas da Arkham cenográfica no qual poderão ser vistos vários personagens icônicos. A atração se encerrará com um show de fogos de artifício e pirotecnia com direito a biplanos e dirigíveis enfrentando Mi-Gos nos céus iluminados.

Além dessas e de um total de 14 outras atrações (entre as quais, a Montanha Russa de Nyarlathotep e o Parque Aquático de Dagon), os visitantes poderão desfrutar de restaurantes e lanchonetes como o Necronomicon Café, a Casa das Delícias de Abdul e o Restaurante cinco estrelas, Chave de Prata. Em se tratando de acomodações, o público poderá se hospedar em qualquer um dos 5 hotéis de redes famosas que estarão instalados no parque. Atenção para o "Miskatonic Hotel" (da Rede Sofitel) e o "Kingsport Inn" (da Rede Hilton) que oferecerá atrações próprias depois da meia noite, como a "Rave de Whateley" com boite e pista de dança até o dia clarear.


Lovecraft Land é um empreendimento de risco, os custos para construção e gerenciamento serão consideráveis, mas os envolvidos esperam que ele atraia um grande número de visitantes anualmente para Providence. A cidade aliás será bastante beneficiada pela atração turística que aquecerá a economia local. 

O passaporte de 3 dias para visitar e aproveitar todas as atrações no Parque custará US$ 450,00 para adultos e US$ 370 para crianças até 10 anos de idade.

Eu já estou preparando minhas malas!

terça-feira, 19 de maio de 2020

"Jogadores dizem cada coisa" - Trechos inacreditáveis ditos em aventuras de Chamado de Cthulhu


Já são muitos anos jogando e narrando Chamado de Cthulhu e vou lhes dizer, não me canso de jogar esse negócio.

As histórias, o roteiro, a ideia do horror cósmico, tudo isso é fascinante. Mas há muito mais do que isso numa aventura de Horror Lovecraftiano

Uma das coisas mais interessantes é a interação com os jogadores e como eles escolhem desempenhar o papel de seus investigadores do sobrenatural.

Os heróis de Chamado de Cthulhu não são exatamente "heróis" no sentido da palavra, estão mais para pessoas comuns vivendo as piores e mais traumatizantes experiências de suas vidas. Os jogadores se metem nas situações mais bizarras, enfrentam as circunstâncias mais estranhas e se deparam com surpresas inesperadas.

E como eles reagem a tudo isso?

Muitas vezes de forma estoica aceitando seu destino ou lutando até o último fôlego, ou ainda, satisfeitos, sabendo que fizeram o possível ou que seu sacrifício garantiu algum tempo antes dos Cultos, Criaturas e Entidades retornarem.

Vida de Investigador dos Mythos não é fácil, e por vezes, os jogadores que encarnam esses personagens saem com as mais divertidas e surpreendentes tiradas.

Aqui estão algumas que eu lembro e outras que já ouvi serem contadas por amigos.

1 

Nas trincheiras da Grande Guerra, um sniper inimigo acerta um NPC em cheio. O disparo estilhaça a mandíbula do pobre diabo. O Guardião descreve a cena: "A face dele fica pálida, ele tenta gritar mas não consegue produzir som algum, apenas um gorgolejar medonho!

JOGADOR: "Eu puxo minha pistola e atiro na cabeça do sujeito, duvido que ele vai querer voltar para casa sem a mandíbula".

GUARDIÃO (surpreso) e DEMAIS JOGADORES (assustados): "Como assim? Ele ainda está vivo"

JOGADOR: "Ele não ia querer viver assim! Se algum dia isso acontecer com meu personagem, alguém acertar um tiro na mandíbula dele, vocês tem minha autorização para fazer o mesmo comigo".

2  

O grupo em uma expedição no Ártico avista uma criatura grande e bizarra ao longe. O Guardião mostra a imagem de um Gnoph-Keh. "Essa coisa corre e desaparece na tempestade de gelo".

GUARDIÃO: Rolem sanidade!

JOGADOR: Sanidade? Porque? Era só um urso.

GUARDIÃO: Era bem maior que um urso!

JOGADOR: Então tá, era um urso grande. Grande coisa!

GUARDIÃO: Ele tem seis patas!

JOGADOR: Era uma mutação. É só um urso polar com seis patas.

GUARDIÃO: Ele tem chifres!

JOGADOR: Ótimo! Vamos ficar ricos e famosos por ter encontrado uma espécie desconhecida de urso polar chifrudo de seis patas.


Em Shanghai, dois investigadores disfarçados entram em um covil de cultistas chineses tencionando negociar com eles. Na porta eles se identificam:

JOGADOR: Olá, viemos em nome de Fu Manchu. Ele nos enviou.

O sujeito escolta os dois até um aposento onde estão várias pessoas mal encaradas e um homem sentado em uma cadeira que mais parece um trono.

GUARDIÃO: O homem olha para vocês e pergunta: "Então, Fu Manchu enviou vocês?

JOGADOR: Sim, viemos negociar em nome dele!

GUARDIÃO: Eu sou Fu Manchu!

 JOGADOR: Pois é... então... er... lembra de nós? Viemos negociar!


Os investigadores são detidos por um oficial de Polícia na França depois de uma tentativa mal sucedida de invadir um manicômio e roubar documentos sigilosos.

Um dos jogadores toma a palavra e tenta convencer o detetive de suas boas intenções:

"Calma eu vou explicar... o senhor precisa entender. Nós somos os mocinhos, estamos apenas tentando encontrar a localização de uma estátua maligna que pode destruir o mundo! Você deveria nos agradecer!

 

Um dos personagens encontra um NPC que foi atacado por uma criatura misteriosa e teve parte de seu sangue drenado.  

JOGADOR 1: "Acredito que ele foi vítima de um Vampiro!"

JOGADOR 2 (Sem sair do personagem): "Vampiro? Ora, não seja ridículo! Isso não é uma história de terror barata! Deve ter sido alguma criatura cheia de tentáculos vinda do espaço ou de outra dimensão!  Vampiros simplesmente não existem!"

6 

O grupo se hospeda na casa de um amigo atormentado por pesadelos terríveis. À noite, um dos personagens tem um sonho estranho com uma mulher misteriosa e sedutora que aparece em seu quarto. 

GUARDIÃO: A mulher se debruça sobre a sua cama e diz: "Eu vim para você! Eu vim para oferecer o que você mais deseja! Apenas diga aquilo que mais almeja conseguir e eu providenciarei."

JOGADOR: "Isso é fácil! Nesse momento só quero voltar a dormir."

7 

Os investigadores invadem o templo de um Culto e encontram um livro antigo repousando sobre o altar. No exato momento em que um dos personagens apanha o tomo, os cultistas entram no aposento. Eles olham furiosos e um deles diz sibilando: "Profanadores!"

JOGADOR (com a maior calma): "Atenção todos, afastem-se ou o tomo de vocês vai virar confete". 

Diz apontando a espingarda para o livro.

8 

Na Londres Victoriana, um dos personagens, um cowboy americano investiga o ataque de um assassino misterioso. Em dado momento ele ouve um som estranho vindo de um depósito abandonado.

JOGADOR: Meu personagem é texano, ele saca as duas pistolas 45 e se prepara para atirar em seja lá o que for.

O personagem entra no Depósito e se depara com um Shoggoth atacando um homem. A criatura parece estar engolindo o sujeito por inteiro.

GUARDIÃO: Você quer rolar iniciativa para atirar?

JOGADOR: Não, meu personagem vai correr. Esse tipo de coisa não existe no Texas!


No Ártico, os investigadores, membros de uma Expedição da Universidade Miskatonic se dão conta de que o NPC desapareceu. 

GUARDIÃO: Vocês não encontram Pooyetah?

JOGADOR: Quem?

GUARDIÃO: Pooyetah! O guia esquimó que vocês contrataram para levá-los até a aldeia.

JOGADOR: Ah sim... onde vimos o Pooyetah pela última vez? 

GUARDIÃO: Na barraca.

JOGADOR: E ele estava sozinho?

GUARDIÃO: Sim.

JOGADOR: Fazendo o que?

GUARDIÃO: Você não sabe... só indo lá para saber. Quer entrar na tenda e ver?

JOGADOR: Não, vou esperar uns 15 minutos. Com esse nome, não quero atrapalhar nada.

10 

O grupo consegue capturar um cultista e conduz um interrogatório: 

JOGADOR: Qual o plano de seu culto?

GUARDIÃO: Vocês não vão conseguir tirar nada de mim! Nós somos centenas, vocês verão! Nós vamos triunfar em nome de Shub-Niggurath!

JOGADOR: Então vocês veneram Shub-Niggurath?

GUARDIÃO: (meio sem graça por ter dado um fora) Ahmm... sim

JOGADOR: E o que pretendem?

GUARDIÃO: Vocês jamais saberão. Huahahaha! É tarde demais, essa noite invocaremos a Deusa no Bosque e ela virá! 

JOGADOR: Ok, obrigado por contar o plano

GUARDIÃO: Hã... como assim... (verificando anotações) droga!

11 

O Guardião descreve a cena. 

"Você abre o terrível Vermiis Mysteries e começa a folhear as páginas amareladas repletas de conhecimento medonho e revelações terríveis".

JOGADOR: Então, só para deixar claro: Eu vou tentar ler sem me esforçar muito para entender o que estou lendo.

12 

O grupo chega à estranha cidade costeira de Innsmouth em busca de um rapaz que desapareceu por ali..

JOGADOR: Olá, somos detetives e fomos contratados para descobrir o paradeiro de um rapaz de Arkham. Ouvimos dizer que ele estaria por aqui. Por acaso o senhor o viu?

GUARDIÃO: O sujeito, com traços batráquios observa a foto, coça o queixo e diz: "Não"

JOGADOR: Tem certeza? Olhe a foto com mais cuidado.

GUARDIÃO: Ele olha a foto e diz: "Nunca vi essa pessoa".

JOGADOR: Tem certeza? Imagine ele diferente... imagine ele de peruca. De maquiagem... ou quem sabe de vestido.

GUARDIÃO: Moço, não sei quem é esse que vocês estão procurando... mas tem uma boite aqui na cidade. Talvez vocês devessem perguntar lá.

13 

O grupo enfrenta um Horror Caçador que havia sido conjurado por um arqueólogo que enlouqueceu. Ao invés de fugir e se proteger no interior da Pirâmide Maia onde a criatura não seria capaz de segui-los, eles optam por lutar.

Por milagre o grupo consegue matar a criatura com uma sequência de três sucessos críticos disparando rifles potentes.

GUARDIÃO: (descrevendo a cena) "A criatura cai no chão, o corpo de serpente se contorcendo e revirando, as asas batendo, a boca abrindo e fechando, até que fica imóvel. Ela parece morta!

Sorrisos e suspiros de alívio.
  
GUARDIÃO: O que vocês vão fazer agora?

INVESTIGADOR: Não sei quanto a vocês, mas eu vou levar a cabeça dessa coisa pra casa, mandar empalhar e colocar na minha sala de troféus.

14 

O grupo investiga um trecho da floresta quando de repente:

GUARDIÃO: É uma coisa estranha... Vocês são banhados por uma luminosidade estranha.

INVESTIGADOR: Como assim? De onde vem? De que cor?

GUARDIÃO: A luz surge do nada! É uma cor que você nunca viu. Uma cor que não existe na Terra.

INVESTIGADOR: Como assim? Uma cor que não existe? Não tem como imaginar uma cor que não existe.

GUARDIÃO: Exatamente! Obrigado! Teste de sanidade!

15 

O grupo é encurralado por um bando de cultistas em uma casa abandonada. São muitos inimigos, mas um dos jogadores tenta manter o sangue frio e a atitude.

JOGADOR: Vou abrir a porta e intimidar os caras com minha espingarda calibre 12.

GUARDIÃO: (descrevendo a cena) "Você abre a porta e se depara com mais de uma dúzia de homens vestindo mantos vermelhos. Ao menos metade deles armados com espingardas iguais à sua engatilhadas e prontas para disparar".

INVESTIGADOR: (indignado) Espingardas? Como assim? São cultistas, eles não podem usar espingardas! Isso é arma para os investigadores. Cultistas usam adagas, quando muito adagas curvas.

16 

O grupo consegue eliminar uma criatura monstruosa que os atacou numa fazenda no meio do nada. Eles encontram um diário e começam a examinar seu conteúdo.

GUARDIÃO: O Guardião lê um longo trecho e a anotação final: "O dia da invocação chegou! Hoje nosso Deus será trazido de sua Dimensão e tudo irá mudar!" 

Voltando-se para os jogadores ele pergunta: O que vocês planejam fazer agora?

JOGADOR: Não sei quanto a vocês, mas pra mim chega! Vou me aposentar. Hoje mesmo vou ao porto comprar uma passagem só de ida para o Brasil!

17 

O padre do grupo decide fazer um exorcismo em um sujeito que foi possuído por uma entidade além do tempo e espaço (cof, cof, Nyarlathotep).

JOGADOR: O poder de Cristo te compele, deixe o corpo de Jonathan, criatura vil.

GUARDIÃO: Jonathan não está aqui! Você não vai conseguir me mandar embora, padre! Eu sou mais antigo que o tempo, mais poderoso que seus deuses, eu sou imortal, eu sou...

 JOGADOR: Ah é? Então toma! Atiro na cabeça dele!

GUARDIÃO: Mas... mas... é o seu amigo, Jonathan.

JOGADOR: Ué? Ele você mesmo disse que Jonathan não está aqui.

18 

O Guardião se espanta com os 80% de Rifle da personagem Diletante e pergunta qual a explicação para essa habilidade tão alta.

JOGADOR: Bem, minha personagem é rica e ela tem uma casa de campo onde costuma promover caça à raposa.

GUARDIÃO: Sei... mas me explica como ela caça raposa com Rifle de Matar Elefante?
19

Aventura na Segunda Guerra. Os personagens são marinheiros que conseguem capturar um submarino nazista. Em dado momento, o submarino é atingido e o grupo precisa abandonar o barco antes que ele afunde. Um dos jogadores lembra dos prisioneiros alemães trancados em uma sala e corre para salvá-los, mas no meio do caminho olha a ficha e descobre que não fala o idioma. 

Então ele chega na porta e sem titubear grita:

"Das Boot vai pros Kaputz! Das Boot vai pros Kaputz!" 

20 

Em uma campanha popular, um jogador coloca uma máscara que permite ter um vislumbre de um dos Deuses Exteriores aleatoriamente. Ele coloca a máscara e rola o dado para ver qual Deus ele irá contemplar: AZATHOTH!

Ele encara o horror profano que é Azathoth e falha no teste de Sanidade. O custo por ver esse Deus é 1d100.

O Guardião rola o dado e tira 01. O jogador perde 1 mísero ponto de sanidade por ver AZATHOTH.

Ele explica que o personagem foi incapaz de compreender o que tinha visto, ele simplesmente não entendeu a grandiosidade daquele horror blasfemo.

Um segundo jogador pergunta o que o personagem viu ao colocar a máscara.

JOGADOR 1: Não tenho certeza, acho que não entendi... tente colocar você e aí me diga o que é.

JOGADOR 2: OK  

*     *     *


E você? Já teve momentos inesperados com jogadores dizendo ou fazendo coisas inesperadas na sua mesa? 

Conte pra gente...


terça-feira, 31 de julho de 2018

Leviatã devorador de mundos desperta de seu sono de 500 milhões de anos no subsolo de Marte depois de perturbação de Sonar - Ah sim, achamos água em Marte


Como não amar o site "The Onion"?

Sempre com suas notícias importantes que contemplam uma visão interessante e uma interpretação dos acontecimentos mais recentes, ele publicou semana passada esse artigo, que reproduzi aqui abaixo.

A notícia é sobre a fantástica descoberta de água em Marte e das curiosas repercussões que isso trará para a humanidade.

Por sinal, parabéns a quem escreveu e que caprichou no tom absurdamente lovecraftiano e nos termos aterrorizantemente cthulhianos.

PARIS - Pouco depois da transmissão enviada pela nave sonda Marte Express, verificando positivamente através de instrumentos a descoberta de um lago subglacial, cerca de uma milha abaixo da superfície, a Agência Espacial Europeia (AEE) confirmou também, nesta quinta, que o radar de penetração teria acidentalmente perturbado a eterna hibernação de uma indescritível criatura com eras de idade e devastadora malevolência. A entidade foi despertada de seu sono de 500 milhões de anos no reservatório subterrâneo do Planeta Vermelho.

A abominável besta trans-dimensional então se ergueu das profundezas estígias de seu covil subaquático, liberando um medonho urro ululante que causou a imediata fissura e explosão do planeta em bilhões de fragmentos. O evento registrou magnitude equivalente a 18,5 na escala Richter, segundo cientistas do ESA. Os astronautas à bordo da Estação Espacial Internacional que acompanhavam o trabalho evidentemente perderam sua sanidade diante da visão da maldita abominação gerada pelas estrelas. Antes porém eles conseguiram enviar para o Controle da Missão através de transmissões cada vez menos coerente um alerta de que a criatura se dirige agora para a Terra, devendo chegar até a próxima semana. Poucos instantes depois o sinal foi abruptamente cortado pela tripulação, seguindo-se gritos histéricos.

Administradores da ESA, inicialmente otimistas com a descoberta de água em estado líquido em Marte e com as implicações positivas para uma futura colonização, mudaram sua mensagem para um alerta hoje pela manhã. Gritando e xingando em mensagem apenas parcialmente compreensível, a medida que arrancavam os próprios olhos de suas órbitas no esforço vão de apagar a imagem daquele horror vasto avançando contra nosso pequeno mundo. Acreditam agora que ele está prestes a devorar nossas vidas insignificantes da mesma maneira que um dia ele irá devorar a luz das estrelas.

Aguardem para novas informações em breve. 

Para quem não conhece, o "The Onion" pega notícias recém publicadas e cria em cima delas algum acontecimento sensacional.

Dessa vez, contudo, eles podem ter exagerado... um pouquinho! 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

"Tem alguém aí"? - O dia que brinquei com Ouija


A respeito de Tabuleiro Ouija, vou contar um caso que eu testemunhei muitos anos atrás, quando eu era moleque e que pode ser considerado como minha primeira exploração do oculto - ou nem tanto.


Não estou pedindo para que acreditem, para falar a verdade, nem eu lembro de todos os detalhes  e alguns vou suprir com algumas invenções, mas no geral, foi como aconteceu e enquanto escrevia fui lembrando de mais algumas coisas. Na época o acontecimento me deixou uma grande impressão, que é uma forma educada de dizer, "quase me borrei todo".



Eu devia ter uns 12-13 anos, e nessa época foram lançados os livros da Coleção Ciências Proibidas.



Não sei se os mais novos vão saber do que se trata, mas quem está na casa dos 35-40 anos deve se recordar que essa coleção em fascículos quinzenais marcou época. Ela se propunha a ser uma Coleção sobre Ocultismo, uma verdadeira Enciclopédia do Sobrenatural que cobria em cada volume um tema diferente com assuntos espinhosos tais como Bruxaria e Satanismo, misturado a outros mais inofensivos como Interpretação de Sonhos, Civilizações Antigas e até O Fenômeno OVNI. Muito do que estava ali não passava de papo furado, mas, não obstante, esses livros ficaram famosos.



Ter esses volumes de capa dura, encadernados em preto, era o mesmo que ter algo proibido, assustador, quase profano na estante... ou assim parecia aos olhos de um moleque curioso como eu. Francamente, eu nem cogitava a possibilidade de comprar e menos ainda guardar isso em casa. Sério, minha mãe simplesmente iria me matar se descobrisse uma coisa dessas em meu poder.




Contudo, um amigo do colégio era mais "corajoso" que eu, ou ao menos, seus pais não se importavam com onde ele decidia gastar sua mesada. Vou chamar ele de Guilherme. 


Guilherme era o tipo do garoto que a gente sabia, não deveria andar junto: pra começar, ele parecia entender bem demais as piadas sujas que contava, tinha má fama entre os pais ("Não quero você andando com ele"), já tinha sido suspenso duas vezes uma delas por xingar uma professora e epetiu de ano. E agora, suprema transgressão, tinha em seu poder um volume de Ciências Proibidas. 

O primeiro volume da Coleção, tinha o sugestivo título "Iniciação ao Espiritismo" e trazia uma capa absurdamente sinistra na qual despontava a face de um ser demoníaco de olhos brancos, pele amarelada e chifres. Nunca vou saber porque escolheram uma capa dessas, mas provavelmente tinha a ver com chocar e assim atrair público. Como acontece hoje em dia, a primeira edição trazia um chamariz, um brinde para motivar a compra dele e das edições futuras, no caso, o brinde era tentador demais: um Tabuleiro Ouija.

Até aquela época eu acho que nunca tinha ouvido falar dessas coisas. Sem dúvida já conhecia a tal brincadeira do copo, aquela história de colocar um copo sobre a mesa, os dedos pousados sobre ele e espalhar um monte de pedaços de papel com as letras do alfabeto. Movido pela força de vontade dos espíritos - ou por algum engraçadinho que queria manipular a coisa, o copo deveria avançar por conta própria e soletrar palavras que respondessem as perguntas feitas. É claro, jamais funcionou, para frustração e alívio de todos.

Mas o Ouija era diferente!


Primeiro por que ele parecia algo autêntico e não uma brincadeira de algum fulano que queria contar vantagem e que "conhecia um primo que tinha feito a tal brincadeira e o copo havia se mexido de verdade". E segundo, por que ele vinha em um livro como Ciências Proibidas. 

"Ciência" soava como verdade.

Enfim, num belo dia, o Guilherme levou seu tabuleiro Ouija no Colégio e propôs fazer uma experiência (ele chamou de "experiência" e não brincadeira, o que já soava diferente), após a aula. A ideia era reunir uns cinco ou seis moleques, seguir as instruções contidas no livro e assim tentar (insira aqui o som de trovões) falar com os espíritos!

Tan-tan-tan!!!!!!

Não sei o que pensei a respeito, mas tenho certeza de que me digladiei sobre o dilema moral de participar ou não, sobretudo porque naquela época eu tinha medo de toda e qualquer coisa desse tipo. Sobrenatural pra mim era assistir filmes de Jason e Freddy Kruger. Mas na mesma proporção que me apavorava, sentia aquela vontade de participar e ver o que ia acontecer, sem falar que não queria ser chamado de covarde pelos outros, um sentimento que provavelmente era compartilhado pelos demais, e convenientemente mantido em segredo.

Seja como for, lá pelas tantas, topei aparecer na casa desse colega transgressor que morava surpreendentemente pertinho dos meus pais. 

A primeira surpresa é que dos seis que tinham sido convidados para a "experiência" (Tan-tan-tan!) aparecemos só eu e mais um. Por um momento pensei que na ausência de outros, a coisa ia ser cancelada, afinal reconhecer cagaço diante de outros dois não era tão ruim, além do que, sempre era possível fingir que tínhamos feito a brincadeira e acusar os demais de amarelar. 

[Um dia alguém deveria escrever um longo tratado sobre os protocolos de coragem e covardia do que era ser criança nos anos 80. É quase um "Four Feathers" de conduta social].

Para meu desalento, Guilherme simplesmente disse que podíamos seguir adiante, de fato, segundo ele explicou com ares de autoridade, com menos gente podia funcionar melhor. "Que bom", devo ter murmurado, como quem é informado que vão servir brócolis no almoço e você terá de comer um prato cheio.

Enfim, é preciso tirar o chapéu para Guilherme que a essa altura eu já considerava o próprio ocultista. O Aleister Crowley imberbe (se eu soubesse quem era Crowley na época), o próprio mago do primeiro ano do Colégio de Freiras onde estudávamos... o sujeito tinha preparado uma mesa na sala de jantar, toalha branca, com velas, cortina fechada, luz difusa e uma aura que me pareceu incrivelmente sinistra. Complementando o cenário havia uma carranca daquelas que se compra quando se viaja para a Bahia num canto. Era uma daquelas carrancas enormes talhada na madeira, disposta na sala como se fosse um cão de guarda, ao lado de um bufet. Olhei aquele troço e lembro ter pensado com meus botões: "Quem diabos tem um negócio desses em casa?".

Era oficial, a coisa ia acontecer ali, já que os pais do Guiga (ele pediu para chamar ele desse jeito) não estavam em casa. Repousando sobre a mesa, estava o Ciências Proibidas, como se fosse um tomo de magia, o equivalente ao Necronomicon dos pobres - embora a honra de ser chamado assim fosse reservada para o Livro de São Cipriano, outro "proibidaço da época", que eu descobriria anos mais tarde (mas isso é uma outra história).


"Quer dar uma olhada?" ele perguntou quando eu disfarçadamente estiquei os olhos na direção do livro.

Claro que não queria! Aquela capa era sinistra além da conta! Eu não queria tocar naquela coisa, não queria ver de perto, achava que poderia congelar meus dedos meramente tocar nele, o que dizer de folhear as suas malditas páginas e ver o que estava ali dentro. Tudo me dizia para não fazer, toda minha educação católica de missa finais de semana e aula de catecismo me mandava dizer 'Não".

"Claro que quero!" respondi tentando esconder o receio.

Abri o livro, e sabe quando você olha mas tenta não ver? Quem tinha medo de Trem fantasma sabe do que estou falando. Folheei uma ou outra página e me dei por satisfeito, fechei o livro e pousei sobre a mesa.

"Foda!" disse saboreando o teor proibido do palavrão recém descoberto, tinha gosto de bala de menta na boca. Deixava um gosto bom quando terminava.

Demos início então aos preparativos, Guiga pediu que eu e o outro amigo, de quem não lembro o nome, mas vou chamar de Fabiano, tirássemos as cadeiras e deixasse-mos quatro ao redor da mesa. Lembro dele ter comentado: "Uma delas é para o espírito sentar".

Foda! 

Gosto de bala de menta.

Arrumamos tudo conforme sugerido no livro. Para me assegurar do que íamos fazer, achei que valia a pena ler as instruções que explicavam o que era uma Experiência com Tabuleiro Ouija. Elas eram descritas em uma folha que vinha dobrada dentro do tabuleiro. Era simples, talvez simples demais, tinha inclusive alguns desenhos descrevendo como era o procedimento e como a gente deveria fazer. Na falta de uma ponteira - o livro trazia apenas o tabuleiro, podíamos usar um copo de cristal. Guiga produziu de dentro do bufet uma taça de cristal daquelas de servir licor que os pais dele provavelmente tinham surrupiado durante um voo da Varig. No papel dizia que a taça tinha que ser quebrada depois de usar, mas duvidei que ele faria isso - EU não faria!

Sentamos ao redor da mesa, Guiga acendeu as velas, Fabiano respirou fundo, claramente incomodado e eu sentei entre os dois, ainda mais incomodado. Antes de começar, Guiga, o nosso "realizador" disse num tom solene que traia a voz que já começava a se tornar mais grossa, culpa da pré-adolescência: 

"Isso não é brincadeira, pessoal. Vamos ficar sérios! Sem piadas e sem bobagem, a gente vai chamar um espírito".

"Foda-se, vamos logo!" disse Fabiano, com um sorriso de quem se achava fodão.

Guiga disse que era melhor a gente dar as mãos para se concentrar. Na mentalidade de moleque dos anos 80 aquilo parecia "viadagem" (ou viadaji, como a gente gostava de enfatizar), mas ele devia saber o que fazia. Estendi as mãos e instintivamente pensei em rezar uma Ave Maria, dar as mãos a estranhos quando muito lembrava esse tipo de coisa. Fiquei satisfeito que Fabiano estava com as mãos tão geladas quanto as minhas.


Nisso, tocou a campainha!

"Puta que Pariu"! Guiga levantou abriu a porta e voltou uns segundos depois acompanhado por outro o colega que havia chegado atrasado. Junto dele vinha de arrasto a da irmã que tinha uns 11 anos e que queria "brincar" também.

"Porra, Bruno, tu tá de sacanagem, trouxe sua irmã? Não disse que ia ser uma coisa séria?" reclamou o ocultista mirim e nós fizemos coro de indignação.

Bruno se defendeu dizendo que se a irmã não viesse ia contar pra mãe dele e que ia melar a coisa toda. A menina, Giulia - lembro que era com "G", fez uma cara de "tô nem aí" e foi sentando na cadeira vaga:

"Essa aí não sua burra, essa é pro espírito sentar!" disse Fabiano e eu não consegui segurar a risada.

"Puxa outras cadeiras ali, senta e cala a boca se quiser participar. Mas eu não me responsabilizo pelo que venha a acontecer". 

Todos se entreolharam, Guiga mandou que déssemos as mãos de novo e que a gente se concentrasse.  Aí abriu os olhos e comentou:

"Uma coisa importante! A gente não deve perguntar quem vai morrer primeiro ou quando alguém aqui vai morrer!"

Bruno acenou com a cabeça como se concordasse e eu lembrei que quando tinha participado de uma brincadeira do copo com meus primos mais velhos, eles disseram a mesma coisa. Parecia ser um consenso que fazer esse tipo de pergunta atraía as piores coisas, a própria desgraça. Todos de acordo.


Ficamos de olhos fechados nos concentrando, tentando "limpar a mente" (seja lá o que isso significa para quem tem 13 anos). Finalmente, Guiga falou com um tom mais estridente do que desejava:

"Nós estamos tentando entrar em contato com um espírito amigo que queira falar conosco". A frase não era dele, estava nas instruções dizer isso e ele deve ter decorado.


Silêncio.

"Luciano, você, eu e o Fabiano colocamos o dedo em cima do copo, mas de leve! Não pode forçar, não é para empurrar". 

Fizemos conforme ele disse. Pousei o dedo no corpo e senti aquela sensação ao mesmo tempo desagradável e indescritível de prazer proibido.

"Muito bem, quem vai perguntar?" disse Guiga, respirando fundo e olhando para os outros com uma expressão que dizia "eu vim até aqui, agora é a vez de vocês. Façam alguma coisa".

Ninguém disse nada, ficou um silêncio constrangedor, como se ninguém tivesse certeza de que queria perguntar alguma coisa, pois... vai que tivesse resposta, né.

Quem quebrou o silêncio foi a pessoa menos provável ali na sala. Giulia perguntou: "Qual o seu nome"?

Nada! O copo não se moveu.

Eu repeti a pergunta e acrescentei um "tem alguém aqui". Não vou levar os louros pela pergunta, ela também estava entre as perguntas que se poderia fazer para iniciar a comunicação, conforme tinha acabado de ler nas instruções. 



Dois, três minutos se passaram... e aí o copo deslizou lentamente. Eu tenho quase certeza que o Fabiano (que era meio palhaço e cheio de ansiedade) começou a forçar o copo só porque queria que alguma coisa acontecesse de uma vez. A taça deslizou bem devagar até o "J". Guilherme balançou a cabeça e olhou feio para meu colega:

"Para com isso, cara! Você tá empurrando o copo!" Mandou ele tirar o dedo e sinalizou para o Bruno assumir o lugar dele. Bruno fez uma careta, pensou um instante e lembrou que não colocasse o dedo em cima, seria acusado de covardia. Acho que até ali ele achava que ia só observar: "Tá bom!", concordou resignado.


Passou mais uns instantes e repetimos as mesmas perguntas.

E novamente, o copo se moveu lentamente na direção do "J". Dessa vez eu não tinha certeza de quem estava conduzindo o copo, mas com certeza alguém deveria estar empurrando, pois do contrário só podia haver uma explicação e ela não me agradava em absoluto. Apesar de tudo, eu não acreditava que iria acontecer alguma coisa e esperava de coração que não acontecesse. Era o sentimento que corrobora o ditado "chegar pouco importa, o bacana é a viagem", pois bem, o legal era participar, ter resultado era algo completamente diferente, totalmente desnecessário.

Seja como for, o copo parou no "J", e então estacou. Passaram alguns minutos e a gente ficou em dúvida sobre o que fazer. Fabiano rompeu o silêncio e perguntou o que deveríamos fazer, Guiga ficou meio perdido e pensei que ele fosse abrir o livro e procurar alguma explicação, mas aí o copo se moveu mais alguns centímetros e parou ao lado do P.

Não parecia ter ninguém empurrando e a seriedade tomou conta de todos. 

"Vai ver são as iniciais de alguém" sugeri depois de pensar um pouco e me vi revisando na mente quem eu conhecia com as iniciais J.P, excluindo quem estava vivo. Felizmente quando temos 13 anos, não conhecemos tanta gente que tenha morrido e portanto não me veio ninguém à cabeça. Os outros também não conseguiram sugerir nada.

Nisso, o copo andou mais um pouco. 

E percebam, não peço para acreditarem nessa narrativa, mas estou sendo o mais fidedigno possível, com base no que me recordo. O copo deslizou milímetro por milímetro até a base do tabuleiro, passou pelas letras, parou no "6" por alguns instantes, e dali se dirigiu para o "até logo" que ficava na borda inferior.

Eu tinha lido que quando isso acontecia, o espírito simplesmente tinha desistido do contato, ou que ele não queria mais se comunicar. Nesse caso, era preciso parar e esperar um pouco.

Tirar o dedo do copo foi um alívio e todos estavam igualmente nervosos, se acusando de ter ou não empurrado o copo embora nós três tenhamos jurado que não o fizemos - eu sei que não o fiz, mas reconheço que o próprio Guilherme possa ter inconscientemente feito isso, quem sabe para chamar a atenção, quem sabe para justificar a experiência.

Verdade é que nunca vou saber.

Tentamos depois de novo, até a Giulia colocou o dedo no copo e nos revezamos em perguntas e tentativas, mas o copo não andou mais. Não importava quantas vezes tentássemos, nada aconteceu e nos demos por satisfeitos compartilhando do sentimento de alivio diante daquela imobilidade reconfortante.

Antes de nos despedirmos, comentei com o Bruno que a gente não devia comentar nada daquilo com os outros no colégio. Eu tinha a certeza de que se as Freiras do Colégio ficassem sabendo sem dúvida iriam nos expulsar ou pior, contariam aos meus pais o que a gente tinha feito. Os outros concordaram, mas é claro, na hora do recreio no dia seguinte, todo mundo já estava sabendo de nossa experiência sobrenatural.

Não sei quem foi, mas é claro que alguém tinha dado com a língua nos dentes e a história já se tornara uma saga de medo e horror envolvendo espíritos sentados em cadeiras vagas e copos que deslizavam sem parar. Não vou mentir, claro que gostei da fama repentina e dos olhares de admiração, até mesmo quando os outros nos acusavam incrédulos de mentir descaradamente.

Combinamos de fazer de novo, sobretudo por que alguns outros queriam participar da experiência e que seria bom contar com a presença de quem já havia feito. Guiga concordou, disse que segunda seus pais não estariam em casa e que  a gente poderia usar o apartamento dele de novo. Eu não estava especialmente feliz de reprisar aquilo, mas acabei topando torcendo para que até a semana seguinte esquecessem do combinado, coisa que não raramente acontece quando tem essa idade.

O fim de semana passou. 

Na segunda, Guilherme chegou no Colégio e estava com uma cara meio séria. Só consegui falar com ele no recreio e percebi que ele parecia evitar os demais que haviam planejado fazer a experiência naquela tarde. Finalmente quando estava com ele perguntei o que era e ele pareceu meio preocupado como se não quisesse contar uma coisa por temer que eu gozasse da sua cara ou contasse aos demais que ele estava sendo bundão. Tive que esperar até o final da aula para que ele muito sem jeito dissesse que não ia ter experiência na tarde. Ele pediu que eu avisasse os outros. Não disse nada, apenas aceitei aquilo com certa satisfação por não ter de passar pela coisa novamente.

Levou uns dias para que eu conseguisse falar com o Guilherme de novo e ele enfim topasse contar o que o estava incomodando. Na época a gente não era exatamente amigo, estávamos muito mais para colegas de classe que se veem obrigatoriamente cinco dias por semana e que nem mesmo conheciam a casa um do outro - o dia da experiência tinha sido a primeira vez que eu fui na casa dele e até então ele nem sabia onde eu morava.

Mas enfim, quando o Guiga resolveu me contar o que tinha acontecido eu acreditei de imediato não porque eu era um moleque crédulo e impressionável, mas porque algo no jeito que ele contou pareceu real. Era o tipo da coisa que não se inventava e o tipo da coisa que a gente não mente a respeito. Seja o que for, eu acreditei naquele momento, e ainda hoje, passados tantos anos, ainda acredito.

O Guilherme contou que no dia seguinte a experiência a mãe dele o chamou na sala e perguntou se ele havia chamado gente de fora e se haviam feito bagunça na sala. Até aí, nada de mais, mães tem um sexto sentido para pequenas coisas, a minha sabia exatamente quando entravamos na sala e mexíamos nos vasos de cristal e cinzeiros proibidos. O Guilherme é claro, com o mecanismo de defesa no máximo, mentiu e disse que ninguém tinha ido lá. Aí a mãe dele perguntou algo que o deixou pasmo:

"Se ninguém veio aqui, quem foi então que rachou a carranca da sala?"

Na hora eu não entendi o que tinha a ver. Eu não sabia, mas o Guilherme fez o favor de explicar que a carranca era um tipo de objeto de proteção, para quem acreditava nessas coisas, que servia para afugentar os maus espíritos e proteger uma casa da presença de coisas que pudessem fazer mal aos seus donos. Era por isso que marinheiros pintavam carrancas na proa de seus barcos, pois no entender deles não havia nada mais perigoso do que singrar mares desconhecidos que podiam estar repletos de espíritos malignos. A carranca representava um tipo de proteção, afugentando aquilo que não se queria ter em casa.


Eu fiquei sem palavras e a única coisa que consegui dizer, recorrendo ao manto protetor do ceticismo foi repetir: "Vai se foder! Que mentira!". 

Nada de bala de menta dessa vez. Gosto de cinza e zimbro.

Eu não queria acreditar! O problema é que a cara do Guilherme e a maneira como ele contou a história pareciam perfeitamente verdadeiras, como quando você é criança e conta como um parente morreu em um acidente rodoviário. É algo sobre, nessa idade, não se mente por achar absurdo inventar sobre algo tão sério. Guilherme tinha a cara de alguém que perdeu metade da família numa colisão frontal!

Ele pediu para que eu não contasse a ninguém, e até onde lembro mantive minha promessa por muitos anos. Só fui comentar isso muito depois com colegas do Ginásio, quando já tinha perdido o contato com todos.  

Eu gosto de pensar que sei guardar segredos e que levo a sério quando alguém pede sigilo sobre alguma coisa. Mas acho que nesse caso, meu silêncio se devia a outra coisa...

Ainda desconfiado, ou desejosamente cético da história, aceitei o convite do Guilherme de ir até sua casa e ver a carranca que estava na mesma sala onde tínhamos feito a Experiência com o Ouija naquela tarde. 

Gostaria de dizer que era brincadeira dele ou exagero, mas não.

A carranca de madeira estava rachada de lado a lado, bem na face medonha pintada de branco e vermelho. Era como se ela tivesse caído ou recebido um belo de um golpe com uma lâmina, um machado ou uma faca quem sabe. A rachadura não era funda, outrossim, longa, tinha talvez uns 25-30 centímetros e se estendia verticalmente de forma que era impossível não perceber só de olhar para ela. Começava no topo e ia deslizando até a abertura da bocarra cheia de dentes.

Guilherme disse que a mãe tinha ficado chateada, mas que não se importou muito no fim das contas. A coisa pertencia ao pai dele que a comprou numa viagem a Ilhéus ou algo assim, a mãe achava que era de mau gosto, mas acabou aceitando a presença dela ali dando de ombros quando o pai insistiu. Alguns compram berimbaus, outros compram carrancas quando visitam a Bahia. Ainda bem que a família do Guiga era fã de carrancas.

O que eu posso dizer dessa história que se estendeu por mais linhas do que eu planejava?

Que as vezes, coisas estranhas acontecem e que nem sempre a gente sabe explicar ou mesmo, precisa explicar. As vezes é melhor deixar pra lá e somente contar de vez em quando, apenas para não esquecer. Eu sei no entanto, e lembro bem que quando olhei para aquela carranca feiosa na sala ("quem tem um negócio desses") a coisa não estava rachada.

Dizer que ela nos protegeu de um "espirito maligno" é meio demais, mesmo porque eu não acredito nessas coisas faz tempo, mas naquela ocasião parecia perfeitamente aceitável. E tenho certeza o Guilherme também acreditava. 

Se a carranca não estivesse na sala, alguma coisa diferente aconteceria? Se sim, quem seria o tal J.P. se é que não passava de alguém empurrando o copinho de vidro forçando seu deslize pelo tabuleiro?
Eu me perguntei essas coisas por algum tempo até perderem importância e não me incomodarem mais.

Da minha parte continuei interessado em histórias desse tipo, não por acreditar nelas, mas por me considerar um Cético com um forte Senso de Curiosidade. Em algum momento, até cheguei a comprar volumes do Ciências Proibidas em sebos pela cidade. Descobri depois de ler que os livros não eram nem de longe tão macabros quanto imaginava naquela época. Tenho inclusive a primeira edição, aquela com a capa demoníaca que a despeito de minhas descrenças continua, aos meus olhos, extremamente assustadora. Entretanto, nunca achei uma edição que viesse com o Tabuleiro Ouija, acho que quem tem não vende. Talvez, ninguém mais tenha hoje em dia.

Eu me pergunto se achasse uma edição completa, tabuleiro e tudo, se faria uso dele. Talvez em nome dos velhos tempos. Quem sabe J.P. decidisse dizer um olá e até logo...

É com esse espírito (trocadilho intencional) que estou abrindo uma janela de busca no site Estante Virtual aqui na aba do computador. 

Quem sabe o que encontro aqui.

Desejem-me boa sorte.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Algo Lovecraftiano em Oklahoma, EUA - Um Monumento dedicado a Azathoth

Resultado de imagem para Azathoth lawn of a Paseo Grill in Oklahoma City

A respeito da postagem sobre Azathoth, aqui está uma postagem que demonstra a importância desse Deus Exterior na Cultura Geral (e como temos todo tipo de maluco nesse mundo!)

Em 2012 um estranho bloco de concreto foi deixado em uma área movimentada da cidade de Oklahoma, nos Estados Unidos. O bloco consagrava o local em nome de Azathoth.

Essa é a reportagem da época, publicada na página do IO9:  

Cara Cidade de Oklahoma, 

É possível que entre vocês exista um Culto extremamente perigoso, ou alguém por aí tem um senso de humor bastante peculiar. De qualquer forma, se vocês não tiverem preparado as suas almas para serem devoradas por um horror Lovecraftiano de além das esferas do tempo e espaço, talvez seja melhor evitar o Restaurante Paseo Grill

O restaurante, bastante tradicional na cidade, descobriu um bloco de concreto de um metro e cinquenta de altura em frente ao seu acesso nesse começo de semana. O grande bloco possui uma placa de bronze com a seguinte inscrição:

 “No ano de nosso Senhor de 2012, Creer Pipi tomou essa terra em nome de Azathoth.”

O New York Daily News descreve Azathoth da seguinte forma: "Azathoth é uma criatura fictícia, mencionada pelo escritos de ficção científica H.P. Lovecraft em suas estórias. Dotado de um poder primordial ele é visto como um Deus do Caos.

Uma vez que o restaurante está localizado no histórico Paseo Arts District, as autoridades julgam que o bloco é obra de um artista ou estudante de arte local que deixou a obra como um tipo de brincadeira. Uma brincadeira que nem mesmo três homens fortes foram capazes de mover um mísero centímetro. 

Até o presente momento, foi descartada a possibilidade de se tratar de um aviso dado por um Culto determinado a despertar horrores cósmicos que se encontram hibernando no centro do universo.

O tempo dirá quem tem razão a respeito...

Posteriormente, foi descoberto quem eram os responsáveis pela obra e jornalistas entrevistaram os dois.


Eric Piper e J. David Osbourne não são cultistas (ao menos dizem não ser), mas foram eles os responsáveis por construir um monumento de concreto pesando 180 quilos, dedicado ao terrível Deus Lovecraftiano, Azathoth. Foram eles quem transportaram a curiosa homenagem ao pátio do Restaurante Paseo Grill na Cidade de Oklahoma duas semanas atrás. Curiosos para saber se é algum tipo de projeto artístico ou um sinal do Fim dos Tempos no qual a humanidade será consumida pela loucura, nós decidimos buscar as respostas diretamente da fonte, entrevistando Piper e Osbourne em pessoa. 

Foram vocês os responsáveis pelo bloco de concreto deixado no Paseo Grill?

J. David Osbourne: Você nos pegou!

Eric Piper: Espero que não tenha vindo nos prender, mas sim, fomos nós.

Fiquem tranqiolos, mas que tal dizer quem diabos são vocês? 

David: Eu sou escritor profissional, escrevi "By the Time We Leave Here We'll Be Friends", "Low Down Death Right Easy", e "God$ Fare No Better". Eu gosto de escrever ficção científica, sobre parasitas alienígenas se agarrando ao pescoço das pessoas e horríveis monstros espaciais que podem engolir pessoas. Eu também sou o editor da Broken River Books. 

Vocês são fãs de Lovecraft?

David: Não há nada mais assustador do que grandes monstros gosmentos que não se importam com a humanidade. Além disso, eu realmente tenho medo de tentáculos. Há muitas estórias a serem contadas a respeito dos Mitos de Cthulhu: Cody Goodfellow, Laird Barron, Thomas Ligotti, esses caras elevaram a mitologia a um novo nível. Lovecraft é um gênio, e tem seguidores à altura de sua obra.


Por que, em nome dos Antigos vocês fizeram isso?

Eric: Trata-se de um aviso! Nós estamos devolvendo aos Deuses Ancestrais aquilo que é Deles de direito. E Azathoth é o mais Poderoso!

David: Nós tomamos aquele trecho de terra em nome de Azathoth. Ele é o senhor de direito de tudo que existe no universo, então a gente nem precisava ter se preocupado... mesmo assim, achamos que era preciso lembrar as pessoas de quem é o verdadeiro dono de tudo. As pessoas fincam bandeiras e flexionam seus músculos e demandam a posse das coisas. Não é bem assim! Nada é nosso!

Por que vocês escolheram Azathoth e não algum outro dos Deuses Antigos? Cthulhu por exemplo, é bem mais popular!

Eric: Azathoth é o maior dos Deuses. Ele é um Deus de Caos, isso nos interessava. Cthulhu não é nada perto de Azathoth.

David: O Caos que invocamos ao criar o monumento nos ajuda a ter ideias. Não tenho dúvida nenhuma de que essa obra nos ajudou a desafiar nossos conceitos como artistas. Através dela, as ideias floresceram. Tudo isso é uma marca do Caos de Azathoth.  

Azathoth deu a vocês algum tipo de comentário sobre o que vocês fizeram? Isso significa que vocês serão os últimos a morrer caso ele decida voltar e destruir a humanidade?
Eric: Bem, não tenho ouvido o som de flautas, o que é um bom sinal. Mas sinto que a qualquer momento, meu cérebro pode derreter e escorrer pelas minhas orelhas. Quem sabe... ele é um Deus, ele decide essas coisas. 

David: É realmente muito estranho. Coisas estranhas aconteceram, coisas muito estranhas. Depois de construir e deixar o monolito as coisas começaram a ficar esquisitas ao nosso redor. Um sujeito que eu nunca vi, vestindo uma blusa vermelha me parou na rua para me dizer que ele era a encarnação de Jesus e que eu era o Diabo. Ele disse que eu precisava crucifica-lo novamente. Quando pedi que ele marcasse uma data, ele riu e disse que me procuraria até o Natal. No trabalho, uma mulher virou uma centena de moedas na minha mesa e disse que eu poderia ficar com tudo se concordasse em devolver seu filho. A mesma mulher, uma senhora de idade, foi vista esses dias andando com a camisa por cima da cabeça e o peito nu. Ela andou pelo campus da escola e acenou para os alunos. Eu juro! Coisas estranhas começaram a acontecer depois de deixar o monumento no lugar. Talvez eu não reparasse nessas coisas antes, quem sabe... Um homem de calças laranja veio me procurar no ateliê da Escola de Arte ontem. Ele não disse nada, apenas sentou em uma mesa e assoviou algumas músicas. Depois levantou, sorriu na minha direção e foi embora. Não sei quem era, ou de onde me conhecia. Simplesmente aconteceu! O monumento é a respeito disso: Caos! Não sei se existe uma conexão, mas sem dúvida é estranho! 

Muito bem. Fale um pouco a respeito do monumento?

Eric: Eu acordei um dia, cerca de um ano atrás, e concluí que algo deveria ser feito. Após ter alguns sonhos aterradores me convenci que deveria construir um monumento. E quando terminei, os pesadelos pararam!

David: Os pesadelos eram realmente terríveis. Eu sentei ao lado desse pobre diabo, segurei sua mão enquanto ele sofria. Esperei ao lado dele até que estivesse recuperado. Então, quando ele se sentiu melhor, falou a respeito de seu plano: construir uma pirâmide de concreto dedicada aos Antigos.

Você disse que construiu o monumento de concreto ano passado. Por que demoraram tanto a revelar sua existência?

Eric: Não podemos forçar as coisas. Era preciso esperar o momento certo de revelar sua existência para o mundo.


Como vocês fizeram para mover essa coisa para o local escolhido?
David: Nós usamos uma empilhadeira. Ela estava disponível na escola de arte. Deu um trabalho dos diabos levantar o bloco e colocá-la na van de Eric. Então, dirigimos pela cidade procurando o lugar ideal, sentindo o ambiente. Quando vimos aquele lugar, sabíamos que tinha de ser lá! Nós paramos a van, abrimos as portas e desembarcamos o bloco. Ele ficou perfeito naquele ponto!

Por que vocês escolheram essa localização em especial? 

Eric: Essa área da cidade é especial. Um lugar de artistas, de arte criativa e caótica, infelizmente uma boa parte dessa vizinhança foi estragada. Nós queríamos trazer um pouco de Caos de volta ao ambiente. Que melhor maneira do que invocando o Caos Primordial?

Vocês conhecem o (restaurante) Passeo Grill?

David: Eu nunca comi lá. Nunca tinha ouvido falar dele. Parece um belo lugar para visitar. Eu olhei o cardápio, mas achei os preços um pouco altos. Eu tenho certeza que tudo deve ser delicioso, e aconselho todos a comerem lá.

Vocês conversaram com os proprietários do Paseo Grill desde que deixaram o presente lá? O que eles acharam? 

Eric: Haha, não. Nós não falamos com eles ainda. 

David: Eu espero que eles não nos odeiem. Minha opinião, após ler os artigos e entrevistas feitas com eles, é que os proprietários não ficaram furiosos, apenas acharam tudo muito estranho. Passada a surpresa, talvez eles tenham até aprendido a gostar da peça. Ela não causou nenhum dano. Ela apenas fica ali, atrai os olhares, atrai a atenção e garante alguma publicidade. Além disso, eles estão estabelecidos em uma vizinhança ocupada por artistas. Você precisa amar as artes para se estabelecer nessa vizinhança, sobretudo, por que seus clientes são, na grande maioria, artistas.

Ouvi falar que algumas pessoas queriam comprar a peça. Não sei se é verdade, mas isso é interessante. Gente veio de longe para ver o monumento que nós criamos, dirigiram quilômetros para estar diante dele. Muita gente tirou foto! Uma pessoa se ofereceu para quebrá-lo com uma marreta, mas quem estava ao redor não permitiu. 

Vocês imaginam se eles vão manter o monumento lá?

Eric: Parece que eles já se livraram dele ou ele foi roubado. Não sei ao certo...

David: Parece que eles pagaram alguém para levá-lo embora. O que é uma pena. Como eu disse, eles poderiam ao menos ter vendido para ganhar algum dinheiro. Isso é o que eu faria ao menos. 


E qual o próximo passo? O que pretendem fazer a seguir? 

Eric: Eu estou de mudança, mas pretendo continuar a trabalhar em minhas peças.

David: Continuarei fazendo minhas obras. Eu tenho muitas ideias para minhas estórias.

O que vocês pensam a respeito dessa estória toda?

Eric: Eu gostei de ler a respeito da opinião das pessoas sobre o monumento. Muitas pessoas acharam ele provocativo, um artista gosta de ler esse tipo de comentário.

David: Foi muito divertido. Assistir a matéria no jornal local foi muito legal! Mas depois a coisa toda simplesmente explodiu! Falaram a respeito de aliens, de cultistas, satanistas e até de demônios responsáveis por deixar o monumento no lugar. Tudo isso foi muito divertido. Mas não demorou até descobrirem que fomos nós. Uns caras na Escola de Arte acabaram nos entregando, eles viram que estávamos trabalhando em algo semelhante e juntaram as peças. Eric recebeu vários emails bizarros de fãs de Lovecraft. Tudo muito divertido!