sábado, 23 de janeiro de 2016

TOP 10 - Dez episódios de Arquivo X para ver antes da Volta da Série (parte 1 - do 10 ao 6)


Arquivo X está de volta!

E com ele investigações fantásticas no reino do sobrenatural, envolvendo todo o tipo de coisa estranha, bizarra e inexplicável. Para celebrar esse retorno em grande estilo, nós do Mundo Tentacular resolvemos fazer uma maratona da série afim de selecionar quais os nossos episódios favoritos e fazer uma lista daqueles que vale a pena assistir novamente, antes do início da nova e aguardada temporada.

Para chegar a essa lista adotamos alguns princípios:
Demos preferência aos episódios stand alone, ou seja, aqueles que se encerram dentro de um único programa e que contam uma estória fechada. Desse modo, os selecionados nessa lista não tem ligação com a mitologia central de Arquivo X, eles não se referem às complicadas conspirações alienígenas e complôs envolvendo extraterrestres e seus aliados na Terra. Ao invés disso, são os episódios que apresentam os chamados "Monstros do Semana", onde Mulder e Scully são enviados para investigar algum caso estranho que desafia a noção do convencinal e se deparam com algo incrível. Nesses episódios em especial, vemos os agentes encontrando casos curiosos, oponentes perigosos e situações que beiram o surreal. Não são apenas episódios marcantes, mas aqueles que depois de mais de uma década ainda continuam interessantes e que sem dúvida atrairiam novos fãs e continuam fazendo a alegria de quem os assistiu anos atrás.

Então, sem mais delongas, aqui está a nossa lista dos 10 melhores episódios stand alone de Arquivo X:

10) Drive
(Temporada 6, episódio 2)

Um dos maiores méritos de Arquivo X foi revelar talentos para outras séries de televisão. Drive talvez seja o melhor exemplo de como a série pavimentou o caminho para outras que vieram em seu rastro anos mais tarde. Vince Gilligan, um dos melhores roteiristas de Arquivo X, responsável por vários episódios memoráveis, foi o criador de outra série de enorme sucesso tanto de público quanto de crítica: Breaking Bad. Drive por sinal, parece uma reunião de indivíduos se preparando para fazer Breaking Bad. Além do diretor e da equipe de fotografia ser a mesma, o ator convidado é ninguém menos do que Bryan Cranston, o próprio Sr. White (aka Heisemberg).
Drive começa com uma perseguição em alta velocidade pelas estradas de Nevada culminando com a captura e apreensão do motorista. Uma equipe de filmagem da FOX registra o momento em que o motorista é dominado pelos guardas rodoviários (em cenas inspiradas na perseguição de O.J. Simpson). Segundos depois, algo inexplicável ocorre, a cabeça da mulher que ocupava o assento de passageiro simplesmente explode matando-a imediatamente. O acontecimento bizarro atrai a atenção de Mulder e Scully, casualmente investigando uma denúncia no estado vizinho de Idaho. Mulder fareja algo estranho e voa para lá, Scully tem suas dúvidas, e os dois acabam se separando. Mulder descobre que o motorista, um tal Patrick Crump, sofre de uma estranha condição debilitante que o obriga a se mover em uma determinada velocidade e direção. Se ele parar, suas dores de cabeça pioram e seu cérebro simplesmente explode. Para piorar, logo que Mulder chega a delegacia para entrevistar o sujeito, é rendido por ele sob a mira de uma arma e obrigado a dirigir em disparada.
"Drive" tem um ritmo alucinante, um tributo aos filmes de perseguição e corrida, quase uma homenagem a "Velocidade Máxima" - em certo momento Mulder até brinca "Se você parar de se mover, você morre? Acho que também vi esse filme"! A perseguição implacável pelo cenário do deserto californiano permite alguns excelentes momentos, mas é a interação entre Mulder e Crump que tornam esse episódio muito acima da média. A química entre Duchovny e Cranston rendem momentos de tensão e paranoia. No final das contas, Crump é uma vítima inocente de um experimento militar, a prova viva da existência das conspirações que Mulder passou a vida inteira tentando expor. Como salvar o sujeito e comprovar as teorias ao mesmo tempo? Como escapar com vida dessa situação limítrofe? A medida que o automóvel avança para o fim da linha, a corrida vai se tornando mais tensa, na direção de um desfecho trágico. 
Drive não é um episódio memorável por um monstro em particular ou pela presença de alienígenas. O principal vilão é uma força invisível criada pelo homem, pior ainda, pelo próprio governo que supostamente deveria proteger as pessoas. Um episódio diferente capaz de demonstrar que Arquivo X era mais do que extraterrestres e "monstros da semana".
9) Small Potatoes
Temporada 4, episódio 20

Tudo bem, eu reconheço, "Small Potatoes" é um episódio menor que talvez nem todos irão se lembrar imediatamente. Mesmo assim, ele é essencial para o crescimento dos personagens e a humanização deles, sobretudo Mulder. Talvez seja também um dos episódios mais divertidos, que subverte a imagem heróica dos agentes e os apresenta como pessoas normais, com vidas bem normais.
No roteiro, cinco bebês nascem em uma pequena cidadezinha com apêndices vestiginais semelhantes a caudas. Scully concorda que esse tipo de herança genética é transmitida hereditariamente e os agentes tentam descobrir quem estaria engravidando as vítimas. O médico de uma clínica de fertilidade é imediatamente apontado como responsável por ter manipulado os óvulos das mulheres, mas a explicação é ainda mais bizarra! Eddie Van Blunht um sujeito absolutamente ordinário, não chama a atenção e nem se destaca por nada, mas graças a uma peculiaridade genética é capaz de alterar sua aparência e copiar a visionomia de qualquer um com quem teve contato. Isso lhe permite enganar as pessoas, em especial mulheres que nem desconfiam que é ele, e não seus maridos que as visita à noite. Apesar do roteiro insinuar que Eddie é um detestável aproveitador de mulheres, o clima do episódio é bem mais suave do que se pode imaginar. Uma enorme façanha para uma premissa tão espinhosa.
Lá pelas tantas, Eddie acaba cruzando o caminho de Mulder que tem sua aparência devidamente copiada. O sujeito passa então a personificar o agente e viver a sua vida - literalmente calçando os seus sapatos. Enquanto tenta compreender como um agente do FBI é capaz de levar uma existência tão sem graça e esquisita, ele se concentra em flertar e seduzir a Agente Scully. O episódio brinca com as expectativas de muitos fãs da série na época, de ver Mulder e Scully envolvidos romanticamente e confirma a ótima química entre os protagonistas. Também deixa claro que os dois possuem um ótimo timming para a comédia.
Small Potatoes é daqueles episódios menores que funciona como uma espécie de cola, intercalando dois episódios tensos e aterrorizantes, com outro mais leve e agradável de assistir.
8) Bad Blood
Temporada 5, episódio 12

Bad Blood é a prova de que é possível explorar diferentes gêneros dentro de Arquivo X e contar estórias de suspense de forma divertida, leve e descompromissada, quase como uma comédia de erros.
O foco principal de "Bad Blood" é o vampirismo, um tema que foi pouco explorado durante as nove temporadas de Arquivo X. Mas os vampiros aqui são bem diferentes do que se poderia esperar e até o último momento, não se tem certeza do que de fato aconteceu e qual é a verdade dos fatos.
O episódio é contado a partir de dois pontos de vista, Mulder e Scully dão diferentes versões de uma mesma cadeia de eventos a medida que tentam decidir como irão explicar o caso para o Diretor Assistente Skinner. As duas versões são carregadas de preconceitos que acentuam as características mais marcantes dos personagens: Mulder na versão de Scully é um sujeito irritantemente crente em suas convicções, enquanto Scully na versão de Mulder parece uma mandona de cabeça dura. Os dois não concordam em praticamente nada, mas precisam costurar uma estória minimamente plausível para se livrar de uma grave acusação que pode destruir suas carreiras. 
"Bad Blood" prima pelo humor negro ao apresentar uma comunidade de "vampiros" no Texas que não desejam chamar a atenção e preferem viver discretamente, pagar seus impostos e levar suas vidas como pessoas normais... até que aparece alguém que viu filmes demais sobre sanguessugas! Ronnie Strickland, um entregador de pizza é o improvável assassino em série que por pouco não consegue cravar as suas presas (falsas) no pescoço do agente Mulder. Não se preocupe, nada disso constitui spoiler, já que está no trecho de abertura do episódio, quando Mulder por pouco não deixa escapar um belo palavrão. 
A estrutura do episódio, com a mesma estória sendo contada por duas testemunhas de formas diferentes foi inspirada pelo clássico filme de samurais Rashomon e é muito bem aproveitada. O ponto alto de Bad Blood é conferir as lembranças confusas dos dois agentes, resultando em situações hilariantes, sendo a mais divertida, a diferente interpretação da aparência do xerife da cidade - que Scully vê como um atraente e imponente homem da lei, enquanto Mulder descreve como um caipira dentuço e provinciano.    
Mesmo quem não é muito fã de Arquivo X concorda que esse é um episódio divertido de assistir e não por acaso um campeão de reprises lá fora. Uma dica: se você quer apresnetar Arquivo X para alguém que não está muito certo de asisstir a série, comece por esse episódio! 

7) Die Hand, Die Verletz
Temporada 2, episódio 14


Esse é um dos episódios mais controversos de Arquivo X. Curiosamente, ele gerou mais discussão aqui no Brasil do que nos Estados Unidos. Com o título "Os Adoradores das Trevas", ele foi trasnmitido uma única vez na televisão aberta, provavelmente por que alguém na grade de programação da Rede Record cochilou e não percebeu o teor demoníaco da coisa. Depois de ir ao ar, ele deu o que falar e por pouco os fiéis da Igreja Universal não conseguiram tirar Arquivo X da programação alegando que era um programa maligno. Eu lembro de ter assistido na ocasião, mas demorou um bom tempo até ver novamente, dessa vez na tv à cabo. 
"Die Hand, Die Verletz" (literalmente traduzido do alemão como "A Mão que Machuca") é um episódio curioso e incomum. Nele, Mulder e Scully são chamados para investigar um bizarro assassinato ritualístico de um aluno de um típico colégio americano, em uma típica cidadezinha americana - The Crowley High School (uma referência clara ao controverso ocultista Alesteir Crowley!). Logo os agentes percebem que algo estranho está acontecendo no lugar e que adolescentes parecem perturbados por alegados crimes envolvendo uma seita de satanistas.
Como acontece muitas vezes em Arquivo X, nem tudo é o que parece ser: os satanistas são os membros da Associação de Pais e Mestres, gente comum e acima de qualquer suspeita. O problema é que eles não parecem saber muito bem com o que se envolveram em seus rituais e agora temem ter invocado algo potencialmente perigoso. O episódio é bem claro em sua premissa: "Não mexa com aquilo que você não compreende" e demonstra as graves repercussões de se deixar envolver pelas promessas da magia negra, sacrifícios e feitiçaria.
"Die Hand, Die Verletz" faz também uma paródia às religiões organizadas, criticando sobretudo pessoas que se envolvem com uma determinada religião sem compreender sua proposta e sem entender minimamente sua filosofia. Os "satanistas" no episódio se mostram extremamente preocupados quando agentes do FBI chegam à cidade, nãopor que eles ameaçam suas crenças, mas por que se eles forem expostos suas imagens como bons cidadãos será arranhada para sempre.
O grande diferencial desse episódio é a presença de um inimigo incrivelmente poderoso e literalmente diabólico - um demônio de olhos negros que assume a identidade de uma aparentemente inofensiva professora substituta. As motivações da "Srta. Padock" são incertas, ela parece interessada em punir os devotos, calar testemunhas e manipular os agentes como se fossem peões de um jogo pessoal. A medida que o episódio progride, fica claro que os agentes estão fazendo o trabalho sujo da criatura demoníaca, tanto que ela se despede dos agentes de forma bastante amistosa.
De um modo geral, esse episódio possui uns desdobramentos bastante sinistros, culminando com uma descrição arrepiante de como a seita suspostamente usava uma adolescente para gerar recém nascidos que serviriam como sacrifícios de sangue. Além disso, ela tem também um ritual que leva uma pessoa ao suicídio e uma anaconda devoradora que contribuem para o clima de bizarrice generalizado. Na minha opinião esse episódio envelheceu um pouco e perdeu boa parte de seu choque, em parte por que oaquilo que era chocante 15 anos atrás, hoje é bastante trivial... seja como for, ele tem seu lugar na lista dos dez mais.     
6) Clyde Bruckman Final Repose
Temporada 3, episódio 4


Mais um episódio que mistura suspense paranormal com doses bem generosas de comédia e humor negro. O resultado é sensacional. "O Descanso Final de Clyde Bruckman" figura no topo da lista de melhores episódios na opinião da maioria dos blogs e páginas devotadas a listar os melhores episódios de Arquivo X de todos os tempos. E eles não estão errados... esse episódio tem um dos melhores roteiros e direções de toda a série.

Não é por acaso que ele foi o episódio mais premiado de Arquivo X, com vários prêmios e indicações ao longo de 1995, ano em que ele foi exibido. O episódio deu ao veterano ator Peter Boyle um Emmy de melhor ator convidado em uma série de televisão e conferiu ao Diretor Darren Morgan um prêmio de Melhor Direção em Série. Isso além de prêmios específicos em Festivais de Ficção e Terror.

A premissa é bastante simples, um assassino em série vem matando supostos médiuns e adivinhos charlatães, ele arranca os olhos de suas vítimas como um desafio para "aqueles que dizem ter o dom de ver o futuro e não conseguem prever o próprio destino". Mulder e Scully são chamados para investigar o caso e descobrir as motivações do assassino que parece atender a algum tipo de compulsão. Os agentes cruzam o caminho de videntes falsos, inclusive um tal Yappi, um charlatão que auxilia a polícia a encontrar o matador. No curso da investigação, Mulder e Scully conhecem um amargo e cínico vendedor de seguros chamado Clyde Bruckman que possui poderes psiquicos verdadeiros. Ele é capaz de ver quando e como as pessoas vão morrer. Bruckman odeia o seu dom e deixa claro que sabe como ele próprio irá morrer o que lhe causa uma sensação de esmagadora melancolia. Mesmo assim, esse episódio consegue ser divertido e gerar inúmeras discussões entre os fãs, sobretudo se as previsões de Bruckman estariam corretas ou não.

Mas é o ator convidado, Peter Boyle, que rouba o show com uma atuação de primeira como um sujeito ao mesmo tempo ranzinza e adorável. Ele é o responsável pelas melhores gargalhadas e possivelmente a melhor piada de todas as temporadas quando prevê que Mulder irá morrer em decorrência de asfixia auto erótica. O final água com açúcar no qual Scully se despede de Bruckman também é muito citado pelos fãs, apontado como a melhor atuação de Gillian Anderson.

Para ver algo diferente, inteligente e engraçado, esse episódio é uma ótima pedida!

(continua com o TOP 5 do Mundo Tentacular)

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