O envolvimento nazista com o ocultismo sempre foi considerado por alguns um estranho rumor histórico, um pouco fato, um pouco invenção. Existem entretanto fortes indícios de que indivíduos chave dentro do Alto Comando Alemão tinham real interesse na criação de Sociedades Secretas e que realizassem rituais extraídos de tradições pagãs.
Uma descoberta feita recentemente atiçou ainda mais a controvérsia sobre esse tema controverso.
Uma coleção de 13 mil livros a respeito de esoterismo, bruxaria e ocultismo, reunidos pelo Segundo Homem mais importante do Regime Nazista, o SS-Reichsfuhrer Heinrich Himmler foram encontrados na Noruega. Os livros eram mantidos em uma Biblioteca Secreta montada durante o período da ocupação.
A coleção foi roubada de vários cantos da Europa formando um enorme acervo. Desviados de bibliotecas nas inúmeras cidades ocupadas pelos nazistas entre 1936 e 1944. Sabe-se que Himmler era fascinado pelo mundo oculto e que mantinha uma rede de agentes e informantes especializados na obtenção de títulos raros que para sua coleção de tomos esotéricos. Na sua busca incessante por material oculto, bibliotecas em universidades e centros de estudo foram saqueados, de Paris até Stalingrado, bem como muitas coleções particulares.
Uma coleção também pertencente a Himmler, escondida em um depósito próximo da cidade de Praga, na Checoslováquia, já era de conhecimento público. Esta foi encontrada pouco tempo após o fim da guerra. Estocada em um porão em caixas de metal reforçadas essa coleção ficou protegida de ataques aéreos, num verdadeiro bunker. Soldados à serviço da S.S. tinham ordens de manter a coleção à salvo, mas no caos que se seguiu a evacuação do país diante do avanço soviético, as caixas foram simplesmente abandonadas e esquecidas. Encontradas apenas em 1950 pelos soviéticos.
Dois anos antes, os comunistas tomaram o poder e o país se tornou parte do Pacto de Varsóvia, ficando atrás da Cortina de Ferro pelas décadas seguintes. Nesse período, a coleção foi descoberta e contrabandeada para a União Soviética. O destino final destes livros é desconhecido, mas supõe-se que muitos títulos tenham sido incorporados a Biblioteca do Kremlin, ou simplesmente destruídos pelos censores soviéticos como parte do programa de expurgo de obras decadentes. Alguns podem ter sido negociados com colecionadores privados. Em parte, foi em função dessa coleção que estórias a respeito do interesse nazista no oculto se tornaram populares.
Ao que tudo indica, a coleção encontrada pelos soviéticos era apenas uma parte da Biblioteca de Himmler. A coleção descoberta agora na Noruega é ainda maior do que a da Checoslováquia e é possível que ela seja formada por livros removidos de Praga por questões de segurança. Uma operação desse tamanho deve ter exigido uma logística considerável, dada a quantidade de livros, o que pode ter envolvido até a utilização de submarinos.
Uma vez na Noruega, o local escolhido para alojar o acervo foi a Sede da Ordem Maçônica, o Templo de Oslo. No processo de mover os livros para esse prédio, os títulos pertencentes a Ordem foram incorporados a coleção o que aumentou ainda mais seu tamanho. Todos os títulos foram marcados com um carimbo da Coleção Particular de Heinrich Himmler, e mantidos em segredo por muito tempo. De acordo com o tablóide Daily Mail, que citou o jornal Verdens Gang como sua fonte, a coleção ficou inacessível desde a última vez que ela foi catalogada em 1950.
Bjørn Helge Horrisland, um historiador da Ordem Maçônica norueguesa, contou ao Verdens Gang que seu pai esteve envolvido no processo de catalogar e identificar os títulos em duas ocasiões. Primeiro quando os nazistas trouxeram a coleção e depois no fim da guerra. "Muitos deles pertenciam a biblioteca da ordem maçônica em Oslo, outros tantos foram trazidos de fora", ele contou na entrevista.
"Os membros do Templo em Oslo foram perseguidos e alguns chegaram a ser torturados para revelar o nome de outros associados. O Major Vidkum Quisling era um colaborador nazista que foi incumbido de reprimir os irmãos. O Templo foi transformado em um Prédio para Oficiais e depois da Guerra permaneceu fechado até ser devolvido a Ordem em 1975".
A coleção de livros encontrados, totaliza cerca de 13,000 volumes, sendo que 6,000 pertenciam originalmente a Biblioteca maçônica. "Os nazistas não deram nenhuma chance dos maçons resistirem, basicamente eles se apropriaram da biblioteca e transferiram seus livros. Foi um roubo premeditado!".
A Biblioteca pessoal de Himmler começou a ser montada em 1935 com um forte ênfase em livros sobre ocultismo. Naquele mesmo ano, a Ahnenerbe Forschungs-und Lehrgemeinschaft (Sociedade de Pesquisa para a Herança Ancestral) foi fundada. Essa Unidade Especial, chefiada pelo próprio Himmler, era uma sub-divisão da SS, com objetivos específicos, entre os quais realizar escavações e obtenção de artefatos históricos ao redor do mundo. Não por acaso, eles eram conhecidos como "Arqueólogos da SS".
Outra atribuição da Ahnenerbe era localizar e coletar documentos versando sobre o tema bruxaria. Muitos desses documentos confiscados se referem especificamente a julgamentos de processos de alegadas feiticeiras ocorridos na Alemanha durante a Idade Média. Himmler acreditava que os julgamentos eram parte de uma conspiração religiosa movida pela Igreja Católica com o propósito de enfraquecer as raízes pagãs da Alemanha. No entender de Himmler, o povo alemão deveria retomar suas crenças originais e assumir sua identidade pagã abraçando as tradições nórdicas ancestrais. Existem teorias de que na iminência de uma vitória nazista, o Terceiro Reich baniria a fé católica substituindo-a gradualmente por princípios pagãos.
Trechos dos diários pessoais de Himmler relatavam que ele acreditava que mais de um dos seus ancestrais haviam sido executados pela Inquisição, acusados de bruxaria e heresia. O Chefe da SS, defendia ainda que sua família pertencia a um antigo clã composto por homens e mulheres devotados ao paganismo. Realmente, rituais de passagem dentro da própria SS, muitos destes, elaborados pelo próprio Himmler foram profundamente inspirados pelo paganismo germânico.
Himmler também acreditava que conhecimento do Oculto poderia ser usado em benefício do Terceiro Reich. A biblioteca não deveria ficar em Praga ou em Oslo, ela estava destinada a ser transferida para o magnífico Castelo de Wewelburg na Alemanha que também era a sede da Ahnenerbe. O ideal de Himmler era transformar o Castelo em uma Moderna Camelot, ali seria o centro de poder da SS e daquele ponto a autoridade de sua Tropa de Elite emanaria por toda Europa. Os Oficiais de confiança, viveriam em um vilarejo especialmente projetado para eles e suas famílias aos pés do Castelo. Os Oficiais seriam o equivalente aos Cavaleiros em uma nova Távola Redonda, devendo obediência a regras baseadas em ideais de Cavalaria.
Wewesburg foi alugado por Himmler em um contrato assinado em 1934 pelo prazo de 100 anos. O prédio triangular serviria como centro de operações de um ousado plano de governo. O Reich de mil anos. Dizem que quando Himmler tomou posse do Castelo, rituais pagãos que visavam consagrar o local, foram conduzidos ao longo de um mês inteiro. As vigas de sustentação do prédio e as torres receberam símbolos de proteção. Em 1939, um campo de trabalhos forçados foi estabelecido na área, chegando a hospedar 3,900 prisioneiros que trabalharam nos projetos. Cerca de 1200 morreram de fome ou esgotamento na tarefa de erguer o sonho negro de Himmler.
A megalomania do Segundo em Comando era tamanha que Wewesburg possuía até mesmo uma câmara subterrânea secreta localizada logo abaixo da Távola Redonda. Essa câmara, foi desenhada para guardar nada menos do que o lendário Santo Graal. A Ahnenerbe realizou buscas em toda Europa para determinar a localização do Cálice Sagrado, que segundo a doutrina nazista seria um artefato ligado aos Mitos Pagãos do povo Ariano.
Mas a loucura de Himmler e de seus seguidores chegou ao fim em 21 de maio de 1945, quando ele
foi capturado por tropas aliadas. Dois dias depois, ele cometeu suicídio ingerindo cápsulas de cianureto. Um dos homens mais poderosos da Europa foi enterrado em uma sepultura sem nome próximo de Lüneburg, Alemanha. A localização exata é desconhecida.
Os livros que pertenceram a Himmler serão agora examinados por estudiosos e futuramente devolvidos aos seus donos conforme a identificação for feita. O projeto de recuperação dos livros receberá fundos do Departamento de Economia da União Europeia e do Governo da Noruega.
Que segredos a Biblioteca Secreta de Himmler revelará a medida que seus mistérios forem desvendados, nós podemos apenas imaginar.
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Olha, se tivessem que criar o roteiro de uma aventura de Delta Green se passando no pós guerra, não poderia haver inspiração maior.
Essa estória praticamente se escreve sozinha envolvendo o que há de pior na história da Raça Humana e sua busca por poder e influência. Adicione a esse horror livros fictícios (alguém mencionou o legendário Necronomicom?) e temos uma estória perfeita para ser investigada por um comando de elite.
O mundo em que vivemos é um lugar muito estranho mesmo...
Já pode começar com o próprio Delta Green:
ResponderExcluirOperação SUMMER BREEZE (mai-jun1945) destruição arquivos da karotechia
Operação LUNACY (out-nov 1945) corrida para assassinar membros ocultistas do reich e seus arquivos (equivalente à PAPERCLIP dos cientistas nazistas)
Operação SOUTHERN HOSPITALITY (1947) eliminar membros da karotechia na argentina
Outra opção seria algo como Caçadores de Obras Primas mas voltado para os livros de ocultismo...
Nazistas como sempre sendo os melhores vilões sobrenaturais de todos os tempos
Seria legal dispor alguns dos títulos encontrados também. Matéria interessante.
ResponderExcluirei King vcj á ouviu falar em the sinking city?
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