quarta-feira, 6 de abril de 2011

Histórias Cthulhianas - Promoção da Editora Retropunk entra na sua Segunda Fase com o Caos Rastejante


A Editora Retropunk publicou o edital da segunda fase do concurso permanente HISTÓRIAS CTHULHIANAS.

O tema deste fascículo será o Caos Rastejante (sim, Nyarlathotep, caso você não saiba do que estamos falando...) e as inscrições poderão ser feitas até o dia 31 de maio de 2011 e o resultado será revelado até o dia 30 de Junho de 2011.

Os interessados em participar devem escrever um cenário para Rastro de Cthulhu que esteja dentro do tema dessa segunda fase.

Apenas lembrando que as aventuras devem ser originais, ou seja, não serão aceitas adaptações de aventuras já existentes.

Nyarlathotep... o caos rastejante... eu sou o último... eu falarei ao vazio ouvinte...

SE VOCÊ NÃO SABE QUEM É (O que é?) NYARLATHOTEP AQUI VAI UMA DICA:


"Gritantemente sensível, silenciosamente delirante, apenas os deuses poderiam dizer. Uma doentia, delicada sombra se contorcendo em mãos que não são mãos e precipitada cegamente por espectrais meias-noites d ecriação putrefata, cadáveres de mundos extintos com chagas que foram cidades, ventos sepulcrais que varrem as pálidas estrelas fazendo-as piscar. Além dos mundos, vagos fantasmas de coisas monstruosas, colunas entrevistas d etemplos ímpios repousando sobre inomináveis rochas abaixo do espaço e se lançandopara os vertiginosos vazios acima das esferas de luz e escuridão. E em todo esse repulsivo cemitério do universo, o enlouquecedor rufo surdo de tambores e o fino e monótono sopro de flautas vindo de câmaras escuras, inconcebíveis, além do tempo; o odioso rufo e sobro ao qual dançam vagarosamente, canhestramente e absurdamente os gigantescos, tenebrosos deuses supremos - as cegas, mudas, inconscientes gárgulas cuja alma é Nyarlathotep".

Nyarlathotep - H.P. Lovecraft

terça-feira, 5 de abril de 2011

Play Test de Rastro de Cthulhu - Cenário "O Sussurro na Floresta"


"Há algo nessa floresta... algo que sussurra quando a noite cai e a escuridão nos envolve como um manto de trevas indevassáveis".

Estas são as fotos da minha primeira aventura como Guardião de Rastro de Cthulhu. O jogo aconteceu na galeria da Point-HQ em Ipanema durantte o encontro de RPG do Saia da Masmorra.

Pessoalmente eu fiquei bastante satisfeito com essa primeira experiência com o sistema Gunshoe. Eu já havia jogado anteriormente e confirmei minha impressão inicial de que o sistema é realmente bastante tranquilo e corre sem grandes problemas. O mestre tem liberdade para improvisar e os jogadores conseguem resolver a maioria das situações com role play e uma breve olhada na ficha do personagem. É algo que valorizo muito em sistemas de RPG, o fato das regras não atrapalharem o role dos jogadores ou atrasar a tomada de decisões.

O jogo foi bem bacana... não vou falar muito a respeito do cenário para não entregar uma vez que enviei a aventura para o concurso da Retropunk.

O que posso dizer a respeito da aventura é que ela foi concebida como um cenário Purista, bem clássico, com investigação, mistério e uma boa dose de horror do Mythos.

O título do cenário é "O Sussurro na Floresta", ele se passa no ano de 1935 no interior do pequeno estado de Rhode Island, na Nova Inglaterra.

Os jogadores são indivíduos interessados em fenômenos sobrenaturais, contatados por um amigo que conhece suas habilidades lidando com esse tipo de assunto. Eles viajam até a pequena cidade de Shepherds Corner a fim de investigar uma inexplicável epidemia de suicídios. Pessoas estão se matando sem razão alguma e os bons cidadãos esperam que alguém descubra o que está acontecendo e se existe algo mais sinistro por trás dessas mortes.

Minha idéia foi tentar juntar elementos que tornassem o cenário ao mesmo tempo interessante para quem está mestrando/jogando Rastro pela primeira vez e atraente para os que já conhecem a ambientação ou que estão familiarizados com Call of Cthulhu. Acredito que tanto aqueles que estão em suas primeiras investigações do Mythos, quanto os veteranos se sentirão desafiados pela trama e encontrarão uma boa diversão nessa estória.

À seguir algumas fotos da mesa de jogo:

Ah sim, antes de tudo agradecimentos aos jogadores da mesa: Laura, Dani, os dois Gabriel e Romildo que participaram do jogo e do playtest.

Obrigado pela participação e espero que tenham se divertido sendo atormentados pelos horrores ancestrais tanto quanto eu me diverti interpretando essas forças de maldade incalculável.

Valeu pessoal!







Material de Jogo/ Handouts e Fichas

Apenas um adendo quanto às fichas de Rastro de Cthulhu. Eu sou muito chato com fichas de RPG, de um modo geral prefiro fazer as minhas próprias fichas com as informações que julgo mais importantes. Nada contra as fichas normais que constam no livro básico e que podem ser baixadas na página da Retropunk.

Essa versão das fichas foi feita pela minha esposa usando o Programa Excel.

Eu gostei muito da idéia do Tio Nitro que usou uma matriz semelhante a ficha com bolinhas connsagrada pelo World of Darkness. Ficou muito bom e tomei a liberdade de descaradamente "tomar emprestado" a idéia usando quadradinhos.

Os Handouts e mapas usados nesse cenário foram bem simplificados, para a versão final pretendo usar um material com uma produção mais caprichada.




Grupo de Investigadores - Os personagens da minha primeira aventura de Rastro de Cthulhu

Faz algumas semanas que mestrei meu primeiro cenário de Rastro de Cthulhu. O cenário em questão foi um playtest da aventura que enviei para a promoção "Histórias Cthulhianas" patrocinada pela Editora Retropunk.

Os personagens dos jogadores são um grupo de investigadores interessados em estudar e compreender o mundo oculto. A idéia é que eles formaram um pequeno grupo de estudo que se dedica a estudar fenômenos inexplicáveis por hobby e interesse acadêmico.

Divididos entre céticos e crentes, o grupo congrega diferentes idéias a respeito do mundo sobrenatural e com certeza as suas crenças serão desafiadas pelas revelações desse primeiro cenário onde eles descobrirão a existência das forças implacáveis do Mythos de Cthulhu.

Eis aqui o grupo:

Raymond Ashley-Bartlet
Antiquário e colecionador de objetos de arte

Motivação: Arrogância

Histórico: A Família Bartlet está no ramo das antiguidades há três gerações sempre oferecendo o que há de mais curioso e inusitado. Seu avô montou a loja onde Raymond trabalha no centro de Boston, a "Bartlet Antiques".

A loja negocia todo o tipo de itens (desde mobília até objetos de arte), mas é realmente conhecida entre os estudiosos das ciências arcanas por oferecer livros e artefatos ligados ao ocultismo. Vários livros famosos passaram pela loja indo parar em coleções privadas.

Raymond possui uma coleção de livros raros, primeiras edições de importantes publicações em seu acervo que são raramente compartilhados com seus colegas. Sua paixão pelos livros só é superada pelo zelo com que trata sua valiosa coleção e pelo fascínio pelo estudo do mundo oculto.

As reuniões do Grupo de Estudos costumam ocorrer no escritório da Loja de Antiguidades, um local tranquilo e afastado de olhos curiosos. Raymond demonstra maior interesse e conhecimento sobre o mundo oculto que os seus colegas e está disposto a colocar à prova tudo o que leu em seus antigos tomos. Embora seus amigos o considerem um tipo arrogante (e em alguns momentos irritante), já se acostumaram com seu ego.

Habilidades Investigativas: Antropologia 1, Arqueologia 1, Arquitetura 1, Criptografia 2, História 2, História da Arte 1, Idiomas 4 (Grego, Latim, Alemão e Francês), Ocultismo 3, Psicologia 1, Usar Biblioteca 2, Avaliar Honestidade 1, Barganha 2, Crédito 2, Coletar Evidência 2, Ofício (restauração) 1

Habilidades Gerais: Armas Brancas 2, Armas de fogo 6, Atletismo 5, Briga 4, Condução 4, Equitação 1, Fuga 3, Ocultação 4, Perseguição 1, Pilotagem 1, Precaução 6, Primeiros Socorros 2, Psicanálise 4, Punga 1, Sentir Perigo 4

Vitalidade 9, Estabilidade 9, Sanidade 6

William Erwin "W.E" Fairbanks
Autor e Escritor em busca de uma grande estória

Motivação: Curiosidade

Histórico: William é o que se pode chamar de autor em busca de sua grande estória. Disfarçando seu interesse pelo oculto em estórias de suspense e horror ele obteve certo reconhecimento entre leitores de ficção fantástica escrevendo para revistas especializadas como a Weird Tales.

Seu interesse pelo submundo do ocultismo o levou a pesquisar sobre tradições mágicas, rituais e cultos ancestrais que ainda estariam em atividade, agindo nas sombras das grandes cidades.

William se infiltrou em um destes cultos agindo em Nova York e presenciou rituais bizarros que o deixaram ao mesmo tempo aterrorizado e fascinado. Ele vem coletando evidências desses cultos e planeja em breve escrever um livro sobre o assunto.

William é um leitor voraz e um pesquisador competente. Quando mergulhado em uma investigação ele se compromete a ir até as últimas consequências para aplacar sua curiosidade.

Habilidades Investigativas: Antropologia 1, Geologia 1, História 2, Idiomas 1 (Latim), Ocultismo 2, Teologia 1, Usar Biblioteca 2, Avaliar Honestidade 2, Bajulação 2, Convencimento 1, Crédito 1, História Oral 1, Intimidação 1, Trato Policial 1, Arte (Escrever) 1, Coletar Evidência 2, Sobrevivência 1

Habilidades Gerais: Armas Brancas 1, Armas de Fogo 3 Atletismo 4, Briga 3, Condução 1, Disfarce 6, Guga 3, Futividade 7, Ocultação 4, Perseguição 2, Precaução 2, Primeiros Socorros 2, Psicanálise 2, Punga 2, Sentir Perigo 5

Vitalidade 7, Estabilidade 10, Sanidade 8

Charlotte Granger\

Determinada Detetive Particular
Motivação: Provar seu Valor (como mulher)

Histórico: Charlote é a filha de Mike "Bull" Granger um detetive durão de Boston. Ela foi educada pelo pai depois que sua mãe faleceu e teve uma criação no mínimo pouco convencional. Ainda menina, Charlotte ajudava o pai a fazer tocaias e investigar cenas de crime. Ela aprendeu todo tipo de truque da profissão e descobriu que era muito boa bisbilhotando e descobrindo os segredos das pessoas.

Quando o velho "Bull" morreu há uns cinco anos, Charlotte herdou a agência, disposta a continuar a tradição de família. Infelizmente nem todos os clientes ficam satisfeitos em encontrar uma mulher em um trabalho predominantemente masculino. Por essa razão ela costuma se identificar apenas como "C. Granger". Independente de sexo, Charlotte é uma detetive de primeira disposta a provar que é tão (ou mais eficiente) que qualquer olho vivo de Boston.

Habilidades Investigativas: Contabilidade 1, Direito 1, História 1, Idiomas (Espanhol) 1, Psicologia 1, Usar Biblioteca 1, Avaliar Honestidade 2, Bajulação 2, Convencimento 2, Crédito 2, História Oral 1, Manha 1, Arrombamento 1, Coletar Evidência 2, Fotografia 2.

Habilidades Gerais: Armas Brancas 1, Armas de Fogo 7, Atletismo 8, Briga 4, Condução 2, Disfarce 6, Fuga 3, Furtividade 6, Ocultação 4, Perseguição 6, Precaução 2, Primeiros Socorros 3, Punga 4, Reparos Elétricos 1, Reparos Mecânicos 1, Sentir Perigo 5

Vitalidade 8, Estabilidade 7, Sanidade 5


Dr. James Hough Griffin
Dedicado Médico

Motivação: Altruísmo (ajudar quem precisa)

Histórico: James descobriu sua vocação para ajudar os outros durante os dias negros do surto de gripe espanhola que varreu Boston em 1912. Ele foi voluntário nas tendas improvisadas que tratavam dos doentes.

Recebeu então uma bolsa de estudos e conseguiu se formar em Medicina. Ele trabalhou na Cruz Vermelha Internacional tendo viajado para a América Central ajudando em campos de refugiados.

Em 1929 ele voltou para os Estados Unidos, casou e passou a trabalhar no Hospital Central. Atualmente ele leciona para os alunos residentes do Hospital Central de Boston.

Seu interesse no oculto se resume a uma curiosidade relacionada ao espiritualismo, vidas passadas e regressão. Ele também é um entusiasta de psicologia clínica.

Habilidades Investigativas: Contabilidade 1, Biologia 2, História 1, Idiomas (Espanhol e Latim) 2, Criptografia 1, Medicina 4, Psicologia 2, Usar Biblioteca 1, Avaliar Honestidade 2, Convencimento 2, Crédito 4, História Oral 1, Ciência Forense 2, Coletar Evidência 1, Farmácia 3

Habilidades Gerais: Armas Brancas 2, Armas de Fogo 2, Atletismo 4, Condução 1, Futividade 3, Ocultação 3, Precaução 6, Primeiros Socorros 8, Psicanálise 6, Reparos Elétricos 1, Sentir Perigo 5.

Vitalidade 8, Estabilidade 10, Sanidade 8

Edmond Stanhope Professor de História especialista no Período Colonial

Motivação: Intelectual

Histórico: Edmond é o filho mais novo de um pastor luterano de Vermont. A história de sua família pode ser traçada até o período colonial. Desde jovem ele se sentiu dividido entre as suas crenças religiosas e a vida acadêmica.

Ele recebeu uma bolsa para estudar em Harvard e se formou com louvor. Sua tese final foi a respeito da Caça às Bruxas no Período Colonial assunto que ele defendeu com conhecimento de causa já que seu tataravô foi um Juiz durante o período.

Depois de se formar ele lecionou brevemente em Harvard até se transferir para a Colúmbia. Atualmente trabalha como acessor do Diretor do Departamento de História Americana na Universidade.

Noivo de Christina Valent, uma ex-colega e herdeira de uma tradicional família da Pennsylvania ele planeja se casar no próximo ano e reformar a antiga casa de seus pais próxima do Lago Chatahuach.

Tem grande interesse em folclore e superstições e é um democrata convicto com aspirações para a política no futuro.

Habilidades Investigativas: Antropologia 2, Arqueologia 3, Arquitetura 1, Criptografia 1, Geologia 1, História 4, História da Arte 1, Idiomas (Latim e Francês) 2, Ocultismo 1, Usar Biblioteca 3, Psicologia 1, Avaliar Honestidade 1, Burocracia 1, Convencimento 1, Crédito 3, História Oral 1, Coletar Evidência 1

Habilidades Gerais: Armas Brancas 1, Armas de Fogo 2, Atletismo 4, Condução 1, Equitação 2, Fuga 4, Ocultação 4, Precaução 7, Primeiros Socorros 4, Psicanálise 3, Reparos Elétricos 1, Sentir Perigo 5

Vitalidade 7, Estabilidade 8, Sanidade 8

domingo, 3 de abril de 2011

O Manuscrito Voynich - Lendas, Rumores e Boatos sobre o mais enigmático manuscrito do mundo.

Na Biblioteca Beinecke reservada para os livros mais raros de Yale encontra-se o mais enigmático manuscrito do mundo. Classificado como Manuscrito 408, trata-se de um livro com aproximadamente nove polegadas de comprimento e 235 páginas (embora algumas páginas tenham se perdido). A escrita usada no documento é única e suas páginas são ilustradas com uma infinidade de gravuras e diagramas: plantas, mulheres nuas em banhos públicos, mapas astronomicos, fórmulas químicas e outros temas curiosos.

O Manuscrito Voynich tornou-se o foco de intensa discussão acadêmica desde sua descoberta, e alguns dos melhores criptógrafos do mundo vem tentado inutilmente quebrar seu código secreto há décadas. Ao longo de sua história, "o mais misterioso manuscrito do mundo" teve sua origem muito debatida entre estudiosos. A verdade é que até hoje ninguém sabe precisar quem teria escrito o Manscrito, qual o idioma usado e quais os segredos que ele guarda.

O Manuscrito nos Tempos Medievais

A primeira menção conhecida ao Manuscrito Voynich surgiu na Corte de Imperador Rudolph II do Sacro Império Romano Germânico. Rudolph (1552-1612) era um governante fraco que manteve o poder apenas até os arquiduques Hapsburgos retirarem seu apoio e o substituir pelo seu irmão Mathias. Para Rudolph assuntos de Estado eram muito menos importantes que ciência e alquimia. Sua corte em Praga se tornou a capital para homens letrados, estudiosos - incluíndo o astrônomo Johannes Kepler - e charlatães de toda a Europa. Todos buscavam o favor do Imperador que cobria seus cientistas favoritos com riqueza.

Foi nessa época que Rudolph II adquiriu o Mauscrito Voynich, comprado de um vendedor desconhecido pelo montante de 600 ducados - uma quantia inacreditável para um livro que ninguém era capaz de ler. Fontes afirmam que o Imperador acreditava que o livro fora escrito por Roger Bacon (c. 1220-1292), um famoso monge inglês.


Roger Bacon era um grande pensador e passou a maior parte de sua vida estudando a filosofia, ciência e alquimia. Ele fez relativamente poucas descobertas científicas (embora ele tenha investigado a natureza da luz e proposto o uso de pólvora para a guerra), mas é melhor conhecido por suas idéias inovadoras na criação de um procedimento de experimento como forma de descoberta.

Alguns historiadores afirmam que Bacon além de ser um alquimista era também um mago, envolvido com magia e evocação de anjos. Seus pontos de vista incomuns e rivalidade com seus colegas acadêmicos lhe renderam muitos inimigos e no final da vida ele foi preso por razões desconhecidas.

Entre seus trabalhos mais importantes despontam Opus Major, Opus Minus e Opus Tertius que são consideradas obras essenciais na história das ciências. Muitos estudiosos afirmam entretanto que o Manuscrito Voynich não foi escrito por Bacon.

Não há menção nenhuma a esse livro em sua biografia e uma obra desse tamanho sem dúvida chamaria a atenção. Bacon tinha conhecimento de criptografia - aliás como boa parte dos estudiosos da época - mas se o documento foi escrito com um alfabeto codificado, trata-se de algo muito mais complexo do que qualquer código secreto empregado no Século XIII.

Alguns apontam para uma inscrição no livro que identificaria Bacon como o verdadeiro autor, mas tudo indica que esse trecho tenha sido o trabalho inteligente de um falsário. Um livro creditado a Bacon, afinal de contas, teria grande valor. Outras evidências contidas nas págians do manuscrito, tais como diagramas do que parecem ser plantas do Novo Mundo, sugerem que o Manuscrito Voynich não pertence a época de Roger Bacon.

Se o Mauscrito não é um trabalho de Roger Bacon, então quem é o responsável por ele? É possível que o responsável seja outro indivíduo extremamente enigmático, o médico e mago da Rainha Elizabeth I, John Dee (1527-1608).

Entre 1584 e 1588, Dee visitou Praga várias vezes como convidado de Rudolph II. Sabe-se que Dee tinha muito interesse em Criptografia, e possuía uma grande coleção de livros que pertenceram a Roger Bacon em sua biblioteca. Além disso, durante sua estadia em Praga, Dee mencionou em um de seus diários o pagamento de 630 ducados, aproximadamente o mesmo valor desembolsado por Rudolph II para comprar o livro.

Alguns também afirmam que a caligrafia usada para numerar as páginas do livro é muito semelhante a letra de Dee. Então seria possível que o manuscrito tivesse chegado às mãos do Imperador através de Dee.

Após seu surgimento em Praga, o manuscrito se tornou conhecido na corte. Testes revelaram que a assinatura de Jacobus de Tepenecz, um botânico e alquimista à serviço de Rudolph II, está na primeira página do livro. Acredita-se que o Imperador tenha emprestado o livro a Tepenecz por volta de 1610 para que ele tentasse traduzir suas páginas e que por ocasião da morte de Rudolph o livro tenha ficado com o botânico.

Ele então passou por várias pessoas, até ser deixado como herança para um filósofo italiano chamado Joannes Marcus Marci (1595-1667). Pouco antes de morrer, Marci enviou o manuscrito para seu amigo Athanasius Kircher (1602-1680). Kircher foi o criador da "Lanterna Mágica" (um tipo de ancestral do projetor de slides) e era considerado um expert em criptografia. Ele tentou sem sucesso decodificar o Manuscrito Voynich e antes de sua morte o livro desapareceu sem deixar vestígios.

A Redescoberta

Em 1912, um negociante de livros raros chamado Wilfrid M. Voynich encontrou o manuscrito oculto no fundo de um antigo baú em Frascati, Itália. O livro estava junto com outros volumes que traziam o carimbo de bibliotecas particulares de casas nobres italianas. Como ele apareceu na Itália ninguém sabe ao certo. Voynich já havia ouvido falar a respeito do Manuscrito e ansioso por desvendar o mistério enviou cópias do alfabeto misterioso para experts em criptografia. A maioria afirmou que seria capaz de quebrar o código rapidamente, mas nenhum deles conseguiu obter sucesso.

A primeira das muitas "soluções" para o mistério apareceu em 1921, quando o Professor William Romaine Newbold da Universidade da Pennsylvania alegou ter decifrado o enigma. O primeiro estágio para desvendar o código, de acordo com Newbold, era compreender que cada letra do misterioso alfabeto era uma corruptela de um alfabeto grego antigo. Para decifrar o texto, era necessário submeter as palavras a um complicado processo envolvendo duplicar letras, usar pares de palavras para criar novos símbolos, alterar a fonética e re-arranjar as letras em uma sequência específica (entendeu? pois é, nem eu!).

Os estudiosos concordaram que era um processo extremamente complicado e lançaram dúvidas sobre sua validade. Newbold anunciou que o Manuscrito Voynich havia realmente sido escrito por Roger Bacon (como supunham alguns) e que o conteúdo era incrível. Segundo a versão de Newbold, Bacon tinha vasto conhecimento de fatos científicos que apenas seriam descobertos séculos depois, tais como a existência da Nebulosa espiralada de Andromeda, a construção de lentes para observação astronômica e o processo de criação de ligas metálicas. A descoberta deveria ser uma das mais significativas da história e colocaria Bacon entre os maiores cientistas de sua época, talvez de todos os tempos.

Newbold morreu em 1927, e seu trabalho "O Código de Roger Bacon" foi publicado no ano seguinte. Após a euforia, muitos estudiosos começaram a expressar suas dúvidas a respeito do processo empregado por Newbold.


O maior crítico da teoria era John M. Manly, que demoliu as alegações de Newbold em um artigo escrito em 1931 e publicado no Speculum, uma respeitada revista sobre estudos medievais. Manly começou apontando que o suposto alfabeto grego pouco conhecido era na verdade o resultado do clareamento natural da tinta que estava se apagando.

Ele comentou que mesmo se o alfabeto tivesse existido, o sistema de Newbold de re-arranjar as letras poderia gerar centenas de traduções possíveis de cada trecho. Além disso, os textos traduzidos por Newbold continham uma série de erros históricos, e muitos deles pareciam ser produto da imaginação do professor.

Com a publicação desse artigo bombástico, o patrocínio ao programa que visava decifrar o manuscrito desapareceu. Com o passar dos anos, novas teorias emergiram. Joseph Feely apresentou sua "decifração" mediante análise das gravuras e uso de latim abreviado.

Leonell Strong acreditava que o livro era um tratado sobre ginecologia escrito em um alfabeto inglês arcaico. Robert Brumbaugh afirmava ter solucionado o enigma sobre as legendas em algumas ilustrações, mas não conseguiu traduzir o texto principal, o que o levou a concluir que o livro era escrito com mais de um código criptográfico. Um dos mais recentes exemplos de esforço para decifrar o livro foi feito por Leo Levitov que afirmava ser o livro um Manual Litúrgico usado pelos Cátaros - um secto religioso cristão considerado herético na Idade Média. Levitov acreditava que o livro havia sido escrito em um alfabeto secreto usado pelos patriarcas cátaros que haviam sido exterminados durante a perseguição religiosa. No final das contas, nenhuma das soluções foi capaz de solucionar o mistério.

Voynich faleceu em 1930, e sua viúva manteve o livro até 1960. Por algum tempo ele ficou em poder de A. M. Nill, um sócio de Voynich que o vendeu em 1961 para o negociador de livros Hans P. Kraus. Kraus tentou vender o livro por uma quantia astronômica, mas ninguém teve interesse de adquiri-lo. Frustrado ele resolveu doar o volume misterioso para a Biblioteca Beinecke de Yale.

O manuscrito ainda atrai muita atenção do público. Mesmo depois de tantos anos de esforços por criptógrafos, não é possível sequer afirmar qual o idioma usado em suas páginas. Alguns acreditam que a maior parte dos textos são compostos de um alfabeto falso e que apenas alguns trechos realmente poderiam ser decifrados. Outros defendem que o livro foi escrito por alguém tentando criar um idioma artificial, ou quem sabe ele tenha sido concebido como um elaborado trabalho de arte.

Muitos especialistas em criptografia que lidaram com o Manuscrito Voynich acreditam que não existe uma tradução coerente, entretanto novas gerações ainda tentarão decifrar os mistérios antes dese darem por vencidos.

Colin Wilson, O Manuscrito Voynich e o Necronomicon

Antes de tudo é preciso deixar uma coisa bem clara. O Necronomicon nunca existiu, trata-se de uma obra de ficção inventada por H.P. Lovecraft. Mas é impressionante quantas pessoas acreditam (ou pior) querem acreditar que ele existiu - ou ainda existe.

O Documento Voynich por algum tempo ofereceu a esses defensores de teorias conspiratórias um alento e uma possibilidade de que o famoso livro blasfemo seria na verdade o próprio Manuscrito Voynich escrito em um idioma secreto para preservar assim os seus segredos profundos.

O elo entre esses dois misteriosos tomos - Voynich e o Necronomicon - foi levantado primeiro pelo escritor britânico e membro do Círculo lovecraftiano Colin Wilson. Wilson tratou a ficção de Lovecraft de forma bem crítica em seu livro "The Strength to Dream", e escreveu seu primeiro conto envolvendo o Mythos, "The Mind Parasites", em resposta a um desafio de August Derleth para que ele escrevesse no estilo consagrado por Lovecraft.

Wilson escreveu relativamente poucas estórias sobre o tema, mas muitos fãs consideram seus contos clássicos do gênero. A primeira vez em que Wilson mencionou o Manuscrito Voynich foi no conto "The Return of the Lloigor", publicado pela editora Arkham House, na antologia "Tales of the Cthulhu Mythos".

O protagonista de "Return" é o Professor Paul Lang da Universidade da Virginia. No conto, um conhecido do Professor lhe envia uma fotocópia do Manuscrito Voynich, que estava em poder da Universidade de Pennsylvania (na época ele estava sendo examinado por Newbold). Enquanto Lang está fazendo uma cópia, ele conhece um fotógrafo profissional, que está trabalhando em uma série de fotografias coloridas do mauscrito. O professor percebe que existem linhas desbotadas no manuscrito original que aparecem nas fotografias, preenchendo estas linhas ele consegue formar palavras que tornam possível decifrar o manuscrito. Ele logo descobre que o livro foi escrito em árabe - ou melhor em Grego, usando o alfabeto árabe. Quando finalmente termina o trabalho, conclui que o manuscrito foi escrito por um certo Martin Gardner e é a compilação de outro manuscrito mais antigo identificado como "um completo relato científico do universo" ou "um documento medieval a respeito de magia, ciência e especulação pré-Copérnica".

O Professor Lang não tem nenhum conhecimento a respeito do Necronomicon, e é surpreendido ao saber que Lovecraft supostamente o inventou. Ele percebe que há elementos no Manuscrito Voynich que se referem a ficção inventada por Lovecraft e Arthur Machen (um autor galês de fantasia que influenciou Lovecraft), e desenvolve uma teoria de que os escritores teriam lido uma outra cópia do mauscrito em suas carreiras. Ele é incapaz de determinar quando Lovecraft teve acesso ao texto, mas descobre que Machen pode ter lido um texto semelhante em suas pesquisas em Lyon ou Paris, onde tal documento estaria em poder de um Círculo de Satanistas.

Lang decide procurar pelo Manuscrito em Melincourt, cidade natal de Arthur Machen. Após chegar ao interior do País de Gales, o professor acaba se envolvendo com uma conspiração engendrada por entidades inumanas conhecidas como lloigor. O que levou Colin Wilson a relacionar os dois livros? A melhor teoria é que em algum momento da história do Necronomicon e do Manuscrito Voynich, ambos estiveram ligados a John Dee.

Na vida real, John Dee pode ter sido o responsável por vender o Manuscrito ao Imperador Rudolph II, e na ficção lovecraftiana, Dee é o responsável pela tradução do Necronomicon para o idioma inglês. A única falha nessa hipótese é que Wilson não menciona Dee em momento algum de seu conto.

Wilson aborda novamente o Manuscrito Voynich no final de sua novela "The Philosopher's Stone". Ao longo da trama, Howard Lester e seu colega Sir Henry Littleway aprendem a usar suas faculdades psíquicas para evitar os efeitos do tempo e desenvolver capacidades mentais notáveis. A medida que eles obtém êxito em suas experiências, eles passam a ser perseguidos por uma série de calamidades. Os dois quase morrem em um acidente automobilístico, o irmão de Littleway, é acusado de agredir uma mulher e estudiosos que eram amigáveis se tornam hostis.

Lester eventualmente percebe que esses acontecimentos estão ligados ao controle mental exercido por entidades conhecidas como Os Grandes Antigos. Eles então começam a pesquisar a respeito desses seres, e durante sua busca pela mitologia do Mythos ficam sabendo a respeito de Lovecraft e Necronomicon.

Certa noite, Lester descobre que Roger Littleway estabeleceu contato mental com os Antigos. Osdois ficam sabendo através desse contato que um volume verdadeiro do Necronomicon está escondido na Biblioteca da Universidade da Pennsylvania sob um nome falso. Quando eles chegam ao lugar encontram o sobrinho do Professor Paul Lang (do conto "Retun of the Lloigor") que revela ser o Manuscrito uma versão do Necronomicon. Seguindo as indicações de Lang, eles começam a traduzir o livro. O mais tenebroso dos aspectos do Manuscrito Voynich, entretanto não é o texto em si. Ao manipular o livro, Lester e Littleway descobrem que desenvolveram psicometria - a faculdade psíquica que permite ler a história de objetos pela manipulação dos mesmos. A leitura do Manuscrito faz com que eles terminem por quase despertar um dos poderosos Antigos que estava hibernando.

O boato sobre a suposta conexão entre "O Manuscrito Voynich e o Necronomicon" pode ser atribuído a dois fatores. A ficção de Colin Wilson; "Return" apareceu primeiro em Tales of the Cthulhu Mythos, talvez a mais importante antologia escrita sobre o Mythos de Cthulhu. E ao estilo de Wilson, que consegue a façanha de misturar fato e ficção de tal forma que é difícil separar um do outro. Lovecraft também dominava essa técnica, mas Wilson consegue inserir elementos tão verossímeis que a realidade e ficção se fundem nas suas tramas.

Um leitor desinformado ao saber da existência do Manuscrito Voynich pode supor que o Necronomicon também existe. Wilson parecia estar ciente do que havia criado. Certa vez, ele comentou que recebia frequentemente cartas de leitores que afirmavam possuir exemplares verdadeiros do Necronomicon ou que haviam quebrado o código Voynich e descoberto que o autor estava certo. Percebendo o boato que havia iniciado, Wilson pediu que seus editores publicassem um comentário nas edições em que suas estórias fossem publicadas, informando aos leitorres que o Manuscrito Voynich real jamais havia sido traduzido.

De pouco adiantou. Ficção se misturou de tal maneira à realidade que muitos hoje em dia acreditam não apenas que o Necronomicon existe, mas que o Manuscrito Voynich é verdadeiramente uma cópia da "Bíblia do Mythos". Teoristas da conspiração afirmam ainda que especialistas em criptografia conseguiram traduzir o Manuscrito na íntegra, mas que o segredo contido em suas páginas é tão tenebroso, tão assustador que os acadêmicos julgaram necessário censurar sua divulgação para o público em geral.

A verdade provavelmente só saberemos se um dia o Manuscrito Voynich for realmente decodificado. Infelizmente até o momento não houve progresso nesse sentido e o Manuscrito permance como um dos grandes enigmas do mundo.

Com base no texto de Dan Harms

Achou interessante? Leia também:

O Codex Gigas, a Lenda da Bíblia do Diabo:

http://mundotentacular.blogspot.com.br/2012/07/a-biblia-do-diabo-o-lendario-codex-giga.html

Verdades e Mentiras sobre o Necronomicon:

http://mundotentacular.blogspot.com.br/2012/02/verdades-e-principalmente-mentiras.html

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Manuscrito Medieval próximo de ser decifrado!


Notícia sensacional essa!

Associated Press - O segredo de um dos mais misteriosos e intrigantes documentos medievais pode estar finalmente prestes a ser desvendado. Especialistas em idiomas e criptografia da Universidade de Yale nos Estados Unidos e linguistas da Universidade de Lyon na França, afirmam ter decifrado o código oculto no enigmático Manuscrito Voynich um livro único, escrito em um idioma até então desconhecido.

Segundo os especialistas o curioso alfabeto curvelíneo no qual o documento foi originalmente escrito é uma variação pouco conhecida do Devanagari, o alfabeto usado no idioma sânscrito.

Recentemente foram encontrados em escavações na Ásia Menor tábuas que permitiram fazer uma relação linguística dessa variação com o grego clássico.

"É possível que essas tábuas tenham sido usadas por comerciantes ou mensageiros na antiguidade, assim como a famosa Pedra de Roseta que permitiu traduzir os hieróglifos do antigo Egito" explicou o professor Henry Targieam da Universidade de Yale, um dos chefes da equipe que está realizando os trabalhos.

"As tábuas continham algumas palavras e a tradução aproximada em grego clássico. Foi um longo trabalho para relacionar as fontes, mas estamos satisfeitos em anunciar que tivemos êxito, ainda que o processo de tradução não tenha sido concluído".

O Manuscrito Voynich sempre foi tratado como um grandioso enigma medieval. Trata-se de um curioso volume descoberto em 1912 pelo livreiro Wilfred Voynich, cujo conteúdo distribuído ao longo de 234 páginas jamais foi decifrado. Segundo os rumores ele teria sido escrito pelo erudito inglês Roger Bacon no século XIII. Bacon ficou conhecido pelos estudos e experiências relacionadas às artes mágicas e era tido como uma espécie de cientista ou mago em sua época. O manuscrito teria chegado às mãos de outra figura famosa no mundo do ocultismo, o médico da Rainha Elizabeth I, John Dee, que o teria presenteado ao Imperador Rodolfo II por volta de 1584.

O conteúdo do Manuscrito sempre foi objeto de controvérsia. Para alguns estudiosos ele seria o diário secreto de Bacon enquanto outros apostavam que ele seria o livro onde o filósofo anotava suas experiências em um idioma próprio a fim de afastar curiosos e censores religiosos. John Dee teria conseguido decifrar trechos do Manuscrito usado como base em seus compêndios ocultos. Mas nenhuma dessas suposições jamais foi confirmada.

O Professor Targieam preferiu não comentar sobre os trechos já traduzidos do Manuscrito, o conteúdo será revelado quando todo o trabalho for concluído. Uma das metas é terminar a tradução no centenário da descoberta do Manuscrito em Fevereiro de 2012.

Ele, no entanto, adiantou que o Manuscrito versa sobre folclore e uma peculiar mitologia antiga, da qual se sabe muito pouco ainda.

"A revelação do conteúdo do Manuscrito Voynich será um acontecimento de suma importância e temos certeza que receberá a devida atenção da comunidade acadêmica". disse o professor.

Enquanto isso podemos apenas aguardar ansiosamente por mais notícias.