É um fato conhecido que o estudo de Objetos Voadores Não-Identificados (OVNIs) teve início pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Contudo, há registros de notícias fantásticas sobre vida extraterrestre e fenômenos cósmicos muito antes. Alguns dos principais fenômenos nesse campo envolviam luzes misteriosas e "naves voadoras" que começaram a se popularizar em meados de 1890, mas mesmo antes surgiam notícias incríveis.
Entre as anomalias mais frequentes, reportadas nesse período anterior a era moderna, figura um curioso fenômeno. Astrônomos, tanto profissionais quanto amadores, desde 1821, mencionavam uma estranha luminosidade, emanando da Cratera Aristarcus, localizada na face noroeste da lua terrestre.
Hoje em dia, é possível que objetos criados pelo homem sejam colocados em órbita e possam emitir brilho intermitente, mas esse não era o caso em 1821... o brilho visto na Cratera Aristarcus era diferente de tudo. Um mistério inexplicável que desafiava a ciência e fomentava muita discussão entre cientistas. Mas qual seria a fonte daquela luz misteriosa observada em tantas oportunidades?
O mais antigo registro da observação de luzes na Cratera Aristarcus, aparece nas anotações do Capitão William Kater, da Marinha Real Britânica. Kater observou o fenômeno nas noites de 4 e 7 de fevereiro de 1821. Segundo ele, enquanto realizava observações da face noroeste da luz, chamou sua atenção um insistente brilho vindo da superfície lunar. Focalizando sua luneta no mesmo ponto, o Capitão verificou que a luminosidade oscilava em padrões e parecia ter origem artificial. No mesmo período, na Costa Leste dos Estados Unidos, um certo Dr. Scott Olbers, um astrônomo amador residente de Boston, conduziu observações similares do mesmo fenômeno: "Um brilho insistente podia ser visto nas noites entre 4 e 6 de fevereiro, na face da Lua", escreveu ele em seu diário de observação.
Relatos continuariam a surgir ao longo da década de 1830, com ao menos duas anotações efetuadas por astrônomos notáveis em sua época. Em 22 de dezembro de 1835, Francis Bailey percebeu o fenômeno na Cratera Aristarcus e escreveu um extenso relatório sobre a observação que ele tratou como uma notável descoberta. Em seu documento, Bailey afirmava que ao menos outros 12 astrônomos haviam observado o mesmo fenômeno anteriormente e que as estranhas luzes emanando de Aristarcus eram, então, conhecidas pela comunidade científica.
Cinco décadas mais tarde, em meados de 1880, o conceituado astrônomo francês Etienne Trouvelot descreveu ter visto, "algo como um cabo luminoso, ou como uma parede resplandecente" iluminando do interior da mesma cratera lunar. Em 1887, Jacob Steinner na Alemanha, enxergou uma espécie de claridade bastante semelhante a luz de chaminés industriais se erguendo da cratera. Segundo ele, tal luz não poderia ter origem natural, constituíndo o que ele julgou ser um fenômeno artificial gerado por algum agente desconhecido. Seguiu-se um novo período de tempo, até que em 1915 a cratera Aristarcus chamou mais uma vez a atenção dos observadores:
Richard Diekel, um importante astrônomo, célebre pelas suas descobertas dos canais de Marte, escreveu um artigo no qual mencionava a observação de uma estrutura luminosa, "similar a uma muralha de energia brilhante", na borda interior da Cratera Aristarcus. Nas palavras de Diekel, a construção não podia ser algo criado pela natureza, constituindo "sem sombra de dúvida, algo artificial que parecia ser deliberadamente acionado".
As suposições dos cientistas variavam, alguns davam à notícia grande importância, mas por alguma razão, a comunidade científica em geral desqualificava os estudiosos que se concentravam no mistério. Diekel chegou a ser chamado de "lunático" em um congresso ocorrido em 1916, apenas por cobrar de seus colegas a busca por uma explicação para o fenômeno.
O interesse pela anomalia aparentemente diminuiu, até ser redescoberto em 1959, quando E.H. Rowe, do Observatório de Plymouth revelou que entre 13 e 17 de agosto daquele ano ocorrera uma estranha atividade luminosa na Face Noroeste da Lua, uma área mapeada que correspondia a Cratera Aristarcus. Rowe escreveu em seus registros: "Enquanto observava a lua com um telescópio de 36 polegadas minha atenção foi direcionada para a Cratera Aristarcus. Era algo extremamente brilhante; uma luz branca em cor".
Mas isso não foi o mais impressionante, na mesma data, um colega de Rowe chamado Edgar Tillbury que trabalhava em um Observatório na Pensylvania, testemunhou o seguinte fenômeno anotado em seu diário:
"Fui surpreendido por um delicado brilho ambar-avermelhado na superfície da lua nos arredores de Aristarcus, uma linha luminosa que parecia se definir com uma coloração branca opalescente e que permaneceu visível por longos minutos. Depois, ela desapareceu e nenhum traço pode ser visto até três dias depois, quando surgiu uma vez mais".
Esta foi a primeira menção a uma luz de coloração avermelhada ou âmbar surgindo em Aristarcus, mas outras se seguiram posteriormente. Quatro anos mais tarde, durante um período de quase um mês, entre 27 de outubro de 1963 e 25 de novembro, dois aglomerados de luzes avermelhadas foram observadas por astrônomos do Observatório de Lowell ao norte da Cratera de Herodotus. Na noite do dia 27 de novembro, estas manchas avermelhadas foram vistas também como uma formação linear, emergindo da Cratera Aristarcus, conforme reportado por mais de cinco observatórios espalhados ao redor do mundo.
Um astrônomo no Planetário Rakurakuen em Hiroshima, no Japão registrou o mesmo acontecimento duas semanas depois, ele descreveu as linhas surgindo no interior de Aristarcus com uma tonalidade rósea-avermelhada conforme publicação na Revista Sky and Telescope de dezembro de 1963. A luminosidade, segundo o Observatório japonês se erguia de Herodotus e se dirigia para Aristarcus de forma muito clara, como uma linha reta e luminosa, semelhante a uma estrutura como um muro ou um fio condutor.
No ano seguinte, astrônomos no Goddard Space Flight Center também testemunharam o surgimento de luzes avermelhadas em Aristarcus. Os observadores nessa ocasião em particular eram Saul Genatt, diretor da instalação de Observação Optica e um técnico de eletrônica chamado Edwin Reid. A narrativa dos dois foi tão detalhada, que apareceu em várias revistas importantes, como a Understanding:
"O Sr. Genatt contou que utilizou nessa observação um telescópio de 16 polegadas e que através dele conseguiram perceber duas linhas avermelhadas sob a porção mais ao sul da cratera e uma linha de tonalidade branca-azulada na parte norte… As linhas de luz estavam paralelas: a raia vermelha era sutilmente mais grossa e longa, medindo algo em torno de 35 milhas de comprimento conforme suas estimativas. A outra linha, branca azulada tinha algo em torno de 5 milhas de comprimento. Genatt descreveu ainda que as linhas corriam na direção leste-oeste, acesas como uma linha de força iluminada e paralela uma à outra. As luzes eram muito proeminentes no princípio… a vermelha realmente muito intensa e a outra mais apagada. Com o passar dos dias as luzes foram diminuindo gradualmente até desaparecer por completo.”
A edição de Novembro de 1965 da Undestanding contou a estória de Ron Emanuel do Observatório de Corvina, na California. Este relatou ter observado duas linhas que poderiam ser uma espécie de condutor de energia que de tempos em tempos era acionado. Nesse caso, as luzes eram tão intensas que podiam ser vistas da Terra com o auxílio de simples lunetas: "Aristarcus possui uma das mais notáveis atividades luminosas que se tem notícia, mas por algum motivo, o estudo desse fenômeno sempre é fadado a negativas e conclusões apressadas que tentam desqualificar sua importância", escreveu Emanuel em sua conclusão.
As alegações de que a comunidade científica jamais deu ao fenômeno a devida importância parecem estranhamente verdadeiras. Desde as testemunhas pioneiras na metade do século XIX, os observadores do curioso fenômeno enfrentaram uma resistência de seus pares quanto a comprovação dos incidentes. Em 1961, Edgar Tillbury escreveu uma carta queixando-se de seu afastamento do Observatório da Pensylvania, apontando suas observações da Cratera Aristarcus como um dos motivos de seu desligamento da equipe científica. Em 1964, Saul Genatt também foi afastado de sua função e queixou-se de que um dos motivos para sua dispensa teria sido seu interesse na Cratera Aristarcus.
Mas o que poderia causar as estranhas anomalias luminosas ou a reflexão vista por tantos observadores? Haveria ali algum objeto metálico ou uma superfície reflexiva capaz de gerar esse efeito? E mais, seria ele natural ou uma formação artificial como conjecturaram vários observadores desde 1881?
De fato, há uma série de razões para as luzes aparecerem em Aristarcus e cientistas tentam encontrar uma explicação que varia desde estrelas luzindo até uma alta concentração de albedo (reflexibilidade originada por inclinação angular). Adicionalmente, a concentração de luz reflexiva pode ser provocada pela posição do cume da cratera.
Embora o efeito do albedo e da reflexão da superfície possam oferecer explicações para as estranhas luzes avistadas no interior da Cratera, a visão de longas linhas coloridas é muito mais difícil de ser explicada. Supõe-se que gases podem ser liberados de baixo da superfície lunar em tais áreas. Isso explicaria também a detecção de partículas descobertas pela Apollo XV que passou sobre a Cratera Aristarcus em 1971. Essas partículas formadas por elementos radioativos com o Radônio 222, foram confirmadas na área, e podem ter origem subterrânea.
Poderia a presença desse gás radioativo que experimenta um desgaste após algum tempo, explicar a visão das alegadas linhas que astrônomos experientes encontraram em sua observação?
Entre os muitos mistérios da Lua, Aristarcus é apontado como um dos maiores alvos de teóricos da conspiração envolvendo a existência de muitas coisas secretas, desde bases lunares construídas por governos terrestres até a presença de seres alienígenas. Fala-se de campos de pouso de discos voadores, instalações que pertenceram a civilizações antigas, ruínas ancestrais de povos alienígenas etc... Os mesmos teóricos assumem que a comunidade científica tende a ser conivente com o caráter sigiloso das operações realizadas em Aristarcus, negando acesso completo a informações ou criando obstáculos a investigações sobre os fenômenos registrados desde o século XIX. Apenas alguns poucos estudiosos saberiam da verdade e mesmo estes não teriam todos os dados, compartilhados apenas para alguns cientistas de confiança.
A maioria dos estudiosos pode julgar que a atividade nessa área não passa de um fenômeno natural causado por gases radioativos, mas importantes astrônomos não estão tão certos dessas suposições. Em 2001, um grupo de importantes cientistas assinaram uma carta aberta pedindo que a Cratera de Aristarcus recebesse a devida atenção e que recursos fossem destinados para um criterioso estudo dos seus muitos mistérios. O pedido, no entanto, não foi levado em consideração.
Curiosamente, o Programa Espacial Chinês manifestou interesse em explorar especificamente a porção noroeste da Lua quando foi oficialmente anunciado em 2010, que a China planeja retomar a Exploração do satélite.
Com o tempo, talvez mistérios ainda mais profundos venham a surgir na superfície pálida de nosso vizinho orbital...
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Eu sempre penso a respeito da Lua...
Se a Terra é o berço de tantos Grandes Antigos na literatura de Horror Cósmico, por que a Lua permanece tão pouco explorada pelos autores?
O que haveria na nossa vizinha mais próxima, enterrado sob sua superfície estéril aguardando ser descoberto e temido?
Ah, idéias aflorando para toda uma campanha na conquista da lua e muitas descobertas envolvendo Mi-Go, a Grande Raça de Yith e demais espécies capazes de conquistar o espaço e se estabelecer praticamente em qualquer lugar.
Texto muito interessante no conteúdo, mas que peca bastante na linguagem: erros de ortografia vários e tolos, erros graves na pontuação (uso de vírgulas). Uma revisão cairia bem.
ResponderExcluirTinha algumas sugestões de artigos, caso falte a criatividade, que não parece o caso, mas, de qualquer modo:
ResponderExcluirConto Nightfall de Asimov que lembra muito o comportamento esperado de terrestre ao universo.
O conto Sticks de Karl Edward Wagner que foi a base para o ótimo Eternal Darkness e usa o tema dos Liches que é bom também. Detalhe acho que foi daí que tiraram as figuras de gravetos que aparecem em True Detective.
Já Notebook Found in a Deserted House do Bloch e The Space-Eaters de Frank Belknap Long, são bem próximos do gameplay do RPG. É engraçado que as histórias mais puristas como Hound of tindalos ou Music of Erich Zann que são de "susto" e contemplação são muito dificeis de adaptar, apesar de serem mais legais.Inclusive várias do Derleth foram aproveitadas diretamente para cenários da Chaosium.
E é isso espero que ajudei.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirTem a saga Soul Reaver e talvez sobre as várias antologias e contos. E bom artigo, Os EUA queriam ir na Administração Bush, talvez por ser um local com muita iluminação, haha.
ResponderExcluirhttps://sway.com/mNqkzmvlNWbap1G2
ResponderExcluirProvavelmente você não precisa , mas gostaria de sugerir as séries ''Alienígenas'' (Discovery Channel) e ''Alienígenas do Passado'' (History Channel) como inspiração para campanhas com Horror Cósmico .
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