sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Gigantes Assustadores - Traçando paralelos entre Trolls e criaturas do Mythos

Trolls na Cultura Nórdica

Trolls são monstros do folclore escandinavo, presentes com mais força na cultura norueguesa. A palavra deriva do termo Jöturn ou Thurs que se refere a algo gigante, imenso, pavoroso. São adjetivos que servem muito bem a essas criaturas retratadas na mitologia nórdica como humanóides de aparência medonha, tamanho gigantesco, igualmente obtusos e malignos.

O mito é nativo da Noruega e foi carregado por viajantes para os povos que viviam na Finlândia, Suécia e Rússia. Arqueólogos encontraram indícios que os trolls já eram conhecidos por tribos primitivas que retratavam horríveis gigantes em chifres e utensílios domésticos. O mito se espalhou pelo Norte da Europa, chegando a Alemanha e Ilhas Britânicas, em meados do século V o que pode ser comprovado pela descoberta de peças de artesanato dessa época trazendo representações das mesmas criaturas. É possível que os trolls tenham sido a base para as lendas sobre ogres, goblins e kobolds. Em comunidades isoladas e rurais a crença em trolls (e outros seres mitológicos) esteve presente até meados do século XVI, quando as antigas tradições foram substituídas pela fé cristã.

Segundo as lendas, trolls viviam em cavernas ou no interior de montanhas. Seus covis eram escuros e ermos, recobertos por ossos de animais devorados e sujeira acumulada. Alguns deles capturavam vítimas e as mantinham como escravos ou como estoque de comida para o longo e rigoroso inverno. Entrar em uma caverna habitada por um troll era uma missão considerada perigosa e uma prova de coragem.

As primeiras lendas sobre trolls, os descreviam como gigantes malignos que caçavam humanos com o propósito de escravizá-los ou devorá-los. Eles vagavam apenas à noite, pois a luz do sol os transformava imediatamente em pedra.

Um dos mitos presentes no folclore norueguês relata que os primeiros homens foram vítimas constantes de trolls. Entretanto, certa vez, dois enormes exércitos de trolls se encontraram para lutar nas montanhas de Trold-Tindterne, na parte central da Noruega. Os Trolls eram estúpidos demais para saber quando o dia iria nascer e incumbiram um homem chamado Olgerd de avisar quando a noite cederia lugar a aurora. O homem foi colocado no alto de uma montanha vigiado por dois trolls. Ele deveria acender uma grande fogueira antes do sol raiar avisando a todos que era hora de buscar proteção.

Confiando no escravo, os trolls lutaram ferozmente e o impasse durou muitas horas. Olgerd sabia que era a chance de se livrar dos seus feitores, ele distraiu os trolls que o vigiavam para que assistissem a sangrenta luta e quando eles não olhavam molhou a lenha da fogueira. Quando os trolls perceberam que a noite estava prestes a chegar ao fim, tentaram a todo custo acender a fogueira mas a madeira encharcada não pegava fogo.

No momento em que o sol despontou no horizonte os dois trolls, bem como os exércitos que se enfrentavam foram transformados em pedra. As enormes rochas que até hoje cobrem essa paisagem acidentada, seriam os restos dos combatentes, atestando que os gigantes existiram na aurora dos tempos. Livre dos trolls, Olgerd pôde libertar os seus irmãos que estavam aprisionados nas cavernas. Mas nem todos os trolls foram mortos e os que restaram continuavam vivendo nas profundezas, sempre que possível arrastando vítimas para seus esconderijos.

Na cultura escandinava, ravinas e penhascos eram considerados lugares perigosos não apenas pela geografia traiçoeira, mas pela possibilidade de tal lugar ser o lar de trolls.

A Lenda encontra o Mythos

Como acontece com muitas lendas, os trolls podem ser uma interpretação de criaturas ou entidades ligadas ao Mythos de Cthulhu.

Há criaturas bastante semelhantes a trolls pertencente ao variado conjunto macabro que se convencionou chamar de Mythos de Cthulhu. Algumas deles guardam inquietantes similaridades com as criaturas presentes do folclore nórdico. Em comum o fato de serem gigantes medonhos que costumam vagar à noite, pois também são afetados diretamente pela luz do sol. Assim como os trolls compartilham o fato de habitar os subterrâneos: cavernas e recessos profundos, onde constróem seus covis. Mais terrível ainda, essas criaturas desenvolveram o gosto por carne com predileção pela carne humana.

Na Mitologia dos Antigos, os Ghasts são descritos como gigantes albinos e deformados, cuja aparência hedionda é realçada pelos membros extremamente longos, olhos avermelhados e presas afiadas. Ghasts são limitados mentalmente, mas o instinto os transformou em predadores implacáveis, verdadeiras máquinas de matar.

Eles podem ser encontrados nas lendárias Câmaras de Zin, um complexo rochoso subterrâneo que se estende por quilômetros de cavernas iluminadas por fungos fosforescentes. Apesar de suas tendências canibalísticas, ghasts se juntam em bandos para explorar e empreender caçadas nos túneis labirínticos em busca de presas.

Segundo as lendas, as câmaras de Zin conectam o mundo desperto às Dreamlands (Terra dos Sonhos), uma realidade onírica habitada por sonhos e pesadelos, maravilhas e horrores, seres mitológicos e sonhadores.

É possível que as lendas sobre os trolls estejam de alguma forma relacionadas a ghasts que deixaram a relativa segurança de seu reino subterrâneo com o objetivo de explorar o mundo desperto. Tendo encontrado uma fartura de presas, as criaturas decidiram permanecer em nosso mundo perdendo o vínculo com seu lugar de origem e o conhecimento de como retornar a ele pelas rotas existentes. Uma vez que temem o sol - a exposição a luminosidade é capaz de matá-los - os ghasts procuram cavernas ou grutas onde podem se esconder durante o dia.

As profundas Câmaras de Zin são habitadas por outros terrores subterrâneos do Mythos.

Os medonhos Gugs, gigantes nativos das Dreamlands são criaturas de tamanho colossal, cobertas de pêlo crespo e negro, dotados de quatro braços terminando em tremendas patas e grotescas garras. A mais horrível característica dos gugs é a face dividida horizontalmente por uma bocarra que se estende do queixo até a testa. Quando ela se abre deixa à vista fileiras e mais fileiras de dentes pontiagudos. Gugs são predadores perigosos, quando famintos se alimentam de qualquer coisa que possam digerir, mas procuram sobretudo animais de sangue quente que devoram ruidosamente assim que os agarram. A despeito de serem capazes de erguer monumentais construções de pedra, os gugs tem uma inteligência pouco desenvolvida e fazem pouco uso de ferramentas, armas ou fogo.

Os Gugs veneram os Deuses Antigos, e servem a entidade das Dreamlands chamada de "Névoa sem Nome". No passado primevo, essas criaturas atingiram o mundo desperto, emergindo através de túneis que conectam a superfície às câmaras superiores de Zin. Eles ergueram na superfície da terra colossais monolitos de pedra negra dispostos em círculos, que serviam como templos de seus rituais sangrentos. Muitos desses círculos sobrevivem até os dias atuais desafiando uma explicação racional por parte de historiadores. Tais templos podem ser encontrados no norte da Europa, Normandia e nas Ilhas Britânicas.

Os Deuses Antigos temiam que os gugs pudessem se tornar adoradores de Nyarlathotep, o Caos Rastejante, por isso os baniram de volta para os subterrâneos empreendendo uma caçada aos que resistiram. A maioria dos gugs habita uma cidadela ciclópica de pedra protegida por um muro intransponível. Poucos humanos exploraram os segredos dessa cidade sem nome e conseguiram retornar com um registro consistente do que existe em seu interior. Há boatos, no entanto, que os gugs quando foram expulsos da superfície carregaram consigo inúmeros tesouros que pertenceram aos primeiros homens e estes ainda estariam em seu poder.

Contudo, nem todos os gugs foram escorraçados de volta ao subterrâneo, de modo que alguns permaneceram escondidos dos Deuses Antigos. Talvez estes indivíduos remanscentes tenham mantido contato com populações humanas e sejam a base para lendas a respeito de trolls bestiais.

Mas nem todos os gigantes do Mythos são provenientes dos subterrâneos ou das Dreamlands.

Os Voormis são uma raça de humanos primitivos que habitavam a Hiperbórea (atual Groenlândia) antes da chegada dos humanos mais evoluídos. Guerras e disputas religiosas dividiram a raça - a crença em Tsathoggua, o deus mais importante para os voormis foi antagonizada por cultos devotados a Itaqua. Essa disputa de séculos lançou os voormis em um estado de barbárie e total selvageria. Quando os humanos chegaram a Hiperbórea tomaram os voormis por seres irracionais, pouco mais do que animais simiescos.

Clãs de voormis foram caçados por esporte e sistematicamente levados à beira da extinção pelos hiperbóreos. Finalmente, quando uma nova era glacial atingiu a Hiperbórea devastando toda a civilização, os voormis sobreviventes, que haviam degenerado ainda mais na escala evolutiva, se viram livres para deixar seus esconderijos e migrar para o continente europeu.

Os voormis originais aparentavam ser versões rústicas do homem moderno, como uma espécie de elo perdido na evolução humana predatando o homo neandertalensis de testa larga e braços compridos. A progressiva involução dos voormis os levou a estágios mais próximos do austrolopithecus afarensis, hominídeos cobertos de pêlos similares aos grandes símios. Tendo se espalhado pela escandinávia, os voormis degenerados podem ser os responsáveis pelas lendas sobre trolls.

2 comentários:

  1. Nossa muito interesante mesmo.. adorei...adoro a Mitologia Nordica escandinávia

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  2. cara sou muito facinado por criaturas e os trols são as minhas favoritas...ótima matéria

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