Trolls. Eles são grandes. Eles são burros. Eles são perigosos. E no fim das contas eles são bastante reais.
Troll Hunter é um filme norueguês despretensioso que recorre aos contos de fadas e folclore para contar uma estória divertida e cheia de boas idéias.
No filme, Thomas, Kalle e Johanna são um trio de estudantes de cinema que chegam a uma região isolada da Noruega em busca de uma história para contar. Eles pretendem obter uma entrevista com um caçador ilegal, que supostamente vem abatendo a população de ursos. Não demoram a encontrar o sujeito misterioso, uma alma solitária que atende pelo nome de Hans e que vaga pelos confins gelados do país numa landrover puxando um trailer caindo aos pedaços.
Mas quando eles se embrenham numa floresta à noite atrás de Hans, descobrem que há alguma coisa muito errada, pois ele sai de seu esconderijo gritando a plenos pulmões: “TROOOOOOOOLLLLLL”!
Hans é de fato um caçador, mas ursos não são a sua presa. Os ursos são uma conveniente desculpa para encobrir seu verdadeiro ramo de atividades. Hans é um caçador de trolls. Trolls de verdade. Enormes gigantes que vagam pelas florestas e montanhas do norte da Noruega e cuja existência é cuidadosamente mantida em segredo pelas autoridades governamentais. Quando os trolls escapam de suas áreas de confinamento, lá vai o prestativo Hans atrás deles usando armas especiais – um grande canhão de raios UV – e muita astúcia para neutralizar a ameaça.
É um trabalho difícil e sujo. Hans tem que se meter na floresta, rastrear os brutamontes coberto de urina de troll (para não ser detectado) e eliminar as criaturas sem levantar suspeitas de sobre seu trabalho. Pior ainda, o caçador está fulo da vida, pois a atividade de trolls está em crescimento e além de ganhar pouco pelo seu trabalho de importância vital, ele não recebe o devido crédito.
Disposto a mostrar seu ofício Hans permite que o trio de estudantes o acompanhe em suas patrulhas noturnas.
Filmado em estilo de documentário com competência, por Andre Ovedral, Troll Hunter é uma aventura com toques de comédia. Não há como negar, que no início, o filme pareça mais uma das centenas de cópias feitas para faturar em cima da já surrada idéia de “A Bruxa de Blair”. Os primeiros 20 minutos focam em uma jovem equipe de cinegrafistas amadores com câmeras na mão e uma idéia na cabeça. Mas ao contrário de “A Bruxa de Blair”, aqui o mistério não fica oculto por muito tempo. O diretor se apressa em revelar as criaturas logo de cara para assim fisgar o espectador desde início.
Esse, aliás, é um dos méritos do filme. Ele reconhece que a audiência está lá para ver os monstros e dá ao público exatamente o que ele quer: caçadas e cenas de tirar o fôlego protagonizadas pelas criaturas. Monstros típicos da mitologia nórdica, os trolls são uma espécie de bicho papão do folclore norueguês. O roteiro recorre às crenças antigas para transpor as criaturas para a tela grande. Há várias espécies, cada uma com suas próprias características, alguns explodem quando expostos à luz enquanto outros se transformam em pedra. Em comum a estupidez, a força absurda e o desejo de se alimentar de cristãos – por alguma razão os trolls só conseguem farejar cristãos batizados, quando se trata de ateus eles podem até ignorar a presa.
Estruturado como um filme de situações, Troll Hunter se desenvolve ao longo das caçadas empreendidas por Hans e seus acompanhantes. O filme foi todo rodado ao ar livre em reservas florestais e parques nos cafundós da Noruega, uma região gelada e quase deserta do país. A paisagem é simplesmente cativante, ela ajuda a compor uma atmosfera de isolamento a medida que seguimos a jornada da equipe através de estradas cortando montanhas inóspitas cobertas de neve e picos enevoados onde os monstros buscam refúgio.
Entre uma caçada e outra, o veterano mateiro interpretado por Otto Jespersen vai aos poucos revelando para seus jovens seguidores alguns detalhes de seu trabalho e sobre as perigosas criaturas que ele persegue. O coração do filme é a relação entre o cínico Hans com seu senso de rústico profissionalismo e a ingenuidade dos estudantes que encaram tudo como uma oportunidade de aventura. A relação do caçador com seus empregadores do governo também é tumultuada, afinal seu trabalho deveria permanecer como segredo e a presença de testemunhas pode causar sérios problemas.
Os efeitos especiais não são menos que impressionantes e mostram trolls extremamente realistas integrados ao ambiente selvagem. Os gigantes caminham, respiram, correm e investem contra a equipe de tal forma que realmente parece um documentário sobre uma caçada no melhor estilo Discovery ou National Geographic. O clímax eletrizante do filme, que mostra uma caçada a um monstro com mais de 60 metros de altura numa perigosa ravina, consegue provar que não é necessário gastar milhões de dólares em efeitos especiais mirabolantes para criar realismo. Uma boa e velha perseguição e um monstro assustador são capazes de deixar o público de queixo caído.
Há rumores que uma sequência já está sendo planejada pelo diretor, concentrando-se na origem de Hans e em como ele se tornou um caçador de trolls. Também já circulam boatos sobre uma inevitável refilmagem feita por Hollywood usando a idéia central. Uma pena, pois filmes adaptados dessa forma tendem a perder o encanto original e se tornam meras cópias inferiores ao original.
Cotação:
Trailer:
Já tive a oportunidade de assistir ao filme e reitero tudo que foi dito....vale muito a pena.
ResponderExcluirE mesmo sendo um filme que tende um pouco para o lado cômico da para tirar algumas ideias para aventuras.
Hilário !!!
ResponderExcluirFalando sério , não gostei muito não. Achei muito "monstro de massinha".
ResponderExcluirGostei muito desse filme. Espero que tenha continuação.
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