Um navio fantasma carregando nada a não ser milhares de ratos pode estar à caminho da costa da Grã-Bretanha.
O cargueiro de linha Lyubov Orlova está à deriva no norte do Oceano Atlântico há mais de um ano, e caçadores de resgate afirmam que há grandes chances dele estar seguindo em uma rota de colisão na direção da Grã-Bretanha, mais especificamente para as cidades de Devon e Corwall.
Construído na antiga Iugoslávia em 1976, o navio azarado registrado na União Soviética foi abandonado em águas canadenses depois que seus proprietários se envolveram em um escândalo fiscal e não conseguiram pagar os salários da tripulação. As autoridades em Newfoundland tentaram vender o navio para sucateá-lo - numa transação com valor estimado em 600 mil libras - para um Consórcio na República Dominicana. Aparentemente estava tudo certo, mas durante a viagem para seu destino final, o Lyubov Orlova acabou colhido por uma forte tempestade e se soltou do rebocador que o levava.
Uma vez que o navio acabou em águas internacionais, a Canadian Transport que ficou responsável pelo translado alegou que não arcaria com os custos de uma operação para localizar o navio desgarrado e resgatá-lo. "A não ser que o navio oferecesse risco de vazamento de óleo no litoral canadense ou representasse alguma outra ameaça de caráter ambiental" explicou um porta voz da organização.
Dois sinais de radar foram obtidos no ano passado, supostamente pertencentes a botes salva vidas que haviam caído do navio e atingido a água. De acordo com a posição em que esses botes foram localizados, o navio maior deve seguir o mesmo percurso e já teria percorrido dois terços de seu caminho em direção ao leste, o que o levaria ao litoral da Grã-Bretanha.
Semana passada, um navio não identificado com o tamanho aproximado do Lyubov Orlova teria sido detectado por radar próximo à costa da Escócia, mas aviões de busca falharam em obter uma confirmação visual.
O capitão belga Pim de Rhodes, especializado em resgate de navios à deriva afirmou ter avistado o navio desgarrado à caminho da costa britânica. "Ele está sendo levado à esmo, pode estar em qualquer lugar", comentou o marinheiro, com mais de 20 anos de experiência e cujo trabalho envolve encontrar e assumir o controle de navios abandonados. "Uma embarcação desse porte - com 4,250 toneladas de peso - consegue sobreviver a tempestades e oscilações marítimas mesmo sem a supervisão de uma tripulação. Basicamente o Lyubov Orlova poderia navegar indefinidamente, contanto que não se chocasse com alguma outra embarcação ou com um corpo de terra".
Segundo as autoridades navais britânicas, o navio embora esteja à deriva, não representa um risco iminente para a navegação na área. Todas as embarcações na região foram informadas da possibilidade de colisão com o cruzeiro desgarrado, contudo o equipamento de rastreio é capaz de localizar com antecedência um navio desse tamanho e evitar o pior. Aviões e estações de monitoramento também estão atentas a qualquer sinal que possa indicar a posição do Lyubov Orlova.
Não é a primeira vez que um navio fantasma (termo que designa embarcações sem tripulação e cuja posição não pode ser determinada) se aproxima das Ilhas Britânicas. O que destaca o caso do Lyubov Orlova é o rumor cada vez maior de que os imensos compartimentos de carga e os decks foram tomados por ratos canibais.
O rumor aparentemente se iniciou a partir de uma entrevista do capitão belga: "Não é certo dizer que o navio está vazio. Com certeza haverá uma quantidade assombrosa de ratos à bordo do Lyubov Orlova. estes animais se adaptam a falta de comida e se tornam canibais, comendo uns aos outros para sobreviver. Se minha equipe fosse abordar o navio, teríamos de providenciar veneno de rato, usar botas de cano alto e talvez carregar lança-chamas".
Rhodes afirmou que já houve casos de encontrar embarcações em condições semelhantes, com milhares de ratos famintos que chegaram a atacar a equipe de abordagem.
"Esses ratos confinados há muito tempo em uma embarcação nunca viram um ser humano. Eles são ferozes e não tem medo. Agem apenas guiados pela fome e não é incomum que eles se juntem em uma massa compacta para atacar o que quer que invada seus domínios. Já tive problemas com ratos em navios abandonados, grandes ratazanas cheias de doença e com presas afiadas a ponto de rasgar botas de borracha. Em mais de uma ocasião minha equipe teve de "limpar" o barco antes de poder prosseguir em uma abordagem, usamos para isso lança chamas, maçaricos e tochas de acetileno para espantar os roedores e nos permitir dispor armadilhas com veneno".
As declarações do capitão bastaram para criar uma onda de apreensão nas cidades do litoral sul da Grã-Bretanha se choque e libere sua carga nos arredores de alguma cidade. O Lyubov Orlova passou a ser conhecido como o "navio infestado por ratos canibais" e desde a semana passada ocupa um lugar de destaque na maioria dos jornais e noticiários ingleses.
A pergunta que fica é: Ratos podem realmente sobreviver por mais de um ano recorrendo exclusivamente ao canibalismo? E eles seriam um perigo em potencial?
Aparentemente, o que Rhodes relatou não é totalmente absurdo. É comum que fêmeas de ratos se alimentem de seus filhotes se estes nascem com problemas ou marcados com um odor errado. Essa é uma questão delicada em laboratórios, e várias medidas são tentadas para evitar que as mães devorem os filhotes diminuindo a população de cobaias para pesquisas. Um estudo aconselha inclusive que os ratos sejam separados a fim de evitar o canibalismo que quando se inicia é difícil de ser contido.
Segundo biólogos, é possível que os ratos sobrevivam se alimentando de seus filhotes e dos membros mais fracos a cada geração. É viável considerar ainda que os ratos tenham antes se alimentado de tudo o que podiam encontrar à bordo do navio abandonado, o que inclui papel, madeira e até plástico antes de mergulhar no canibalismo.
Eventualmente, se os ratos começassem a se alimentar de seus filhotes a população diminuiria e eventualmente acarretaria na extinção de todos animais à bordo. Entretanto, dependendo da quantidade de roedores no Lyubov Orlova é possível que eles conseguissem sobreviver a toda uma viagem do Canadá à Grã-Bretanha apenas se alimentando de outros ratos.
Mas até onde a chegada deles iria constituir um perigo.
O lançamento de uma quantidade considerável de animais em um ambiente estranho poderia constituir um desastre para o ecossistema. Não há base para afirmar que os ratos teriam alguma doença, mas é inegável que uma quantidade muito grande deles sendo despejados próximos a uma cidade causariam considerável confusão. No mínimo, forçaria os habitantes a colocar a ponta das calças para dentro de suas botas.
Enquanto o navio não for encontrado e abordado, não há como saber o que será encontrado à bordo.
Por hora, podemos apenas imaginar o que se desenvolveu nos escuros compartimentos do Lyubov Orlova... e ter pesadelos.
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tinha lido sobre isso, mas o receio é de um certo exagero.... coisa de inglês
ResponderExcluiruma dica resenha o filme grabbers (2012) pelo menos tem tentáculos.... bastante....
Sem dúvida deve ser um grande exagero, mas mesmo assim é o tipo do material que queima bem na fogueira da paranoia e horror.
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