quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Portal para o Inferno - As lendas romanas sobre passagens levando ao Mundo das Profundezas


Desde o surgimento das religiões, muitas apresentam alguma forma de Inferno ou submundo, tipicamente retratado como um lugar de castigo eterno, tormento, sofrimento e desespero. Dependendo da cultura e da religião, o Inferno também pode ser um período intermediário entre as encarnações ou simplesmente uma terra sombria habitada pelos mortos. As várias versões do Inferno podem constituir uma outra dimensão, quem sabe, um plano de existência, ou ainda um lugar real em nossa própria realidade física, localizado nas profundezas da terra. 

Embora exista muito debate à respeito da natureza do Inferno, uma constante à respeito dele são as histórias persistentes de que ele não apenas existe, mas que pode ser acessado a partir da terra dos vivos. Este acesso se dá através de túneis, portais ou portas. Na Roma Antiga, estes caminhos que levavam ao Inferno eram uma crença persistente e muitos estudiosos se debruçavam seriamente sobre o tema.

Um destes lugares relacionado ao Inferno fica na costa norte da Baía de Nápoles. Há muito tempo, ele atrai a atenção das pessoas, estando repleto de história e mistério, mito e magia. Conhecido como Campo Flégero, é um recanto desolado; um terreno árido, coberto de destroços, ravinas e cortado por profundas aberturas subterrâneas que expelem fumaça e fogo. Lendas e fenômenos estranhos se apegam a esta paisagem estranha, sempre envolta num denso nevoeiro cinzento. Não é de admirar que esses campos sejam um local que desde tempos antigos se acredita existir um túnel que conduzia ao próprio Inferno. 

O Campo Flégero é um planalto que faz parte de uma antiga caldeira vulcânica não muito longe do Monte Vesúvio, o vulcão conhecido por devastar a orgulhosa cidade de Pompéia. A área fortemente vulcânica é pontilhada por aberturas fumegantes, fendas que expelem enxofre e até buracos de onde brotam chamas direto do solo. Ela era conhecida nos mitos gregos e romanos e estava fortemente associada a histórias de magia e profecia.

Uma das lendas mais populares aqui é a da Sibila Cumæan, uma profetisa, que é citada no épico de Virgílio, a Eneida, que conta a jornada do herói Enéias pela Terra dos Mortos. Esta profetisa recebeu o nome da cidade vizinha de Cumas, tendo ela mesma a lendária distinção de ser um dos locais de desembarque de Dédalo, o pai de Ícaro. A Sibila foi retratada como uma mulher agraciada com a imortalidade pelo deus do sol Apolo e dotada de poderes de profecia. Supostamente ela residia em uma caverna em Campo Flégero, um acesso para o submundo - o Hades. Seus poderes eram descritos como vastos, e Virgílio gostava de retratá-la sentada em sua caverna, rabiscando febrilmente o futuro nas folhas ou nas paredes de sua residência. 

A lendária Sibila

Uma história interessante sobre a Cumaean é que ela escreveu nove pergaminhos mágicos que supostamente delineavam todo o futuro de Roma. Ela teria oferecido esse saber ao Rei Tarquinius Superbus, também conhecido como Tarquin, o Orgulhoso, por uma quantia exorbitante. Quando o rei recusou a proposta inicial, a Sibila começou a destruir metodicamente os pergaminhos até que o rei finalmente desembolsou a grande quantia por ela havia exigida. Infelizmente, ele só conseguiu os últimos três documentos. 

Diz a lenda que o conteúdo dos pergaminhos era tão chocante que o Rei se desesperou após o ler pela primeira vez. Ele não quis compartilhar as informações com mais ninguém e decidiu guardar os manuscritos com todo cuidado, instituindo que eles só poderia ser lidos pelos futuros monarcas romanos. A ideia é que eles, e apenas eles, podiam conhecer estas Profecias. 

Embora tudo isso possa parecer fantasia, a história é significativa porque realmente existiu um rei chamado Tarquínio e sabemos que havia de fato três pergaminhos que vieram a ser conhecidos como Livros Sibilinos, que se acreditava serem os textos adquiridos por Tarquin. Esses pergaminhos eram trancafiados em um caixa de pedra nas profundezas do Templo de Júpiter cuja chave era passada de Rei para Rei. Embora não se saiba se eles tinham algum poder profético real, os romanos certamente pensavam que sim, já que se dizia que os pergaminhos tinham poderes mágicos. Em tempos de crise ou desastre iminente, era possível consultá-los para tentar evitar maiores tragédias ou se preparar para elas. Os pergaminhos eram considerados de extrema importância na época e eram protegidos a todo custo. 

Embora os guardiões protegessem esses pergaminhos com todo zelo, eventualmente o Templo de Júpiter foi destruído em um grande incêndio no ano 83 a.C. O mito afirma que em desespero por sua falha, todos os guardiões cometeram suicídio atirando-se em fissuras vulcânicas ardentes. O Governante ordenou então que agentes seus fossem enviados aos cantos mais distantes da terra em busca da Sibila, para que ela pudesse repor o conhecimento original. Eles jamais a encontraram e os segredos dos pergaminhos parecem ter se perdido nas chamas.  

Nem todas as passagens provavelmente fossem tão bem identificadas.

São esses intrigantes fragmentos históricos inerentes a esta lenda que atraíram almas aventureiras durante séculos que tentaram provar a verdade sobre o mito. Muitos acreditavam que poderia haver uma caverna real que servia de morada para a Sibila e que ela realmente conduzia às profundezas do Inferno. As características historicamente precisas do conto também fizeram com que historiadores, arqueólogos, folcloristas e estudiosos se perguntassem se realmente existiria tal lugar. E ainda que ele não conduzisse literalmente ao inferno, acreditavam que ela pudesse ser uma caverna ou sistema de túneis que teria dado origem à lenda. 

Várias pesquisas e expedições ao Campo Flégero foram realizadas ao longo dos anos para descobrir a localização desta caverna mítica, mas elas não encontraram sinal do local. Diante da falta de qualquer evidência física que apontasse para uma caverna ou túnel real na raiz da lenda, a possibilidade de sua existência parecia cada vez mais duvidosa e o Lar da Sibila desvaneceu-se mais uma vez em mero mito.

A lenda da Caverna de Cumæan poderia muito bem ter permanecido envolta em mitos e lendas para sempre, se não fosse por uma curiosa descoberta feita na década de 1950. Tudo aconteceu na antiga e luxuosa cidade de Baiae, localizada na porção ocidental do Campo e que foi, num passado longínquo um balneário bastante conhecido. Aqui, entre as ruínas de 2.000 anos, um arqueólogo italiano chamado Amedeo Maiuri tropeçou na entrada de um complexo de túneis até então desconhecidos. Cuidadosamente esculpido na rocha vulcânica ele levava a um colina abaixo da cidade. A entrada em si era um acesso simples, indefinido e estreito, escondido sob 4,5 metros de entulho e vinhas atrás de um vinhedo perto das ruínas de um antigo templo. Esta abertura era desconhecida e obviamente escavada por mãos humanas. Depois de mergulhar apenas alguns metros na escuridão da passagem estreita, rapidamente ficou claro que o local estava tomado por fumaça potencialmente perigosa. Além disso, o calor que emanava da escuridão logo se tornou insuportável. Os arqueólogos abandonaram a exploração do túnel e nos anos seguintes a entrada tornou-se uma espécie de curiosidade local.

Alguns anos depois, no início da década de 1960, um arqueólogo britânico chamado Robert Paget se deparou com a história dessa enigmática entrada do túnel e ficou imediatamente fascinado por ela. Paget era uma das poucas pessoas que realmente acreditava que a lendária Caverna da Sibila era um lugar real, e não uma simples lenda. Ele teorizou que talvez fosse esse túnel de calor infernal envolto em fumaça em Baiae que tivesse dado origem às lendas. Paget ficou obcecado com a ideia e decidiu penetrar nas profundezas misteriosas do túnel a qualquer custo. Reunindo um pequeno contingente de voluntários, Paget preparou-se para enfrentar as duras condições do túnel, a fim de desvendar seus mistérios e descobrir aonde ele levava. Seria um feito assustador que acabaria por levantar mais perguntas do que respostas.

A porta para o submundo.

Desde o início ficou evidente que não seria algo simples. O grupo foi imediatamente saudado por vapores vulcânicos expelidos da escuridão do túnel e eles descobriram que era difícil passar pela abertura, que, embora medisse 2,5 metros de altura, tinha apenas 54 centímetros de largura. Uma vez lá dentro, a temperatura revelou-se desconfortavelmente quente mesmo com os trajes de amianto que usavam. Entretanto, atraída pela promessa de descobertas surpreendentes, a expedição prosseguiu obstinadamente. Embora a passagem tenha se tornado mais larga à medida que avançavam, a equipe conseguiu penetrar apenas 120 metros no túnel até chegar a uma área inacessível devido a uma pilha de escombros. Além de se maravilhar com o esforço e engenhosidade que os povos antigos empregaram para escavar o túnel, Paget chegou à conclusão de que provavelmente ele foi usado para algum tipo de propósito ritualístico devido à sua posição em relação à entrada e à sua orientação. com a linha do nascer do sol e, portanto, o solstício. O mais provável é que em algum momento, um tremor de terras desviou um fluxo de vapor que dominou o complexo inteiro transformando-o em um inferno de calor, fumaça tóxica e chamas.

O muro de escombros impedia qualquer progresso adicional, mas para Paget a promessa de encontrar mais pistas era irresistível. Impulsionado pela sua obsessão em descobrir os segredos do local, o arqueólogo embarcou num ambicioso projeto para limpar o túnel e descobrir o que haveria mais adiante. Com recursos obtidos através de investidores estrangeiros, ele contratou indivíduos especializados em combater incêndios em estações petrolíferas e que lidavam com calor extremo. O grupo conseguiu avançar diante do obstáculo e ficou evidente para Paget que o túnel era apenas uma pequena parte de um complexo maior e muito mais intrincado que viria a ser conhecido como Antrum da Iniciação, ou o Grande Antro, meticulosamente construído e projetado para algum propósito desconhecido. 

Tudo o que Paget conseguiu discernir foi que o sistema provavelmente tinha uma natureza ritualística, uma ideia reforçada por pistas ao longo do caminho, como numerosos nichos para velas demasiado próximos uns dos outros para serem explicados por uma mera necessidade de iluminação. Havia também outras características de design exclusivo, como evidências de portas duplas que levam a passagens secretas, corredores para evitar que os visitantes vissem a seção adiante, portas pivotantes para lacrar passagens e sistemas de ventilação complicados. Tudo isso serviu apenas para aumentar o mistério sobre os túneis. Era óbvio que, quem quer que o tenha construído, sem dúvida dedicou a ele grande esforço e propósito ao projetá-lo.

Talvez o maior mistério dos túneis tenha sido encontrado nos níveis mais baixos, onde as temperaturas atingiam 55 graus e o ar era tão denso com vapores nocivos que era praticamente irrespirável. Foi em tais condições infernais, que Paget e companhia encontraram uma curva acentuada no final de uma passagem particularmente íngreme que parecia de alguma forma projetada para impedir que qualquer pessoa que se aproximasse visse o que havia no final até dobrar a esquina. Quando Paget e Jones fizeram aquela curva acentuada, foram confrontados com um riacho subterrâneo de água fervente que mais tarde chamariam de Rio Styx. Projetando-se neste fluxo superaquecido havia uma ilhota cujo propósito não pôde ser discernido. Do outro lado do riacho, outra passagem subia até uma antecâmara que Paget chamou de "O Santuário Oculto", que continuava até uma escada que levava à superfície e saía nas ruínas de grandes depósitos de água que outrora alimentaram termas romanas.

E no escuro, repousam os segredos e mistérios

No final, Paget e a sua equipe passariam quase uma década explorando este vasto sistema de túneis. Durante esse tempo, eles estudaram os mistérios e se convenceram de que o sistema de túneis e seu rio fervente deveriam ser uma representação da entrada para o submundo, o próprio Hades. Depois de anos de busca e obsessão, Paget finalmente encontrou sua lendária caverna da Sibila, ou pelo menos a caverna na qual ele acreditava que a lenda se baseava.

Para apoiar sua teoria, Paget apontou para a Eneida e argumentou que a viagem de Enéias e da Sibila ao submundo tinha uma semelhança impressionante com o layout do subterrâneo. Paget acreditava que os túneis seguiam de perto a jornada de Enéias e, de fato, imitavam fielmente viagens semelhantes ao Hades ao longo das lendas antigas. A data estimada da criação do complexo, por volta de 550 a.C., também era consistente com a época em que se diz que a Sibila viveu. Paget e Jones presumiram que os intrincados túneis do complexo pretendiam recriar uma viagem semelhante através do submundo e que o rio fervente representava o rio Styx, no qual o lendário barqueiro, Caronte, levava os visitantes para o outro lado. Foi teorizado que esta representação impressionantemente realista do Inferno seria suficiente para os sacerdotes do templo convencerem qualquer pessoa imprudente o suficiente para se aventurar através dos seus túneis de que o submundo era muito real. Este templo subterrâneo pode até ter apresentado uma pessoa desempenhando o papel da Sibila de Cumæan. Paget chegou ao ponto de sugerir que o próprio Virgílio pode ter sido um iniciado no templo.

As teorias de Paget foram recebidas com bastante ceticismo por parte da comunidade científica, que fez esforços para se distanciar de suas ideias polêmicas, em parte porque ele não era um arqueólogo profissional e também porque suas afirmações exageradas de que ele havia mais ou menos encontrado a entrada no submundo não agradava aos acadêmicos mais convencionais. Como resultado, as descobertas de Paget resultantes da sua exploração só foram publicadas em forma de livro muito mais tarde, e mesmo assim com uma clara ressalva de que as conclusões não eram consenso. Independentemente dos detratores e do acalorado debate, o trabalho de Paget continua a ser a tentativa mais completa de descobrir e explorar os mistérios do complexo até à data.

Muito pouco se sabe sobre o Grande Antrum, e não estamos mais perto de realmente entendê-lo do que estávamos quando sua entrada foi descoberta na década de 50. Há inúmeras questões desconcertantes à respeito dele. Quem o construiu e por quê? Quais são os propósitos de seus vários aposentos? Por que é que os visitantes não foram autorizados a ver a secção seguinte antes de fazerem a curva? Por que cessaram as atividades do complexo e por que as passagens foram bloqueadas com escombros? Os romanos sabiam que estava lá? Ele enterrado intencionalmente por eles e, em caso afirmativo, por qual motivo? Ninguém realmente sabe as respostas para essas questões. O único mistério que parece ter sido resolvido foi a origem da água quente do rio subterrâneo. Associados de Paget usaram equipamento de mergulho para explorá-lo e descobriram que ele era alimentado por duas aberturas que expeliam água superaquecida dos vulcões de Campo Flégero. Até que o local seja estudado mais profundamente, parece que o misterioso e há muito escondido Grande Antrum de Baiae e o seu ameaçador túnel para o Inferno continuarão a ser um dos enigmas mais desconcertantes da Roma antiga.

O calor e fumaça da entrada do Portão para o Hades

Mas essa não é a única entrada para o Inferno conhecida na época do Império Romano. 

Outra suposta porta está localizada na parte sudoeste da Turquia, na antiga cidade de Hierápolis, que foi fundada pelos Reis de Pérgamo no final do século II a.C. antes de ser tomada pelos Romanos em 133 DC e se transformou em uma movimentada cidade termal. Aqui há um lugar chamado Ploutonion, dedicado ao deus Plutão, também conhecido como o Deus do submundo, e que por muito tempo fez jus à sua reputação de suposto portão para o próprio inferno.

O santuário foi erguido a partir das lendas de que nas profundezas haviam cavernas habitadas pelo Cão Infernal de três cabeças Cérbero. Os gases tóxicos que emanavam do solo eram, segundo os habitantes o hálito da fera confinada. Há menções de animais que caíam mortos na entrada do túnel, e até pássaros que se precipitavam do céu atingidos por uma lufada desses gases tóxicos. Convencidos de que isso era uma evidência de um portal para o submundo, o Ploutonion foi erguido no local e os peregrinos começaram a trazer animais para serem sacrificados. Os sacerdotes do templo conduziam esses animais para dentro do templo, onde eles cairiam milagrosamente de repente no chão, mortos pelo que parecia ser a vontade divina, enquanto seus guias permaneciam saudáveis. O efeito surpreendeu tanto plebeus quanto estudiosos durante séculos, sendo visto como uma verdadeira evidência dos poderes do portal, com o geógrafo grego Estrabão escreveu certa vez:

"Este espaço está cheio de um vapor tão nebuloso e denso que mal se consegue ver o chão. Qualquer animal que passe por dentro terá morte instantânea. Eu joguei pardais e eles imediatamente deram seu último suspiro e caíram."

Uma representação clássica do Cérbero, o Cão do Inferno

O local permaneceu como um mistério por séculos, e só recentemente ele foi resolvido. Em 2013, Hardy Pfanz, biólogo vulcânico da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, viajou até o Ploutonion para obter algumas respostas e conseguiu chegar à conclusão de que as mortes de animais poderiam ser atribuídas a gases geogénicos, ou seja, gases emitidos. durante processos geológicos. Sua equipe descobriu que o mesmo sistema de ventilação vulcânica que alimentava as fontes termais da área emitia níveis elevados de dióxido de carbono nas proximidades do santuário. Pfanz diria sobre isso:

"Quando li as descrições dos escritores antigos, comecei a me perguntar se poderia haver uma explicação científica. Eu me perguntei: esse Portão para o Inferno poderia ser uma abertura vulcânica? O santuário de Plutão foi construído no local do que se pensava ser um “Portão para o Inferno”. Não tínhamos certeza do que encontraríamos. Poderia ter sido inventado, poderia não ter sido nada. Certamente não esperávamos obter uma resposta tão rapidamente. Vimos dezenas de restos de animais ao redor da entrada: ratos, pardais , melros, muitos besouros, vespas e outros insetos. Pudemos ver as propriedades letais da caverna durante a escavação. Vários pássaros morreram ao tentarem se aproximar da abertura, mortos instantaneamente pelos vapores de dióxido de carbono. Então, soubemos imediatamente que as histórias eram verdadeiras. Apenas alguns minutos de exposição a 10% de dióxido de carbono podem matar, então os níveis aqui são realmente mortais. Quase certamente a escolha da localização do Ploutonion estava diretamente relacionada às aberturas de gás sísmico que existem aqui. Dado que o submundo e as divindades e mitos associados a ele eram uma parte significativa do suas crenças religiosas, fazia sentido que eles construíssem templos e santuários em lugares que evocassem o mundo que eles acreditavam estar sob seus pés. o lendário sopro de Cérbero é na verdade dióxido de carbono vindo das profundezas da terra. Naquele momento, percebi que havíamos resolvido esse antigo mistério; foi uma sensação realmente fantástica."

Quanto ao motivo pelo qual os sacerdotes permaneciam ilesos quando os animais morriam, presume-se que a concentração de dióxido de carbono mudava em diferentes momentos do dia e acumulava-se perto do chão durante os rituais, onde os animais recebiam uma dose letal. 

Ainda outro antigo portal romano para o Inferno fica bem no centro de Roma, no Forum Romanum. Aqui encontra-se o que era conhecido como Lacus Curtius, ou "Lago de Curtius", um poço misterioso que se acreditava ter aberto na terra para servir de túnel para o submundo. Embora a história do Lacus Curtius seja obscura, uma lenda popular foi relatada pelo historiador romano Tito Lívio e diz respeito a um oráculo que apareceu durante um período de conflito e previu a Queda de Roma. O misterioso oráculo disse que se o povo de Roma não sacrificasse aquilo que eles consideravam mais querido ao submundo, a cidade murcharia e se desintegraria em pouco tempo, após o que um abismo apareceu de repente na terra, suas entranhas famintas pela oferta. O oráculo avisou que se a oferenda não fosse feita na boca da cova, ela continuaria se abrindo até devorar a cidade completamente.

O Fogo do Inferno arde sem parar

As pessoas da cidade se reuniram em torno deste estranho poço, e todos os tipos de objetos de valor e tesouros foram jogados nele. O Lacus Curtius reuniu em torno de si uma atmosfera de medo e densa superstição, e todas as oferendas foram em vão até que um jovem guerreiro chamado Marcus Curtius, membro de uma família romana muito antiga chegou à conclusão de que o que o Poço do Inferno demandava um sacrifício humano. Ele deduziu que era a juventude, a coragem e o poderio militar que os romanos mais prezavam, e então vestiu uma armadura de batalha completa e se lançou no fosso, após o que a terra se fechou e Roma foi salva. 

Diz a lenda que o poço ainda retém poderes mágicos, supostamente permitindo a comunicação com os mortos. O Lacus Curtius foi pavimentado há muito tempo e, nos tempos modernos, não passa de uma laje circular bastante discreta de pedra antiga colocada no meio do Fórum Romano, selando o suposto fosso. Contudo histórias continuam sendo contadas a respeito dele, transformando-o em uma atração turística popular. O Portal do Submundo, como ele é conhecido possibilitaria aos interessados conversar com os mortos e condenados ao Hades, se eles simplesmente estiverem dispostos a isso. Aquele que toca a laje com as mãos e faz uma pergunta, pode em seguida colar o ouvido na laje à espera de uma resposta vinda do outro lado. 

Portais, passagens e túneis para o submundo fazem parte de lendas muito antigas, a maioria delas fantásticas, contudo, não repousa no mundo real a base para a maioria das lendas? Embora tudo isso pareça simples mito quem pode saber ao certo se um (ou todos) esses lugares não conduzem ao coração do Inferno?

Um comentário:

  1. Bom dia . Roma e somente a ante sala do inferno. Um lugar controldado por indianos gananciosos e astutos. Italianos bisonhamente ignorantes. E o inferno chamasse Vaticano . A entrada é o museu.Onde hordas de milhares de chineses absurdamente sem noção de educação e limpeza e higiene pessoal trasitam aos milhares por corredores de 4 metros de largura por no maximo 6 de altura. Onde voce começa sendo empurrado por guardas do inferno ou museu e espremido pelos tais chineses. Ao meio do caminho você já esta pronto para entrar no inferno . Pois você se transforma em um ser irracional. Acotovelando velhas lerdas, atropelando fotografos amarelose demorados chingando em idiomas que você jamais imaginaria conhecer. Enfim Se você quer conhecer o portal do inferno vá ao musel do Vaticano. E não se esqueça de levar ao menos cinco mil euros para comprar lembranças da sua passagem por lá.

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