quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Cinema Tentacular: A Hora do Mal - Trama de Mistério e Horror sinistro é uma das melhores do ano


Há três anos, o diretor Zach Cregger estreou no cenário do terror com um filme chamado "Noites Brutais" (Barbarian/2022). Na ocasião de seu lançamento ninguém esperava muito, mas o filme atraiu a atenção da crítica. Sua trama era simples, mas muito inteligente, amparada por um elenco convincente, crítica social e uma direção extremamente competente. 

O resultado foi sucesso imediato! 

Com isso, o nome de Cregger ficou conhecido entre os fãs do terror e criou certa expectativa sobre seu próximo projeto que conforme ele alardeou em entrevistas também seria na seara do horror.

A espera finalmente acabou, com a recente estreia de "A Hora do Mal" (título um tanto esquisito para o original Weapons que significa apenas "Armas"). Mas escolhas de títulos à parte, A Hora do Mal, sem dúvida, desponta como um dos melhores Filmes de Horror de 2025.

Desde o inicio, a produção gerou repercussão, com a distribuidora New Line divulgando teasers, trailers e material de marketing incrivelmente assustadores que provocavam a curiosidade do público sem revelar excessivamente seu mistério. E essa foi uma tática extremamente eficiente para gerar burburinho ao redor do filme. 


Todos elementos do filme foram mantido sob estrita confidencialidade ao ponto de que astros, equipe e envolvidos não podiam dizer nada à respeito dele. Para que as reviravoltas e surpresas da trama não vazassem até memso termos de confidencialidade teriam sido assinados. E digo em primeira mão que esse foi uma jogada muito acertada, pois quanto menos você souber à respeito da trama de A Hora do Mal, mais assustadora será sua experiência ao assistir. 

Não é, portanto, tarefa fácil falar à respeito de um filme cuja premissa central, como eu acabei de dizer, carece de segredo, mas vou tentar. Não se preocupem, não vai haver spoilers aqui e tudo o que será comentado pode ser visto no trailer. 

A Hora do Mal gira em torno de um incidente traumático ocorrido em um lugar  chamado Maybrook, uma típica cidadezinha do meio oeste dos Estados Unidos. O inexplicável visita a comunidade quando exatamente às 2h17 da madrugada de uma noite como qualquer outra, um grupo de crianças de uma única sala de aula acorda repentinamente e desaparecem na noite. As crianças parecem fugir, sem motivo, sem razão. Diante da confusão, os pais das crianças desaparecidas rapidamente se juntam para tentar entender o que ocorreu. Sem uma explicação razoável eles acusam a professora Justine Gandy, de ter alguma ligação com o incidente. No entanto, quanto mais aprofundada a investigação do Caso Maybrook, mais sinistra a verdade se torna, à medida que as histórias de vários personagens se entrelaçam para revelar uma explicação aterrorizante 

E é isso tudo o que posso dizer sem transitar no perigoso terreno do spoiler. Mas mesmo esse pouco já cria uma sensação inquietante de curiosidade à respeito do filme. O que motivou essas crianças a fugir? Por que justamente elas? Por que apenas uma das crianças dessa classe não desapareceu com as demais? Quem está por trás desse mistério?

As perguntas são muitas, mas o filme consegue responder cada uma delas de maneira muito eficaz graças a maneira como o roteiro vai desenvolvendo a trama.


A Hora do Mal se concentra nos personagens envolvidos direta ou indiretamente no mistério, concentrando-se no ponto de vista de cada um deles e de sua percepção dos acontecimentos.  Dividido em pequenos episódios focados nesses personagens o enigma vai sendo descortinando pedaço por pedaço revelando um pouco da trama de cada vez. O espectador vai tentando juntar as pontas soltas em um exercício angustiante de compreender o que se passou.

Essa forma de contar a história se mostra muito engenhosa e cheia de suspense já que cada segmento oferece as peças para montar o quebra-cabeça geral. Cada episódio isolado deixa o expectador mais curioso para saber mais. A Hora do Mal consegue manter o público envolvido, ao mesmo tempo em que brinca com a tensão concluindo cada segmento com uma espécie de cliffhanger.

Muito do mérito do filme repousa na criação dos personagens e em suas motivações. É fácil se conectar com eles e entender seus dramas pessoais. A professora interpretada por Julia Gardner é o infeliz alvo da ira dos pais que não se conformam com o inexplicável incidente. Você realmente sente compaixão por ela, mesmo sem saber se ela está ou não envolvida no desaparecimento. Ao mesmo tempo que ela quer salvar as crianças, ela entra em uma rota autodestrutiva.

Archer Graff, vivido por Josh Brolin é outro personagem bastante interessante. Ele representa os pais das crianças desaparecidas de Maybrook, transbordando terror e frustração diante da situação inesperada. Decidido a não ficar de braços cruzados ele decide mergulhar no caso e investigar cada indício. Há também o policial que claramente tem boas intenções, mas que se deixa dominar pelas suas ações impulsivas e um bandidinho raia miúda que quer se dar bem com a tragédia. Esses personagens são propositalmente imperfeitos e isso os torna mais humanos graças as camadas que o roteiro confere a eles.

No entanto, em termos de atuação, são o jovem Cary Christopher, que interpreta Alex, a única criança da turma que não desaparece, e a veterana atriz Amy Madigan que mais se destacam. Os dois são os fios condutores da história, Alex como o narrador e Amy... bem, quanto menos se falar a respeito dela melhor. Então, vou deixar por isso mesmo.


Cregger dirige A Hora do Mal com confiança, criando uma atmosfera arrepiante e uma sensação de ameaça permanente. Você sente que algo está muito errado nesse pesadelo suburbano, mas não consegue juntar fatos suficientes para dizer o que é. Um dos meus aspectos favoritos nesse filme é como a direção consegue evitar sustos rápidos, e em vez disso, foca numa aura de pavor que parece pairar sobre o filme. Vários detalhes são incrivelmente assustadores,  como a maneira como foram coreografados os movimentos de alguns atores e o uso de imagens desfocadas em segundo plano na qual você percebe algo, mas não os detalhes. Cregger consegue fazer com que alguém simplesmente correndo pareça uma ameaça teleguiada, um perigo conduzido por uma força arrebatadora.

A trilha sonora também desempenha um papel de grande importância ajudando a construir a sensação de que algo maligno está sempre observando. A música transmite uma vibe anos 80 que combina perfeitamente com incontáveis clássicos de terror. É algo cativante que define o clima sinistro ao longo da trama. Mas o pavor não está apenas na música, mas em momentos torturantes de absoluto silêncio que permeiam sequências de tirar o fôlego.

Existem alguns furos na trama, provavelmente. Não é fácil construir uma história desse tipo sem recorrer a um pouco de suspensão de crença, mas isso não chega a atrapalhar ou comprometer o resultado final. 

A Hora do Mal é assustador, bem atuado, bem filmado, bem editado e bem escrito. Meu conselho a quem for assistir é se deixar levar pela história e mergulhar de cabeça. Larguem o celular, mantenham os olhos na tela e prestem atenção a tudo que acontece. Há alguns momentos divertidos que quebram o horror, sobretudo no final que me fizeram rir de nervoso, mas a conclusão é de cair o queixo.
 
No geral, Hora do Mal está na minha lista de ótimos filmes de horror do ano, graças a sua imaginação e criatividade. Se vale a pena assistir? Com certeza! 

Trailer:


domingo, 17 de agosto de 2025

Chateau de Amerois - Um Castelo na Bélgica que é o centro de escândalos e horrores inomináveis

Existe uma fina linha entre especulação, lenda e fato no caso apresentado neste artigo. 

Talvez nem tudo possa ser levado à sério como verdade incontestável, afinal, muitos conceitos e noções aqui expressas parecem absurdas, estranhos e até mesmo bizarras demais... contudo, se apenas uma parcela do que é relatado aqui for verdade, já é, no meu entender, preocupante e horrível o suficiente. Eu fiz uma pesquisa antes de escrever esse artigo, por considerar que talvez ele fosse fundado em exageros. Provável até que seja, mas muita coisa também parece corroborada por fatos. Ao leitor cabe aceitar tudo com uma dose de suspeita, mas também estar aberto ao conceito de que o mal existe e nenhum mal é pior do que aquele que as pessoas estão dispostas a praticar umas contra as outras.

Sem mais delongas, vamos começar.  

Não é de hoje que pessoas muito ricas, famosas e poderosas desejam preservar a privacidade à qualquer custo. Elas protegem suas casas para que nada e nem ninguém saiba como vivem e o que fazem. Essas pessoas vivem em lugares que ninguém exceto os próprios moradores ou seus amigos mais próximos conhecem. Em mansões e palacetes cercados por luxo e privacidade, eles tem a liberdade de expressar quem realmente são, longe de olhares curiosos.

Mas na mesma medida que alguns querem apenas uma vida tranquila e um esconderijo protegido da atenção alheia, outros usam esses refúgios inacessíveis para realizar condutas imorais, absurdas ou até mesmo, criminosas. Usando esses muros altos e paredes grossas em benefício próprio, eles acreditam estar livres para fazer o que bem entender. Rituais estranhos, orgias escandalosas, cerimônias satânicas, crimes violentos e todo tipo de blasfêmia podem acontecer nesses ambientes controlados. E nada disso chega ao conhecimento público.

Escondido nas profundezas da Floresta das Ardennas na Bélgica ergue-se um destes lugares secretos. Trata-se de um castelo que dizem ter sido o palco de horrores indescritíveis e que ainda hoje hospeda práticas bizarras. As lendas são tão abundantes quanto estranhas. A construção em um local completamente isolado é tão restrita que são poucos os que ousam se aproximar dela, alguns evitam até mesmo dizer seu nome em voz alta.

O Chateau de Amerois (diz-se Ame-ro-AS) é conhecido também pelo sinistro nome de o Castelo das Mães das Trevas. Teoristas das Conspirações e Buscadores da Verdade oculta veem esse lugar como uma das sedes usadas pelo grupo conhecido como Illuminati, uma Sociedade que congrega as pessoas mais ricas e poderosas do planeta, um clube exclusivo para aqueles que de fato controlam o mundo.

Informações sobre o Castelo são vagas e imprecisas. Parece haver um manto de sigilo que busca preservar a história antiga e atual do Castelo ocultando seus segredo, sua localização e mesmo sua aparência. As poucas fotos existentes de sua fachada são antigas e desatualizadas, já do interior do castelo não há praticamente nenhuma imagem. Os atuais donos, sejam eles quem forem, preferem manter as coisas desse jeito. Tanto a BBC quanto a National Geographic tentaram reiteradas vezes contatar os proprietários do Castelo de Amerois, pedindo a eles acesso para fazer fotografias e vídeos, sabendo da importância histórica do local. Nenhum deles teve permissão para se aproximar. 

Placas ao redor da propriedade avisam que invasores serão tratados com todo o rigor da lei. Há muitas placas advertindo que o acesso a propriedade é vedado e que guardas armados promovem a segurança das premissas. Há sensores de movimento, câmeras instaladas nas árvores e cercas eletrificadas em todo perímetro. As poucas pessoas que conseguiram invadir o local e fazer algumas imagens comprovam que o equipamento de segurança é de última geração e que os rumores sobre vigilância constante são reais. Em 2010 um grupo de exploradores urbanos conseguiu se aproximar a 250 metros da entrada do Castelo, quando foram cercados por guardas armados que os renderam. Após ser capturado o grupo foi processado e teve que arcar com pesadas multas.

Mas qual o objetivo dos proprietário desse Castelo? Por que elas tentam zelar por sua discrição dessa maneira? O que escondem e quais são seus segredos?

O Castelo de Amerois foi originalmente construído em 1849 pelo Conde de Misneil, um importante nobre com ligações com a Família Real belga. Ele posteriormente vendeu a propriedade para Theodore Van der Nuit o Oitavo Marquês de Ash em 1859, ou segundo alguns perdeu a propriedade em um jogo de azar. Contudo, o castelo passaria para o Príncipe Phillip de Flandres, parente de sangue da Dinastia Saxe-Coburg, a mesma linhagem da atual Família Real Britânica. A Dinastia Saxe-Coburgo é uma das mais antigas e poderosas da Europa, com membros presentes em várias famílias reais do continente.

Acredita-se que a posse do Castelo tenha passado por diferentes membros da Dinastia e que seus atuais proprietários sejam parte da Família Soulvey que tem vínculo de sangue direto com a Casa Real da Bélgica. Os Soulvey estão entre as famílias mais abastadas da Europa com o controle acionário sobre Indústrias Farmacêuticas e Químicas. Eles são os maiores produtores mundiais de gás fluorídrico, vital para a produção de inúmeros materiais na indústria moderna, de pasta de dente e água gaseificada, até refrigeradores e sistemas de resfriamento para maquinário pesado. Os Soulvey são os Donos de um Império bilionário cuja extensão é difícil de calcular. 

Embora as informações sejam fragmentadas, acredita-se que eles adquiriram o Castelo de Amerois nos anos 1940, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial. A região havia sido severamente atingida por combates e foi o palco das Batalhas de Ardennas e Bulge que marcaram a história como algumas das mais sangrentas do conflito. Na época, em face da destruição promovida, o Castelo teria sido arrematado pelos Soulvey por um valor bem abaixo do seu preço normal. 

As histórias sinistras sobre a região em que o Castelo foi construído não afastaram seus proprietários e de fato talvez tenham até os atraído. Segundo os rumores mais antigos, essa região isolada das Ardennas foi uma das últimas a ceder espaço para o cristianismo, mantendo tradições pagãs muitos séculos depois da disseminação da cristandade. Quando enfim a fé cristã conseguiu penetrar na região muitas famílias locais continuaram praticando secretamente seus costumes ancestrais, o que resultou em inúmeros rumores sobre bruxaria.  

No século XIV, a região supostamente foi o lar de uma Cabala de Feiticeiras que operava clandestinamente. Elas convergiam para essas florestas escuras em busca de lugares antigos onde pedras cobertas de runas serviam de altar e árvores com galhos secos seus guardiões. Os rituais proibidos eram tratados como satânicos, mas poucas pessoas tinham coragem de censurá-las. Entre os membros proeminentes estavam nobres e ricos senhores de terras. Os historiadores afirmam que esse grupo era tão influente que agia sem temor, chamando a si mesmos de Mães das Trevas. Os rituais macabros aconteciam em datas específicas quando o demônio alegadamente respondia suas invocações. Diante dele, pactos inomináveis eram assinados com sangue. De fato, muito do poder das Mães das Trevas supostamente provinha dos acordos que elas intermediavam ou que elas próprias haviam firmado.

As Mães das Trevas teriam permanecido como uma força incontestável na região até meados do século XVIII quando passaram a ser tratadas como mera lenda. Contudo para historiadores a existência desse grupo pode ser comprovada através de relatos do período. A ligação do grupo com o Chateau de Amerois é incerta, mas presume-se que a construção do castelo não passou desapercebida. Para muitos, elas se entranharam no tecido social, disfarçando sua influência, sem jamais desaparecer por completo.

Se os atuais proprietários do Castelo de Amerois são ou não os herdeiros das Mães das Trevas é uma questão aberta a interpretação, o nome contudo se mantém. Seja como for, o passado sinistro parece encontrar eco no presente obscurecido. Não é de hoje que os boatos sobre festas e reuniões exclusivas no Chateau atiçam a curiosidade do público. Quando indivíduos poderosos, supostamente alguns dos mais influentes players do mundo se reúnem sob um mesmo teto, é difícil conter a imaginação.

Os rumores sobre festas selvagens com convidados VIP ganharam fama a partir da década de 1960. Haviam boatos sobre excessos de todo tipo: consumo de drogas, orgias sem controle, cerimônias blasfemas, práticas de zoofilia, sadismo, tortura, pedofilia e outras condutas tão atrozes que é impossível listar todas. Entre os presentes estariam políticos, celebridades, artistas, esportistas, financistas... a nata da sociedade, do jet set e da Lista dos mais ricos segundo a Revista Forbes.

Nos aposentos fechados, em meio ao luxo e fausto, ocorriam rituais, sendo a "Iniciação de Olhos Fechados" uma espécie de tradição imposta aqueles que visitavam o Castelo pela primeira vez. Nesta ocasião, o convidado era incentivado a praticar todo tipo de excesso sem saber que estava sendo filmado. O registro era uma maneira de controlar e de garantir o sigilo perpétuo do recém chegado. Se por acaso ele tentasse se evadir da influência do grupo ou revelar o que acontecia no Chateau, poderia ser convencido a repensar sua conduta. E se chantagem não fosse o suficiente, havia ameaça e coação. Como toda boa fraternidade secreta, os convivas do Castelo de Amerois podiam impulsionar ou destruir carreiras facilmente.

Outra prática tenebrosa que supostamente ocorria nos bosques circundantes era chamado de "O Mais Perigoso dos Jogos". Neste uma presa era escolhida, geralmente uma criança ou um jovem de acordo com o gosto dos participantes. Esta vítima era despida, com exceção de um par de calçados e libertada na mata para que tivesse a chance de correr pela sua própria vida. Atrás dela se iam os convivas, vestidos à caráter, armados com espingardas, escoltados por cães e valetes que os guiavam pela mata no encalço da presa. Como em uma caça à raposa, o objetivo era encontrar o "animal fugitivo" e extrair da experiência a satisfação que só o abate poderia proporcionar.

Nos anos 70, uma suposta sobrevivente de uma dessas caçadas teria sido entrevistada por repórteres que publicaram sua história. Houve repercussão na época, mas a matéria acabou sendo sufocada e censurada nas cortes de justiça. No fim, processos pesados garantiram que a denúncia não fosse investigada além daquele ponto.

Muitas outras histórias sinistras chegaram a imprensa, relatos que partiam de empregados, antigos funcionários e até mesmo alguns convidados que se mostraram chocados pelo horror que acontecia no interior do Castelo de Amerois. Não havia contudo provas e era difícil de provar qualquer alegação sem elas.

Outro rumor recorrente menciona a realização de missas negras ocorrendo em uma câmara subterrânea que um dia serviu como masmorra ao Castelo. Nessa câmara de pedra bruta os rituais profanos eram conduzidos por homens e mulheres vestindo mantos e capuzes negros. Em tais celebrações, que invariavelmente terminavam com uma orgia blasfema, ocorriam sacrifícios de sangue com inocentes sendo passados pelo fio de lâminas empunhadas por auto proclamados satanistas. 

As ditas práticas satânicas pareciam ter ligação direta com o passado distante do Chateau de Amerois e as lendas sobre as Mães das Trevas. Para alguns a cabala teria se perpetuado através dos séculos cultivando devotos entre os frequentadores da propriedade. A camaradagem entre os membros desse culto garantia benefícios estendidos apenas aos confrades que protegiam uns aos outros.

Contudo as denúncias mais graves diziam respeito a um Círculo de Pedofilia que usava o Castelo como sede de suas repulsivas reuniões. Essas acusações datam desde o início dos anos 80 e foram incrivelmente recorrentes ao longo dos últimos quarenta anos. As reuniões seriam frequentadas por homens influentes que levavam uma vida dupla, sendo perfeitamente ilibados no dia a dia, mas que à noite se entregavam ao que podia haver de pior na companhia de seus pares.

Os rumores sobre as práticas ocorridas no Chateau de Amerois ganharam corpo depois do escândalo envolvendo as revelações do Assassino em Série Marc Dutroux preso em 1995. Dutroux foi o protagonista de uma sequência de mortes que chocou a Bélgica e ficou conhecido como um dos casos mais sombrios da história moderna do país.

Dutroux foi preso após o sequestro, estupro e assassinato de crianças e adolescentes na Bélgica entre os anos de 1995 e 1996. Seus crimes foram praticados no porão de sua casa, com a anuência de sua própria esposa Michelle Martin que participou de algumas das mortes. A palavra hediondo não é capaz de descrever o teor desses crimes que envolviam tortura e sadismo. 

Em seus depoimento à polícia após ser detido, Dutroux confessou que servia como traficante, cafetão e sequestrador para indivíduos que se encontravam regularmente no Castelo de Amerois. Estes o contrataram várias vezes com o intuito de suprir o grupo com um estoque contínuo de crianças capturadas em toda Bélgica. As crianças eram usadas em orgias e em rituais de cunho satânico segundo o próprio denunciante.

O testemunho de Marc Dutroux à cerca de suas atividades criminosas caiu como uma bomba no país e dada a gravidade das denúncias causou enorme repercussão. Muitos acreditavam que ele havia inventado as acusações, mas outros defendiam que muitas coisas que ele falava tinham um fundo de verdade. Jornais europeus descobriram que mesmo enquanto esteva preso Dutroux continuava a receber uma espécie de salário mensal transferido por uma fonte no Governo Belga, via offshore. Ele também tinha várias contas bancárias e imóveis em seu nome, compondo um patrimônio muito superior ao que um simples eletricista deveria possuir. A fonte de sua riqueza provinha, segundo o próprio criminoso de suas conexões com os homens do Castelo de Amerois para quem ele realizava "todo tipo de serviço".

No curso de seu julgamento, Marc Dutroux sugeriu que caso revelasse tudo o que sabia e o nome de alguns envolvidos, todo governo seria abalado e poderia eventualmente não resistir ao escândalo e ruir. Psiquiatras chamados para avaliar a sanidade do criminoso se dividiram sobre sua capacidade, alguns alegando que ele não era mentalmente capaz e que tinha propensão a mentir de maneira compulsiva. O caso causou uma repercussão tão grande na Bélgica que em 1996 cerca de 300 mil pessoas se reuniram nas ruas e praças de Bruxelas para protestar e exigir que o governo investigasse as alegações do réu, indo até as últimas consequências e prendendo os envolvidos.

No fim, Dutroux não revelou o nome de nenhum de seus supostos conspiradores e foi condenado a Prisão Perpétua em Nivelles no sul de Bruxelas. Ele foi totalmente isolado e permanece preso em uma ala de segurança máxima dedicada apenas a ele. O assassino foi jurado de morte por inúmeras pessoas. É pouco provável que ele possa vir a deixar a prisão e ganhar liberdade algum dia. Ele tem atualmente 72 anos e uma saúde bastante frágil.

Em 2009 o Wikileaks vazou um extenso dossiê à respeito da investigação secreta conduzida pela polícia à respeito das denúncias feitas por Marc Dutroux. As autoridades belgas tentaram proibir a publicação do dossiê que continha o nome de centenas de pessoas que foram investigadas após seus nomes serem citados pelo criminoso. Entre estes estavam Willy Claes, secretário-geral da OTAN, Paul Vanden Boeynants, ex-primeiro ministro da Bélgica e o Príncipe Alexandre de Saxe-Coburg-Gotha todos eles alegadamente eram participantes das reuniões e orgias que ocorriam no Castelo de Amerois e outros lugares utilizados pelo Círculo pedófilo

Investigações independentes concluíram que o caso inteiro foi conduzido de maneira leniente com o objetivo de livrar os suspeitos. Pistas não foram examinadas e provas periciais se perderam ou jamais foram analisadas corretamente. A própria idoneidade da corte de justiça foi colocada em dúvida já que Promotores e Juízes foram citados entre os envolvidos com o grupo. A teia de perversidade e corrupção parecia não ter fim, contaminando tudo e todos. Mesmo que nem todos tivessem envolvimento direto com as práticas pérfidas supostamente realizadas pelo Círculo, muitos agiam acobertando ou desviando o foco das investigações em benefício destes. Além disso, a BBC teria apurado que mais de 20 testemunhas ouvidas no correr da investigação morreram de maneira suspeita nos anos seguintes.

As conclusões finais apontavam para uma provável conspiração, mas nenhum entre as centenas de indivíduos citados no dossiê chegou a ser processado formalmente. Para muitos observadores internacionais, o governo belga exerceu pressão ilegal e protegeu os envolvidos garantindo a segurança dos suspeitos. Segundo uma pesquisa realizada e 2020, 85% da população da Bélgica acredita ter havido intromissão do Estado no Caso Dutroux.  

Atualmente o Castelo de Amerois continua despertando muitos questionamentos e atraindo um sem número de rumores que não podem ser confirmados. Para muitos ele continua servindo como uma espécie de sede profana para reuniões criminosas, rituais obscenos e toda sorte de perversão inominável. Para outros ele é apenas uma lenda urbana fomentada por narrativas contraditórias e sem fundamento. 

Não há como dizer ao certo qual é a verdade e provavelmente nunca saberemos ao certo.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Invocação da Bruxa - Resenha do romance clássico de Fritz Leiber pela Darkside


Uma das melhores coisas sobre escrever resenhas é ter a chance de conhecer mais a fundo a obra de escritores consagrados. 

Tudo bem, Fritz Leiber não é lá muito conhecido no Brasil e muitos provavelmente dirão nunca ter ouvido falar dele, mas ele produziu material de primeira. Nos anos 30 e 40 suas histórias de horror sobrenatural estavam nas principais Pulp Magazines do período. Leiber também transitou por algum tempo no universo dos Mythos, explorando com maestria o horror de deuses ancestrais, cultos fanáticos e horrores inomináveis. Nas histórias de Fritz Leiber não faltavam castelos góticos, tumbas sobrenaturais e heróis destemidos que enfrentavam monstros tentaculares. Sua obra mais famosa no entanto foi a série Lankmar, agraciada com o Hugo Awards. Na sua ambientação a dupla de aventureiros Fafhrd e Grey Mouser exploravam o submundo de uma cidade fantástica enfrentando feiticeiros e ladrões rivais. Lankmar ajudou a definir a Fantasia e sedimentou o subgênero Espada e Feitiçaria

Eu sempre gostei do estilo de Leiber e por isso fiquei muito interessado na notícia de que um dos seus livros mais famosos, Invocação da Bruxa (Conjuring Wife) seria publicado no Brasil. A edição caprichada sai pela Editora Darkside corrigindo o grande absurdo que era esse romance jamais ter sido traduzido por aqui. 

Invocação da Bruxa é um clássico do terror que foi adaptado nada menos do que três vezes para o cinema (em 1954, 1962 e 1980). É também um conto sobre a linha nebulosa que conecta o mundo real com os reinos misteriosos do oculto. Eu fiquei interessado, sobretudo porque "Burn Witch! Burn" a versão dos anos 60, é um excelente filme que foi inspirado nesse romance. O autor alterna com familiaridade o universo do sobrenatural, misturando-o com o cotidiano suburbano dos Estados Unidos dos anos 1950.


Na trama, Norman Saylor é um racional professor universitário que tem uma vida bastante comum ao lado de sua bela esposa Tansy, ao menos até ele fazer uma descoberta inusitada. Norman descobre estranhos objetos que eram mantidos em segredo na penteadeira da esposa: são potes com terra de cemitério, ingredientes exóticos, talismãs mágicos e relíquias bizarras guardadas em gavetas trancadas. Tansy pega o marido curioso em flagrante, e a discussão sobre o que são aquelas coisas a faz admitir algo inesperado. Ela não apenas é uma praticante de feitiçaria, como sempre foi uma Bruxa. Mais do que isso, ela usou magia negra para proteger o marido de maldições intentadas por outras bruxas. 

Sem acreditar na explicação de Tansy, ele convence a esposa a queimar os objetos e se livrar daquela coleção de tranqueiras supersticiosas. Mas será que a racionalidade de Norman conseguirá explicar as coisas estranhas que começam a acontecer dali em diante? Sua vida e carreira parecem ser afetadas por incidentes inexplicáveis. Isso sem falar de uma cabala maligna que parece planejar sua morte. Ele estará disposto a aceitar que os talentos de Tansy são a única que pode salvá-lo dessa ameaça sobrenatural?  

Invocação da Bruxa é um romance de terror interessante pelo fato de não parecer um romance de terror. O livro parece se concentrar mais no impacto psicológico e social do ocultismo do que nas forças sobrenaturais em si. Norman é um professor de sociologia, um típico homem de ciência que não crê no paranormal. Ele mantém uma convicção inabalável de que a magia reside apenas na mente fraca e supersticiosa dos tolos.


Ao longo do romance, Norman tenta racionalizar cada incidente perturbador sem dar o braço à torcer. A cena que melhor exemplifica seu ceticismo se passa na sala de estar da casa dos Saylor. Tansy fica cada vez mais angustiada com a ideia de que feiticeiras estão usando magia negra contra seu marido desprotegido pela remoção de seus feitiços de proteção. Ela então recorre a um intrincado ritual para salvá-lo de uma entidade aterrorizante que o persegue com intento assassino. 

A teimosa do protagonista em reconhecer os poderes agindo nas sombras poderia ser irritante, mas é ela que nos conecta a um dos temas centrais da trama: a suspensão de descrença. Se fôssemos colocados em uma situação parecida, será que seríamos capazes de acreditar no inexplicável? Ou assim como Norman buscaríamos, quaisquer explicações mais razoáveis? 

O romance aborda outra noção interessante. No mundo de Invocação da Bruxa, muitas mulheres possuem sensibilidade para o mundo oculto e aprendem como manipular essas forças passando o conhecimento de mãe para filha. Elas aprendem a defender suas famílias de ataques mágicos de rivais e a proteger seus maridos do mal que incide sobre eles. Ao mesmo tempo há feiticeiras inescrupulosas que usam os poderes para o mal. Há todo um mundo invisível e perigoso que os homens sequer podem imaginar. Eventualmente, Norman e Tansy terão de aceitar o ponto de vista um do outro, respeitar suas crenças e se comprometer a trabalhar juntos se quiserem escapar da ameaça que os cerca.


Leiber conta a história em alguns momentos como se fosse um romance de relacionamento, mas o suspense e a estranheza estão sempre à espreita abaixo da superfície de aparente normalidade. Os verdadeiros horrores são mais insinuados do que mostrados abertamente. A cabala é ardilosa, agindo de forma astuta se aproveitando da incredulidade de Norman para fazer dele um alvo. O leitor da mesma maneira é levado a duvidar se as ameaças são reais ou se não passam de simples superstições.

Fritz Leiber escreve bem, mas seu estilo detalhista pode soar excessivamente rebuscado para alguns leitores. Eu francamente não me importo, ele narra a trama com maestria. Os personagens são interessantes e você se importa com eles e as situações compelem o leitor a ler sem parar querendo saber o que vai acontecer em seguida.  

Invocação da Bruxa não é uma história aterrorizante de Horror, não se trata de um Folk Horror ou algo do gênero, como nos habituamos a encontrar em histórias centradas em magia negra. Mesmo assim, a trama é decididamente atraente e vale a pena ler.

FICHA TÉCNICA:

Invocação da Bruxa (Conjuring Wife), 1953
Editora DarkSide
Tradução de Eduardo Castro
Ano de Lançamento: 2025
190 páginas

Página oficial da Darkside: 



sábado, 9 de agosto de 2025

Dicionário do Mythos: Letra G de Gof'nn Hupadgh de Shub-Niggurath


GOF'NN HUPADGH SHUB-NIGGURATH

Os seguidores de Shub-Niggurath, a Cabra com mil filhos, estão entre os mais fanáticos e fiéis serviçais dos Deuses Ancestrais. Sua devoção é inquebrantável e eles rastejam aos pés da abominável Deusa da Fertilidade desejando e ansiando pelo seu favor. Uma das maiores dádivas da Deusa aos seus serviçais de valor é transformá-los no que se convencionou chamar Gof'nn Hupadgh

O termo se refere a "Favorito da Deusa", em uma corruptela gaélica usada na maior parte da Europa, sendo possível que o nome tenha variações em outras partes do mundo. No Sudeste asiático eles são chamados Giff'n Vulapendi, na África Subsaariana de Fillun Cachek e na Península Ibérica Cabrinhas da Deusa (é possível até que a Cabra Cabriola do Brasil seja uma referência a esses seres).

Um Gof'nn Hupadgh é criado apenas em rituais onde Shub-Niggurath é invocada para abençoar as celebrações com sua presença. Nessas raras cerimônias, cultistas especialmente escolhidos são levados diante da entidade e apresentados a ela. Recebem então a honra de beber o leite negro da deusa que verte diretamente de seus muitos úberes. Em um transe alucinógeno induzido pela substância eles dançam em total abandono ao redor da Deusa enquanto cânticos são entoados pela congregação. No ápice do ritual, se a Deusa se mostrar satisfeita com a performance, Ela abre uma enorme e cavernosa vagina permitindo a entrada dos cultistas. Estes são então mergulhados em uma infinidade de sucos e secreções que operam uma transformação corporal. Em seguida eles são expelidos por um movimento de contração já transmogrifados em um novo ser.

Nem todos sobrevivem ao processo, mas aqueles que resistem emergem como Gof'nn Hupadgh. Não há dois destes seres idênticos já que variedade é uma das dádivas da Deusa, contudo as características marcantes dessas criaturas incluem chifres, cascos fendidos nos pés, garras nos dedos, olhos amarelados com a íris alongada e o surgimento de abundante pelagem crespa por todo corpo. Há ainda outras características que podem tornar o indivíduo em algo totalmente inumano. A mudança permanente também "abençoa" o indivíduo com virtual imortalidade.

Os Gof'nn Hupadagh são considerados como indivíduos "tocados pela deusa" e doravante adorados e reverenciados com tal. É possível que eles recebam instruções para expandir o culto e criar novas ramificações, interagindo em uma base limitada com humanos. Muitos deles se convertem em profetas, sacerdotes ou líderes do Culto, recebendo oferendas, sacrifícios e o direito de escolher companheiros para reprodução. Sua prole nasce com características humanas, mas desenvolvem com o tempo enervantes feições caprinas. Em face das profundas alterações corpóreas, os Gof'nn Hapadgh costumam ficar ocultos em suas comunidades, revelando sua forma grotesca apenas nos rituais para o regozijo de seus seguidores.

É possível que tenha sido o avistamento de tais criaturas que inspirou muitas lendas clássicas sobre faunos, sátiros, dríades, curupiras e outras criaturas fantásticas que habitam as matas primordiais. Os Cultos dedicados a Shub-Niggurath sempre consideraram esses seres como semideuses e é possível que eles sejam os "milhares de filhos da Cabra Negra" aludidos no epíteto da Deusa. Os Gof'nn Hupadagh são capazes de falar o idioma das crias Negras e podem contatar Shub-Niggurath através de visões.

No decrépito vilarejo de Goatswood, no Vale de Severn, Inglaterra, há relatos de uma grande Cabala de cultistas de Shub-Niggurath presidida por um venerável conselho de Gof'nn Hupadgh. Alguns destes são extremamente velhos, remontando segundo rumores aos tempos da antiga Roma. Tais indivíduos teriam extenso conhecimento druídico e seriam Arquitetos de planos cuja frutificação dará ensejo ao reinado terreno de Shub-Niggurath.

A grotesca forma dos Gof'nn Hupadgh pode ter dado origem às lendas de sátiros.

Nunca dois desses seres são idênticos.

A concepção através da Cabra Negra

O Unausprachlichen Kulten (Cultos Inomináveis) menciona o nascimento dos Filhos da Cabra.

Bônus: GOATSWOOD

Vilarejo na região do Vale de Severn, ao sudoeste de Brichester. Bem como sua vizinha Temphill, ela foi fundada por templários que retornaram da Cruzadas no início do século XIV. O assentamento, no entanto era muito mais antigo remontando ao menos ao período romano com legionários descrevendo a região e seus estranhos habitantes.

Os povoados adjacentes tradicionalmente evitam Goatswood, uma vez que visitantes supostamente desaparecem sem deixar vestígios. Muitos dos moradores são membros de cultos religiosos centrados em Deusas Caprinas dedicadas a Fecundidade. Em Goatswood ocorrem rituais sagrados diante de um artefato de vidro conhecido como as Lentes da Lua.

As densas florestas que cercam Goatswood também são tidas como assombradas. No século XVII uma cabala de bruxas se encontrava em uma clareira nessas matas fechadas. Elas se reuniam ao redor de uma pedra que alegadamente teria se precipitado dos céus. Com o tempo, os habitantes do Vale ficaram preocupados com as atividades ímpias praticadas e pediram ao infame Caçador de Bruxas Matthew Hopkins  que extirpasse o culto. 

De alguma forma, entretanto, Goatswood perseverou diante dessa e de outras provações. Segundo boatos, as forças armadas britânicas realizaram uma operação militar acobertada que destruiu o vilarejo em 1968. Na ocasião foram realizadas apreensões e captura de indivíduos suspeitos de atividades bizarras. O rumor jamais foi confirmado e muitos afirmam que Goatswood ainda existe. 

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Covil Diabólico - O Aterrorizante Caso do Demônio de Brownsville Road


Não há nada mais assustador do que uma assombração agindo sem controle. Estar à mercê de forças sobrenaturais invisíveis que não se pode tocar ou mesmo compreender pode ser um evento chocante e transformador. A sensação é similar a um caso grave de stress pós-traumático (PTS), no qual frustração, medo e confusão tornam a vida daqueles expostos, num verdadeiro inferno. 

Ainda mais aterrorizantes são os casos que vão além de mera assombração, abrangendo forças malévolas de natureza decididamente demoníaca. Quando o mal em estado puro visita uma casa, sua marca pode se manter por muito tempo. Um caso assim ocorreu em uma cidade tranquila da Pensilvânia, onde uma família teve sua vida pacífica naquela que seria a casa dos seus sonhos transformada em um pesadelo, atormentada por um demônio cruel que parecia ter rastejado de algum reino infernal.

Em dezembro de 1988, Bob Cranmer e sua família compraram o lar dos seus sonhos, uma bela casa vitoriana de 105 anos em um bairro tranquilo na Brownsville Road, 3406, em Pittsburgh, Pensilvânia. Bob há muito desejava morar numa casa semelhante e quando conseguiu comprá-la pagou um valor incrivelmente atraente. De fato o vendedor aceitou a oferta sem negociar ou barganhar o preço. Não havia nenhum lance e, ao que tudo indica, todos ficaram muito animados quando finalmente viram a casa. Era quase bom demais para ser verdade, e talvez fosse, pois logo ficaria claro que havia algo muito errado com o lugar. A história evoluiria para uma experiência perigosa de terror sobrenatural como ninguém poderia imaginar.

De acordo com Cranmer, os incidentes estranhos começaram antes mesmo da família se mudar para a casa. Seu filho de cinco anos chorava sem parar sempre que eles se aproximavam da casa para trazer seus móveis e objetos. Na época, Bob havia considerado que não era nada de mais, mas as coisas ficaram cada vez mais bizarras após a mudança. Tudo começou com uma sensação inabalável de estar sendo observado o tempo todo e um pressentimento difícil de explicar. Era como se algo simplesmente não estivesse certo. A casa parecia, à primeira vista, normal, mas havia a sensação de que algo crescia e se agitava sob a bela fachada, e todos sentiam isso. Bob Cranmer diria sobre esse pressentimento estranho e sinistro:

"Desde o início, minha esposa Lea e eu tivemos a sensação de que não estávamos sozinhos naquela casa, que estávamos sendo observados por alguém ou por alguma coisa. Lembro-me dessa sensação com muita clareza. Mas por achar que era ridículo não comentávamos um com o outro preferindo guardar segredo. Mas era inegável que sentimo-nos cercados por alguma coisa antiga e maligna, como se fôssemos apenas "visitantes temporários", tolerados, que eventualmente seriam expulsos da casa."

Essa situação logo evoluiu para atividade paranormal de fato, que começou de forma bastante inócua, com luzes acendendo e apagando sozinhas, objetos estranhamente deslocados e outras pequenas esquisitices, como uma corda de luminária sempre encontrada enrolada em vez de pendurada. Era estranho, mas aquelas pequenas anomalias poderiam ser atribuídas à imaginação, exceto pelo fato de continuarem ocorrendo com incrível frequência. 


Mas a coisa se tornou realmente apavorante quando as meras estranhezas se intensificavam. De repente havia batidas fortes no assoalho e nas paredes, além de passos pesados percorrendo os corredores da casa quando ninguém estava lá. Ainda mais assustadores eram os casos em que itens eram encontrados amassados ou quebrados, incluindo um crucifixo torto e deformado que foi encontrado jogado no chão.

Além disso, parecia haver algo muito errado com um cômodo da casa que a família apelidou de "Quarto Azul", assim chamado porque tinha papel de parede e tapete dessa cor. As crianças que dormiam lá, reclamavam constantemente de um frio excessivo e de um cheiro desagradável de carne podre empesteando o ar. Elas sentiam como se algo estivesse lá constantemente com elas. Espreitando nos cantos e olhando para elas com um misto de rancor e cobiça. A força sobrenatural se fazia sentir sempre que uma das crianças ficava sozinha e o medo era palpável. 

A coisa chegou ao ponto que as crianças se recusavam terminantemente a dormir no quarto, ou às vezes até mesmo a chegar perto dele, reclamando que havia algo ruim lá dentro. A princípio era uma presença invisível, mas o que quer que fosse, essa coisa começou a se revelar como uma entidade sombria envolta no que parecia uma névoa com um pronunciado fedor de podridão.

"Era o mal! Eu não sei explicar, mas consigo dizer que era algo mal!" diz Bob Cranmer sobre o horrendo inquilino que compartilhava de sua casa. "É difícil de categorizar esse sentimento. Talvez seja como uma sensação de ser odiado e de se estar sob constante ameaça. Era um ódio que nos deixava aterrorizados".

Um dos encontros mais assustadores com essa estranha aparição ocorreu quando o genro de Cranmer os visitou certa noite. Enquanto ocupava  o quarto azul, ele viu uma enorme sombra pairando sobre o teto. Ao ser percebida, a sombra escorreu pela parede entrando em um vão escuro onde desapareceu. A experiência foi tão traumática que a testemunha saiu da casa e disse que não retornaria sob nenhuma circunstância. Em outra ocasião, o filho de Cranmer viu a mesma entidade e começou a chorar sem parar. A criança inconsolável gritava: "Monstro, o monstro vai me pegar! Ele estava olhando pra mim". 

As aparições se multiplicavam com a sombra se deixando perceber pelos moradores. A presença se manifestava repetidas vezes pairando sobre as pessoas ou vagando sobre a parede como um miasma maligno feito de fumaça escura e vapor fétido. Essa situação continuou por meses até que ela se tornou ainda mais ousada e violenta. Antes ela ficava contida no quarto azul, mas agora aparecia em outras áreas da casa e podia até ser ouvida rastejando pelas paredes e vãos. O cheiro ocre que a acompanhava era nauseante e todos sentiam aquela sensação de ameaça.


O terror físico teve inicio quando membros da família começaram a sofrer ataques ferozes de mãos invisíveis, especialmente nas proximidades do Quarto Azul. As investidas deixavam arranhões e hematomas arroxeados na pele. Uma das crianças foi empurrada e se chocou contra a parede quebrando dois dentes. Lea, a esposa de Bob, foi puxada com tanta força que teve uma torção no pulso. Em um dos ataques mais medonhos, uma das crianças terminou com marcas claras de mordidas no estômago.

A princípio Cranmer acreditava se tratar de um fantasma, mas logo ele se convenceu que era algo muito pior. Um amigo sugeriu que o fedor constante na casa era de enxofre e que aquela era a marca deixada por mas um Demônio. A família tentava ler a Bíblia e pendurar imagens sacras para afastar a entidade, mas isso pareceu deixá-la ainda mais furiosa. Cranmer afirma que ela arrancava a Bíblia de suas mãos, arranhava seu pescoço, destruía rosários, torcia e deformava crucifixos  Ela também parecia detestar completamente o filme "A Paixão de Cristo", desligando a TV e fazendo barulho sempre que o filme passava na televisão. Em certa ocasião, uma pesada bandeja de madeira foi arremessada contra a TV quebrando o aparelho. 

Familiares que usavam crucifixos na vã tentativa de manter a aparição sob controle às vezes os encontravam dobrados ao meio, como se "tivessem sido colocados em um torno e torcidos com um alicate". Para tornar tudo ainda mais assustador, um quarto escondido foi encontrado atrás de uma parede, obviamente selado por razões desconhecidas. Quando abriram a divisória que o escondia, foram achados vários brinquedos das crianças que ninguém sabia explicar como haviam chegado lá. O fedor no aposento secreto era tão forte que ele foi lacrado novamente.

Os fenômenos seguiram por anos, com a situação afetando a família. "Eles se intensificavam, então vinha uma pausa de alguns meses, para recomeçar tudo novamente. Era enervante não saber quando o pesadelo recomeçaria". Os Cranmer tentaram ver em outra casa e descobriram que a entidade os acompanhava onde fossem, levando o mesmo terror a outros lugares. "Não é algo simples de explicar! Aquela coisa nos acossava e perseguia. Ela era uma manifestação inteligente, não uma coisa irracional".  


Desde o início Bob Cranmer procurou a Igreja Católica para tentar resolver o problema espiritual que o atormentava. Ele pediu e de fato, implorou que intercedessem por ele. Ele sempre falava a respeito de um exorcismo, mas o processo era burocrático e exigia que um Bispo concordasse com a medida. Além disso, não havia uma pessoa possuída, mas sim uma casa,  que contrariava  dogma do Exorcismo que se refere a um indivíduo. A casa era uma espécie de antro dominado por essa manifestação maligna. 

Ao longo de dois anos, Cranmer tentou provar o que se passava na casa, mas a entidade insidiosa parecia se calar quando um religioso os visitava. "Era desalentador... a coisa não se manifestava quando havia algum observador da Igreja presente". Eventualmente dois padres visitando de surpresa  no meio da madrugada testemunharam a atividade paranormal e ficaram impressionados com a intensidade dela. Eles registraram crucifixos sendo torcidos, o fedor nauseante que emanava do chão e até mesmo um arranhão que um deles sofreu no pescoço. 

A essa altura Investigadores paranormais também já haviam visitado a casa e reconhecido a atividade sobrenatural. O episódio mais notável envolveu o renomado parapsicólogo Ryan Buell, que afirmou durante sua investigação ter visto um crucifixo dobrar ao meio bem diante de seus olhos. Ele também testemunhou sangue aparecer e escorrer pelas paredes. Amostras levadas à laboratório revelaram que se tratava de sangue verdadeiro cuja origem jamais foi determinada.

Apenas em 2006 a casa foi finalmente considerada apta a receber um Ritual de Purificação, uma espécie de Exorcismo mais raro voltado para um Covil Diabólico. Na ocasião o próprio Bispo de Connecticut visitou a casa acompanhado de três padres que realizaram o complexo ritual. Na ocasião os vizinhos registraram muitos gritos, sons de batidas secas e algazarra pela casa. Ao fim de dois dias de orações e bênçãos, a casa foi declarada livre da presença demoníaca que a habitava.

A Família Cranmer continuaria morando lá e Bob escreveria um livro intitulado "The Demon of Brownsville Road" descrevendo os 18 anos de experiências sobrenaturais na casa. A publicação, segundo ele, foi repleta de contratempos e dificuldades, como se algo não quisesse que o livro fosse escrito. A Igreja também se negou a fornecer dados sobre o Ritual censurando o autor por transformar o ocorrido em um livro.

Durante suas pesquisas Bob Cranmer afirmou ter descoberto vários detalhes sinistros sobre a casa na Brownsville Road que ajudariam a esclarecer o que a afligia. Ele descobriu que um massacre ocorreu na propriedade na década de 1700, quando uma mulher e seus quatro filhos foram impiedosamente massacrados por nativos americanos. Os corpos foram enterrados onde a casa estava localizada. Ele também afirmou que um trabalhador imigrante que ajudou a construir a casa foi morto pouco depois dela ficar pronta. Segundo boatos o cadáver teria sido jogado no concreto e literalmente emparedado no quarto azul. Finalmente havia o rumor de que um médico havia operado na casa realizando abortos ilegais ao longo de muitos anos. Esse médico tinha interesse em ocultismo e se envolveu com rituais de invocação que abriam as portas da casa para o demônio que vivia no local. 


Esses elementos mergulhavam ainda mais a casa na escuridão, validando sua fama como a morada em que um demônio poderia se instalar. A entidade seria uma força que se viu atraída pela casa como se dela emanasse uma escuridão irresistível. De fato, o conceito de Covil Diabólico é exatamente esse, um lugar tão maligno que um ser diabólico se sentiria em casa nele.

De fato, Cranmer defendia que seu hóspede indesejado era um demônio, e não um fantasma, dizendo:

"Fantasmas, se você acredita neles, geralmente são almas que sofreram algum evento trágico. Um demônio é o oposto de um anjo. A existência dessa coisa se manifesta de uma maneira muito diferente da de um fantasma. Um fantasma geralmente está revivendo algum tipo de evento que ocorreu durante sua vida. No nosso caso, era um espírito demoníaco, maligno e malicioso que interagia conosco regularmente e queria nos machucar. Queria acabar com a unidade de nossa família."

O livro foi muito popular após seu lançamento, rendendo várias entrevistas e aparições na TV. O trabalho foi amplamente elogiado como uma das mais angustiantes narrativas sobre experiência sobrenatural registrada. Contudo também houve bastante ceticismo sobre o relato. Embora alguns dos fatos descritos no livro sejam coerentes, o principal problema é que algumas das pessoas que moraram na casa antes da chegada dos Cranmer, negaram que tenha havido qualquer tipo de atividade paranormal estranha na casa. Isso parece bastante estranho, considerando que, se a história da casa fosse tão sombria a ponto de atrair um demônio, isso já deveria vir acontecendo há décadas. No entanto, não houve nada de incomum relatado. Uma ex-moradora chamada Karen Dwyer, que morou na casa por 7 anos na décadas de 1960, disse:

"Minha mãe nunca mencionou nada sobre a casa ser assombrada. Minha avó nunca disse nada sobre a casa ser assombrada. E meu avô nunca disse nada sobre a casa ser assombrada. Se o senhor Cranmer quiser escrever sobre demônios a partir de 1988 que o faça; eu não me importo. Mas se quiser falar sobre outras pessoas e coisas que aconteceram antes dele, estará mentindo. Não havia nada de diabólico em Brownsville Road". 

As palavras de Dwyer fizeram muitos críticos acusarem Cranmer de inventar tudo e tentar fazer passar uma obra de ficção como um relato real para obter publicidade e fama. Cranmer rebateu, acusando essas pessoas de esconder a verdade para salvar suas próprias reputações e evitar a desvalorização da propriedade. Ele disse sobre isso:

"As pessoas sempre se preocupam com a possibilidade de serem responsabilizadas legalmente se não revelarem aos compradores problemas de natureza espiritual com uma casa. Esse lugar só foi oficialmente vendido em 1941 pelos proprietários originais e depois foi comprada por meio de um leilão. A casa ficou vazia por um longo período e tornou-se conhecida como casa mal-assombrada pelos vizinhos que sabiam bem de seu histórico".


Cranmer também se defendeu alegando que uma mulher com quem ele conversou, Barbara Wagner, lhe disse que de fato havia atividade paranormal substancial na casa antes de ela ser comprada por sua família. Vários vizinhos também confirmaram que o local era conhecido por ser mal-assombrado. Havia ainda outra testemunha idosa com quem ele conversou, que era apenas uma criança quando morava lá, mas que se lembrava claramente de ter sido aterrorizada por coisas inexplicáveis.

Mesmo diante do ceticismo e das críticas, Bob Cranmer se manteve firme em afirmar que a sinistra história do Demônio de Brownsville era uma descrição fidedigna de eventos ocorridos com sua família.

Curiosamente Bob Cranmer parece ter passado por momentos difíceis depois do lançamento de seu livro. Em 2015, seu filho David faleceu e, naquele mesmo ano, sua esposa, Lea entrou em profunda depressão, o que resultou na desintegração do casamento. os planos de transformar o livro em um filme também foram cancelados.  Apesar de tudo isso, ele continuou a defender seu relato dos eventos, desafiando resolutamente os céticos.

"Eu sei melhor do que qualquer outra pessoa o que foi viver nessa casa. Ainda tenho pesadelos sobre aquela época, mas sei que apesar de tudo, nós conseguimos nos manter. A entidade que nos atormentou desapareceu e desde então temos uma vida normal".

Somos levados a ponderar muitas questões sobre essa historia macabra. O que realmente aconteceu com Bob Cranmer e sua família naquela casa? Quanto das experiências que ele relata em seu livro são baseadas em eventos factuais e quanto é inventado? Se tudo realmente aconteceu, então o que era a entidade habitando a casa? Foi um caso de fantasmas, poltergeists ou, como o próprio Cranmer acredita, um demônio real? Essas são questões pertinentes sem  respostas adequadas, e o caso do Demônio de Brownsville permanece um incidente assustador sem solução. 

domingo, 3 de agosto de 2025

Mesa Tentacular: Aurora Blue no Evento Lendas da Taverna em Porto Alegre

No mês passado, dia 12 de Julho, rolou a primeira edição do Lendas da Taverna em Porto Alegre.

O evento de RPG contou com a presença de várias lojas especializadas em cultura geek/nerd, expositores, criadores de conteúdo e é claro, fãs de RPG. Além disso, várias mesas de RPG animaram o encontro que aconteceu no ginásio do Clube São José.

Foi um daqueles eventos raiz, como os de antigamente, "sem frescura". O pessoal chegava, se informava sobre as mesas disponíveis, se inscrevia, sentava, jogava e se divertia.

Muito bom ainda ter eventos assim!

E pela reação de todos que passaram por lá, essa será a primeira de muitas!

Aproveitei a ocasião para narrar uma Mesa Tentacular e foi uma oportunidade muito legal de conhecer novos jogadores, apresentar e eles Chamado de Cthulhu e espalhar as sementes da Loucura.

O cenário escolhido foi AURORA BLUE, uma aventura da excelente antologia No Time to Scream.

Em Aurora Blue, os investigadores assumem o papel de agentes do Departamento do Tesouro em 1931. Eles recebem ordens de capturar um contrabandista de bebida ilegal chamado Jacob Beaker que produziu um lote adulterado de gin chamado Aurora Blue. A bebida causou mortes em Chicago e o governo quer Beaker detido e processado. O problema é que ele se refugiou em uma fazenda isolada no Alasca está escondido nesse lugar. Apesar das dificuldades ocasionadas pelo clima severo, não parece ser uma missão muito complicada para quatro agentes treinados e experientes.

Mas aí é que o grupo se engana.

O que parecia uma missão simples de captura e escolta se torna uma luta pela sobrevivência em u ambiente hostil e com a presença de algo terrível e sobrenatural espreitando na paisagem gelada.

Aurora Blue é daquelas histórias com a premissa aparentemente simples, mas que esconde um Horror Cósmico intrincado. Um mergulho num pesadelo tenebroso (e extremamente divertido de se jogar).

Seguem algumas imagens do jogo que foi muito legal!

Recursos do Cenário:


As fichas dos personagens nessa história. Dois detetives que trabalhavam para o Departamento do Tesouro, um Contador especializado no Ato Volstead (Lei Seca) e uma ambiciosa Promotora de Justiça.


A imagem de alguns suspeitos e a pasta com os dados e documentos do Departamento do Tesouro.


A ficha do perigoso Sr. Jacob Beaker


As Informações do Bureau de Investigação.


Dois perigosos Comparsas de Jacob Beaker


Mais algumas pistas e documentos importantes


Desenhos feitos por uma criança narrando um estranho fenômeno no Alasca.


Os mapas da Cabana e arredores da Fazenda de Beaker


Fotos da Mesa:


A jogo foi no Ginásio Atlético do Clube São José


Aquela bagunça típica na mesa de jogo


O pessoal que jogou pouco antes do massacre. Foram quatro jogadores nessa sessão.


Os jogadores discutindo como agir e qual será o plano para entrar na fazenda e capturar sua presa.


E terminado o jogo, entre insanos, feridos e mortos, teve bastante diversão. Ótimo grupo, todos tendo a sua primeira experiência em Chamado de Cthulhu. Espero que tenham gostado.


E a tradicional fotografia com o placar da sessão. Dois mortos, um severamente ferido (e cego) e uma sobrevivente.

Então é isso!

Grande evento, jogo animado e muita diversão!