sábado, 7 de maio de 2011

Resenha | The Unspeakable Oath 18

O retorno do Juramento




Por Clayton Mamedes

Apesar de fazer mais de um ano que me mudei, ainda tenho algumas coisas para organizar. Com este objetivo, comecei a mexer em pilhas de revistas escondidas, garimpando entre elas exemplares de A Espada Selvagem de Conan, Hellraiser, Dragão Brasil e até um livro-jogo da Abril, na época que ela publicava o AD&D – a série Você é o Herói. Para completar a sessão nostalgia, qual foi a minha surpresa ao ver, entre uma relida de Conan e outra, na página inicial da DriveThruRPG, um link para download assim: The Unspeakable Oath 18. Quase cai da cadeira! Mas seria por uma boa razão.




The Unspeakable Oath trata-se de uma revista especializada em Call of Cthulhu, surgida lá em 1991 e descontinuada em 2000. Tive o imenso prazer e privilégio de acompanhar muitos exemplares desde o seu início, e ainda utilizei muito do seu material publicado em aventuras ao longo desses anos. Em seu primeiro ciclo, TUO foi publicada pela Pagan Publishing, que nesta mesma época nos presentou com maravilhas como Walker in the Wastes, The Realm of Shadows e, um pouco depois, com o famigerado Delta Green. Ou seja, a revista tinha pedigree. O que resultava em material de excelente qualidade.

O lançamento da edição de renascimento coincidiu com o aniversário de 20 anos da estreia. E por dica do nosso colega Leandro R. Fernandes, aproveitei a campanha da DriveThruRPG e comprei o pdf com desconto e ainda um percentual da renda seria destinado ao auxílio das vítimas do tsunami no Japão. Arquivo baixado, fui rapidamente devorar as suas mais de 80 páginas. Afinal era um hiato de 10 anos.

A bela capa colorida colocou uma pulga atrás da minha orelha. Cocei a cabeça e pensei: “Cadê o Detwiller? As suas ilustrações são sinônimo de Pagan e Oath!” Apesar da capa de Todd Shearer ser competente, não era o que eu esperava para esta edição histórica. Assim reticente, fui para o editorial já esperando péssimas notícias...

Graças aos Antigos, o meu receio era infundado. Foi com grande prazer que li nomes como John Scott Tynes, Adam Gauntlett, Kenneth Hite e Shane Ivey na equipe. Dennis Detwiller ainda assinava como diretor de arte e algumas ilustrações. Estava em casa, são e salvo.

Antes de falar sobre as colunas em si, vale um recado: as diversas seções em The Unspeakable Oath possuem alguns nomes característicos e que, felizmente, foram mantidos nesta edição de relançamento.

Em The Dread Page of Azathoth temos a introdução da edição, desta vez assinada por Ivey. Ele conta de forma apaixonada o seu histórico com Call of Cthulhu, como descobriu a Oath e o processo de ressurreição da mesma, desta vez pela mãos da Arc Dream Publishing. Uma leitura bacana.

Logo na sequência temos o primeiro Tale of Terror, que são breves histórias com ideias de aventuras. Clássico! Nesta edição temos quatro contos, espalhados pelas páginas do volume. São eles: Mr. Popatov, Slight Return, House of Hunger e The Art Show. Meu favorito? Sem dúvida o Mr. Popatov, por John Tynes – muito criativo e perturbador. Um cartão de visitas promissor.

A próxima seção é o famosa The Eye of Light and Darkness, onde são apresentadas diversas resenhas sobre o universo do Mythos. Trail of Cthulhu, The Dying of St. Margaret's e New Tales of the Miskatonic Valley marcam presença, assim como mais meia dúzia de títulos.




Já em Arcane Artifacts são citados dois artefatos, juntamente com ideias de aventuras para a sua utilização. Um deles é bem inspirado, assinado por Adam Gauntlett.

Mysterious Manuscripts traz também ideias de aventuras, mas desta vez utilizando livros. Neste volume ele se chama Branchly Numbers Edit, feito por Pat Harrigan. Muitíssimo original.

A parte mais genérica desta edição é chamada de Feature Articles, onde temos quatro matérias bem distintas entre si: em Tales of Nephren-Ka são exibidos diversos manuscritos característicos extremamente detalhados, juntamente com as suas respectivas ideias para inclusão em aventuras – o material menos inspirado do volume. Já em The Chapel of Contemplation somos agraciados com uma rica matéria explicando os detalhes da misteriosa organização que apareceu na aventura The Haunted House no livro básico de Call of Cthulhu. Surpreendente. A aventura pronta da vez chama-se Dog Will Hunt, levando os investigadores para os pântanos da Louisiana. Longa, detalhada e interessante.




O volume é finalizado com um extenso artigo dedicado às famosas tempestades de areia que ocorreram no interior dos anos 30. Para quem acompanha o blog, deve lembrar-se da série de posts do Luciano com referência a este estranho fenômeno. Aqui em Black Sunday, o pessoal da revista foi para o lado mais tangível da coisa, reproduzindo relatos de testemunhas e enumerando 30 curiosidades sobre o evento, com o objetivo de ajudar o Guardião a passar o clima problemático em mesa. Ainda temos uma imensa tabela representando os perigos de seu investigador ser pego por uma tempestade destas. Finalizando o artigo, existem as costumeiras teorias sobre a origem do fenômeno, assim como várias ideias para aventuras.

The Unspeakable Oath retornou. E ainda se manteve em forma nesses dez anos no limbo. Como ponto positivo destaco a excelente qualidade do material e a postura de sempre fornecer informações úteis para uso direto nas mesas, fato este que marcou toda uma época de jogadores de Cthulhu. Já como negativo, diria que o preço é um pouco salgado. Nada absurdo, mas poderia custar menos.

Para os saudosistas de plantão, vá logo baixar o seu exemplar. Para os que não conheciam, está dada a dica: não é sempre que vemos um juramento tão inominável assim. Simplesmente indispensável.

Ficha técnica

The Unspeakable Oath 18
por Shane Ivey (editor), John Scott Tynes e outros
Arc Dream Publishing, dezembro de 2010
82 páginas em preto e branco, capa colorida
U$ 9,99

4 comentários:

  1. Ótima resenha Mamedes, me pegou de surpresa!

    Eu comprei o meu exemplar através do Amazon com uma oferta muito boa. A revista é excelente, eu tenho uns três ou quatro números bem antigos quando as edições eram copiadas em xerox. Um deles "surgiu" entre as minhas coisas de Call of Cthulhu só deus sabe como (?!!?). Sério, não lembro de ter comprado ou alguém ter me dado essa revista... apenas apareceu.

    Enfim, coisas de Cthulhu.

    Mas a TUO estava fazendo falta e seu retorno tem mais que ser celebrado pelos cultistas dos Mythos.

    ResponderExcluir
  2. Boz Noite,
    Acabei de ver esta postagem e passei para dar a dica sobre a matéria:
    http://www.ambrosia.com.br/2011/05/04/exposicao-homenageia-escritor-h-p-lovecraft-japao
    Abralço a todos.

    ResponderExcluir
  3. muito bom...acabei de comprar....a organização apresentada na aventura introdutória de CoC é a antagonista da atual campanha q eu mestro....

    ResponderExcluir
  4. A quantidade de material da UO que vc consegue colocar em suas aventuras é incrível.

    Luciano, preciso citar o Seven Cryptical Books para explicar este aparecimento da revista nas suas coisas: "Dizem que o conhecimento só chega até aqueles que o procuram. Porém existem certos conhecimentos que nos procuram sem respeito ou piedade." rs

    ResponderExcluir