
No dia 4 de dezembro de 1872, o pequeno veleiro britânico Dei Gratia navegava pelo Atlântico, a 400 milhas ao leste dos Açores, quando avistou o bergatim Mary Celeste, um veleiro de três mastros. Ambos haviam zarpado de Nova York um mês antes com destino a Genova, na Itália. Além da tripulação composta por sete marinheiros, o Mary Celeste levava como passageiros a mulher e a filha pequena do experiente Capitão Benjamin Briggs. O Dei Gratia era um cargueiro que contava com uma tripulação de sete homens liderados pelo Capitão Morehouse um bom amigo de Briggs.
Logo que avistaram o navio, ficou claro que alguma coisa estranha havia acontecido ao Mary Celeste. Suas velas estavam rasgadas e colocadas de forma errada. Ninguém estava na roda do leme e o veleiro deslizava ao sabor da maré. Quando os tripulantes do Dei Gratia subiram à bordo e chamaram o capitão, a única resposta foi o silêncio. Não encontraram ninguém.
Também havia desaparecido o bote salva vidas; aparentemente teria sido lançado ao mar. A caixa de bússola fora lançada ao chão e o aparelho náutico destruído. A proa do barco abandonado apresentava perfurações de 1,5 metro acima da linha da água mas, apesar disso, estava em perfeitas condições de navegabilidade. Jamais se chegou a uma conclusão do que poderia ter causado essa avaria. Não havia sinal de luta ou de qualquer distúrbio.
Sob o convés, um cenário arrepiante indicava uma fuga apressada. Na cama do capitão estavam espalhadas roupas, cobertores e a boneca de uma criança, como se às pressas, os passageiros tivessem sido evacuados. As provisões encontravam-se em perfeita ordem, comida e bebida suficiete para a viagem. Chegaram a mencionar pratos e xícaras ainda sobre as mesas com a comida intocada. A carga do Mary Celeste, 1700 barris contendo álcool industrial estava no porão, mas nove barris haviam sido abertos e esvaziados.

Por que o capitão resolveu abandonar o barco? De que modo ele, sua família e os tripulantes desapareceram sem deixar sinal? Insanidade, motim, instrumentos defeituosos, furacão ou algum fenômeno do fundo do mar - o que poderia ter acontecido?
O capitão do Dei Gratia ordenou que o Mary Celeste fosse rebocado até Gibraltar, onde uma corte do Vice-Almirantado britânico analisou essas várias possibilidades. As provas foram inconclusivas, não havia qualquer pista sugerindo uma explicação razoável para o ocorrido, os tripulantes e passageiros do Mary Celeste simplesmente desapareceram da face da Terra.
À época chegou-se a levantar suspeitas a respeito do envolvimento dos marinheiros do Dei Gratia. A suspeita de que eles teriam abordado o Mary Celeste e assassinado a tripulação, no entanto, não resistia ao fato de que os poucos objetos de valor, estavam à bordo no momento que eles chegaram a Gibraltar. Pirataria foi então descartada.
Uma suposição a respeito de ergotismo também foi levantada. A doença causada pela ingestão de fungos presentes no trigo causa alucinações semelhantes ao consumo de LSD. Mas seria esse fungo o responsável por uma loucura coletiva? E como explicar o estado navegável do navio e as acomodações irretocáveis de passageiros e tripulantes. Se a loucura tivesse se espalhado entre os marinheiros o cenário deveria ser de caos e destruição.
Teria o Mary Celeste entrado na rota de alguma onda gigante ou de uma tempestade? O comitê que examinou o caso, afirmou categoricamente que a região navegada pelo Mary Celeste não foi sujeita a mudanças climáticas de natureza dramática. Ou seja, nada diferente ocorreu durante a passagem... ao menos nada que tenha sido testemunhado por outras embarcações.

A fama do Mary Celeste então se espalhou, imortalizando o seu nome como uma das mais famosas lendas de navios assombrados.
Mais de cem anos depois, o enigma do Mary Celeste persiste dando origem a muitas hipóteses e teorias. O que teria acontecido com a tripulação do pequeno cargueiro? Qual teria sido o seu destino?
Acho que foi Cthulhu...
ResponderExcluir