Por Clayton Mamedes
Como muitos de nós, tive o meu primeiro contato com o Cimério de Bronze através dos dois filmes estrelados por Arnold Schwarzenegger. Contudo, uma imensa parcela da minha experiência com Conan tem origem nas páginas das histórias em quadrinhos.
Na rua onde eu morava antigamente, existia o Calango, o irmão mais velho do lendário Duda (da velhíssima guarda do RPG), com quem dividíamos mesas de Gurps Fantasy, Velho Oeste, Mafia e outras coisas. Este irmão do Duda possuía pilhas de revistas de formato grande, com ilustrações em preto-e-branco. Assim li a minha primeira A Espada Selvagem de Conan, isso lá em 1993.
A Espada Selvagem foi publicada no Brasil de 1984 a 2001, totalizando 205 edições mensais, onde tínhamos as aventuras insanas do Cimério, acompanhado algumas vezes de outros personagens criados pro Robert E. Howard, como Kull, o Conquistador, Salomão Kane e Bran Mark Morn. Além disso, existiu a versão colorida desta revista, que sobreviveu a 13 edições na década de 90. Para os mais fanáticos, Conan ainda protagonizou uma edição “gibizinho”, pequena e colorida chamada de Conan, o Bárbaro, que circulou de 1992 a 1997, em 59 números. A estes título regulares, podemos ainda somar diversas coletâneas ou edições especiais, tais como Graphic Marvel e outras.
Fuçando no meu armário, encontrei algumas edições dignas de nota, que compartilho com vocês em algumas fotos e comentários sugestivos.
A Espada Selvagem de Conan #104:
Esta edição tem um significado especial para mim. Ela conclui a saga da Caveira dos Mares, cujo início foi no exemplar 101. É simplesmente um épico genial, escrita pelo lendário Roy Thomas e ilustrada pelo inesquecível John Buscema.
Destaque aqui para a participação dos Serpent People, diretamente extraídos dos confins dos Mythos. O bacana é que na HQ utilizam a frase que anula a magia Consume Likeness, muito utilizada pelo povo serpente para se passar por humanos: “Ka Nama Kaa Lajerama!”
A Espada Selvagem de Conan #127:
Este número traz umartigo um tanto curioso: um relato sobre um filme perdido de Conan. Nele, um tal de Charles Alexander Piltdown alega ter adquirido uma escrivaninha em leilão, que pertencera a Willis O' Brien, designer de produção do filme King Kong, em 1934. Junto com o móvel havia alguns esboços de um roteiro e ilustrações para um filme do Cimério, chamado Blood and Ice, onde o próprio Howard estaria colaborando. Ao que tudo indica, o filme não saiu da fase de planejamento devido à morte prematura do escritor. Será?
Graphic Marvel #12 – Conan, o Indomável
Conan visitou as páginas da série Graphic Marvel também, desta vez com mais uma história da famosa dupla Buscema e Thomas, desta vez colorida. Obviamente, a mulherada não poderia faltar. Gosto muito desta capa.
A Espada Selvagem de Conan #100
A centésima edição da Espada Selvagem nos trouxe uma trama muito peculiar. Nela, a jornada de Conan em uma taverna muito suspeita tem a sua narrativa intercalada com a incursão de Howard em um bar nefasto na fronteira mexicana. Criador e criatura juntos em plenos anos 90! Fico devendo a foto real da edição, pois a minha está emprestada. Pelo menos sei com quem está!
Conan, o Bárbaro #2
O segundo volume da revista “gibizinho” do Cimério traz outra grata surpresa: uma quadrinização do clássico conto “A Torre do Elefante”. É uma das minhas histórias favoritas. Na verdade, A Torre já havia sido quadrinizada por Roy Thomas e John Buscema na Espada Selvagem #11, porém esta versão aqui foi desenhada pelo lendário Barry Smith, com argumento de Thomas novamente; esta foi a primeira versão, apesar de ser publicada aqui depois.
Rei Conan
Esta mini-série em 8 edições foi publicada para concluir a saga de Conan como rei da Aquilônia, iniciada em 1990, com as 24 edições de Conan Rei, em formato americano e colorido. Aqui no fechamento do ciclo temos um Cimério casado com Zenóbia e com um filho, de mesmo nome, mas conhecido como Conn.
Conan Saga #1
Em 1993, A Espada Selvagem entrou em nova fase: as histórias ali contadas seriam em ordem cronológica, relatando períodos específicos da vida do Cimério. Já as tramas fechadas ou especiais, seriam publicadas em Conan Saga, que durou 17 edições. Destaque neste primeiro número para a horripilante “A Morte Espreita no Labirinto” (sim, me assustei quando li) e a “Fúria das Femizonas”, onde temos um futuro alternativo dominado pelas mulheres!!.
Assim concluo esta minha breve colaboração ao blog. Ao invés de focar o artigo em fatos objetivos sobre as HQs de Conan no Brasil, preferi uma abordagem mais pessoal, com relatos das obras que pude ler e apreciar. Garanto que foi uma fase inesquecível de minha vida e que deixou saudades, principalmente por não termos mais publicações regulares do Cimério por aqui nas nossas bancas.
Quem sabe com o novo filme, alguma editora não se anima e reedita A Espada Selvagem? Seria um boa notícia em tanto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário