Em 22 de fevereiro de 1861, a cidade de Cingapura, capital do país de mesmo nome, ainda tentava se recuperar de um terremoto. Para piorar, chuvas torrenciais caíam incessantemente sobre a região, causando alagamentos e enchentes, dificultando o resgate de vítimas e a situação dos sobreviventes.
Então, no sexto dia depois do tremor, ocorreu algo inexplicável. A chuva finalmente cessou e no momento que o sol surgiu começaram a cair peixes do céu. Milhares deles! Muitos ainda estavam vivos e saltitavam nas poças, cobrindo as ruas. O naturalista francês François Castlenau testemunhou a cena inusitada e escreveu em seu diário:
"Após as fortes chuvas, ouvi uma grande gritaria e corri para a janela à tempo de ver chineses e malaios enchendo apressadamente cestas de vime com peixes que caíam do céu em enorme quantidade. Olhei para o alto e percebi que os animais se precipitavam das nuvens como se fosse uma chuva normal".
Castlenau mais tarde descobriu que a chuva de peixes cobriu uma área de 22 hectares da cidade.
Pode parecer estranho, mas o curioso fenômeno das chamadas Chuvas Estranhas é mais comum do que se pode imaginar e foi registrado inúmeras vezes em várias partes do mundo. Ele envolve diferentes objetos, animais e substâncias que simplesmente caem do céu.
O relato mais antigo do fenômeno remonta ao Egito antigo e foi descrito em um papiro em poder do Museu do Vaticano. Ele menciona uma misteriosa chuva de peixes próxima a um campo de batalha, que assustou os dois exércitos causando enorme comoção. Um importante dignatário estava presente a esse acontecimento e certificou o ocorrido, atribuíndo o fato a vontade dos deuses que favoreceram seu exército na disputa. Na Grécia, durante o período clássico, o filósofo Ateneu escreveu sobre uma chuva de peixes que durou três dias e acometeu a região de Queronea, no Peloponeso.
Na Idade Média, o fenômeno era tão "corriqueiro" que alguns estudiosos chegaram a formular a hipótese que os peixes surgiam no céu e que só então eram lançados na água através de chuvas sobre o mar. Para alguns "sábios" do período, como o monge e teólogo espanhol Agostinho Cataldo, os animais marinhos eram presentes divinos enviados por Deus para alimentar os homens e portanto, nada mais justo que eles surgirem dos céus.
A gravura no alto desse artigo chama-se "Pluie des Poissons" e foi encontrada em um livro editado na França no ano de 1555. O texto que acompanha a ilustração menciona uma inexplicável chuva de peixes sobre a cidade de Marselha. Os animais despencaram dos céus em uma chuva torrencial após quase uma semana de barcos pesqueiros retornando ao porto com as redes vazias. O fato foi considerado como um milagre e a cidade pesqueira o comemora até os dias atuais.
Mas nem todos os relatos são tão antigos. Em 15 de maio de 1900, a cidadezinha costeira de Olneyville no estado de Rhode Island noticiou uma estranha chuva de peixes, algas marinhas, crustáceos e águas vivas que cobriram as ruas da cidade em tamanha quantidade que era difícil sair de casa. Já em 1922, o vilarejo de Gruyán, na Normandia foi atingido por uma chuva de estranhos peixes como nunca antes vistos que caíram do céu junto com uma forte tempestade. Os animais segundo testemunhas eram horrendos, com escamas brancas manchadas de vermelho, apresentando barbatanas semelhantes a mãos. O pânico causado por esse fenômeno foi tamanho que religiosos foram enviados para exorcisar o vilarejo e livrar o povo de qualquer malefício.
Outra forma de Chuva Estranha muito reportada envolve sapos, rãs e outros anfíbios de pequeno e médio porte. Em 1879, a cidade de Ragusa na Sicília registrou a precipitação de milhares de rãs verdes, estranhas na região que simplesmente começaram a cair das nuvens no meio de um temporal se estatelando aos montes pelas ruas e telhados. Em 2009, na Província de Ishkawa, no Japão inúmeras pessoas relataram chuvas de rãs. O mesmo ocorrendo em 2010 no interior da Hungria, onde sapos teriam caído do céu. Ao contrário dos peixes, chuvas de rãs eram consideradas na Idade Média resultado de sortilégio de alguma bruxa e sinal de maus presságios.
Cientistas formularam teses à respeito desses fenômenos. A explicação mais razoável é que trombas de água, fortes tornados que assumem o formato de cone se formam durante tempestades, e são responsáveis por erguer os animais carregando-os para grandes altitudes e consideráveis distâncias. Segundo especialistas em climatologia, alguns tornados são poderosos o bastante para drenar toda água de uma lagoa ou de um pântano e transportar seu conteúdo para o céu de onde, eventualmente, ele se precipita
A explicação parece satisfatória para explicar a presença de animais pequenos e leves na chuva que podem ser erguidos pela força do vento. Mas o que dizer de outras chuvas bizarras ao redor do mundo?
No Livro de Josué, o exército liderado pelo herói bíblico foi auxiliado por uma chuva de pedras que caiu do céu sobre o exército dos amoritas. As pedras segundo a Bíblia eram arredondadas e pesadas, causando grande dano ao exército inimigo.
Durante a segunda cruzada, foi registrada uma chuva de pedras, fogo e enxofre que atingiu a região próxima a Antióquia. os cronistas é claro, consideraram o acontecimento um sinal de que Deus estava de alguma forma insatisfeito com o curso da campanha e preparava o mundo para o Juízo Final. Pedras e fogo, no entanto, podem estar ligadas ao avistamento de estrelas cadentes e meteoros, objetos vistos cruzando os céus desde que o mundo é mundo.
Mas qual a exlicação quando a chuvas envolve pedaços de animais, sangue e entranhas?
Há uma narrativa envolvendo restos de animais dilacerados caíndo sobre a Suécia no ano de 1832. Segundo os rumores, partes inteiras de vacas e ovelhas caíram do céu em pelo menos duas oportunidades. Outra estória foi contada em novembro de 1887 e envolvia algo ainda mais aviltante, entranhas de animais que pareciam explodir quando atingiam o solo. O acontecimento se deu no Panamá e recebeu grande destaque, pois ocorreu nas proximidades da construção do canal.
Sangue também é uma substância mais ou menos comum em Chuvas Estranhas. Em julho de 1841, escravos de uma plantação no Condado de Wilson no Tennessee, informaram que pouco depois do meio-dia, uma nuvem avermelhada surgiu no céu antes límpido, e dela começou a cair uma substância vermelha escura semelhante a sangue. O médico W.P. Sayle, foi chamado para examinar o estranho líquido que cobriu por inteiro os campos e a plantação de tabaco. Após recolher amostras, ele as enviou para um colega químico em Nashville. O resultado foi que se tratava de "matéria fibrosa muscular, ensangüentada e adiposa" condizente com o material de algum tipo de animal.
Tropas americanas estacionadas em um forte nos arredores de San Francisco testemunharam algo inusitado em 24 de julho de 1851. Naquela tarde, os homens que estavam de guarda informaram que flocos vermelhos gelatinosos caíam de uma nuvem que havia surgido repentinamente. Oficiais foram chamados e se depararam com uma substância congelada que quando derretia parecia sangue fresco. Alguns soldados informaram que vários pedaços de carne crua também foram recolhidos e mostrados ao cirurgião do forte que concluiu se tratar de algo originário de matéria animal. Os relatos afirmam ainda que na manhã seguinte, o lugar onde a substância havia se acumulado exalava um fedor semelhante a sangue coagulado.
Comumente, chuvas de sangue são associadas a tempos de grandes provações, mortes e tragédias. Em 1308, o Grande Cisma do Ocidente partiu a Igreja Católica - havia dois papas, um em Roma e o outro em Avignon, e segundo rumores a crise foi antecipada por uma chuva de sangue sobre a Itália. Uma chuva de sangue também teria sido registrada na Polônia pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial. Chuvas de sangue e seus resultados cataclísmicos são citados nas profecias de Nostradamus.
Nos anos 60, o sul da Inglaterra foi surpreendida por uma chuva que tingiu de vermelho tudo o que viu pela frente. Muitos acreditavam que se tratava de sangue, mas uma análise mais apurada revelou que as nuvens estavam saturadas de grãos de areia proveniente de tempestades de areia no Saara. Logo, essas nuvens misturadas com areia, se deslocaram até a Inglaterra e precipitavam na forma de chuva vermelha.
Mas nem todos os casos tem explicação. Há um acontecimento inusitado registrado nos jornais de 30 de agosto de 1968 no Estado de São Paulo, que fala de uma chuva de carne e sangue em duas cidades do interior. Diz a concisa declaração de uma autoridade:"Os vários pedaços de carne foram encontrados a distância de meio metro uns dos outros, com comprimentos que variam entre 5 e 20 cm. A carne era de textura esponjosa e de cor violeta e veio acompanhada de sangue. O céu na ocasião estava limpíssimo. Não haviam aviões, antes, durante ou depois do evento e tampouco pássaros no céu".
Sangue parece algo sem graça quando se menciona outras ocorrências inacreditáveis como por exemplo: uma tempestade de ratazanas que varreu a Noruega em 1800, uma chuva de grotescos vermes sobre Michigan em 1891, cobras de coloração castanha em Kansas City em 1909, gotas de mercúrio caíndo dos céus Heidelberg em 1946 e aranhas caranguejeiras despencando das nuvens sobre Salta, na Argentina em 2007.
A investigação de Chuvas Estranhas são parte fundamental do trabalho de Charles Fort, o "pai de todas as investigações paranormais modernas". Fort dedicou grande parte de seu tempo a investigar ocorrências envolvendo chuvas bizarras nos Estados Unidos. No auge de sua popularidade ele recebia cartas com relatos sobre esses fenômenos e pessoalmente se deslocava para o local - ou se fosse muito longe enviava algum de seus colegas - para averiguar o que havia acontecido.
Fort catalogou dezenas de eventos dessa natureza, entrevistou testemunhas e obteve descrições que foram transcritas em seu mais célebre trabalho "O Livro dos Danados" (Book of Damned). Ele era fascinado pelo tema e lamentava jamais ter presenciado pessoalmente um desses eventos.
Estudiosos do mundo sobrenatural tentam explicar esses fenômenos recorrendo a várias teorias no mínimo controversas. Alguns sugerem que forças psicocinéticas sejam responsáveis pela atração de pedras e objetos sólidos. Quando se trata de animais como peixes, rãs e outras criaturas, muitos crêem que se trata da benevolência de entidades superiores. Defensores dessa vertente apontam para lagos cheios de peixes que surgem após grandes chuvas. O ditado "depois da tempestade vem a fartura" pode estar ligado a essa crença. Muitos pastores e ministros religiosos defendiam que rios e mares eram abastecidos de peixes de acordo com a vontade divina.
Uma teoria envolve a noção de dimensões e realidades paralelas. Segundo esse conceito, em certos momentos duas dimensões diferentes se interceptam, permitindo que coisas de um lado cruzem para o outro, desaparecendo imediatamente de seu lugar de origem e surgindo em outro ponto ao qual não pertencem. Essa transição poderia causar o deslocamento de objetos, animais ou mesmo pessoas a grande distâncias.
As Chuvas Estranhas à despeito de uma explicação razoável continuam ocorrendo ao redor do mundo, o que as causa e como se manifestam não se sabe, e é matéria aberta para interpretações das mais variáveis. Por via das dúvidas, melhor olhar para o alto.
http://www.youtube.com/watch?v=MKWfNSFXzqw Esse video da BBC explica sobre o fenômeno de chover peixes
ResponderExcluirapós uma chuva meu avo viu cair do céu um lambari vivo.para isso ele tinha uma explicação simples, existe uma especie de nuvem densa cor de poeira que quando se aproxima do solo ou da água atrai tudo para seu interior, e quando pega uma corrente de vento se precipita soltando o que esta em seu interior em outro lugar.
ResponderExcluirLembro como se fosse hoje,uma chuva tão forte que vc não conseguia enxergar outra pessoa a cinco metros, durou apenas cinco minutos, .era apenas uma nuvem deu pra ver, o Sol brilhou em seguida olhei pra a água escorrendo foi onde vi pequenos peixinhos ...foi incrível 👩❤️💋👨
ResponderExcluir