Recentemente o naufrágio do transatlântico Costa Concórdia na Itália serviu para nos lembrar de outras grandes tragédias em alto mar.
Lendo uma matéria à respeito de grandes naufrágios, fiquei sabendo da história do Principessa Mafalda. O transatlântico italiano, que se dirigia para Buenos Aires - e que faria uma parada nos portos do Rio de Janeiro e Santos - naufragou próximo a Abrolhos, litoral da Bahia em Outubro de 1927.
O acontecimento foi considerado na época uma enorme tragédia, revivendo a memória da maior de todas as tragédias náuticas, o naufrágio do Titanic, ocorrido apenas 15 anos antes. Para todos os efeitos, a tragédia do Principessa Mafalda em águas brasileiras é considerado como um dos mais dramáticos naufrágios em nossa história.
A História do Navio
Em 1902 por ocasião do nascimento da segunda filha do Rei Vittorio Emanuele III, Mafalda di Savoia, uma embarcação de luxo foi batizada como Principessa Mafalda.
O transatlântico, de propriedade do Lloyd Italiano (Lloyd Italiano Società di Navegazione), foi construído nos estaleiros da Società Esercizio Bacini em Riva Trigoso, próximo a Gênova, e veio a substituir sua embarcação gêmea, a Principessa Iolanda, a fim de estabelecer uma linha rápida de luxo para a América do Sul.
Lendo uma matéria à respeito de grandes naufrágios, fiquei sabendo da história do Principessa Mafalda. O transatlântico italiano, que se dirigia para Buenos Aires - e que faria uma parada nos portos do Rio de Janeiro e Santos - naufragou próximo a Abrolhos, litoral da Bahia em Outubro de 1927.
O acontecimento foi considerado na época uma enorme tragédia, revivendo a memória da maior de todas as tragédias náuticas, o naufrágio do Titanic, ocorrido apenas 15 anos antes. Para todos os efeitos, a tragédia do Principessa Mafalda em águas brasileiras é considerado como um dos mais dramáticos naufrágios em nossa história.
A História do Navio
Em 1902 por ocasião do nascimento da segunda filha do Rei Vittorio Emanuele III, Mafalda di Savoia, uma embarcação de luxo foi batizada como Principessa Mafalda.
O transatlântico, de propriedade do Lloyd Italiano (Lloyd Italiano Società di Navegazione), foi construído nos estaleiros da Società Esercizio Bacini em Riva Trigoso, próximo a Gênova, e veio a substituir sua embarcação gêmea, a Principessa Iolanda, a fim de estabelecer uma linha rápida de luxo para a América do Sul.
Nessa época, os navios de passageiro de grande porte eram chamados de Ocean Liners pois ligavam o globo através de rotas marítimas levando milhares de pessoas de um canto para o outro. A América do Sul era uma terra que sinalizava com oportunidades para todo tipo de pessoa, desde os pobres imigrantes interessados em tentar a sorte no novo mundo, até ricos investidores estrangeiros ambicionando conquistar fortuna.
O Principessa Mafalda inaugurou a linha Gênova-Buenos Aires com escalas em Barcelona, Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu, tendo partido para sua primeira viagem a 30 de Março de 1909.
Com seus 147 metros de comprimento, 17 metros de boca, 10 metros de calado e suas 9.210 toneladas, O Principessa era uma das maiores embarcações italianas de passageiros da época. Um verdadeiro gigante dos mares. Seu casco era dividido em 10 compartimentos estanques e seus dois motores, do tipo “quadruple expansion” de 4 cilindros, lhe forneciam 917 hp. permitindo-lhe, com suas duas hélices, navegar a uma velocidade de cruzeiro de 16 nós e uma velocidade máxima de 18,5 nós.
Suas acomodações eram divididas em 1a., 2a. e 3a. classes. Os que viajavam nas classes superiores dispunham de conforto equivalente a um hotel de luxo. Ele gozavam de amplos salões de jantar com cozinha internacional, salões de leitura, cassino, lounge para fumantes, decoração de excelente gosto com obras de arte, serviço de camareiro e sala de exercício. Um luxo que sequer podia ser imaginado pelos passageiros da terceira classe, apinhados em cabines apertadas quase no porão da embarcação.
Durante a Grande Guerra, o Mafalda fez o transporte de passageiros que fugiam para a América e trouxe de volta toneladas de armamento e munições. Chegou a ser avariado por torpedos e escapou de um bombardeio em Taranto com poucas avarias. Após o conflito, ele foi reintegrado a rota sul-americana.Com seus 147 metros de comprimento, 17 metros de boca, 10 metros de calado e suas 9.210 toneladas, O Principessa era uma das maiores embarcações italianas de passageiros da época. Um verdadeiro gigante dos mares. Seu casco era dividido em 10 compartimentos estanques e seus dois motores, do tipo “quadruple expansion” de 4 cilindros, lhe forneciam 917 hp. permitindo-lhe, com suas duas hélices, navegar a uma velocidade de cruzeiro de 16 nós e uma velocidade máxima de 18,5 nós.
Suas acomodações eram divididas em 1a., 2a. e 3a. classes. Os que viajavam nas classes superiores dispunham de conforto equivalente a um hotel de luxo. Ele gozavam de amplos salões de jantar com cozinha internacional, salões de leitura, cassino, lounge para fumantes, decoração de excelente gosto com obras de arte, serviço de camareiro e sala de exercício. Um luxo que sequer podia ser imaginado pelos passageiros da terceira classe, apinhados em cabines apertadas quase no porão da embarcação.
Em 1927, o navio ainda realizava esse trajeto, embora a longa carreira já cobrasse seu preço, tanto que rumores davam conta de que o navio no ano seguinte faria trechos mais curtos no Mediterrâneo.
A viagem Final
No dia 11 de Outubro de 1927 a Principessa Mafalda partiu de Gênova em sua rota normal transportando à bordo 971 passageiros instalados da seguinte forma: 52 na 1a. classe, 92 na 2a. e 827 na 3a. A maior parte dos passageiros tinha como destino final a cidade de Buenos Aires, sendo que iriam desembarcar passageiros também no Rio de Janeiro e Santos em sua maioria empresários locais.
A tripulação composta de 288 pessoas, sendo 20 oficiais e 268 tripulantes era experiente. O Capitão, Simone Guli, já comandava o navio a mais de 10 anos e havia provado suas qualidades durante a guerra quando salvou o Principessa da predação dos submarinos e do perigo de minas marinhas.
O navio realizou sua primeira escala em Barcelona e partiu para a América do Sul porém, por um problema mecânico à bordo, realizou nova escala em Cabo Verde. Tendo sido o problema sanado retomou seu curso.
No dia 24 de Outubro, novo problema mecânico ocorre e, mesmo com as categóricas afirmações do comandante Guli comunicando aos passageiros de que nada de grave estava ocorrendo, a velocidade da embarcação foi reduzida a 10 nós, fato que inspirava preocupação e evidenciava um problema no maquinário.
O Naufrágio
No final da tarde do dia 25, segundo alguns passageiros, pouco depois do jantar, uma forte trepidação sacudiu o transatlântico. Esta trepidação foi causada, segundo confirmado posteriormente, pelo rompimento do tubo da hélice direita. A hélice descreveu então um giro excêntrico atingindo o casco que se rompeu com o choque. Em questão de minutos a casa das máquinas foi tomada pelas águas. O volume de água que penetrou foi tão grande que as caldeiras se apagaram e o navio parou com um tranco. Segundo alguns rumores foram ouvidas três explosões e logo a parte de trás do navio começou a adernar.
Rapidamente a tripulação verificou a extensão dos danos e um pedido de S.O.S. foi emitido informando a navios próximos que havia grande avaria estrutural. A mensagem fornecia a posição da embarcação e uma terrível constatação: "Principessa Mafalda afundando rapidamente! Posição 16º 58’ S / 31o. 51’ W. Mandem ajuda!".
As máquinas pararam 10 minutos depois, enquanto o comandante Guli tocava o apito de emergência e mandava preparar os botes para a evacuação imediata. Quando as sirenes de bordo soavam foi dada a ordem para que mulheres e crianças seguissem para os botes salva-vidas.
Em meio ao embarque apressado, uma nova e mais violenta trepidação levou desespero aos passageiros. Muitos se atiraram sobre os botes salva-vidas tentando conseguir um lugar. Há relatos de brigas e de pessoas sendo empurradas ou arrancadas à força de seus lugares. Houve rumores também de que tiros foram disparados em meio à confusão reinante.
Na terceira classe a situação era ainda mais grave. Muitos passageiros reclamaram de que portas e corredores de acesso para o deck superior foram trancadas, impedindo-os de procurar socorro. Pior ainda, não haviam coletes salva-vidas para todos e a disputa para conseguir um dos poucos disponíveis descambou para a agressão física e tumulto.
Em, meio a balbúrdia, uma das portas finalmente foi arrombada e os passageiros da terceira classe convergiram em desespero para o deck superior no momento que um dos botes era baixado. Muitas pessoas saltaram para dentro dele, ferindo os passageiros e fazendo com que o sobrepeso rompesse uma das amarras. Como resultado, o bote despencou e virou lançando dezenas na água.
O drama e o socorro
Com os pedidos de S.O.S. emitidos pelo Principessa Mafalda, vários navios se dirigiram para a área a fim de auxiliar no resgate. O Empire Star de bandeira inglesa foi a primeira embarcação a confirmar que se dirigia para prestar socorro. Logo em seguida a embarcação holandesa Alhena seguiu para o resgate, acompanhada do cargueiro francês Formose.
A primeira embarcação a chegar no local é a Alhena seguida do Empire Star. Imediatamente informam a posição e iniciam os trabalhos de socorro dificultados pelo mar agitado.
O pânico continuava e muitas pessoas se atiravam ao mar tentando então nadar até os botes salva vidas. Os marinheiros e passageiros dentro deles os repeliam violentamente para evitar a super-lotação e o risco de virar. Um passageiro informou que um dos marinheiros agrediu um homem que tentava subir à bordo "partindo-lhe o crânio com um violento golpe de remo".
A noite se aproximava e, na escuridão, o quadro era ainda mais assustador. O Principessa Mafalda se inclinava à medida que a água tomava os porões. Gritos pedindo socorro das pessoas que se encontravam na água se somavam aos gritos das que iam subindo para os conveses superiores em fuga. Os marinheiros se esforçavam para prestar socorro, jogando cordas para os náufragos que não sabiam nadar.
Neste momento é que foi notada a presença de mais um fator aterrorizante: tubarões. As correntes quentes nos arredores de Abrolhos favorecem a presença de várias espécies. Com o cair da noite eles surgiram entre os náufragos atraídos pelos que se debatiam na água. As barbatanas rondavam e por vezes um passageiro era puxado violentamente para as profundezas desaparecendo.
O Principessa emitiu um último comunicado de emergência para os outros navios. Seu pedido à estas embarcações era dramático: “Venham depressa. Há ainda muitos passageiros a bordo e não há mais luz”.
Mas a narrativa do naufrágio não se resume apenas a desespero e confusão. Houve momentos de heroísmo e desapego em que tripulantes ajudaram a salvar passageiros e manter a ordem. Homens saltaram na água para resgatar pessoas se afogando. Senhores cederam seu lugar para mulheres e velhos nos botes. Um dos passageiros tomou o comando de um dos botes e comandou os outros no esforço para resgatar o maior número possível de náufragos. O Comandante Guli ficou à bordo até o fim coordenando a retirada, honrando o ditado "o capitão é o último a abandonar o navio".
Por volta das 20:30, o Principessa adernou para bombordo e estremeceu, ouviu-se um horrível som evidenciando que o casco está se partindo. Em seguida a água entra rapidamente, cerca de 500 passageiros ainda estavam à bordo. Tomado pela água, o navio afunda em poucos minutos.
Consta que no naufrágio do Princesa Mafalda, pereceram 292 passageiros e 32 tripulantes - o número não foi determinado com exatidão uma vez que o manifesto de bordo não informava quantas pessoas embarcaram em Barcelona.
A notícia da tragédia foi recebida com tristeza no Brasil, na Itália e Argentina, os países que tinham o maior número de passageiros à bordo. No Brasil houve uma longa espera por notícias; muitos navios provenientes da Europa faziam esse trajeto e logo que a notícia foi dada pela imprensa não se sabia ao certo o nome da embarcação que havia afundado. Como consequência centenas de pessoas seguiram para os portos desesperadas para saber se seus entes queridos estavam entre os mortos e desaparecidos. A imprensa local também fez enorme alarde sobre a tragédia afirmando que o número de vítimas era maior do que o real.
O naufrágio do Principessa Mafalda é ainda hoje considerado como a maior tragédia marítima ocorrida no litoral brasileiro.
* * *
Sem querer me aproveitar da tragédia, mas a narrativa de um naufrágio como esse dá margem para muitas idéias para um cenário de horror envolvendo uma mal fadada viagem de navio.
Um navio fornece um cenário limitado no qual os investigadores estarão praticamente confinados. É claro, a tragédia não precisa ser motivada pela ação de uma força sobrenatural, acidentes acontecem quando menos se espera, afinal de contas. Posicionar os personagens em uma dessas situações cria uma expectativa de tomar parte em eventos dramáticos que lamentavelmente ocorrem à todo momento.
Mas o roteiro do keeper depende apenas de sua criatividade, se ele desejar envolver forças do Mythos nesse panorama, o naufrágio ganha ainda mais horror e um fator imprevisível. Pense bem, e se as causas do naufrágio foram mais sombrias e terríveis do que conta a história? E se à bordo do navio estavam pessoas cujo interesse era provocar o naufrágio como uma espécie de tributo aos deuses das profundezas? E se na verdade os tubarões fossem abissais habitando as profundezas insondáveis?
"E se...", idéias é que não faltam.
Mas o roteiro do keeper depende apenas de sua criatividade, se ele desejar envolver forças do Mythos nesse panorama, o naufrágio ganha ainda mais horror e um fator imprevisível. Pense bem, e se as causas do naufrágio foram mais sombrias e terríveis do que conta a história? E se à bordo do navio estavam pessoas cujo interesse era provocar o naufrágio como uma espécie de tributo aos deuses das profundezas? E se na verdade os tubarões fossem abissais habitando as profundezas insondáveis?
"E se...", idéias é que não faltam.
minha bisa sobreviveu a essa tragédia
ResponderExcluirminha vò esta aqui em cascavel estava no nàvio no dia do desastre ela tem 93 anos e se lembra do terror que passou com perfeita lucides e me emociono como ela conta dos deta-lhes. se ela não se salva-se não estaria dando esse depoimento
ResponderExcluirMeu avô, Sebastião de Souza Ramos, morreu neste naufrágio. Tinha 37 anos, era um dentista renomado em São Paulo e tinha ido à Europa patentear uma invenção. A família, minha avó e seus três filhos, jamais souberam do que se tratava...Minha mãe, uma menina, na época, de 10 anos, carregou a vida toda essa tragédia que é a morte sem corpo!
ResponderExcluirMeu bisavô sobreviveu
ResponderExcluirMeus avos iriam embarcar nesse navio, mas segundo minha avo, deu nele. meu avo uma desinteria e perderam o navio, embarcando no proximo. So souberam da tragedia quando chegaram a Argentina e foram confundidos como sobreviventes do naufragio.
ResponderExcluirmeu pai falecido contou a mesma historia, meus avós perderam a embarcação ...
ExcluirUma tragédia pouco divulgada talvez não tenha sido feito um filme como no caso do Titanic. Emocionante por ainda ter sobreviventes e parentes.
ResponderExcluirMeus avós, tios e minha mae sobrevivau!! Muitas sds deles, já se foram infelizmente!!
ResponderExcluirMEU SOGRO DESCEU EM SANTOS NO DIA SETE DE SETEMBRO DE 1927. ELE DIZIA QUE O NAVIO AFUNDOU NA VOLTA PARA A ITÁLIA.
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