"O início é um momento muito delicado pois muitas das coisas que ocorrem aqui definem nossa jornada".
Saibam todos os que lerem essas linhas, que esta é a verdade dos fatos conforme ocorreram e conforme foram descritos. E por fantástica que seja a narrativa, por inacreditável que sejam os incidentes, foi assim que os envolvidos os descreveram.
INTRODUÇÃO
Na Próspera Metrópole Mercantil de Baldur´s Gate, na Costa da Espada, um grupo de aventureiros é reunido a pedido da poderosa Guilda dos Mercadores da cidade. O grupo formado pela investigadora Simone Beaumont, pelo guerreiro Gareth, o clérigo Braguir, o paladino Rün Havenhide, ambos seguidores de Lathander e pela feiticeira Adrie é chamado para uma reunião na Sede da Guilda.
[Para conhecer os personagens da Campanha mais a fundo leia o perfil deles no LINK ]
O propósito é oferecer a Companhia uma missão a ser cumprida o mais rápido possível.
Eles devem seguir até um pequeno povoado chamado Liam's Hold próximo a Floresta das Brumas. O vilarejo em si não oferece nada de muito importante, contudo é lá que se encontram acampados um grupo de viajantes que chamou a atenção da Guilda. Esse bando de forasteiros vindos de terras distantes se identificam como mercadores itinerantes. Eles viajam em grandes carroças e acampam nas estradas realizando negócios com quem tiver interesse em suas mercadorias. Há boatos de que eles estariam negociando itens de natureza mágica. Outros rumores afirmam que esses objetos teriam procedência duvidosa, podendo ter sido roubados.
A grande preocupação da Guilda é que objetos mágicos podem ser potencialmente perigosos, sobretudo se caírem em mãos erradas. O objetivo da missão seria verificar a natureza desses itens, a procedência e em havendo indícios de crime, a apreensão dos objetos e de qualquer pessoa que estivesse de posse deles.
A Companhia é integrada a uma Caravana com a Bandeira da Guilda de Baldur´s Gate e parte na manhã seguinte. Os heróis tem pouco tempo de se familiarizar uns com os outros, mas durante o percurso de três dias eles encontram tempo o bastante para se conhecer melhor.
Uma vez que as estradas são seguras e contam com patrulhas, o grupo não encontra obstáculos para chegar a Liam´s Hold.
"É uma cidade pequena, como tantas outras no caminho da Costa da Espada. Um lugarejo tímido e simplório, com pessoas comuns e trabalhadoras. Que as bençãos do Senhor da Aurora recaia sobre eles!"
- Do diário de Braguir, Sacerdote de Lathander.
Liam-s Hold sobrevive da passagem de Caravanas oferecendo estadia para aqueles viajantes interessados em pernoitar sob um teto, ao invés de ficar ao relento. Na Taverna local, ficam, eles coletam algumas informações a respeito dos forasteiros que estão acampados a aproximadamente três quilômetros na entrada para um Bosque.
"Os moradores do vilarejo foram unânimes em afirmar que os forasteiros de pele bronzeada e cabelos negros como a noite sem lua, não são bem vindos entre eles. Dizem que chamam a si mesmos por vários nomes: "Gitanos", "Ciganos", "Aperusa", "Calusai", "Vistani" (...) A verdade é que ninguém sabe muitos detalhes a respeito: de onde vieram, qual a sua terra de origem, o que querem e nem para onde vão. São de toda forma andarilhos. Os aldeões foram categóricos ao afirmar que eles não são de confiança. Mas como aceitar a opinião dessa gente ignorante? Para eles, tudo que é estranho é imediatamente ruim... melhor averiguar por conta própria"
- Do diário de Simone Beaumont - Investigadora Excepcional.
Pouco depois de proceder em entrevistas com os habitantes locais, três dos forasteiros entram na Taverna interessados em comprar bebidas suprimentos. Os heróis aproveitam a oportunidade para conversar com os estranhos e assim fazer um primeiro contato.
"Os Vistani foram bastante amistosos. Tivemos uma breve conversa com eles e nos convidaram para conhecer seu acampamento. De certa forma eu preferia saber um pouco mais a respeito deles antes de fazer uma aparição direta, contudo não parecia haver nada que sinalizasse com perigo. Bem, às vezes aparências enganam."
Das anotações de Adrie
O grupo concorda em seguir até o acampamento e já de longe podem ver que há algum tipo de celebração com uma grande fogueira acesa em torno da qual dançam mulheres de beleza exótica ao som de instrumentos igualmente incomuns. Cerca de dez grandes carroças de viagem (que eles chamam Vardos) estão dispostos em um círculo. Crianças e velhos ficam perto desses carroções que servem como transporte e lar para os viajantes.
Os heróis são apresentados ao Chefe da Caravana, um velho chamado Stamir. Ele dá as boas vindas em nome de seu povo e diz que os recém chegados são bem vindos. Em meio a canto e dança e da calorosa recepção oferecida, os heróis ficam tranquilos. Seu objetivo era falar em particular com Stamir assim que possível, questioná-lo discretamente a respeito das acusações e das suspeitas da Guilda dos Mercadores.
"A verdade é que o vinho e a companhia daquelas pessoas serviram para que baixássemos nossa guarda. Não é sempre que estranhos são tão bem recebidos e é possível contar nos dedos quantos povos são tão anfitriões."
Das Anotações de Gareth II
Após receber os afagos do Povo Itinerante, os heróis são convidados para sentar com eles ao redor da fogueira para o que parece ser algum tipo de costume local - compartilhar histórias.
Stamir assume um semblante mais sombrio a medida que começa a narrar a triste história de seu povo e de como eles adotaram as estradas como seu lar. A seguir, ele começa a contar uma segunda narrativa, dessa vez envolvendo um misterioso soldado encontrado pelos Vistani quando eles passavam por uma terra assolada pela guerra. Segundo Stamir, o tal soldado foi ferido e abandonado atrás das linhas de seus inimigos mortais. Os Vistani o encontraram, trataram de suas feridas e o esconderam em seus vardos - mesmo quando os soldados que o procuravam ofereceram uma recompensa, eles disseram que não o haviam visto. Tornaram-o parte de sua caravana e o abraçaram como um deles. Meses depois, quando já haviam passado pela região e adentravam um reino vizinho, o soldado revelou que na verdade era o Príncipe daquele Domínio. Como agradecimento por terem salvo sua vida, o Príncipe prometeu aos Vistani que não importa o que acontecesse, sua Terra estaria sempre aberta para a passagem deles.
Mas então, muito tempo depois, os Vistani souberam que uma terrível maldição se abateu sobre o nobre Príncipe e sobre a sua bela terra. O mal que maculou a sua alma o transformou. Ele não era mais um homem justo, e sim, um terrível déspota que passou a governar seu Reino como um Domínio. Não obstante tornou-se "Senhor e Prisioneiro de suas próprias terras".
Apesar disso, os Vistani ainda eram ligados por laços de amizade ao Príncipe e deviam a ele eterna obediência.
"Ao fim da narrativa Stamir, o velho contador de histórias, nos pediu desculpas. E percebi que meus sentidos estavam embotados por algo que privava minha atenção. Senti a cabeça pesada e um torpor dominar meu corpo... estaria no vinho? Algum narcótico? Mas como era possível se eu não bebi? O velho então sorriu ao se debruçar sobre mim, "é a fumaça da fogueira". E foi a última coisa que vi antes de perder os sentidos."
- Do diário de Rün Havenhide - Servo de Lathander
CAPÍTULO PRIMEIRO -
ROSA & ESPINHO (Rose & Thorne)
"Ao despertar, em uma clareira, em meio a uma densa e fria floresta de pinheiros, não conseguia disfarçar meu descontentamento. Eu sabia que alguma coisa estava errada, mesmo assim, me deixei ser capturada de modo infantil. Se eu não voltar para casa, a culpa será minha, só minha!"
Do diário pessoal de Simone Beaumont
Logo após despertar, Braguir e Adrie se recordam de palavras sussurradas em seus ouvidos pelo Chefe dos Vistani. Palavras que parecem muito claras em sua mente:
"Procurem por Madame Eva, uma mulher com capacidades premonitórias Ela poderá falar a respeito de seu destino e será sua chance de voltar para casa".
Os heróis se encontram em uma floresta erma da qual nada sabem. Há somente uma trilha adiante, com rastros pronunciados dos pesados vardos na lama. O grupo decide seguir esse rastro, preocupado com o que quer que habite essa floresta.
"Existe algo de perturbador nessa mata. Já viajei por muitos lugares na Costa da Espada e não me recordo de ter encontrado um bosque tão fechado e silencioso. Não há sequer pássaros e animais silvestres. Não há nada a não ser silêncio e apreensão que poderiam enlouquecer um druida. Onde é que estamos?
- das anotações de Adrie
A Companhia segue a trilha, mas em determinado momento as marcas dos vardos simplesmente desaparecerem como por magia. Não há mais nenhum pista. E em meio a floresta a neblina começa a se transformar em um espesso nevoeiro. Acima das copas fechadas, há apenas um céu cinzento e indiferente.
Depois de seguir por horas à fio pela trilha, a vegetação vai se tornando mais esparsa até que surge adiante uma planície e ao longe, a névoa indevassável se abre o suficiente para oferecer uma inesperada visão:
"Diante de nós erguia-se uma muralha de proporções colossais que me fez perguntar a mim mesmo se as pedras teriam sido empilhadas por Gigantes. O paredão tinha mais de 20 metros de altura, com ameias e postos de guarda de onde tinha a impressão, poderia vir uma seta a qualquer momento. Meus companheiros também ficaram intrigados, pois, a despeito de tão magnífica obra de engenharia, estava claro que o lugar estava abandonado há tempos. Trechos haviam desmoronado e precisavam de reparos imediatos. Até mesmo as estátuas que ladeavam o massivo portão de entrada estavam dilapidadas, tendo a cabeça de uma delas tombado do alto, afundando em meio ao mato que crescia selvagem. Não era possível ver detalhes de quem seriam as pessoas retratadas ali, mas é claro, se tratavam de guerreiros pois traziam espadas em suas mãos e vestiam armaduras pesadas. O portão era por si só impressionante, com grades de ferro escuro batido. No alto da passagem uma placa de mármore talhada trazia o nome do rincão onde estávamos adentrando: "A todos os viajantes que vem em paz, sejam bem vindos ao orgulhoso Domínio de Baróvia". Tive um arrepio imediato quando a porta abriu com um rangido. O vento... provavelmente!"
- Do diário de Gareth II
A Companhia decide atravessar o portão e avançam pelo desconhecido, uma vez que o nome "BAROVIA" não lhes soa familiar. Pior de tudo, talvez seja o rangido seco da grade se fechando ao longe, logo depois de atravessar a arcada.
"Ao atravessar os limites dessa fronteira, andamos por horas por uma planície tristonha e erma. Nossa companhia constante era um nevoeiro denso e cinzento que se erguia e avolumava de quando em quando. Por vezes, ao mirar nessa parede revolta, posso jurar, embora não o deseje fazer que formas espectrais surgiam e desapareciam, rodopiando e girando, formando-se e desaparecendo. E vozes... quando ouvimos as vozes, era como o som de lamúrias chamando do além. Nos entreolhamos por um instante sem saber o que fazer,, mas então..."
Do diário de Braguir, sacerdote de Lathander
Antes de seja lá o que surgir das brumas, estas se partem, revelando de súbito uma enorme propriedade que se materializa em pleno ar. Uma mansão de aspecto nobre e bem cuidado com velas acesas luzindo na treva. Um porto seguro na noite escura?
Não há resposta às insistentes batidas nestes sinistros umbrais, apenas o eco seco reverberando pelos aposentos e câmaras. Só as batidas... e nada mais!
"O nome de tal sinistra propriedade eivado de maus agouros resplandece numa placa de pedra talhada onde lê-se: Rose and Thorne Manor. A despeito da desconfiança e receio, uma casa é apenas uma casa e se esta oferece um alento diante da noite e dos elementos, que assim seja. A porta principal se abriu, à guisa de servo ou senhor à atendê-la. No interior decorado com ares aristocráticos, fomos saudados por mobília suntuosa digna de um palacete, brilhando sob a luz de velas e candelabros de cristal. Luxo e opulência em cada canto, riqueza digna das casas de ricos mercadores e dos palácios de rica estirpe de minha distante Calishan."
Das memórias de Rûn Havenhide
A despeito da aparente desolação, a habitação obviamente estava preparada para a chegada de visitantes pois lareiras acesas e mesas postas saúdam os exaustos viajantes. Estes contudo se perguntam: "Esse fogo caloroso e essa ceia suntuosa são para nós ou para outros que também viajam na noite escura?".
"Não há resposta, mas se algo ficou evidente, é que nessa casa existe uma força desejosa de disputar algum tipo de jogo doentio e letal. Com portas e janelas trancafiadas, nada resta além de adentrar as salas e buscar uma saída para fora deste lugar assombrado. Uma verdadeira Casa dos Lamentos"...
Do diário de Simone Beaumont
E é claro, essa narrativa continua...
Transmissão do Primeiro Episódio:
Introdução e Rose & Thorne (parte 1)
Continuação:
Manda mais disso!!
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