A segunda metade do século XIX e o início do século XX foram marcados por um crescimento explosivo de Filosofias Espiritualistas e de Grupos Radicais.
No primeiro grupo, destacou-se Helena Petrovna Blavatsky, mais conhecida como Madame Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica e autora de um compêndio filosófico-religioso, que se tornaria um guia, de avançada profundidade para a época, denominado "A Doutrina Secreta", editado em 1885. Blavatsky era uma ocultista célebre, que percorreu os quatro cantos do mundo, incluindo grandes períodos de permanência no Tibet, onde teve profundas experiências místicas, dando origem à doutrina teosófica que, a seu turno, foi capaz de "ocidentalizar" ensinamentos esotéricos orientais. A despeito de seus ensinamentos a doutrina criada por Blavatsky não teve o cuidado de medir as palavras, em seus textos filosófico-religiosos, a fim de que não fossem mal interpretados no futuro.
Era comum seus textos teosóficos exaltarem uma raça raiz de origem hindo-ariana, classificada como superior a uma outra raça de pele escura. O livro também se referia aos Mestres de grande sabedoria e poder, tutores da Sociedade Teosófica, como pertencentes à "Grande Fraternidade Branca", elemento que também foi interpretado por um viés racista. Finalmente, o livro fazia uso de termos como 'raças menos desenvolvidas' ou 'raças primitivas', o que, do mesmo modo, foi entendido como elemento de discriminação.
As teorias de Madame Blavatsky contemplavam o surgimento de uma sexta sub-raça raiz, uma raça avançada que, profeticamente, substituiria a nossa atual, quinta e seria formada por seres alvos, de olhos claros e de estatura elevada, os arianos, a raça superior.
A doutrina teosófica, mal interpretada segundo os atuais teosofistas, foi o motivo perfeito para que grupos racistas defendessem a separação das outras raças, atribuindo-lhes a culpa por todo o mal da sociedade moderna. Tendo como base a Teosofia, parecia inegável para esses grupos que a miscigenação era a causa do enfraquecimento da humanidade.
O Führer em marcha |
Mas como surgiram esses grupos e de onde vieram os bizarros conceitos que ajudaram a formar essas Sociedades Malignas?
O Vril, foi citado pela primeira vez em 1872, por meio do lançamento do livro "The Comming Race" (A Raça do Futuro), do ocultista Edward Bulwer-Lytton. Originalmente um membro da Ordem Hermética da Golden Dawn, uma dissidência da Rosa-Cruz inglesa, Lytton possuía vasto conhecimento esotérico. O que ele fez, no entanto, foi escrever um simples livro de fantasia e ficção.
O livro de Lytton era a respeito de uma raça avançada, constituída de um povo nobre, de pele e olhos claros e estatura elevada, denominada Vril-ya, detentores de enormes poderes, pelo fato de fazerem uso do Vril, uma substância energética usada para todos os fins, para curar ou para matar, para construir ou para destruir. O Vril era um fluido maravilhoso que concentrava energia e que era a base de toda a civilização Vril-Ya. O protagonista do livro acidentalmente descobre a civilização vivendo num mundo subterrâneo paradisíaco e faz com eles contato. Fica sabendo então da importância do Vril e de como ele poderia ser usado para despertar uma nova Era de Ouro para a humanidade. No final do livro, os Vril-ya revelam ter poder suficiente para destruir o mundo, se assim o desejarem. Mas ao invés disso, eles esperam entrar em contato com uma raça humana superior a quem pretendem transmitir seu legado quando chegar o momento.
Pode parecer absurdo que uma trama fictícia desse tipo tenha exercido tamanho impacto em círculos ocultistas, mas foi exatamente o que aconteceu. O simbolismo da história e a noção de que um povo receberia uma recompensa por manter seu sangue puro, calou fundo entre os ocultistas. Com base no livro, eles assumiram que a raça escolhida para suceder aos Vril-Ya era a dos germânicos, sendo também contaminados pela ambição de dominar o mundo. A ficção foi encarada como realidade, e o livro passou a ser uma espécie de guia do que estava por vir.
O livro de Lytton era a respeito de uma raça avançada, constituída de um povo nobre, de pele e olhos claros e estatura elevada, denominada Vril-ya, detentores de enormes poderes, pelo fato de fazerem uso do Vril, uma substância energética usada para todos os fins, para curar ou para matar, para construir ou para destruir. O Vril era um fluido maravilhoso que concentrava energia e que era a base de toda a civilização Vril-Ya. O protagonista do livro acidentalmente descobre a civilização vivendo num mundo subterrâneo paradisíaco e faz com eles contato. Fica sabendo então da importância do Vril e de como ele poderia ser usado para despertar uma nova Era de Ouro para a humanidade. No final do livro, os Vril-ya revelam ter poder suficiente para destruir o mundo, se assim o desejarem. Mas ao invés disso, eles esperam entrar em contato com uma raça humana superior a quem pretendem transmitir seu legado quando chegar o momento.
O sonho de descobrir Vril-Ya |
Com base nisso, a Sociedade Vril foi fundada em 1918, em um hotel próximo da cidade alemã bávara de Berchtesgaden. No início ela foi chamada de Sociedade Germânica de Metafísica e contava com poucos membros. Entre seus fundadores principais estavam Rudolf von Sebottendorff e Dietrich Eckhart.
Rudolf von Sebottendorff era um ocultista, alquimista e maçom que havia participado da fundação da Sociedade Thule um ano antes. Ele adotou um novo nome e agregou um título, o de Barão, mesmo sem pertencer a nobreza. Para muitos ele era um aproveitador, envolvido com magia negra e satanismo que se tornaria agente nazista e espião em Constantinopla durante a Guerra.
Dietrich Eckhart, por sua vez era um estudante de medicina que não terminou o curso e posteriormente, se tornou jornalista. Era viciado em morfina e esteve várias vezes internado em sanatórios e manicômios. Foi amigo íntimo de Adolf Hitler de 1919 a 1923, quando faleceu. Era um anti-semita furioso e tinha uma personalidade dominadora. Eckhart conheceu Hitler por ocasião de seus discursos políticos e exerceu enorme influência sobre o futuro Führer, incutindo-lhe a ideologia nazista. Era um 'gênio louco', passava-se por profeta, e acreditava na vinda de um Salvador para a Alemanha.
Outro membro da Sociedade, que se juntou posteriormente era Jörg Lanz von Liebenfels um jornalista e místico que também se viu fascinado pela ideia do Vril. Liebenfels já havia criado um culto chamado Ariosofista, em que exaltava a superioridade ariana; realizava rituais esotéricos na cidade de Carnuntum, na Áustria, local de uma batalha onde os alemães derrotaram os romanos, em tempos idos. A partir de 1905, editou o periódico anti-semita "Ostara", que tinha entre seus leitores assíduos Dietrich Eckhart e Adolf Hitler. Foi Liebenfels quem atribuiu a Hitler grande capacidade mediúnica.
Expedição Nazista ao Tibet |
Em dezembro de 1919, um quarto membro se juntou ao grupo e ajudou a atrair ainda mais seguidores para a Sociedade recém constituída. Era a médium austríaca Maria Orsic que alegava ter recebido transmissões telepáticas sobre a criação da Sociedade Vril e de sua importância para a humanidade. Maria era uma medium famosa em toda Alemanha, que alegava ter visões a respeito do futuro glorioso da nação. Ela defendia que caberia ao povo alemão a primazia na transformação da humanidade.
Essas quatro pessoas dariam origem a um grupo constituído com os mais sinistros objetivos, direcionado para a perpetuação materialista, cujos membros compartilhavam de ideias nefastas e que ajudariam a cimentar a base do pensamento do Partido Nazista.
Alguns historiadores modernos taxam os membros da Sociedade Vril de loucos, ocupados na busca de uma substância de existência impossível. Realmente eram loucos maldosos, mas, na realidade, o Vril que procuravam parece se tratava de uma energia esotérica potencializada. Ocultistas esclarecidos especulam que as forças esotéricas, produzidas através de diversas práticas mágicas (cerimônias de magia negra, rituais tântricos entre outras modalidades) podem ser compreendidos como uma forma de energia.
É inegável entretanto, que os membros da Sociedade procuravam avidamente por quaisquer indícios do Vril ao redor do mundo.
Seguindo as previsões de Maria Orsic, eles se envolveram em expedições arqueológicas e antropológicas em uma desvairada busca por todo o globo, principalmente pelo Tibet, onde acreditavam, residiam seus antepassados arianos. Também acreditavam que suas buscas revelariam artefatos da Atlântida, outra civilização lendária que teria se valido do Vril no seu auge.
A belíssima Maria Orsic |
As mulheres tinham grande influência na Sociedade, eram chamadas de Vrilerinnen Fraus. Duas delas se converteram em verdadeiras Profetizas dentro da Sociedade. Maria Orsic e uma outra medium conhecida apenas pelo nome de Traute em determinado momento se tornaram líderes da Sociedade. Elas mantinham os cabelos longos, realizavam adivinhações e previsões diversas após relações sexuais. Traute chegou a realizar uma predição na qual, após uma relação sexual, viu surgir de seus órgãos genitais a figura do Führer, o futuro salvador da Alemanha, e o identificou como Adolf Hitler. Em algumas dessas sessões mediúnicas, as sacerdotisas diziam manter contato com seres de outras realidades, dimensões, planos...
Não se sabe ao certo quantos membros do Partido Nazista, políticos, empresários e apoiadores aderiram à Sociedade Vril, mas as conexões estabelecidas entre os membros e pessoas importantes na Sociedade Alemã é inquestionável. Em 1933, ano em que os Nazistas chegaram ao poder, muitas pessoas influentes, ricas e formadoras de opinião foram convidadas a participar das celebrações. Foi através desse vínculo que a Sociedade conseguiu se estabelecer no Partido, alinhando seu discurso à doutrina nazista.
Alguns setores do Partido haviam sido convencidos pelos membros da Sociedade secreta que o Vril era essencial para a conquista da Europa e depois do mundo. Nessa época, a medium Maria Orsic relatou que o Vril seria utilizado como matriz energética das mais variadas armas. Ele seria, por exemplo, o combustível para máquinas aéreas em forma de disco (inspiradas pelos Vimanas indianos) que seriam usadas como a arma mais eficaz para derrotar os inimigos da Alemanha. A Alemanha buscou criar os Discos Voadores através de um projeto chamado Die Glock. Orsic teria visto em um dos seus transes que o Exército Alemão se tornaria uma Máquina de Guerra imbatível graças a substância mística.
A procura pelo Vril levou alemães e austríacos a praticarem todo o tipo de sortilégio, principalmente o tantrismo negro, realizado durante cerimônias orgiásticas nas sedes da Sociedade Secreta. O propósito desses ritos não era apenas localizar o Vril, mas segundo boatos assassinar inimigos políticos e desafetos canalizando energia mística com o intuito de matar, ferir ou aleijar.
Para alguns pesquisadores, a Sociedade Vril contou com alguns indivíduos chave do Governo alemão entre os seus membros estariam entre outros: Herman Göering (criador da Lufftwaffe), Heinrich Himmler (o homem forte da SS), Alfred Rosenberg (idealizador da Teoria Racial e promotor do Extermínio Judeu), Rudolf Hess (político proeminente do partido nazista), Martin Bormann (chefe da chancelaria nazista), que seriam membros com maior ou menor influência dentro da Sociedade. Não obstante, todos teriam passado pelas iniciações e rituais que envolviam verter sangue sobre o símbolo da sociedade. Muito se discute se Hitler também fazia parte da Sociedade Vril, mas segundo a maior parte dos historiadores, ainda que o Führer não fizesse parte ativamente, é razoável supor que ele conhecia e aceitava suas atividades.
De todos os membros da Alta-Cúpula do Partido Nazista, é provável de Heinrich Himmler fosse o mais envolvido com a Sociedade Vril. O interesse de Himmler pelo ocultismo é bastante conhecido e foi ele o responsável por introduzir muitos elementos de simbolismo místico no Terceiro Reich. Ele comandava a SS com base em suas convicções políticas mas, antes de tudo, seguindo suas concepções ocultistas.
Os Discos Nazistas tomariam a Terra e depois o universo... |
Para alguns pesquisadores, a Sociedade Vril contou com alguns indivíduos chave do Governo alemão entre os seus membros estariam entre outros: Herman Göering (criador da Lufftwaffe), Heinrich Himmler (o homem forte da SS), Alfred Rosenberg (idealizador da Teoria Racial e promotor do Extermínio Judeu), Rudolf Hess (político proeminente do partido nazista), Martin Bormann (chefe da chancelaria nazista), que seriam membros com maior ou menor influência dentro da Sociedade. Não obstante, todos teriam passado pelas iniciações e rituais que envolviam verter sangue sobre o símbolo da sociedade. Muito se discute se Hitler também fazia parte da Sociedade Vril, mas segundo a maior parte dos historiadores, ainda que o Führer não fizesse parte ativamente, é razoável supor que ele conhecia e aceitava suas atividades.
De todos os membros da Alta-Cúpula do Partido Nazista, é provável de Heinrich Himmler fosse o mais envolvido com a Sociedade Vril. O interesse de Himmler pelo ocultismo é bastante conhecido e foi ele o responsável por introduzir muitos elementos de simbolismo místico no Terceiro Reich. Ele comandava a SS com base em suas convicções políticas mas, antes de tudo, seguindo suas concepções ocultistas.
Himmler teria sido um membro ativo da Sociedade Vril e se dedicava a participar de celebrações místicas, fazendo disso uma religião. Realizava casamentos, rituais místicos tântricos, iniciações, evocações e sacrifícios. A cerimônia de casamento de uma prima de Eva Brown, esposa de Hitler, foi realizada por Himmler.
A SS, sob seu comando, além de representar uma força de batalha, formada pela nata dos soldados alemães, se tornou uma força acessória da Sociedade Vril, adaptando iniciações e outras atividades que envolviam a doutrina. Sua obsessão pelo ocultismo era tal, que mandou modificar o Castelo de Wewelsburg, utilizando mão de obra escrava de prisioneiros de guerra, para que se tornasse um templo dedicado ao Nazismo e doutrinas obscuras. Não por acaso, muitos dos símbolos presentes nas paredes e câmaras de Wewesburg eram dedicados a Sociedade Vril. O Sol Negro, estava entalhado no alto da Torre Norte do Castelo, local onde ficava o Templo em que ocorriam as celebrações mais importantes, como a iniciação dos membros da SS.
Mais profundamente nesse mesmo castelo, situa-se uma cripta, destinada à realizações de rituais ainda mais profanos (supostamente até missas negras) onde, após sua morte, Himmler pretendia guardar suas cinzas. O castelo encontra-se intocado até os dias de hoje, emanando energias deletérias produzidas em seu passado macabro.
Celebração nazista em Berlim |
No decorrer da Segunda Guerra, a Sociedade Vril continuou desfrutando de certo prestígio, mas esse durou apenas até o conflito se equilibrar e começar a pender contra a Alemanha Nazista. Apesar de contar com muitos membros dentro do Partido e nas Forças Armadas, a Sociedade começou a ficar em segundo plano diante de outros grupos como a SS de Himmler.
Seus membros mais importantes começaram a perder prestígio.
O Barão Sebottendorff cometeu suicídio, pulando no Bósforo, em maio de 1945 quando soube da derrota dos nazistas. Ele havia trabalhado ativamente para os nazistas tentando estabelecer uma aliança com a Turquia que nos dias finais da Guerra chegou a ser cortejada sem êxito para compor o Eixo.
Jörg Lanz von Liebenfels, caiu em desgraça bem antes do fim da Guerra. Ele tentou se aproximar de Hitler depois dele subir ao poder mas acabou irritando o Fuhrer com sua insistência para receber algum posto de importância. Hitler mandou fechar a revista Ostara e proibiu Liebenfels de continuar publicando seus artigos. Após a Guerra ele acusou Hitler de ter corrompido suas ideias.
Karl Hostofer, o explorador que buscou o Vril incessantemente foi capturado pelos soviéticos e julgado por crimes de guerra. Ele morreu antes de ser condenado a forca em um campo de prisioneiros.
O sonho de encontrar a Civilização Ariana |
Maria Orsic e Traute desapareceram misteriosamente em 1945, junto com seu grupo de Vrilerinnen Fraus. Acredita-se que elas possam ter escapado para a Itália e se misturado aos milhares de refugiados de guerra que vagavam pela Europa na época. Alguns supõem que ela estava tentando retornar para a Croácia que era a pátria de seu pai. Teóricos de conspiração acreditam que ela tenha sobrevivido à Guerra e que tentou reerguer a Sociedade Vril nos anos seguintes.
O Vril ou a civilização que o dominava jamais foram encontrados.
O Reich Nazista que deveria perdurar por um milênio, foi completamente aniquilado em 12 anos, deixando um saldo de milhões de mortos.
Estou acompanhando seus textos de Weird War com entusiasmo . Tenho grande interesse em casos históricos estranhos .
ResponderExcluirA teoria conspiratória que Maria Orsic tentou reerguer a Sociedade Vril após a Segunda Guerra Mundial poderia ser usado em uma campanha baseada no Misticismo Nazista .
Parabéns! Mais um texto fantástico. Tomei conhecimento sobre a Sociedade Vril e sua relação com o nazismo recentemente e logo depois sou brindado pelo seu texto muito claro e explicativo. Parabéns novamente.
ResponderExcluirAh, o Sol Negro... https://arcadeouro.blogspot.com.br/2011/07/o-sol-negro.html?m=1
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