terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A Casa da Bruxa - Keziah Mason e o endereço mais macabro de Arkham


No final do século XVII, o Demônio deixou suas pegadas na Nova Inglaterra, ou assim muitos acreditavam.

A Caça às Bruxas estava em seu momento mais agudo. Inocentes eram acusados sem motivos, homens e mulheres eram capturados no meio da madrugada e levados para interrogatórios, alguns chegavam a ser submetidos a torturas nos porões das igrejas e casas de justiça. A histeria atingiu seu ápice quando um simples nome podia resultar em uma avalanche de delações. A febre que se instalou no Vilarejo puritano de Salem se espalhou com velocidade como uma epidemia de medo e zelo por toda Massachusetts. Crianças apontavam adultos, que apontavam vizinhos, que apontavam membros da família, que apontavam amigos... o ciclo vicioso ia se alimentando com a fofoca e rumores, aquilo parecia não ter fim.

Em meio a loucura, não é exagero afirmar que a maioria esmagadora dos acusados jamais teve qualquer ligação com feitiçaria ou magia negra. A maior parte dessas pessoas era absolutamente inocente, mas devido as circunstâncias aviltantes, aceitavam fazer o jogo dos acusadores. Afinal, aqueles que reconheciam sua alegada culpa e que entregavam outros nomes eram poupados da forca.

Mas e quanto aos verdadeiros culpados?

Entre os milhares de cidadãos inocentes que jamais professaram as artes negras ou malefícios blasfemos, haviam alguns poucos que de fato comungavam com as trevas. Eram realmente bruxas e feiticeiras perversas, que conheciam segredos ancestrais, se valiam de poderes aterrorizantes e de rituais profanos para obter poder. Mas ao contrário do que os caçadores de bruxas acreditavam, elas não serviam ao Demônio, mas a coisas muito mais tenebrosas que habitam os recessos do Tempo e Espaço. Nas noites sem lua, ou diante de fogueiras eles não imploravam pela intercessão de Satã, mas do Mythos de Cthulhu.

As primeiras cabalas de feiticeiras se fixaram na Nova Inglaterra quando os colonos pioneiros cruzaram o mar em busca de um Mundo Novo. Alguns destes bruxos já sabiam o que existia além do oceano salgado, pois seus mestres profanos os haviam enviado sonhos e presságios sobre o que achariam do outro lado do oceano. O conhecimento do Novo Mundo, e do que nele vivia, também estava escrito em alguns volumes proibidos. Eles sabiam que aquela não seria a Nova Canaã como sonhavam os puritanos, mas uma terra perigosa em que os seres do Mythos andavam livremente: furiosos e selvagens. Esse era um território a ser explorado e conquistado e no afã de obter mais poder, mais influência sob uma parte do mundo até então pouco conhecida, certos bruxos empreenderam a longa jornada.


Supõe-se que Keziah Mason tenha se misturado aos primeiros colonos que se fixaram na costa da Nova Inglaterra. Não há praticamente nenhum registros dela até a data de sua captura e de seu julgamento ocorrido na assombrada cidade de Arkham. Não se sabe qual era sua idade, de onde ela veio, como chegou ou por que decidiu vir para o Novo Mundo. Tudo que se sabe é que ela já era velha e gozava de notoriedade entre a boa gente da região que escolheu chamar de sua casa. Todos a temiam e preferiam deixá-la sozinha. A mulher sempre viveu solitária, sendo uma das primeiras a se fixar na região ribeirinha do Rio Miskatonic em uma choupana insalubre de pedra caiada e telhado de juta. Apesar de velha e de aparência frágil, seus vizinhos negavam-lhe qualquer ajuda, ainda que muitos se dissessem cristãos caridosos. A velha desde o início lhes inspirava desconfiança, e tal qual animais silvestres que se tornam tímidos perante uma fera, os aldeões preferiam ignorar a velha. Diziam que havia algo nela que inspirava suspeita, repulsa e certo grau de temor.

A Casa de Mason era evitada, seus vizinhos mais próximos - que construíram suas casas a um bom par de milhas de distância, costumavam contornar a propriedade mesmo que isso lhes custasse um longo desvio de seus objetivos. Tudo porque a casa inspirava maus agouros, ninguém queria passar pelo portão e avistar a velha corcunda em alguma de suas  atividades desconhecidas. Alguns que a espiavam de longe contavam que ela andava pela frente da sórdida habitação desgrenhada e mal cuidada, falando sozinha ou com companheiros invisíveis. Os poucos corajosos afirmavam tê-la visto rachando lenha, cuidando de galinhas ou perambulando pelos arredores. Eles a olhavam de soslaio e apertavam o passo para que a matrona não os percebesse.

Descreviam o barraco em termos relativos, ninguém tinha coragem de chegar perto. Diziam que a habitação era decadente e que precisava de reparos, e que uma velha não deveria suportar a vida em lugar tão ermo. Ninguém tomava para si a façanha de afirmar ter entrado no barraco torto, e se o fizesse ninguém acreditaria em tal feito. Ao longe, observadores mais ousados haviam visto pedaços de ossos, pedras coloridas e vidro pendurados em fitas de couro pendendo no alpendre em que a velha sentava-se numa cadeira de embalar. Quando o vento soprava esses objetos dançavam, e contava-se mesmo quando o ar parecia quieto e estagnado, essa estranha decoração se movia, como por conta própria. Da chaminé de pedra, por vezes, via-se uma fumaça preta se erguendo. Essa produzia frequentemente um fedor ocre que a maioria não conseguia descrever. O jardim em volta da casa era pura erva daninha, um matagal que crescia selvagem, mas que mesmo assim custava a abafar os cogumelos e urzes que brotavam aqui e ali. Havia um cheiro que se concentrava naquela campina, um odor nauseabundo de fruta podre e losna ribeirinha.


A velha em si era uma visão de pesadelo e aqueles que a viram ainda jovens se espantavam já adultos ao constatar que ela continuava a mesma: Era medonha e medonha continuava. Não obstante sua frágil constituição, demonstrava uma energia inesgotável, coisa que deixava os aldeões desconcertados. Certa vez um viajante que passava de longe disse tê-la visto no telhado da casa. Ele não tentou explicar como ela havia subido ou como desceria daquele lugar. Para todos efeitos, era pequena, ou ao menos parecia ter baixa estatura, visto que andava arquejada. Uma protuberante corcunda formava uma massa informe nas costas magras. Essa postura incomum a fazia inclinar-se para frente, quase a ponto do rosto tocar o chão. As pernas tortas e mal ajambradas sustentavam o que mais parecia um saco de pele e ossos sem substância.

Mason usava sempre o mesmo traje, fosse inverno ou verão, um camisolão preto remendado, comprido nas mangas e na bainha que tocava o chão. Seus pés e braços ficavam ocultos, deixando à vista apenas as mãos artríticas, com dedos fechados em forma de garra, segurando firme no cabo de
uma bengala nodosa de cedro. Andava com um gingado, se equilibrando feito uma árvore torta ao sabor de uma ventania.

Os poucos que a haviam visto de perto tinham a dúbia vantagem de descrever-lhe em maiores detalhes. Era uma anciã, nisso todos concordavam, mas ninguém era capaz de determinar sua idade. Tudo sugeria que ela devia ter visto muitos invernos e a hipótese de ser centenária era aceita pela maioria. Seus cabelos brancos como cal se estendiam além da cintura e pendiam desgrenhados em tranças compridas. A pele era amarelada da cor de papel envelhecido, marcada por manchas de senilidade e por outros sinais, em especial verrugas que pululavam aqui e ali. Na boca tinha apenas uma meia dúzia de dentes amarelados e seu queixo era incrivelmente pontudo. Os poucos que ouviram sua voz, a descreviam como um som raspante, as palavras entrecortadas por pensamentos altos verbalizados inadvertidamente e risadas guturais. Dada a falar sandices, Mason parecia ter longos diálogos com interlocutores imaginários. Os olhos de um azul pálido eram bem vivos, sempre alertas ao menor movimento.


Os mais supersticiosos diziam que a velha compartilhava sua casa com outros moradores estranhos. Mencionavam um homem de baixa moral, um conhecido ladrão que atendia pela alcunha de Brown Jenkin que teria residido no casebre decrépito por algum tempo. As pessoas de Arkham sugeriam que ele fosse um sobrinho distante, mas as más línguas diziam até que Jenkin era um foragido que aceitara se emancebar com a velha em troca de refúgio. Os rumores prosseguiram por algum tempo até que sumiram junto com o próprio Jenkin que deixou de ser visto nas imediações da propriedade.

Mais ou menos nessa mesma época, alguns curiosos começaram a notar que Mason carregava em seus braços um animal de cor castanha, magro e de pelagem desgrenhada. O bicho, supostamente pelo tamanho um gato estava sempre aninhado em seus braços, com o rosto escondido nas dobras de seu manto remendado, como se temesse olhar os arredores. Ninguém jamais viu o animal de perto, mas supunham que velha e felino faziam companhia um ao outro.

Em 1692, o nome de Keziah Mason viria a tona no auge do terror das bruxas. Parecia natural ao bom povo de Arkham, que há tanto tempo nutria um temor pela anciã considerá-la com uma séria suspeita de praticar malefício. Não está registrado nos autos documentais da comarca em que circunstâncias o nome dela foi suscitado pela primeira vez, mas sabe-se que Keziah Mason foi buscada por três doutores da lei que reuniram forças para empreender uma visita a ela, depois de várias queixas serem feitas. Os homens retornaram transtornados. Não chegaram a entrar na casa torta, tendo a velha os recebido do lado de fora. Apesar disso, diziam que havia indícios para supor que a anciã era o que muitos temiam, e pior... um dos homens, que atendia pelo nome Turner chegou a sugerir ter visto um tipo de diabrete observando por traz da janela de vidro grosso da cabana. A coisa medonha, segundo ele tinha olhos perversos e brilhantes. A bruxa apenas gargalhou e desconversou dizendo que aquele era seu animal de estimação.

Os doutores acharam por bem voltar mais tarde, acompanhados de soldados armados com espada e mosquete. Reuniram os homens da milícia e quando convergiram para o local encontraram a velha como se estivesse lhes esperando no alpendre, sentada a se embalar na cadeira. Tinha um olhar desafiador e concordou imediatamente em acompanhá-los para um interrogatório na cadeia de Arkham. Pediu para que ninguém entrasse em sua cabana enquanto estivesse fora, mas quando os homens lhe comunicaram que essa passaria por uma revista ela não tentou dissuadi-los. Ao invés disso apenas falou algumas palavras sem sentido, como era de costume.


De início acharam que Keziah Mason era simplesmente insana. Tudo nela sugeria ser dada a desatinos e pouca concentração. Enervava aos que a questionavam que ela falasse sozinha e que olhasse para o vazio como se estivesse vendo alguma coisa que só ela era capaz de enxergar. No vilarejo, sua chegada foi um acontecimento. Curiosos pararam suas tarefas para ver de perto a temida anciã de quem tanto haviam ouvido falar. Não se impressionaram com a visão da velha atarracada e corcunda, sendo puxada pelo braço por um dos milicianos com a espada nua. Sentaram a velha diante de um Juiz e este procedeu em uma série de perguntas, avisando Keziah Mason formalmente que ela estava sendo acusada de bruxaria. Diferente da maioria dos acusados de crime tão pérfido, a velha se manteve serena e só abriu a boca para perguntar quem lhe havia imputado a acusação. O Juiz por sua vez informou que a identidade do delator seria resguardada e cortando direto as fases do inquérito perguntou à ela como se declarava.

Antes de se manifestar, entretanto, a reunião foi interrompida por um esbaforido rapaz da guarda que trazia notícias medonhas a respeito da revista que haviam procedido na cabana. O rapaz tremendo como vara verde contou que enquanto revistavam a tapera acharam coisas medonhas que não deveriam estar na posse de uma pessoa temente a Deus. No porão insalubre de terra batida, os homens se depararam com um caldeirão de ferro, uma série de beberagens de aspecto misterioso e uma medonha estatueta de uma coisa diabólica em formato de barril. Pior que isso, entretanto, foi descobrir que no chão de terra remexido estavam enterrados vários ossos de crianças.

A velha mesmo naquela instância, confrontada pelas sérias acusações, se mostrava absolutamente calma e serena. O juiz a intimou a confessar seus atos malignos e ela então, para surpresa geral, pôs-se a falar desatinadamente a respeito de seus maus versos e toda sorte de blasfêmia e profanidade. Confessou entre outras coisas que o Diabo havia lhe revelado o nome secreto de Nahab e a levado para lugares isolados onde realizou rituais em sua honra. Contou ainda ter encantado crianças, usado os infantes como sacrifício nos mais medonhos rituais para satisfazer a fome e a lascívia de demônios por ela invocados. Disse ainda que o Homem Negro era seu hóspede frequente, recebido com honrarias em sua morada, onde Deus não era bem vindo. O Homem Negro em troca de sua servidão havia lhe proporcionado visões maravilhosas que incluíam vislumbres do passado e futuro. Entregou também em suas mãos artefatos mágicos, o segredo para destilar poções de todo tipo e o conhecimento de magias que lhe permitiam viver indeterminadamente. Ensinou a ela também todo um rosário de pérfidas maldições, entre as quais a mais terrível de todas que ela confessou ter lançado sobre seu então inquilino, o desaparecido Brown Jenkin. Quando questionada a respeito disso, apenas riu e disse que ele a servia com a devoção de um bicho de estimação.

Em meio ao depoimento, iniciado quando o sol estava no alto e concluído quando a madrugada já ia longe, um dos notários desmaiou e outro doutor da lei, começou a gargalhar como um desvairado. O Juiz, mandou então que as anotações fossem destruídas. Em seguida proferiu a sentença sem que, na sua opinião, fosse necessário ser realizado um julgamento. Para amparar sua estranha decisão, o Juiz explicou que "as palavras da bruxa não deveriam ser ouvidas por mais ninguém".

Decidiram que Keziah Mason seria executada na forca e que seu corpo posteriormente seria queimado. Enquanto os preparativos eram realizados, a velha foi levada até a prisão localizada abaixo do prédio da guarda. Lá, três acusados que se encontravam à ferros imploraram para serem transferidos para outro lugar, tamanho o medo que sentiam de estar na presença da anciã. Em uma decisão inédita, o Juiz acatou o pedido e todos acusados foram movidos para outro local, deixando a masmorra exclusivamente para ser ocupada por Mason.


Os preparativos para a execução correram aceleradamente. Um patíbulo foi erguido nos arredores da vizinhança que hoje corresponde a French Hill. A estrutura de madeira foi erguida por carpinteiros locais que também providenciaram uma corda resistente que serviria de verdugo. Ocorre, contudo, que a execução jamais ocorreu.

Quando os carcereiros abriram a cela em que a velha estava trancafiada, encontraram o local vazio. Não havia nenhum sinal de Keziah Mason que desaparecera como por magia. Um dos carcereiros disse ter ouvido a velha ruminando sozinha a noite inteira, mas que ele não desejou se aproximar para ouvir claramente o que ela dizia. O único sinal de sua estadia, deixado pela velha nas paredes, foram vários desenhos misteriosos rabiscados com sangue e excremento. Os símbolos sinuosos pareciam letras de um estranho alfabeto e se confundiam com símbolos zodiacais e outras loucuras. Símbolos similares foram encontrados nas paredes da choupana e pareciam ser uma espécie de linguagem desconhecida que formava padrões em espirais terminando em ângulos retos.

Para alguns dos moradores de Arkham, o incidente foi uma demonstração aterrorizante do poder do demônio. Outros, entretanto, ficaram satisfeitos pela feiticeira ter sumido sem lançar sobre eles uma maldição. O terror de ter de cumprir a sentença e matar a bruxa atormentava os bons cidadãos de Arkham que imaginavam no que acarretaria essa ação temerária. O Juiz do caso foi chamado em Boston para explicar o ocorrido e diante de uma junta dos seus pares, relatou o ocorrido e depois simplesmente se resignou ao ser dispensado de suas prorrogativas.

Um novo Juiz foi designado para presidir em Arkham, o honorável Wallace Boyd chegou ao povoado decidido a cumprir uma das ordens diretas dadas pelos seus superiores: derrubar a sórdida tapera. A ordem, no entanto, jamais foi cumprida. O Juiz sofreu um ataque cardíaco fulminante e morreu enquanto inspecionava o local. Depois disso, os habitantes de Arkham se negaram a colocar a choupana abaixo. Possivelmente para evitar alguma maldição, a população fez um pedido para que ela fosse deixada de pé, supostamente para ser ocupada no futuro. O assunto foi deixado nas mãos do povo de Arkham e não foi mais abordado.

O casebre abandonado permaneceu fechado por décadas, considerado um dos lugares mais assombrados de Arkham, conhecida dali em diante como "A Casa da Bruxa". De Keziah Mason não se ouviu mais nada. A feiticeira sumiu sem deixar vestígios. Alguns supunham que ela ainda surgia de tempos em tempos na casa em que viveu por tanto tempo. Para amparar essas conjecturas diziam que fumaça se erguia da chaminé de pedra e que luzes esverdeadas brilhavam lá dentro. Ninguém ousava sondar a casa para saber ao certo.


Por muito tempo o local permaneceu intocado. Não foi visitado por ninguém até meados de 1830 quando a Cidade de Arkham começou a crescer na direção dos bancos do Miskatonic e da casa d emá fama. Construções simples foram surgindo ao redor da propriedade, ao Leste da Rua Pickman, que passou a ser o seu endereço oficial. As primeiras habitações foram erguidas por ex-escravos libertos que não tinham muita escolha a respeito de onde viver. Depois, quando estes foram embora, chegaram os imigrantes para se estabelecer na vizinhança decadente. A casa continuou vazia até que em 1880 alguém resolveu construir um anexo e transformá-la em um sobrado para aluguel. A propriedade foi então desmembrada, locada para os muitos estrangeiros alemães, polacos, espanhóis e ucranianos, que mal falavam o idioma local e que desconheciam também sua história.

Alguns desses moradores se queixavam com os senhorios; diziam que a casa era insalubre: velha, fria e decrépita. Aqueles que podiam se mudavam depois de algumas poucas semanas, os mais depauperados duravam mais. Para seus conterrâneos confidenciavam sonhos desagradáveis com uma velha de aspecto medonho e um animal castanho, igualmente hediondo que espreitava pelos cantos arranhando e guinchando atrás das paredes.

Na década de 1920, o decadente casarão, era compartilhado por várias famílias de imigrantes. Pouco depois, o jovem estudante de matemática Walter Gilman, um brilhante aluno da Universidade Miskatonic se estabeleceu na propriedade. Gilman alegava que a casa possuía uma arquitetura única e que em certos ângulos haviam glifos gravados que correspondiam a complexas fórmulas de hiper geometria. O estudante esperava realizar um levantamento da casa e de sua estranha geometria, contudo ele adoeceu e passou a ser acometido por crises nervosas. Gilman faleceu poucos meses depois em circunstâncias misteriosas, atormentado por alucinações que o levaram a loucura. Supõe-se que sonhos tenham ocasionado seu delicado quadro de instabilidade mental. Mas a bem da verdade, "se os sonhos trouxeram a febre ou se a febre trouxe os sonhos, Walter Gilman não sabia".

Após estes acontecimentos funestos, a casa foi esvaziada e o município exigiu seu fechamento em decorrência da alegada presença de enormes roedores. Em março de 1931 uma ventania danificou a Casa da Bruxa e fez parte de seu telhado desabar. Apesar dos protestos da Sociedade Histórica da cidade, a prefeitura decidiu enfim demolir a habitação centenária, o que aconteceu em meados de dezembro. Na ocasião, os operários teriam encontrado um acesso a uma parte antiga do porão utilizado por Keziah Mason. Em seu interior foram descobertos alguns itens chocantes doados a Universidade Miskatonic.

O ocultista Morgan Smith mais tarde arrendou a área em que a casa existia, esperando explorar energias psíquicas que, segundo ele, abundavam no local. O terreno está abandonado desde a década de 1960 e uma vez que a região onde a casa ficava se converteu em uma das menos valorizadas, ninguém mais tentou erguer algo ali.

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