E já que estamos falando de "O Exorcista" que tal comentar sobre a suposta "Maldição do Filme".
Quer tenha algo a ver com demônios ou não, o filme O Exorcista tem,1 pairando sobre si, uma das maldições cinematográficas mais famosas de Hollywood. Na verdade, parece que os bastidores da produção foram tão assustadores quanto aquilo que acontecia na tela, com uma longa lista de infortúnios, contratempos, ocorrências estranhas e mortes associadas ao filme.
Com esta suposta maldição em particular, há tantas coisas estranhas que é difícil saber por onde começar. A produção foi assolada por vários contratempos desde antes mesmo do início das filmagens. Diretor após diretor, incluindo notáveis como Stanley Kubrick e Arthur Penn, inexplicavelmente recusaram o filme, alegando os mais variados motivos. Famosa foi a desculpa de Kubrick que alegou não ficar confortável em tocar em um assunto que poderia trazer repercussoes "perigosas". Ele também teria dito que após ler o roteiro sofreu um pesadelo que o afastou definitivamente do projeto.
Quando o diretor William Friedkin assinou o contrato para filmar, surgiu uma lenda de que o elevador em que ele estava, no estúdio da Warner Bros parou e por pouco não despencou no poço. O diretor e seus assistentes, não se machucaram e passado o susto até acharam aquilo engraçado, mas não sabiam que os problemas estavam apenas começando.
As filmagens das cenas ambientadas no Iraque enfrentaram uma série de contratempos e imprevistos. Para começar uma forte onda de calor atingiu a região, com as temperaturas mais altas em 50 anos. O calor era tanto que membros da equipe técnica desmaiavam por desidratação e alguns sofreram com severa exposição. Houve também um surto de disenteria, causado por água contaminada, que atingiu a equipe e obrigou os produtores a trazer médicos estrangeiros para cuidar de membros chave do elenco. Tudo isso atrasou consideravelmente a produção nas locações no Oriente Médio.
Havia também boatos de que autoridades religiosas muçulmanas se manifestaram contra o tema do filme e fizeram pressão para impedir a realização das filmagens. Demonstracoes e tumultos ameaçaram impedir as filmagens. Ironicamente, quem deu o sinal verde para a produção continuar foi ninguém menos que Saddam Hussein, na época, vice-presidente do Iraque.
Terminadas as locações internacionais, a equipe se transferiu para Washington para iniciar a produção que se passava em Georgetown. Foi então que as coisas realmente começaram a ficar estranhas no set de filmagem.
Durante a pré-produção, ocorreram inúmero incêndios inexplicáveis que pareciam surgir do nada, sem motivo aparente. Um deles queimou todo o cenário da casa retratada no filme, exceto o quarto de Regan, onde as cenas de possessão seriam filmadas. Os incêndios espontâneos segundo alguns técnicos eram tantos e tão frequentes que era regra durante a produção que existisse sempre dois extintores em cada aposento. Isso porque em um dos incidentes, um dos extintores simplesmente não funcionou.
Mas o que chamou muito a atenção, foram os acidentes ocorridos no set.
A atriz Ellen Burnsteyn sofreu uma lesão permanente nas costas em uma cena em que sua personagem luta com a filha possuída pelo demônio. O ferimento foi tão sério que ela completava cada dia de filmagem em um terrível agonia, sofrendo dores que a obrigavam a tomar doses enormes de sedativo. Em algumas cenas, Burnsteyn relatou estar em tamanha dor que precisava receber injeções na veia para continuar atuando. A jovem atriz que interpretou Regan, Linda Blair, também sofreu uma lesão nas costas quando o arnês destinado a fazê-la se debater loucamente não funcionou corretamente. Quando seu corpo foi erguido na cena em que ela levita sobre a cama, uma das cordas se rompeu e ela caiu com as costas na madeira da cama.
Em mais um acidente bizarro, o filho de um dos atores foi atropelado por uma moto no set e precisou ser hospitalizado. Um boato horrendo de que o menino havia morrido se espalhou pelo set e fez com que as filmagens tivessem de ser paralisadas diante da comoção causada pela notícia falsa.
Os acidentes foram tão numerosos que alguns dos atores e membros da equipe chegaram a pedir que padres que serviam como consultores teológicos fizessem uma benção para proteger a todos. Chegou a ser noticiado que houve um exorcismo real realizado durante as filmagens, mas esse rumor jamais foi confirmado. É um fato, entretanto, que mais de duas dúzias de membros da equipe se afastaram da produção alegando não se sentirem confortáveis para prosseguir nas filmagens. Um auxiliar de câmera, teria sofrido um episódio de crise nervosa e se desligou do projeto.
Além dos vários acidentes e contratempos estranhos no set, houve também mortes misteriosas cercando a produção. Uma das mais divulgadas foi a do ator Jack MacGowran, que interpretou o diretor Burke Dennings no filme e morreu de uma súbita gripe logo após o término das filmagens. Na verdade, dois atores que interpretaram personagens que morreram no filme também morreram na vida real logo após o término das filmagens. A atriz Valsiliki Maliaros, faleceu três depois de fazer suas cenas. No total, nove membros do elenco e da equipe associados à produção morreriam durante e no espaço de um mês após as filmagens terem sido concluídas. Outras mortes envolvendo parentes de membros do elenco e equipe técnica também ocorreram, incluindo o falecimento do irmão do ator Max von Sydow e do avô da atriz Linda Blair.
Os problemas e eventos bizarros que assolavam O Exorcista não parariam mesmo depois de seu lançamento.
Na estreia do filme no Teatro Metropolitano de Roma, uma tempestade fortíssima se formou com uma chuva torrencial e relâmpagos que deixaram todos os presentes apavorados. Pouco depois de os convidados terem entrado no teatro, um raio atingiu a torre de uma igreja do século XVI que ficava próxima do cinema. Uma cruz de 2,5 metros de comprimento caiu na praça bem em frente ao teatro com um estrondo que deixou os espectadores do cinema em pânico.
Quando o filme foi oficialmente lançado nos cinemas americanos, houve repercussões imediatas, pois uma enxurrada de reclamações de espectadores relatavam sentir tontura e náusea durante as exibições, houve casos registrados de desmaios, convulsões e ataques de pânico. Uma mulher ficou tão perturbada com as imagens assustadoras do filme que decidiu sair do cinema, tropeçou e caiu, quebrando a mandíbula. Em Porto Rico, uma sala de cinema pegou fogo e duas pessoas ficaram feridas e centenas intoxicadas após inalar a fumaça. Um cinema na Cidade do México também registrou um incêndio misterioso na sala de projeção que destruiu o filme e obrigou o cancelamento da noite de estreia do filme.
Além de todos esses estranhos incidentes, o Exorcista foi apontado como causador de uma série de suicídios ao longo da década de 1970. Na época alguns sugeriam que as mortes eram decorrentes das imagens horríveis do filme serem chocantes demais para algumas pessoas. O famoso evangelista Billy Graham estava tão convencido de que o filme era amaldiçoado que chegou ao ponto de sugerir que o próprio celulóide estava de alguma forma imbuído com o poder do mal e do próprio Diabo.
Para piorar ainda mais as coisas, a atriz Linda Blair teve que abandonar a turnê de promoção do filme após sofrer um colapso mental. A outrora promissora estrela infantil não suportou o stress e atenção da mídia e precisou se afastar. Nos anos que se seguiram, ela foi presa após acusações de porte de drogas e precisou fazer um tratamento de desintoxicação. Blair mencionava que a produção foi um dos motivos para ela ter afundado no uso de drogas a tal ponto que ela desistiu de atuar por muitos anos.
Anos mais tarde, o filme e suas sequências ganhariam ainda mais exposição na mídia com boatos perturbadores.
Um dos rumores mais conhecidos afirmava que o serial killer americano Jeffrey Dahmer era obcecado pelos filmes O Exorcista, em particular a terceira parte. Ele supostamente assistia incessantemente ao filme antes de matar suas vítimas. Dahmer acreditava que ao assistir o filme em loop recebia visões e podia ouvir vozes que o incentivavam a cometer seus crimes medonhos. Em uma entrevista ele disse que colocou o filme para duas de suas vítimas assistir e que pelo menos uma delas foi assassinada enquanto o filme estava passando no videocassete. Dahmer chegou a tentar entrar em contato com o ator Jason Miller, que trabalhou no Exorcista original e na terceira continuação, enviando para ele cartas e mensagens que acabaram sendo ignoradas. Nas cartas, Dahmer perguntava se algo no filme era verdade, pois ele afirmava temer estar sendo influenciado pelo filme. Miller diz se recordar das cartas, mas reconheceu que por muitos anos recebeu correspondência perturbadora por parte de pessoas que assistiram ao filme.
A suposta maldição de O Exorcista é tão bizarra e envolve tantas ocorrências estranhas que um documentário chegou a ser produzido repercutindo cada aspecto estranho do filme.
Com todos esses incidentes estranhos, mortes e situações bizarras, muitos se perguntam se a maldição seria real, mas muitos sugerem que ela possa ter sido simplesmente um golpe de marketing muito bem conduzido e orquestrado para promover o filme. O diretor, William Friedkin, chegou a ser acusado de promover os incêndios misteriosos para atrair a atenção da mídia. Ele ficou tão furioso com essas acusações que chegou a processar três jornais que sugeriram seu envolvimento nesses incidentes. Friedkin também se negou a dirigir a sequência afirmando que "não iria sobreviver a uma nova produção do filme". Anos mais tarde ele contou em uma entrevista que "O Exorcista" foi o filme mais complicado em que ele trabalhou, não apenas pela produção ter sido tumultuada, mas pelo assédio de pessoas de todos os tipos que importunavam a equipe.
É estranho que um filme tenha tantas ocorrências incomuns relacionadas a ele, e quando se fala de O Exorcista é difícil afastar os rumores que sempre cercaram a produção. Verdade ou mentira, certamente essas histórias tornaram um filme já arrepiante em algo ainda mais assustador.
E supostamente maldito.