quarta-feira, 31 de julho de 2024

Acidente Misterioso - A queda de um avião sobre o Triângulo de Nevada


Em todo o mundo, há lugares que parecem destinados a ficarem conhecidos pelos desaparecimentos misteriosos e inexplicáveis em seus limites. Do Triângulo das Bermudas ao Triângulo Dourado, temos áreas assim em abundância. Geralmente eles compreendem delimitações geográficas onde coisas muito estranhas tendem a acontecer. Mas em certos casos, eles simplesmente fazem com que pessoas desapareçam da face da Terra. 

Esses lugares são, de certa forma, famintos. Eles atraem indivíduos que ousam adentrar seus limites selvagens. Com uma fome absurda, eles devoram e nunca mais devolvem aquilo de que se apropriaram. Um lugar do qual provavelmente poucas pessoas ouviram falar fica em uma grande extensão de deserto e montanha empoeirados no estado de Nevada. Mas não se engane, esse é um local tão enigmático e ameaçador quanto os triângulos mais famosos do mundo.

Ocupando uma extensão de 65 mil quilômetros quadrados de paisagem agreste, colinas e arbustos próximo das montanhas da Sierra Nevada e do Deserto da Grande Bacia no estado americano de Nevada, o Triângulo de Bennington é gigantesco. Sua superfície abrasiva de areia causticante avermelhada lembra mais a superfície de outro planeta do que uma faixa de deserto convencional. 

Esse território inóspito acumulou ao longo dos anos uma reputação bastante sinistra. 

Além de estar nas proximidades da notória e ultrassecreta Área 51 e de contabilizar uma série de estranhos avistamentos de OVNIs, a região se tornou notória pela quantidade impressionante de aeronaves que desapareceram enquanto voavam sobre ela. Há rumores de que milhares de aviões sumiram sem deixar vestígio ao cruzar por ali. Por essa razão é que ele recebeu o sinistro apelido de "Triângulo de Nevada", em homenagem ao seu primo mais famoso nas Bermudas. 


O Triângulo de Nevada é tipicamente definido tendo como limites Las Vegas no sudeste, Fresno no oeste e Reno no topo. Diz-se que esta paisagem acidentada e escassamente povoada foi o palco de cerca de 3.000 acidentes aéreos nos últimos 60 anos. Muitos destes ocorrendo em circunstâncias misteriosas: com pilotos experientes, sem nenhuma razão clara e com destroços jamais encontrados. Em alguns casos, as vítimas abatidas foram aeronaves militares de grande porte, como B-24 Liberators e B-17 Flying Fortresses.

O desastre mais famoso a acontecer dentro do Triângulo de Nevada envolveu o empresário, esportista, aviador e aventureiro americano James Stephen "Steve" Fossett. Nascido em 1944 em Jackson, Tennessee, Fossett teve uma vida que parece tirada de um romance de aventura. Milionário que se fez sozinho, depois de anos trabalhando como vendedor de commodities, ele fundou suas próprias empresas, a Marathon Securities e a Lakota Trading, com as quais ganhou milhões na Bolsa de Valores. 

Foi graças a essa expressiva fortuna conquistada que ele conseguiu financiar sua verdadeira paixão na vida: Aventura.

Ele ficou famoso famoso por uma ampla gama de recordes mundiais em várias áreas diferentes. Estabeleceu recordes em circum-navegação da Terra, como balonista solo de longa distância, como navegador e como piloto solo de aeronave de asa fixa. Ele também conquistou o recorde mundial de altitude para planadores, o recorde mundial de velocidade para dirigíveis e vários recordes de cross-country. Fossett quebrou três recordes mundiais em voos de aeronaves de asa fixa e estabeleceu 91 marcas de aviação reconhecidas pela Federação Internacional. De fato, ao longo de sua carreira, ele estabeleceria mais de cem recordes em vários esportes diferentes, além de ser um ávido alpinista que conquistou os picos mais altos em seis dos sete continentes.

Fossett foi membro da Royal Geographical Society e do Explorers Club, obtendo muitos prêmios e elogios, incluindo a Medalha de Ouro do Royal Aero Club do Reino Unido, o prêmio Rolex Yachtsman of the Year da América e a Medalha de mérito do Explorers Club. Sua carreira lhe valeu o reconhecimento no Hall da Fama da Aviação, Balonismo e do Instituto Aeroespacial. 

 

James Stephen Fossett

Nem é preciso dizer que ele era um piloto extremamente talentoso, voando em aparelhos avançados, muito respeitado e tido como autoridade mundial em aviação. Certamente não há como contestar sua experiência, o que torna ainda mais estranho que ele tenha desaparecido da face da Terra em um voo de rotina sobre o Triângulo de Bennington.

Em 3 de setembro de 2007, Fossett partiu do aeroporto em Nevada em uma aeronave monomotor para o que seria um voo rápido de ida e volta para o mesmo aeroporto. Ele deveria ficar fora apenas duas horas. Na época, ninguém manifestou qualquer preocupação à respeito. Afinal, ele era um dos aviadores mais condecorados do mundo em um voo de rotina sob condições ideais. Não deveria ter havido nenhum problema! 

Quando Fossett não retornou no horário designado uma busca intensa foi iniciada para tentar encontrá-lo. A busca se estendeu por um mês enquanto as autoridades vasculhavam uma área de 52.000 km2 de terreno hostil e perigoso. Ao fim, não encontraram nenhum vestígio de onde Fossett ou seu avião tinham ido parar, nem mesmo um único destroço. Estranhamente, não captaram sinal do transmissor localizador de emergência (ELT) do avião, projetado para ser ativado automaticamente em caso de acidente. Também não acharam nenhum sinal do relógio Breitling Emergency que ele estava usando e que possuía um sinal de emergência com alcance de 145 km. 

Considerando que Fossett não havia registrado um plano de voo e tinha combustível suficiente para quatro ou cinco horas, não faltavam possibilidades sobre onde ele poderia ter ido. Por conta disso, as autoridades realizaram uma procura ampla sobre um dos terrenos mais acidentados e remotos da América do Norte. Nenhuma despesa foi poupada, com inúmeras aeronaves e tecnologia de ponta. Durante a busca, o Google Earth usou imagens de satélite para obter fotos de alta resolução do terreno. As imagens foram disponibilizadas pelo site beta do Amazon Mech para o público auxiliar na busca. Eventualmente mais de 50.000 pessoas ajudaram na procura meticulosa, vasculhando completamente a área sem achar sinal do avião.

À medida que as coisas ficavam desesperadoras, até mesmo médiuns entraram em ação, com dezenas de pistas não dando em nada. A Força Aérea dos EUA seguiu seriamente cada dica que um médium ofereceu, independentemente do quão plausível ou confiável parecesse. Embora a busca tenha sido uma das maiores, mais dispendiosas e bem divulgadas na história dos EUA, nenhum pedaço de destroço foi encontrado, ainda que a equipe de busca tenha descoberto vários outros aviões não identificados que caíram no deserto e que estavam esquecidos por décadas. 


A busca por Fossett foi oficialmente cancelada em 19 de setembro de 2007, embora aeronaves particulares ainda fizessem varreduras de solo em busca de qualquer sinal. Mas a essa altura Steve Fossett era amplamente dado como morto. Em 2 de outubro de 2007, a busca foi cancelada em caráter definitivo. Os médiuns ainda tentavam descobrir seu paradeiro, motivando expedições esporádicas.  

Em 23 de agosto de 2008 uma busca massiva a pé foi lançada com base em novas informações que surgiram, mas, como as anteriores, nada foi encontrado. Enquanto isso, o estranho desaparecimento fez com que teorias conspiracionais se alastrassem. Alguns acreditavam que Fossett havia fingido sua própria morte para começar uma nova vida em outro lugar, enquanto outros acreditavam que ele teria sido abatido pelos militares quando chegou muito perto da Área 51. Mas haviam teorias mais bizarras! Alguns defendiam que ele havia entrado em algum tipo de vórtice do espaço/tempo que o engoliu ou até mesmo que ele foi abduzido por alienígenas. No final, ninguém sabia e qualquer teoria era válida.

Então, em 29 de setembro de 2008, um caminhante tropeçou por acaso em alguns pertences de Fossett largados no deserto, incluindo um cartão amassado emitido pela FAA, um cartão de membro da Soaring Society of America e uma carteira contendo US$ 1.005 em dinheiro. Os itens foram encontrados em uma área remota e sombria localizada a cerca de 100 km de onde Fossett havia decolado. Com essa pista inesperada, os esforços de busca foram renovados e, em primeiro de outubro, uma busca aérea localizou destroços esparsos do avião a cerca de 690 m de onde os pertences foram achados. 

Buscas subsequentes falharam em localizar o corpo de Fossett, embora dois ossos humanos tenham sido descobertos. Eles foram analisados por meio de DNA que constatou serem pertencentes ao milionário. Acredita-se que o restante dos restos mortais tenham sido arrastados por animais e espalhados pela paisagem para nunca mais serem encontrados. O exame dos destroços da aeronave não revelou nenhuma evidência de mau funcionamento e o acidente foi atribuído a correntes descendentes extremas.


De fato, o clima furioso da área foi oferecido como uma das razões pelas quais tantos aviões desaparecem sobre esse deserto. As montanhas de Sierra Nevada correm perpendicularmente à ventos fortes do Pacífico, que conspiram com os picos íngremes em forma de cunha. Isso causa ventos fortes e correntes imprevisíveis que podem causar estragos em aeronaves menores. Esse fenômeno climático pode literalmente arrancar aviões do ar e jogá-los para baixo como brinquedos. 

Outro fator pode ser um simples erro do piloto tendo de lidar com turbulência desorientadora. A presença de cânions afiados e penhascos acaba sendo um complicador adicional. De fato, muitos pilotos que quase caíram no Triângulo de Nevada, perto da Sierra Nevada, relataram ter experimentado uma profunda sensação de confusão e desorientação profunda durante seus voos. No final das contas, a conclusão oficial apontou um acidente natural. 

Contudo, teóricos da conspiração ainda mencionam possíveis vórtices no estilo do Triângulo das Bermudas, fenômenos paranormais e OVNIs como os verdadeiros culpados pelo acidente.

Uma das questões que gera discussão é que a área onde os destroços foram achados havia sido criteriosamente investigada sem que nada fosse encontrado. As imagens de satélite vasculharam cuidadosamente o local sem avistar destroços que seriam percebidos facilmente. Há imagens, vídeos  e fotografias de equipes de busca nas imediações que não acharam nada e que dificilmente deixariam de perceber os sinais do acidente registrados posteriormente.

Além disso, havia a questão do dinheiro e dos cartões achados em uma área muito distante do alegado ponto de impacto. Nesses casos, os objetos poderiam se espalhar, mas não tanto.


Também havia um elemento curioso, o avistamento de estranhas luzes e objetos voadores registrados por testemunhas na data exata em que o avião de Fossett desapareceu. Alguns alegam que seriam indícios de OVNIs ou veículos de testes das forças armadas.  

No final, ninguém tem certeza absoluta do porquê de tantos aviões caírem no Triângulo, alguns deles bem grandes, com equipes experientes voando em condições ideais. Com tudo isso, a área conseguiu criar um ar de mistério ao seu redor. Muitos insistem que há forças além da nossa compreensão agindo sobre o Triângulo de Bennington. em parte pela proximidade com a lendária Área 51. Não são poucos os relatos de aeronaves experimentais, bem como de anomalias magnéticas e vórtice de algum tipo.

Além disso, ao contrário de Fossett, muitos dos aviões acidentados jamais foram encontrados por conta das dificuldades do terreno, mas às vezes as coisas são mais estranhas. Um piloto de caça do Exército, o tenente Leonard C Lydon, saltou de paraquedas de seu avião quando se perdeu ao sobrevoar a região em 1956. Ele alegou ter visto claramente onde seu caça caiu, mas quando uma equipe de busca vasculhou a área, nenhum sinal de destroços foi encontrado. Até hoje, não se sabe onde o avião caiu. 

Então o que acontece sobre o Triângulo de Bennington? São alienígenas, o governo cobrindo sua Área 51 ultrassecreta, anomalias magnéticas ou algo ainda mais estranho? Ou estamos apenas lidando com um clima perigoso que tem uma propensão a esmagar aeronaves? 

Provavelmente sempre haverá histórias de lugares neste planeta que fazem as pessoas desaparecerem sem deixar vestígios. Podemos nunca saber os motivos, mas eles sempre capturarão nossa imaginação. Esses lugares sempre estarão lá fora, um pouco além do nosso alcance e além da nossa capacidade de compreendê-los por inteiro.

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